A Seleção Semideusa escrita por Liz Rider


Capítulo 22
Bom dia Para Você Também


Notas iniciais do capítulo

Então, desculpa ter demorado para postar, é que eu estou passando por um pequeno bloqueio literário. Estou mais para ler do que para escrever.
Mas, aproveitem:



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P.O.V America

Olho para Tuesday com o que lhe deve parecer espanto. Não esperava que nenhuma delas fosse tão direta. Mas se elas ao menos soubessem... ao menos soubessem que eu não estava na disputa. Pelo menos elas parariam de me importunar.
– Oi, Tuesday – Marlee cumprimenta de um jeito alegre, mas eu interpreto sua saudação como: “Ei, eu também existo, okay?”
– Shhhh! – grita Tuesday. Depois se vira para mim e prossegue: – Então, America. Fale.
Acho sua atitude para com Marlee extremamente grossa e sem educação, mas não menciono isso.
– Já contei. – respondo simplesmente, fingindo-me de desentendida.
No começo eu realmente não tinha entendido do que ela falava, mas, depois de tanta grosseria, me toquei que fala do encontro de ontem a noite.
– Não! – ela exclama, parecendo extremamente frustrada e cansada. – Me refiro ao encontro de ontem a noite.
Uma senhora aproxima-se de nós e nos oferece chá, estou prestes a aceitar, mas Tuesday a despacha. Fecho minha cara ainda mais.
– Como...? – Marlee pergunta, mas Tuesday a interrompe novamente. Essa menina está começando a me dar nos nervos. Então ela faz “Ahhh”, como se lembrasse de algo e começa a falar:
– Tiny contou que viu você e o Príncipe Maxon em um encontro ontem a noite. – Marlee diz. Aquela filha de Favônio intrometida e fofoqueira! – Você é a única que esteve a sós com ele duas vezes. Muitas garotas que ainda não o viram estão reclamando. Acham injusto. Mas não é culpa sua ele gostar de você. – Marlee tenta me reconfortar.
– Mas é completamente injusto – explode Tuesday, parecendo estar no auge de sua TPM. – Eu ainda não o vi fora das refeições. Nem ao menos nos corredores. – ela faz cara emburrada. – E afinal, o que você dois fizeram?
– Nós... hã... fomos ao jardim. Ele sabe que gosto de sair. Só conversamos.
Para uma filha de Hebe, Tuesday tem uma expressão muito ameaçadora, quase me faz sentir como se tivesse feito algo realmente errado, o que me faz desviar o olhar. Quando o faço percebo que várias garotas pararam de conversar e estão ouvindo nossa conversa, completamente atentas.
– Só conversaram? – ela pergunta, totalmente cética, erguendo uma sobrancelha morena e bem desenhada.
– Isso mesmo. – respondo, dando de ombros e a encarando.
Tuesday se afasta bufando, como se não estivesse satisfeita. Vai até a mesa onde Kriss está sentada e de um modo nada educado – do mesmo jeito que fez conosco –, a manda repetir a sua história. Eu, no entanto, estava muito surpresa e com raiva para fazer algum comentário.
– Você está bem, America? – Marlee pergunta, me afastando de meus pensamentos sobre o comportamento odioso de Tuesday.
– Sim. Por que pergunta?
– Você parece estar irritada. – sua voz soa genuinamente preocupada, assim como seu rosto.
– Não é nada. – minto. – Não estou irritada. – minto novamente. – Está tudo ótimo. – e mais uma vez.
De repente, em um movimento tão rápido que se eu não estivesse perto, não teria sequer notado, uma enorme mão feita de água, assim como a pequenina mão de Anna Farmer, uma filha de Netuno do Acampamento Júpiter, acerta um tapa na cara de Celeste, antes de se desfazer e molhá-la por completo.
Se eu não estivesse tão chocada, teria rido, gargalhado até minha barriga doer, porém, uma exclamação de surpresa escapou de meus lábios, assim como de mais de metade do Salão. Quem não viu no ato, logo se virou para a filha de Afrodite encharcada e a garota de cabelos negros e olhos verdes ainda atônita, perguntando para as pessoas próximas o que diabos havia acontecido. Tiny, cuja voz aguda se destacou no silêncio absoluto no qual o Salão estava, foi uma delas.
– Ah não, Anna... não... – lamenta Emmica baixinho.
Um instante depois, acho que Anna começou a compreender o que havia acabado de fazer. Ela voltaria ao Acampamento e imagino que os romanos não lidem bem com esse tipo de coisa, que eles não se ofendam, mas são... rígidos demais, aquela era sua ruína. Nós não podíamos agredir fisicamente outra selecionada.
Emmica chorava copiosamente quando Anna se sentou novamente, perdida em uma reflexão e em um silêncio, perplexa. Não entendia como haviam virado amigas em tão pouco tempo: eram de acampamentos diferentes, pais completamente distintos e era de se esperar que uma filha de Nice não se afeiçoasse a ninguém em uma competição como aquela. Mesmo assim, eu as entendia, não sei o que faria se Marlee saísse assim, tão de repente.
Só a conhecia de vista, e apesar de ela parece ser uma menina impulsiva e explosiva, duvidava que fosse de agredir alguém. Não era do feitio dos filhos de Poseidon – imagino que tampouco os de Netuno – agredir alguém sem motivos, se fosse uma filha de Ares ou Marte, eu até entenderia, mas Anna? Aquela garota havia passado o ataque inteiro de joelhos, orando, nem uma vez sequer fizera menção a pegar armas ou usar seus poderes.
Não havia dúvidas que ela havia sido provocada, pensava até que Celeste poderia ter usado seu Charme para fazer com que Anna fizesse aquilo e tirá-la da disputa, de tão ruim e dissimulada que era a criatura, mas não havia ninguém perto o suficiente delas para provar. Seria a palavra de Anna contra a de Celeste. Celeste, porém, tinha um salão inteiro como testemunha que havia levado um belo de um tabefe – e um banho. Talvez até insistissem para Maxon dispensar Anna como exemplo.
Os olhos de Anna começaram a se encher de lágrimas. Celeste se levanta, aproxima-se da garota e sussurra algo em seu ouvido, antes de sair do Salão a passos rápidos.
Anna foi mandada embora antes do jantar.

O clima do jantar fora muito tenso, todas – menos Celeste – pareciam desconfortáveis pela saída de Anna. Percy e Annabeth pareciam tremendamente abalados, afinal, a garota era irmã dele. Maxon parecia se sentir culpado e, sinceramente, eu também me sentiria.
Quando todos saíram, eu fui para o meu quarto. Tinha planejado ler alguma coisa, tocar piano ou até mesmo escrever cartas para a minha família, mas depois daquele dia, eu só queria tomar um banho e ir dormir para só acordar amanhã depois do meio dia, apesar de saber que isso – acordar depois do meio dia – não era possível.
Mas não pude.
Saio do banheiro enxugando meus cabelos com uma toalha tão macia quanto as nuvens e vestindo um calça de moletom cinza e uma regata branca que eu implorei para Lucy conseguir quando uma luz surge e um pequeno arco-íris tremeluz no centro do quarto. Dou um pulo, apesar de que, depois de tantos anos convivendo com essas pequenas intromissões muitas vezes inconvenientes, eu deveria estar acostumada.
– Oi, Ames! – ouço a voz alegre de Olive me cumprimentar antes mesmo de sua imagem surgir.
– Oi, Olive. – todo o cansaço se esvai ao ouvir sua voz.
– Mas você não muda mesmo, hein, ruiva? Nessa mansão aí, super top e disputada e de moletom? – ela ri.
– Algumas coisas não mudam mesmo, Olive. E duvido que algum dia venham mudar. – ela sorri para mim.
– Olha como a minha menina está filosófica. – debocha. – Mas como as coisas andam por aí?
– Bem, as coisas estão paradas, mas está tudo bem comigo. – ela dá uma risada sem graça como quem diz: “nossa, sua piada foi tão boa que eu vou ali ver se o Tártaro quer uma visita.” – E com você?
– Estou bem, apesar de ser um enorme tédio o Acampamento sem você. – ela desabafa, parecendo triste e suspira.
– Mas, ei! Como você está mandando uma Mensagem de Íris a essa hora? Não tem medo das harpias não?
– Ah, relaxa. Estou numa missão. – faz uma pequena pausa, fica meio pensativa, alisa o queixo. – Não me lembro qual é o objetivo da missão, mas tudo bem, porque Jack está guiando. – estou prestes a repreendê-la, a dizer que ela deveria saber os motivos de ir para uma missão quando ela continua. – Sabe quem é Jack, não é? Aquele gatinho de Atena. – ela dá um sorriso malicioso.
– Eu ouvi isso! – ouço uma voz masculina gritar ao fundo, certamente Jack.
– Eu sei que ouviu, por que você acha que eu falei? – ela berra de volta, virada de costas para mim. Volta-se para mim novamente – Fiquei sabendo que uma romana levou um chute hoje. – ela comenta, como quem não quer nada, mas sei que ela quer saber alguma fofoca sobre A Seleção.
Olive pode até ser filha de Zeus, mas às vezes age como alguém de Afrodite.
– Mas do quê é a missão mesmo? – eu pergunto, tentando fugir do assunto. Não tenho certeza se posso dizer.
– Achar umas crianças de Hermes, Apolo e Afrodite em três lugares diferentes! – Jack berra. – E ela está desviando a sua atenção, Olive.
– Esse filho de Atena... – murmuro com raiva.
– Já sei. – ela tenta soar chateada, sei que é teatrinho. – Não pode me contar. – ela faz biquinho.
– É. Acho que não posso mesmo.
– Okay... tenho que ir, a mensagem está acabando. Beijos, Ames. Te amo, ruiva.
– Também te amo, loira.
E assim a mensagem se desfaz no ar. Alguns segundos depois qualquer um diria que nunca nenhuma Mensagem de Íris fora recebida.
Apago a luz, enfio-me debaixo dos lençóis e durmo tranquilamente.


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Notas finais do capítulo

Viram que as mudanças estão vindo? Muitas coisas serão diferentes nessa versão, só não coloquei as diferenças ainda.



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