A Seleção Semideusa escrita por Liz Rider


Capítulo 18
O Programa


Notas iniciais do capítulo

Então, gente, eu não faço a mínima ideia do que dizer, então vamos logo ao capítulo:



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P.O.V America

Logo pela manhã da primeira sexta-feira na mansão, Annabeth anunciou que teríamos uma pequena entrevista para um especial na TV Hefesto. Ela parecia meio contrariada em ter que nos avisar daquilo, e imagino que tenha insistido ao máximo para Zeus esquecer esses especiais e Maxon também não parecia muito feliz com isso, mas deve ser realmente muito cansativo discutir com o Rei do Olimpo.

Deve ser por isso que estou sentada às cinco da tarde em um estúdio improvisado em algum lugar da mansão. Pelo que Annabeth nos disse, só teríamos de ficar de enfeite lá, sorrindo como bonecas Barbie na estante. Apesar da ideia não me agradar, o que eu poderia fazer?

Lucy, Anne e Mary capricharam no meu look. Costuraram um belo vestido azul bem escuro, um pouco puxado para o Violeta de cintura justa e cauda acetinada, levemente ondulada. A peça era tão maravilhosa que eu não acreditava que havia sido feita especialmente para mim. Depois de me vestirem, fizeram um belo coque com grampos de pérolas. Também de pérolas eram meus brincos e meu colar, cuja a corrente era tão fina e as pérolas tão espaçadas que elas pareciam flutuar sobre minha pele.

Eu olhei-me no espelho e fiquei aliviada ao constatar que ainda era eu. Uma versão bem mais bonita minha, mas ainda eu. Depois que meu nome fora anunciado, temi que eu me tornasse outra pessoa, irreconhecível debaixo de várias camadas de maquiagem e joias. Mas por enquanto, eu ainda era a boa e velha – um pouco melhorada, admito – America.

Mas, assim como sempre, minhas mãos brilhavam de suor por causa da antecipação. Disseram-nos que deveríamos chegar dez minutos antes. Para mim, dez minutos antes eram quinze, para garotas como Celeste eram três ou dois. Por causa disso, as meninas foram chegando aos poucos.

Várias pessoas correm de um lado para o outro, dando olhando os últimos detalhes do cenário, que consistia em duas cadeiras no centro do palco e vinte sete enfileiradas atrás. Enquanto isso, várias das selecionadas inspecionam suas aparências no espelho. É uma verdadeira poluição visual e auditiva.

– Senhorita America, por favor, tome um lugar. – diz uma moça baixinha, de cabelos pretos e aqueles fones do pessoal da produção. – Infelizmente, as primeiras fileiras já foram todas ocupadas. – ela parecia triste por mim.

– Obrigada. – agradeço educadamente.

Não fico muito feliz em subir aqueles degrauzinhos com um vestido chique e sandálias de salto alto – aliás, eu precisava mesmo delas? Ninguém veria meus pés mesmo –, mas dei um jeito. Em seguida, Marlee chega. Ela abre um sorriso assim que me vê e vem sentar-se ao meu lado. Ela ter escolhido sentar-se ao meu lado ao invés de ir para a segunda fileira me pareceu um bom sinal. Marlee era fiel, talvez nem se irritasse tanto com as futuras traições de Maxon.

Seu vestido é de um amarelo brilhante. Seus cabelos loiros e sua pele levemente bronzeada dão a impressão de que ela literalmente irradia luz.

– Marlee! – exclamo. – Simplesmente amei seu vestido. Você está deslumbrante!

– Ah, obrigada. – ela diz, baixa a cabeça e cora. – Estava com medo de ter exagerado um pouco.

– Que besteira! Confie em mim: você está perfeita!

– Eu queria conversar, mas você não aparecia. Será que podemos nos falar amanhã? – ela pergunta em voz baixa.

– Claro. No Salão das Mulheres, pode ser? – respondo no mesmo tom.

Nesse momento, Amy, uma filha de Hércules que está sentada a nossa frente, vira-se para nós.

– Acho que os enfeites do meu cabelo estão caindo. Vocês poderiam ver para mim? – ela nos pede.

Sem dizer uma palavra, Marlee apalpa com os dedos esguios o cabelo de Amy à procura de algum enfeite solto.

– Está melhor agora? – ela pergunta, assim que termina sua inspeção.

– Sim, obrigada – Amy diz e suspira, parecendo aliviada.

– America, tem batom nos meus dentes? – pergunta Zoe, uma filha de Ares, quando se vira para mim. Não sei o que ela tem, mas toda vez que Annabeth e Percy olham para ela, seus olhos ficam tristes.

Viro-me para esquerda e lá estava ela, expondo todos os dentes brancos como pérolas em um sorriso quase lunático.

– Não, tudo certo – respondo, vendo pelo canto dos olhos que Marlee confirma o que eu acabara de dizer com a cabeça.

– Obrigada. – seu sorriso diminui, sem deixar de ser um sorriso. – Como ele pode ser tão calmo? – Zoe pergunta para ninguém em particular apontando para Maxon, que conversa tranquilamente com um dos membros da produção. Depois da pergunta, ela enfia a cabeça entre as pernas e começa a controlar a respiração.

Marlee e eu nos entreolhamos de olhos arregalados, nos segurando para não rir da cena, o que não seria fácil se continuássemos a observar Zoe em seu estado de puro pânico, para uma filha de Ares, sem querer parecer estar julgando a todos, ela parecia um pouco covarde. Claro que não compartilhei meu pensamento com ninguém, simplesmente imitei Marlee, que olhava para todo o estúdio e vez ou outra comentava sobre as roupas das outras selecionadas.

Muitas garotas foram de vermelho e verde vibrante, mas não havia uma sequer de azul. Fiquei feliz por isso, pelo menos eu estava sendo exclusiva. Olivia foi ousada o bastante para usar laranja. Eu não sabia muito de moda, mas Marlee e eu concordamos que alguém deveria ter ajudado a moça. Aquela cor fazia sua pele ficar meio esverdeada.

Pouquíssimos minutos antes do show ir ao ar, descobrimos que não era o vestido que a fazia parecer meio esverdeada. Olivia vomitou até suas tripas na lata de lixo mais próxima. A moça que me mandara sentar – Silvia, descobri –, começou a gritar, desesperada, mandando limparem o chão e colocarem Olivia sentada.

Ela acabou sendo posta na última fileira, com um balde aos pés, por precaução. Bariel, que estava a sua frente, se inclinou a ela e cochichou alguma coisa em seu ouvido. Não consegui ouvir o que ela falou-lhe, mas Bariel parecia pronta para bater em Olivia caso o episódio se repetisse perto dela.

Pensei que Maxon teria visto ou escutado uma parte da agitação e quis conferir se ele demonstrava alguma reação. Olhei para o deus menor, mas ele não olhava para a confusão: ele olhava para mim e rapidamente mexeu em sua orelha. Fiquei empolgada ao saber que Maxon passaria em meu quarto depois do jantar.

Logo uma música começou e percebi que estávamos no ar. Endireitei-me na cadeira. Minha família poderia até não estar vendo, já que nem May nem Gerad sabiam da minha parte divina, mas queria deixá-los orgulhosos de qualquer jeito. Até mesmo a mamãe.

Eis que Gavril Fadaye, um filho de Dionísio famoso por apresentar Reality Shows mortais, surge no estúdio como se tivesse brotado do chão assim que o mestre de cerimônias o anunciou.

– Boa noite a todos. Tenho um anúncio muito importante hoje. Faz uma semana que a

Seleção começou e oito moças já voltaram para casa. Restam agora vinte e sete belas

mulheres para o príncipe Maxon fazer sua escolha. Agora falaremos com o homem do momento, Maxon Schreave! Como Vossa Alteza está nessa linda linda noite?

Eu achava que as pessoas não iam entender por quê o chamavam de príncipe, mas ninguém parecia confuso e Gavril parecia muito confortável.

Maxon é pego de surpresa. Não tem microfone nem uma resposta preparada. Antes de o microfone de Gavril chegar até ele, nossos olhares se cruzam e dou uma piscadinha. Aquele pequeno gesto foi suficiente para fazê-lo sorrir.

– Muito bem, Gavril, obrigado.

– Tem gostado da companhia até agora?

– Sim! É um prazer conhecer essas senhoritas.

– São todas moças doces e gentis como aparentam? – Gavril continua seu interrogatório.

Dou uma risadinha antes mesmo de Maxon falar. Eu imagino que ele dirá algo como “Bem, na verdade, nem todas.”

– Humm... – Maxon desvia o olhar de Gavril e me encara – quase.

– Quase? – Gavril parece realmente espantado. – Alguém ali está sendo desobediente? – ele diz, apontando para nós, e parece haver um traço de diversão em sua voz.

Por sorte todas as meninas soltaram uma risadinha e eu pude me unir a elas. Que traidor!

– O que essas garotas fizeram que não foi exatamente meigo? – Gavril pergunta, como se risadinha fosse um sinal de pura extrema meiguice.

– Muito bem, deixe-me contar.

Maxon cruza as pernas, parecendo muito confortável e a vontade em sua cadeira. Nunca o havia visto tão relaxado quanto naquele momento, sentado ali e curtindo com a minha cara. Gostei bastante desse seu outro lado e desejei internamente que ele aparecesse mais vezes.

Ao meu redor, as meninas se entreolham parecendo bastante confusas. Marlee vira-se para mim e sussurra disfarçadamente:

– Não me lembro de ninguém ter gritado com ele no Grande Salão. Você se lembra?

– Acho que ele está exagerando, para ser engraçado. Cheguei a dizer para ele umas coisas bem sérias. Talvez esteja falando de mim. – lhe respondo.

– Uma bronca? Por quê? – continua Gavril.

– Honestamente, não sei. Saudades de casa, talvez. E foi por isso que a perdoei, claro. – Maxon sorri.

Maxon está solto e tranquilo. Conversa com Gavril como se não houvesse mais ninguém do estúdio além dos dois. Eu terei que dizer a ele mais tarde que ele está se saído muito bem.

– Então ela ainda está conosco? – Gavril parece realmente curioso e surpreso.

– Ah, sim. Ainda está – Maxon afirma, sem tirar os olhos de Gavril. – E planejo mantê-la por muito mais tempo.

Ouve-se um “Ownn” geral no estúdio, mas posso perceber que muitas garotas fazem cara feia e olham umas para as outras acusatoriamente, como se procurassem um bandido, um fora da lei entre si. Todas sabem que não são elas e também sabem que estão em desvantagem em relação a alguém. Ou acham, até porque, minha amizade com Maxon certamente não pode ser considerada uma vantagem em relação ao que elas provavelmente estão pensando.

– Isso é um ato muito bonito, Alteza. – tenho a impressão que Gavril vai acrescentar mais alguma coisa, mas ele não o faz. Depois olha para o céu, aperta seu ouvido – ou melhor, o fone que certamente está lá – e volta-se novamente para o príncipe. – Fui informado que o senhor tem um anúncio a fazer. – ele diz, sério.

Anúncio? Que anúncio.

– Sim. – Maxon não parece muito entusiasmado com isso. – Então, senhoritas, – ele se vira para nós e depois olha para a câmera – em algumas semanas teremos um show de talento para as remanescentes. Mais detalhes serão dados amanhã no café da manhã. Obrigado.

Vejo como as palavras não soam dele, parecem ser ditas por outra pessoa, outro alguém. Zeus.

Quase não percebo quando as luzes são apagadas e as meninas começam a sair.


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Notas finais do capítulo

Então, aí estão as prometidas mudanças: o Show de Talentos. O que será que a Ames vai fazer, hein?



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