A Seleção Semideusa escrita por Liz Rider


Capítulo 17
Mexidinha na Orelha


Notas iniciais do capítulo

Lucy está de volta!



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P.O.V America

Como eu havia imaginado, as meninas que haviam pedido para Maxon para ir embora mudaram de ideia assim que as coisas se acalmaram. Nenhuma de nós sabia exatamente quem eram as candidatas a desertoras, mas algumas – leia: Filhas de Nice/Vitória e Celeste – estavam determinadas a descobrir.

E continuávamos a ser vinte e sete.

Ao que parecia, Zeus não queria escandalizar nossas famílias humanas e os deuses que não haviam ficado sabendo, e, apesar de Annabeth muito ter insistido para que ele nos deixasse ligar para nossas famílias – apesar disso poder desencadear mais ataques, não que os monstros não soubessem nossa localização, mas mais poderiam ficar sabendo... –, só pudemos mandar cartas para nossas famílias explicando que estávamos bem.

Na carta eu disse que havia tido um ataque na mansão, os monstros haviam entrado na propriedade e tal, mas assegurei-lhes que estava tudo bem, que não havia motivos para preocupação, pois nenhum deles tinha sequer chegado a entrar na mansão em si. Afirmei novamente que eu estava bem, que estávamos todos bem, que eu estava morta de saudades e que não via a hora de vê-los novamente.

Depois de pedi para uma simpática criada enviá-la.

O dia seguinte ao do ataque aconteceu sem quaisquer imprevistos. Eu tinha planejado ir para o Salão das Selecionadas e promover Maxon às meninas, mas depois de toda aquela fragilização de Lucy, preferi ficar no quarto.

Eu não faço ideia de como Anne, Mary e Lucy passam seu tempo livre quando eu não estou no quarto, mas quando estou elas jogavam baralho e fofocavam.

Aprendi que a cada duas ou três pessoas que eu via na mansão, havia umas dez ou mais escondidas. Claro que eu já sabia das lavandeiras e cozinheiras, mas fiquei surpresa ao descobrir que tem um grupo de pessoas cuja a única função é limpar as janelas, mas não tão surpresa quanto fiquei quando descobri que elas demoravam uma semana para limpar tudo e quando terminavam, as primeiras janelas que foram limpas já estavam sujas novamente. Também ocultos na mansão, havia os ourives que fabricavam joias e presentes para os visitantes. Havia ainda várias equipes de costureiras e compradores de tecidos cuja missão era vestir Maxon, os novos guardas, alguns empregados, os visitantes – e agora a nós.

Elas também me contaram outras coisas: os guardas que elas achavam mais bonitos e o novo modelo – segundo elas horrível – de vestido que a chefe das criadas as forçava a usar em comemorações de feriados. Soube que alguns empregados faziam apostas de qual selecionada iria ganhar e que eu estava entre as 10 favoritas. Disseram que o bebê de uma das cozinheiras estava doente e fora desenganado pelos médico. Anne até chorou ao dizer isso, a mãe era uma amiga próxima e o casal havia desejado muito ter um filho.

Estava feliz pela companhia delas, ouvindo-as falarem e comentando algo sempre que julgava necessário. Uma atmosfera tranquila e feliz que tomou conta de meu quarto.

O dia fora tão agradável que decidi não descer no dia seguinte. Dessa vez, nós deixamos as portas do corredor e da sacada abertas, e uma brisa morna circulava e nos envolvia. Aquilo parecia fazer maravilhas a Lucy, e me pergunto com qual frequência ela sai da mansão. Imagino que nem precise fazê-lo...

Anne fez um comentário sobre como isso é inadequado – eu e elas sentadas jogando cartas com as portas arreganhadas –, mas logo deixou para lá. Ele rapidamente supera a manina de tentar me fazer a dama que eu aparentemente tinha que ser.

Estamos no meio de mais uma partida de baralho quando noto uma silhueta pelo canto do olho. Era o príncipe, parado em frente à porta com um ar maravilhado. Nossos olhares se cruzaram e entendi que ele perguntava o que eu estava fazendo. Levantei-me com um sorriso e caminhei até ele.

– Ai meu deus! – murmura Anne quando nota a presença do príncipe na porta. Ela imediatamente levanta-se e enfia as cartas no cesto de costura, seguida por Mary e Lucy.

– Senhoritas. – Maxon cumprimenta.

– Alteza. – Anne faz uma reverência. – É uma enorme honra.

– Para mim também. – ele lhe responde com um sorriso.

Elas se entreolham, percebo de cara que se sentem bastante lisonjeadas, afinal, o príncipe lhes disse que é um prazer conhecê-las, para elas, aquilo deve ser o céu, como para mim também deveria ter sido.

Todos permanecemos calados por alguns minutos, sem fazer ideia do que falar. Foi Mary que quebrou o silêncio anunciando:

– Já estávamos de saída.

– Sim, estávamos mesmo. – completa Lucy. – Íamos... hãn... nós íamos...

Ela olha para Anne em busca de socorro quando o silêncio ameaça ressurgir.

– Íamos terminar o vestido da senhorita America para sexta-feira. – completa Anne com um sorriso.

– Isso mesmo. Faltam apenas dois dias. – Mary concorda.

E com um grande sorriso em seus rostos, as três lentamente saíram do quarto.

– Eu não tinha a intenção de atrapalhar o trabalho de vocês. – Maxon diz, seguindo seus movimentos com os olhos, parecendo completamente fascinado com o comportamento das três.

Assim que chegam ao corredor, elas viram-se para nós e fazem uma reverência super estranha, sem nenhum sincronismo, para depois seguirem pelo corredor em passos frenéticos, quase uma pequena corrida.

– Que turma você tem. – comenta Maxon com um pequeno sorriso, entrando no meu quarto e observando atentamente o local.

– Elas me mantêm motivada.

– Está bem claro que se afeiçoaram a você. Isso é bem difícil de se encontrar.

Ele para de olhar para o quarto e se volta para mim, encarando-me.

– Não é assim que eu imaginava seu quarto. – confessa.

Levo minhas mãos a cintura e digo:

– Mas esse quarto não é meu, né? Ele é seu. Só está me emprestando.

Maxon faz uma careta, parecendo meio desconcertado com a minha resposta.

– Mas creio que lhe avisaram que pode mudar algumas coisas. Uma cama nova, uma pintura diferente...

– Uma mão de tinta não fará esse ser meu. Garotas como eu não moram em casas com piso de mármore. – afirmo, brincando, e dou de ombros.

Maxon sorri.

– E como é seu quarto de verdade?

– Humm... o que você veio fazer aqui, exatamente? – perguntei, mudando – nem tão sutilmente – de assunto.

– Ah, eu tive uma ideia. – ele anuncia.

– Sobre...?

– Bem, já que você e eu não temos o tipo de relacionamento típico que eu procuro com as garotas, pensei que nós talvez devêssemos usar... meios alternativos de comunicação. – ele explica.

Ele para em frete ao meu espelho e observa as minhas fotos. Pega uma foto na mão e a analisa.

– Sua irmã mais nova é bastante parecida com você, quase idêntica, se me permite dizer. – constata, maravilhado.

– Ouvimos isso quase sempre. Mas o que você ia dizendo sobre comunicação alternativa, mesmo?

Maxon para de olhar as fotos e vai em direção ao piano, no fundo de meu quarto.

– Levando em conta que está aqui para me ajudar, como uma amiga e tal, talvez não devêssemos recorrer aos tradicionais bilhetes entregues por criados ou tampouco aos convites formais para encontros. Pensei em algo menos cerimonioso.

Ele pegou a partitura sobre o piano.

– Foi você quem trouxe? – questionou.

– Não, já estava aqui. Consigo tocar de cor as músicas de que realmente gosto. – lhe respondo.

Suas sobrancelhas voam para o alto.

– Impressionante.

Sua inspeção já está começando a me irritar. Por que ele não vai direto ao ponto? Ele volta para perto de mim, mas ainda não havia terminado sua explicação.

– Você poderia parar de fuçar e completar o raciocínio, por favor?

Maxon suspira.

– Muito bem. Estava pensando em um modo de dizer que precisamos conversar um com outro sem que os outros notem, um sinal. Talvez coçar o nariz? – ele propõe, para em seguida demonstrar.

– Assim vai parecer que seu nariz está entupido. Não é atraente.

– Muito bem. Talvez apenas passar a mão no cabelo?

Sacudi a cabeça.

– Meu cabelo está quase sempre preso com grampos. É quase impossível passar a mão nele. Além disso, o que acontece se você estiver usando o coroa, igual no dia da entrevista? Ela iria acabar caindo no chão.

– Excelente argumento. Hmm...

Ele me deu as costas para mim e voltou a perambular pelo quarto, ainda pensativo, parando ao chegar no criado-mudo.

– Mexer na orelha?

Pensei a respeito.

– Gostei. Simples o bastante para ser discreto, mas não comum a ponto de confundirmos com outra coisa. Mexer na orelha. Brilhante!

– Estou feliz por você ter gostado. Da próxima vez que quiser falar comigo, basta mexer na orelha e virei assim que puder. Provavelmente depois do jantar. – conclui.

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, Maxon já estava saindo pela porta.

– Até mais. – diz.

– Até mais. – sussurro.


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Notas finais do capítulo

Sim, eu sei que está muito parecido com a história da Kiera, mas é que eu ainda não consegui fazer as coisas diferentes, mas farei assim que der. Já tenho planos para executar.



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