A Seleção Semideusa escrita por Liz Rider


Capítulo 16
Conspiração à la Afrodite


Notas iniciais do capítulo

Então, gente, desculpa não ter postado na semana passada. Desculpa MESMO! É que o wi-fi pifou e só voltou lá no finalzinho da noite de domingo, mas eu decidi não postar para não deixar disforme.
Queria agradecer ao leitores que continuam fieis, que continuam comentando, lendo, ou só observando mesmo, e para vocês -- para galera toda, na verdade, mas dedicada especialmente a vocês -- estou pensando em postar dois capítulos hoje, para compensar. Não prometo nada, minha criatividade mandou lembranças, mas vou fazer tudo ao meu alcance, tá?



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P.O.V America

Parecia que Cronos havia se reerguido das profundezas sombrias do Tártaro e que sua única missão era fazer com que o tempo demorasse ainda mais para passar. Apesar de terem parecido séculos, o ataque havia durado menos de 1 hora e os estragos haviam sido relativamente pequenos. Descobrimos, depois, que nenhum dos monstros havia conseguido entrar na mansão em si, só na propriedade. Boa parte dos guardas contra-atacou com suas espadas de bronze celestial/ouro imperial.

Então, quando metade do monstros virou pó e voltou para o Tártaro, o resto fugiu.

Tivemos que permanecer escondidas por mais algum tempo enquanto as imediações eram revistadas, afinal, qualquer monstro – um manticore, por exemplo – pode se transformar em um humano, matar um guarda e assumir seu lugar, depois acabar conosco de dentro para fora, por isso, eles tem que verificar.

Não que alguém tenha me contado isso, mas não precisa ser uma filha de Atena para presumir.

Quando tudo finalmente voltou ao normal, enviaram-nos de volta para o quarto. Andei de braços dados com Marlee. Apesar de ter aguentado firme na sala de jantar, agora, depois que a adrenalina se foi, estou frágil e cansada. Era bom ter Marlee para espairecer.

– Ele deixou você usar calças mesmo depois de perder? – Marlee parecia admirada com a generosidade de Maxon, mas ela não sabia de nada. Não sabia que sua generosidade maior havia sido me deixar ficar mesmo depois de... bem... de tudo.

– Sim, ele foi muito generoso quanto a isso.

Eu havia dado um jeito de começar a falar sobre Maxon logo que pude, estava muito ansiosa para descobrir sobre o que eles haviam conversado.

– Acho que o príncipe é charmoso e sabe ganhar. – concordei, feliz por sua perspectiva dele.

– Sabe mesmo. E consegue ser até mais gracioso quando descobre a dura realidade do que ganhou. – “Como uma joelhada nas 'joias reais'”, acrescento mentalmente.

– O que você quer dizer? – pergunta, parando de andar para me encarar.

– Nada. – respondo rapidamente. Eu não estou nem um pouco afim de explicar o que havia acontecido.

– Sobre o que vocês conversaram hoje? – pergunto, mudando de assunto.

Com o entusiasmo, ela nem parece perceber.

– Bem, ele perguntou se eu gostaria de vê-lo essa semana!

– Marlee! Isso é ótima! – exclamo, feliz por minha amiga.

– Quieta! – diz ela, quase rispidamente, depois confere se as outras garotas já haviam subido. – Estou tentando não alimentar esperanças.

– Mas por que? – pergunto.

Ela não responde. O silêncio reina, até que, alguns momentos depois, ela explode:

– A quem eu estou querendo enganar? Estou tão empolgada que mal posso respirar direito! Espero que ele não demore muito para me chamar.

– Se ele já chamou, tenho certeza que não demorará muito para ele vir atrás de você. Quer dizer, assim que ele terminar de fazer as coisas que os deuses fazem, seja lá o que forem.

Ela dá uma risadinha.

– Fala uma semideusa para outra... Acho que deveríamos conhecer melhor nossos pais divinos... – ela diz, mas não parece ser para mim, parece estar pensando alto.

Já eu, infelizmente tenho que discordar dela. Não gostaria de conhecer Apolo melhor. Já tenho um pai e o conheço muitíssimo bem, obrigada.

Passa-se algum tempo de silêncio onde ambas estamos perdidas em nossos próprios pensamentos.

– Mas, voltando ao assunto, – diz Marlee, finalmente – eu ainda não acredito. Quer dizer, eu já sabia que ele era lindo, mas eu não tinha ideia de como ele se comportava. Tive medo que ele fosse pomposo, esnobe, arrogante ou coisa do tipo...

– Pois é! Mas a verdade é que ele é...

O que Maxon era? Ele era realmente meio pomposo, mas não do jeito super irritante que eu imaginei que ele seria. Sem dúvida se comportava como um deus, tinha seu ar divino, mas também como um príncipe, com todo seu ar nobre. Mas apesar disso, Maxon Schreave era tão... tão...

– Normal. – completo meus pensamentos.

Porém, Marlee não estava mais prestando atenção em mim. Estava longe, devaneando com seus sonhos e pensamentos, enquanto caminhávamos. Eu queria que o Maxon ideal que ela construía naquele exato momento em sua cabeça correspondesse ao real. Que cumprisse todas as expectativas e que talvez até as superasse. E claro, que ela fosse a garota tão procurada por ele.

Aceno brevemente quando chegamos à porta do quarto dela e quando ela entra, sigo para o meu.

Os meus pensamentos de conspiração à la Afrodite me deixaram assim que eu entrei em meu quarto. Anne e Mary estavam agachadas ao lado de Lucy, que estava estatelada no chão, tremendo levemente, completamente abalada. Seu belo rosto estava vermelho e se contorcia em agonia, lágrimas rolavam sem parar, como se fluíssem de uma nascente inesgotável. E então ela parecia convulsionar no chão.

– Acalme-se, Lucy, está tudo bem. – Anne murmurava palavras de conforto para ela, enquanto acariciava seus cabelos, mas nada parecia adiantar.

– Já passou. Ninguém se feriu. Está tudo bem, querida. – dizia Mary, num tom quase maternal. – Segura. – afirmou por fim, segurando sua mão tensa.

Fico chocada demais para falar ou fazer algo. Aquilo era algo bastante particular, a batalha interna de Lucy, não era para eu ficar encarando-a. Tentei sair silenciosamente do quarto, sem ser notada, mas ela me segurou antes de eu cruzar a porta.

– P-p-perdão, senhorita. – gagueja com a voz fraca. – P-perdão.

– Não se preocupe. – asseguro-lhe. – Você está bem? – pergunto, antes de fechar a porta.

A garota tenta se recompor, recomeçar a falar, mas as palavras lhe fogem. As lágrimas e tremores sempre voltavam e tomavam conta de seu corpo pequenino.

– Ela ficará bem, senhorita. – intervem Anne. – Pode levar algumas horas, mas sua agonia acaba indo embora e ela se acalma, depois que tudo acaba. Se ela continuar nesse estado, a levaremos para a ala hospitalar.

Depois, baixa seu tom de voz e acrescenta:

– Só que Lucy não quer isso, se algum deles julga que ela não serve como criada, acabam escondendo-a na lavanderia ou na cozinha. E Lucy gosta daqui.

Será que Anne por acaso acha que está sendo discreta? Estamos todas ao redor de Lucy, que, tenho certeza, ouve perfeitamente essas palavras.

– P-p-por favor, senhorita... Nã-não...

– Ninguém vai denunciá-la – garanto a ela. Depois, dirijo-me a Anne e Mary: – Me ajudem a deitar Lucy na cama, por favor.

Pensamos que seria fácil carregá-la em três, mas Lucy se contorcia e escorregava de nossas mãos. Deu um pouco de trabalho, mas conseguimos. Com Lucy embaixo dos cobertores, o conforto tratou de fazer mais por ela do que nossas palavras conseguiriam. Sua tremedeira se torna mais lenta, e ela mantêm os olhos fixos no dossel da cama.

Mary se senta à beira da cama e começa a cantar baixinho, o que me fez lembrar muito do jeito que ninava May quando ela ficava doente. Puxo Anne de lado, longe dos ouvidos de Lucy, e pergunto:

– O que aconteceu? Alguém entrou?

Se tinha sido esse o caso, gostaria ao menos de ser informada.

– Não. Não. Ela sempre fica assim quando os monstros atacam. Só mencioná-los já a faz chorar incontrolavelmente. Ela... – Anne hesita.

Ela olha para Lucy, incerta se deve ou não me contar a história dela. Também fico com um pé atrás, isso é dela. Não tenho que saber. Mas Anne prossegue:

– Há dois anos, a mansão foi invadida no meio da noite. Alguns monstros mataram e tomaram os uniformes dos guardas. Todos estávamos muito confusos. Não sabíamos em quem confiar... A bagunça foi tão grande que não sabíamos quem era amigo e quem era inimigo, os soldados não sabiam em quem atirar e quem defender. As pessoas caíam em buracos cavados na linha de frente... – ela hesita novamente. – Foi horrível. – conclui.

Tremi só de imaginar. Tudo no maior breu, a confusão, a imensidão da mansão... Esse ataque fazia o de manhã parecer brincadeira de criança.

– Um dos monstros capturou Lucy.

Olho alarmada para ela. Ela baixa os olhos e continua em voz baixa:

– Não sei se eles têm muitas mulheres à disposição, se é que a senhorita me entende...

– Ah... – meu olhos deveriam estar maiores que dois planetas.

– Não o vi pessoalmente, graças a Deus.

Nesse momento olho brevemente para ela: Será que ela não sabe da existência dos deuses, que seu patrão é um? O que diabos ela acha que Lucy é? Ah é... a Névoa. Meus pensamentos voam, brevemente, para longe dali, mas não passo muito tempo me questionando sobre até onde vai o conhecimento de Anne, pois ela continua:

– Porém, Lucy contou-nos que era um homem horrível. Disse que ele lambia seu rosto. – A repugnância toma conta de sua voz e expressão.

Ela retesa o corpo, talvez imaginando a cena. Meu estômago dá voltas, ameaçando devolver meu café da manhã. É uma das coisas mais revoltantes em que eu consigo pensar, e compreendo, então por que Lucy, após sofrer tanto, desmonta com ataques como o daquele dia.

– Ele a arrastou para algum lugar. Ela gritava o mais alto que podia, mas era

difícil ouvir em meio àquela agitação. Um guarda que estava no corredor escutou os gritos.

Mirou e acertou uma bala bem na cabeça do homem. O monstro caiu por cima de Lucy, e ela ficou presa embaixo dele. O corpo dela ficou coberto de sangue.

Levo a mão à boca, totalmente chocada após sua narrativa. Não podia imaginar a pequena e delicada Lcuy passando por tudo aquilo. Não era de estranhar que tivesse reagido daquela forma.

Anne, porém, ainda não havia acabado a história.

– Os machucados foram tratados, mas ninguém cuidou de sua mente. Hoje ela é uma pilha de nervos, mas faz o possível para esconder. Tentamos manter Lucy calma, mas sempre que os rebeldes ela pensa que vai ser pior, que dessa vez vão pegá-la, feri-la, matá-la. Ela está tentando, senhorita, mas não sei por quanto tempo vai aguentar.

Concordo com a cabeça e volto meus olhos para Lucy na cama. Ela tinha fechado os olhos e adormecido, apesar de ainda ser bem cedo.

– Rebeldes? – questiono.

– Sim. É assim que os chamamos às vezes.

Não lhe pergunto o motivo. Talvez seja meio óbvio.

Passei o resto do dia lendo. Anne e Mary limparam coisas que não estavam sujas. Ficamos quietas enquanto Lucy se recuperava.

Prometi a mim mesma que, no que dependesse de mim, Lucy nunca mais passaria por aquilo.


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Notas finais do capítulo

E tá, gente, eu fiquei meio brava comigo por ter posto a Paige no lugar da Lucy, só percebi agora. Eu simplesmente tirei os personagens e coloquei outros iguais, só que com outros nomes em seus lugares. No começo me pareceu bom, agora...
Por esse motivo, gostaria de saber se ponho a Lucy no seu lugar novamente, fazendo as devidas modificações e mudando as coisas de agora em diante -- e, é claro, apagando esse meu pequeno discurso e deixando só:
"E aí, Gostaram?"
Realmente gostaria de saber a opinião de vocês.



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