P.O.V America

–Eu não acredito que você não vai se inscrever! –diz Olive, uma filha de Zeus, milha melhor amiga. –Se eu não fosse filha de Zeus e permitissem eu me inscrever, eu com certeza me inscreveria, meu irmão é um gato! E ele quer uma esposa, America, juventude eterna, divindade, sei lá, essas coisas de esposas de deuses.

–E chifres eterno também. –comento amargamente.

–Sim, mas você também vai poder chifrar. Eu acho... –ela fica pensativa. –Anfitrite pode ter filhos que não sejam com Poseidon? –ela questiona, mais para si mesma do que para mim. –Acho que vou perguntar para a Annabeth, ela sabe dessas coisas.

–A Annabeth sabe de quase tudo, Olive. E além do mais, Hera, esposa de seu pai, não pode ter filhos com ninguém que não seja Zeus. –aponto.

–Sim, mas isso é porque ela é a deusa do casamento, né? Ela tem que dar o exemplo. E eu li em algum lugar que Hefesto é filho dela com um deus menor ou algo do tipo, porque ela tinha inveja da grandiosidade de Herácles ou algo do tipo...

–Onde você leu isso?

–Sei lá. Na internet? –ela dá de ombros.

–Desde quando você “lê coisas na internet”? E a dislexia?

–Minha mãe está me levando num médico para consertar isso. –ela sorri.

–Oli, isso é um sinal de sua descendência divina, não algo que possa ser tratado, não é uma doença.

–Ou talvez seja. –ela rebate e se levanta. –Eu vou ver Annabeth.

Annabeth era uma espécie de líder do Acampamento. No auge dos seus vinte e oito anos, Annabeth era uma filha de Atena que ajudava Quíron, o centauro, e o Sr. D., mesmo que ele continuasse a errar o seu nome e o de seu namorado, Percy Jackson, no acampamento.

Annabeth havia passado uma temporada no Acampamento Júpiter junto com Percy cursando faculdade. Eles também haviam ganhado de Gaia junto com mais cinco semideuses, Piper McLean, Jason Grace, Hazel Levesque, Frank Zhang e Leo Valdez e posto a bruxa para dormir, mas desta vez, realmente para sempre.

Annabeth era a heroína que um dia eu gostaria de ser, apesar de duvidar muito. Sem falar que ela namorava Percy Jackson, um cara que, mesmo casado e com vinte e oito anos, ainda roubava suspiros das garotas mais novas e era o herói geral. Ele era o exemplo dos garotos, e eu poderia até não ser uma filha de Afrodite, mas aquele amor ali parecia bem real e duradouro, eles havia passado por tanta coisa juntos, venceram até Tártaro.

Suspiro sem perceber, nunca fui o tipo de garota romântica, tinha até pensado seriamente em me tornar uma Caçadora de Ártemis, mas Percy e Annabeth sempre, querendo eu ou não, trazem à tona o meu lado romântico. Afrodite deve pirar com eles.

Bem, deixem eu me apresentar. Sou America Singer, filha de Apolo e de Magda Lines, apesar de ter sido adotada e criada por Shalom Singer. Imagine como deve ser chocante você descobrir que sua mãe pulou a cerca e que o resultado dessa pulada de cerca é você. Pior! Imagine que alguns dias depois de descobrir que você é uma bastarda, você descobre que seu pai não é um cara comum, na verdade é um deus grego – literalmente e em todos os sentidos – do sol.

Eu tinha só 13 anos quando descobri isso, foi um choque tremendo, precisei de toda a ajuda de minha família e de fora dela, principalmente. E apesar de tudo, Shalom ou papai, como prefiro chamá-lo, nunca me tratou diferente, na verdade, ele teve até mais carinho por mim e isso era tão legal da parte dele.

Eu era o xodó do meu pai, a filha do meio de cinco filhos, Kenna, a mais velha, Kota, o segundo mais velho, May, a que nasceu depois de mim e Gerad, o caçula da família. Kenna se casou cedo com um rapaz chamado James. Kota saiu de casa cedo e nunca mais voltou ou apoiou a família, aquele egoísta de uma figa. May mora na casa de meus pais, assim como Gerad.

E eu moro com eles também. Nos dias letivos. Nas férias, eu fico aqui no Acampamento Meio-Sangue, com outros vários semideuses – filhos de deuses com mortais –, inclusive alguns irmãos, também filhos de Apolo.

Estou escrevendo uma carta para minha mãe. Semideuses não ficam bem com celulares, atraem monstros, então, só assim posso conversar com ela. Com ela, com May e com papai, na verdade, já que Gerad ainda não sabe ler. Mas claro, só papai e mamãe sabem da minha descendência divina e assim vai continuar, espero.

“Queridos mãe, pai e May,

Como vocês estão? Estou tão feliz por Kenna! Nem acredito que já serei titia! Ainda não sabe se é uma menina ou menino, né? Uma pena, já queria sair para as lojas de roupinhas de criança comprar coisinhas para minha pequena sobrinha. Kenna não pode de modo algum ir comprar as coisas sem que eu esteja ai, diga para ela para não ousar! Estou com tantas saudades... e o verão ainda está na metade, mas a gente se vira, aperta o coração e a vida segue.

Não deixem May ler a partir de agora. Acreditam que um deus menor metido a ridículo está propondo que semideusas que não são filhas de Zeus ou Tiquê(seus pais) e que tem de 16 a 19 anos participem de uma coisa para lá de absurda chamada Seleção? Santo Zeus! E esse aí, Zeus, ainda está promovendo essa coisa de seu filho casar com uma completa estranha na Tv Hefesto, acreditam? Mas para quem se casa com a própria irmã e vive chifrando ela, isso não deve ser uma ideia muito absurda, pensando bem. E pensar que esse cara é meu avô... Mas de todo modo, as garotas do Acampamento estão pirando com isso. Como pode? Será que elas não tem juízo? Será que não sabem que deuses não prestam quando o assunto é fidelidade e que na primeira oportunidade ele vai está traindo-a? Mas tudo bem...

Podem deixar May ler agora. Mas eu não vejo a hora das aulas voltarem e eu ficar com Nicoletta e com Georgia de novo, elas estão sentido minha falta? Espero que sim, Buahahaha! Como sou egoísta...

Tenho que ir.

Beijos,

Me escrevam!

América.”