My Girl escrita por Sophi Lessi


Capítulo 42
Capítulo 41


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos que comentaram!!
Espero que gostem



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Sinto as lágrimas quentes em meu rosto e mesmo sob o olhar de todos, continuo correndo. Vou até a saída e vejo Cato parado frente à porta, confuso. Ele bloqueia a passagem e me abraça

⁃ O que aconteceu? - Mas não tenho coragem de olhar em seus olhos.

⁃ Katniss - Peeta grita atrás de mim. Me desvencilho de Cato e corro para o estacionamento - Katniss, pare!

Sinto minhas pernas doerem e meus pulmões gritarem por ar

⁃ O que você quer? - Viro-me bruscamente e ele também para e poucos metros de mim

⁃ Quero que você me escute

⁃ Acho que já ouvi o bastante de você por hoje - Ele suspira e eu seco meu rosto. Não lhe daria a satisfação de me ver chorando

⁃ Ouve um mal entendido...

⁃ Mal entendido? - me aproximo dele - Então não era você na gravação? Não foi da sua boca que aquelas palavras saíram? - Ele passa a mão pelo cabelo

⁃ Me diga o que você quer que eu faça para me desculpar, e eu faço. Por favor, só me diga - Sua voz era calma e isso me irritava ainda mais

⁃ Eu quero alguém que me valorize, Peeta. Alguém que não tenha vergonha de estar comigo, que me apresente para os amigos e não tente me mudar. E você não é esse alguém, nunca vai ser. - Tomo fôlego e espero alguns segundos para continuar, dessa vez com um tom mais baixo - Não pode perder o posto de rei do colégio 13 - Sorrio tristemente - E para isso não pode sair com a esquisitona

Peeta me olhava com um semblante tão triste que chego a pensar que ele realmente sentia muito, mas depois do que aconteceu não conseguia acreditar em qualquer coisa que saísse de sua boca
Nos olhamos por longos segundos. Podia ver todas as pessoas do lado de fora, assistindo a nossa cena. Precisava ir embora antes que eu explodisse, pois era assim que eu me sentia, como se tudo fosse para os ares em poucos segundos - Foi legal enquanto durou, mas já pode parar de fingir. - Olho em volta - O show acabou - Grito antes de sair andando com firmeza, rezando para ele não vir atrás de mim. E, felizmente ele não vem.


~~


⁃ Cash me ligou e contou tudo

⁃ Engraçado ela ter tempo de te ligar, mas não ter para me mandar uma simples mensagem


⁃ Não desconte sua raiva de Peeta em Cashmere, ela não tem culpa


⁃ Não fale esse nome, Annie. Me faz querer vomitar


⁃ Ele realmente pisou na bola dessa vez - Suspiro

⁃ Ele sempre pisa na bola. Mas não vamos falar sobre isso - Tento me animar - Como está meu sobrinho?

⁃ Ótimo, estou tento poucos enjoos. Acho que esse gosta do mar como o pai

⁃ Por favor me chame no próximo ultrassom - Ela ri

⁃ Eu realmente queria que seus pais fossem, mas...tenho certeza que sua mãe não quer me ver pintada de ouro

⁃ Minha mãe é uma pessoa difícil - Suspiro - Espero que esse bebê a faça mudar. Afinal é seu primeiro neto.


Continuo conversando com Annie por longos minutos e consigo esquecer momentaneamente o que houve esta manhã. Eu me sentia bem falando com ela e sentia que nossa amizade duraria, mesmo se ela não carregasse meu sobrinho na barriga.
A conversa me deixa nostálgica então decidi olhar algumas fotos antigas. Estava sozinha em casa, vou ao quarto de meus pais e procuro pelo álbuns
Pego alguns no armário e sento no chão, olhando-os. Encontro imagens de nossos aniversários, natais e ação de graças. Vejo Peeta em muitas delas e sinto um aperto no meu coração.
Uma foto escapa da minha mão e acaba caindo debaixo da cama. Inclino-me para pega-lá e acho uma pequena caixa preta que nunca havia visto. A puxo e abro cuidadosamente, pois aparentava ser velha. Assim que abro posso ver varias folhas de papel, alguns cadernos e fotos, a caixa era do meu pai.
Nos cadernos continham histórias nunca acabadas, e alguns relatos do seu dia.

“Hoje terminei meu primeiro livro, me sinto muito confiante. Vou terminar o ensino médio junto ao amor da minha vida e me tornar um grande escritor...”

A narrativa continua e no final contém uma foto. Era meu pai junto com uma garota. Ele parecia ter minha idade, olhava para ela com um sorriso, estava claramente feliz enquanto segurava a moça pela cintura. Ela era muito bonita, com longos cabelos castanhos e olhos claros. Era obviamente sua namorada
Estranho, pois meu pai nunca havia me contado sobre ela.
Só então percebo que há algo de errado. Na história que meus pais contam eles se conheceram no ensino médio e não se separaram desde então. Em que momento essa mulher teria aparecido?
Talvez tenha sido algo passageiro - Penso, mas então releio a página “[...]Vou terminar o ensino médio junto ao amor da minha vida”
Observo mais uma vez a foto, tentando de alguma forma encaixar tudo até que ouço uma voz atrás de mim e alguém puxando bruscamente a imagem da minha mão

⁃ O que você está fazendo?! - Minha mãe fala alto e eu a olho assustada

⁃ Eu só es...

⁃ Você não deveria estar aqui - Ela olha para a foto e em seguida puxa meu braço e me leva até a porta

⁃ Você está me machucando - Digo tentando me livrar de seu aperto e ela me solta quando estou do lado de fora

⁃ Nunca mais entre aqui. Está ouvindo? - Ela aponta o dedo em meu rosto e sinto um ódio tomar conta de mim. Não aguentava mais isso, essa humilhação

⁃ Por que você é assim? - Falo alto - Por que você me odeia tanto?

Minha mãe me encara por alguns segundos, parecia confusa com a minha pergunta. Esperava com todas as forças que ela dissesse que não me odiava
Esperava que ela me pedisse desculpa por tudo que já fez comigo
Esperava que, como qualquer mãe, ela me abrasasse e dissesse que tudo ia ficar bem. Mas ela não faz isso.

⁃ Por que você é uma garota mimada que se mete onde não foi chamada - Sinto como se alguém tivesse me dado um soco no estômago.

⁃ Bom, eu diria que minha criação é culpa sua, mas lembrei que você sequer fica em casa - Arqueio as sobrancelhas e ela da um passo à frente

⁃ Alguém precisa sustentar você.

⁃ Ou então é uma forma de evitar o fato de que você é uma péssima mãe - Meu coração batia tão forte naquele momento. Eu nunca havia a enfrentado. Nunca tinha dito o que queria dizer e, sendo movida pela raiva, deixo sair tudo que a anos estava entalado.

⁃ Não ouse falar assim comigo

⁃ Você não consegue lidar com o fato de viver uma vida infeliz num casamento sem amor e... - Antes que pudesse terminar a frase ela grita e então, sinto o tapa estalar forte em meu rosto

Arquejo e minha boca forma um O perfeito devido ao choque, toco minha bochecha que queimava. Mas então veio a parte que mais me doeu, e não era o tapa ou seus gritos

⁃ Eu queria que você não existisse - Eram essas palavras. Seu rosto mantinha uma expressão fria embora os olhos estivessem levemente marejados. Meu peito doi como se alguém tivesse jogado um peso em cima e percebo que segurava minha respiração.

Minha própria mãe acabara de dizer que me odiava. Ódio
Que desejava que eu não existisse.
E mais uma vez naquele dia meus olhos se enchem d’água e minha cabeça parecia girar a ponto de explodir.
Ela entra no quarto e bate à porta, então eu faço o mesmo.
Deito na cama, chorando fazendo doer minha cabeça. O dia nem havia acabado ainda e já estava sendo o pior.

Você devia ter ficado quieta
Você devia ter ficado quieta
Você devia ter ficado quieta
Você devia ter ficado quieta
Você devia...

repito as palavras em minha mente até pegar no sono

~~

Minha mãe e Peeta olhavam para mim e riam. Ela usava seu jaleco e ele, o casaco do time

⁃ Ela achou que algum dia eu gostaria dela - Diz e Peeta ri

⁃ Comigo também. Como se algum dia fôssemos capazes de tal coisa

Mais risadas. Eles riem enlouquecidamente, até que ambos ficam em silêncio e sérios, olhando para mim.

⁃ Você fez isso - Peeta diz e num instante ele está todo machucado, como estava no acidente de carro - É sua culpa

Olho para minha mãe e ela chorava muito

⁃ Por que você fez isso Katniss? - Pergunta chorando

⁃ Eu não sei - Tento dizer mas minha voz sai mais baixa do que imaginei

⁃ Por que você fez isso comigo? - Dessa vez Peeta pergunta e eu começo a chorar - Isso é culpa sua Katniss. Você devia ter ficado calada

⁃ É tudo culpa sua Katniss - Ambos repetem e repetem. Sinto minha garganta fechar. Queria gritar mas não tinha força e nem voz

Katniss. Katniss. Katniss

A voz de ambos se misturavam na minha cabeça

⁃ Katniss? - Uma mão me chacoalha levemente e eu acordo assustada. - Você está bem?

Olho confusa para a pessoa em minha frente e percebo que era meu pai

⁃ O que foi?

⁃ Você está toda suada, querida.


Sento na cama completamente confusa. Meu sonho havia sido tão real que me deixara com o coração batendo forte.

⁃ Foi apenas um pesadelo

⁃ Eu falei com sua mãe... - Suspiro passando a mão por minha testa. Podia sentir o suor escorrer - ...Ela sente muito

⁃ Então por que ela não vem aqui me dizer isso?

⁃ Coin é uma mulher orgulhosa, você sabe disso.

⁃ Sei sim, mas não é nossa obrigação limparmos a bagunça que ela sempre faz. Um dia terá que aprender, pai. - Ele faz menção de dizer mais alguma coisa, mas eu trato de encerrar logo esse assunto. Minha cabeça doía como a morte e eu só precisava de um longo e relaxante banho - Olhe, eu não quero mais falar sobre isso, hoje o dia já foi estressante o bastante e eu só quero esquecer de tudo por um momento.

Ele concorda, beija minha testa e sai do quarto com uma expressão cansada e decepcionada.

~~

Por longas duas semanas Peeta não falou comigo. De vez em quando Cato sentava junto a mim na cantina e eram nesses dias que sentia seu olhar sob mim. Certo dia percebi que alguém havia colocado uma flor em meu armário e junto viera um cartão com um pedido de desculpa. Quando olhei em volta pude vê-lo espiando no final do corredor. Joguei a rosa fora junto com o bilhete e junto com qualquer sentimento que eu tinha em relação à ele. Infelizmente essa parte não deu muito certo. Algumas vezes o via falando com Delly, tentava não dar bola mas era praticamente impossível.
Tinha uma sensação de que havia o perdido, mas como se perde algo que nunca foi seu?
Eu precisava me conformar que havia acabado

⁃ Mas se ele voltasse e pedisse desculpas, você aceitaria? - Annie perguntou certo dia

⁃ Ele teria que fazer algo extraordinário - Respondi com firmeza. - Eu não preciso de outro cara qualquer em minha vida, preciso de um LIoyd Dobler com um som em minha janela. Ou um Patrick Verona cantando no meio das arquibancadas para mim - Ela e meu irmão fizeram uma cara de confusão e frustração enquanto eu comia meu almoço com determinação. - São filmes pessoal - Suspirei - Apenas esqueçam


Cashmere havia se afastado consideravelmente de nós, agora que fazia parte das líderes de torcida estava sempre no treino ou com as duas jararacas da escola, Glimmer e Eliss
Annie me contou que ela estava planejando ir morar com seu pai.
Dizia que era por não se dar bem com a mãe, mas na verdade eram motivos financeiros. Eu sabia muito pouco sobre o assunto e quando tivesse a oportunidade, perguntaria para ela.
Eu amava Cash e não queria que nossa amizade acabasse. Talvez devesse me empenhar mais em nós duas agora.

Estávamos no campo de futebol tendo aula de educação física
Até então tudo corria bem, eu, Annie e Cash tínhamos essa aula juntas e conversávamos normalmente, até que noto a banda entrando em campo

⁃ O que a banda está fazendo aqui? - Pergunto - Não lembro dos ensaios serem hoje

⁃ Verdade - Cash murmura. Todos eles ficam em posição e nos voltamos a conversar até que ouço uma voz no alto falante, uma voz que reconheceria de longe

You're just too good to be true
can't take my eyes off of you

“Você é boa demais pra ser verdade
Não consigo tirar meus olhos de você”

Todas as pessoas param a aula e se olham confusas. Annie me olha com um pequeno sorriso e eu vou me dando conta do que está acontecendo.

you'd be like heaven to touch
I wanna hold you so much

“Você é como tocar o céu
Eu quero te abraçar muito”


Peeta aparece no alto da arquibancada com um microfone na mão e uma expressão divertida, ele olhava fixamente para mim enquanto cantava

at long last love has arrived
and I thank God I'm alive


“Até que enfim o amor chegou
E eu agradeço a Deus, eu estou vivo”

you're just too good to be true
can't take my eyes off of you

“Você é muito boa pra ser verdade
Eu não consigo tirar meus olhos de você”

Ele aponta para mim e começa sorrir, a banda começa a tocar a melodia e eu não aguento, acabo sorrindo junto. Não conseguia acreditar que a cena de uma dos meus filmes favoritos estava sendo feita frente aos meus olhos e para mim!!

I love you baby and if it's quite alright. I need you baby to warm the lonely nights. I love you baby, trust in me when I say

“Eu amo você baby e isso é bastante bom
Eu preciso de você baby para aquecer as noites solitárias
Eu amo você baby, acredite em mim quando eu falo”


Peeta dança entre os bancos e os desce. Cubro minha boca com as mãos, eu simplesmente não conseguia acreditar naquilo

Oh pretty baby, don't let me down, I pray
oh pretty baby, now that I've found you, stay


“Oh baby linda, não me decepcione, eu rezo
Oh baby linda, agora que eu te encontrei, fique”

Ele para em um dos últimos bancos e aponta para mim

and let me love you,o baby, let me love you

“E me deixe amar você, oh amor, me deixe amar você”


A música termina e, como no filme todos aplaudem

⁃ Eu tenho a leve impressão de que isso foi pra você - Annie diz e eu dou risada. Peeta vem em minha direção com uma cara de expectativa, que logo se transforma em felicidade, diante ao enorme sorriso que permanecia em meu rosto, estava claro que eu havia gostado

⁃ Então, o que você achou? - Arqueia as sobrancelhas

⁃ Agora só falta o rádio em minha janela - Ele ri e abraça minha cintura

⁃ Podemos deixar isso para a próxima

⁃ Próxima? - Digo me desvencilhando mas ele me aperta dando risada.

⁃ É brincadeira. - Peeta me solta e olha em meus olhos - Eu não tenho vergonha de você, Katniss. Tenho orgulho. E se quiser eu grito aqui e agora, para lhe mostrar.

⁃ Não precisa fazer...

⁃ TODO MUNDO! - Diz gritando e eu me encolho com um pouco de vergonha, porém rindo - ESSA É A MINHA GAROTA, KATNISS EVERDEEN. MINHA GAROTA

my girl

⁃ Pare Peeta - Tapo sua boca com minha mão

⁃ Eu vou te explicar tudo sobre aquela gravação se você quiser. Até os mínimos detalhes. Só quero te ter de volta, Katniss.

Suspiro. Olho para aqueles olhos azuis cheios de arrependimento e não consigo resistir. Acabo concordando


Depois da escola nos encontramos na arquibancada e ele me explica tudo, a gravação era de um bom tempo atrás e embora não tivesse razão para falar tudo aquilo, acabou fazendo por pressão. Complementava o tempo todo o quão babaca havia sido junto com um pedido de desculpa.
Peeta me explica como o lance da reputação era algo importante para ele e que não queria mais isso. Queria ser quem ele era de verdade
Dou diversos conselhos para ele e finalmente nos entendemos
Quando Peeta me beija tudo fica correto. Parecia ser a ordem natural do mundo.

E Deus! como eu senti falta desse beijo.

~~


Puta merda! Sua barriga já está crescendo. Eu não consigo lidar com isso - Annie ri

⁃ Como você acha que eu estou? Finnick tira 30 fotos por dia, de ângulos diferentes.

⁃ Eu quero acompanhar o desenvolvimento do meu filho.

Estávamos no rosie’s - a lanchonete local onde sempre nos encontrávamos - conversando sobre coisas banais. Com Finnick fora de casa e Gale trabalhando eu conversava muito pouco com ambos, então esses momentos serviam para eu ficar um pouco mais próxima de meus irmãos


⁃ Eu acho que vou trabalhar no cinema esse verão, bancar minha viagem.

⁃ Eu tenho certeza de que se você pedisse, papai lhe daria dinheiro - Gale diz e eu suspiro

⁃ Quero merecer isso. Merecer Nova York

⁃ Você merece o mundo - Peeta diz e eu sorrio para ele

⁃ Tudo bem, não importa o que falem, isso entre vocês ainda é estranho pra caralho - Diz Gale e eu desdenho de seu comentário

⁃ Se para nós dois é normal eu não acho que sua opinião valha de alguma coisa. - Arqueio uma sobrancelha

Todos riem e Gale me lança um olhar divertido antes de mostrar-me o dedo do meio

Ouço o sino da porta tocar e como de costume olho na direção e posso ver Cashmere entrando junto à Glimmer e Eliss. Elas usavam a roupa de líder e torcida e mantinham um semblante sério.
Ela faz um sinal quando vê Marvel e ele vai atrás, sentando-se na mesa com elas

⁃ Por que ele tem que ir para lá ao invés dela vir para cá? - Finn questiona enquanto todos observam a cena

⁃ Porque ela mudou e quer levá-lo junto - Annie responde e eu suspiro

⁃ Não fale assim de Cash. Se ela viesse para cá, as outras duas teriam de vir junto.

⁃ Ela se tornou outra pessoa, Kat. Está abandonando a própria mãe por dinheiro. Quem faz isso?

⁃ Como assim? - Peeta pergunta.

⁃ Todo mundo sabe que após o divórcio dos pais dela, a Sra. Grey não queria mais um centavo do ex marido. Então se mudou para a parte mais simples da cidade junto com Cashmere. Eu não acho que ela se importava com isso antes, mas agora andando com aquelas duas, deve ser difícil manter o nível financeiro de ambas.

Eu sabia que Annie nunca espalharia uma informação se não fosse verdade, mas mesmo assim era duro acreditar que ela estava de tornando essa pessoa.


⁃ As pessoas mudam, galera - Finn diz - É fato.

Observo eles na outra mesa, desejando que ela voltasse a ser quem era.

~~


Ouço batidas na porta e digo para quem quer que fosse entrar

⁃ Posso conversar com você? - Minha mãe diz. Balanço a cabeça e ela entra com cautela em meu quarto.

Faziam 3 semanas desde a briga e ela não falava comigo, eu quase não percebi. Normalmente nós não trocávamos muitas palavras mesmo
Paro de fazer minha lição de matemática e giro a cadeira, olhando-a sentar em minha cama

⁃ Me desculpe...por ter lhe batido

Pisco algumas vezes, tentando processar o que ela havia acabado de dizer. Minha mãe nunca me pediu desculpa por nada em todos esses anos. Ela não olhava para mim e sinto a culpa cair sob meus ombros, havia dito coisas para ela que, de certa forma, me arrependo.
Apesar de tudo ela ainda era minha mãe

⁃ Tudo bem. - Olho para os meus pés - Me desculpe por ter lhe dito aquelas coisas

⁃ Tudo bem também - No quarto se instala um silêncio e eu não sei mais o que dizer. Podia ver que ela se esforçava ao máximo para estar ali dizendo isso, mas que se arrependia.

⁃ Eu vou tentar ser melhor - Naquele momento, nem de longe ela parecia com a poderosa cirurgiã Coin Everdeen. Passava a imagem de uma mulher vulnerável e fora de sua zona de conforto

⁃ Eu também. - Ficamos mais alguns segundos em silêncio até que seu bipe começa a tocar. Emergência do hospital, é claro. Ela sai do quarto sem dizer mais nada e me deixa sozinha. Encaro à porta fechada e a vejo ir ao quarto, colocando o sapato e indo embora. E então sem perceber, começo a chorar.


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Notas finais do capítulo

Comentem!!
Até o próximo capítulo
xoxo



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