Após a visita de Peeta ao meu quarto, não consegui pegar no sono
Nenhum pensamento especifico rondava minha cabeça. Mas assim que fechava os olhos, ficava inquieta e imaginando que Peeta estaria lá, me observando com seus azuis e penetrantes olhos.
O eu fiz foi exagerado demais? Quer dizer, ele passou por uma situação bastante constrangedora
Mas por quantas situações assim ele já não me fez passar? Como quando ele tacou ovos em mim, ou por deixar meu cabelo vermelho. Até quando derramou café em minha blusa branca.
Se bem que depois ele me ajudou, emprestando uma blusa de Glimmer. – aponta meu subconsciente – parando pra pensar, o Mellark até que já fez algumas coisas boas para o seu geniozinho do mal.
Como quando me levou a enfermaria após uma bola atingir minha cabeça, e depois ainda insistir para me levar pra casa. Quando me viu chorando e quis saber o porquê.

Peeta Mellark é um ser estranho.

Tenho certeza que ele faz essas “boas ações” pra ganharmos alguma confiança nele. Para não termos um imagem tão errada de sua pessoa
mas por trás de tudo, ele é uma pessoa arrogante, egoísta e egocêntrica. Que só se importa com si mesmo.
Uma das provas de que isso é verdade são as garotas que ele pega
O garoto se livra delas como se fossem um objeto. Sempre está com uma, já pensando na próxima. Com esse pensamento um nome me vem à mente: Cashmere.
As palavras de Cato ainda matutam na minha cabeça. Seria mesmo dela que o Mellark está afim? Parando pra pensar um instante, até que faz sentido. No dia da bolada ele me perguntou sobre ela. Quando estávamos no corredor, ele passou e deu uma piscadinha. Tenho certeza que foi pra Cash.
Eu não posso deixa-la cair nos encantos do Mellark. Se eu não soubesse metade do que eu sei e não fosse esperta, já teria caído também. Ele tem seus atributos e sabe muito bem como usá-los. Seus olhos azuis fazem uma combinação perfeita com sua pele branca e cabelo loiro e, querendo ou não, Aquilo desconcentra qualquer uma.
Mas eu consegui criar um escudo contra isso. E Cash também tem que conseguir.
Olho para o meu relógio que marca 04:31 da manhã. Nesse momento eu preciso espairecer
levanto da cama e saio do quarto
o corredor estava escuro e com tudo silencioso
Ligo a lanterna do meu celular.
Olho pra porta no final do corredor. O quarto dos meus pais e penso se minha mãe já teria voltado. Vou na pontinha do pé até lá, passando pelos quartos de Finn e Gale. Paro no banheiro e vejo sua situação. Totalmente limpo e até um pouco cheiroso. A boa impressão que o Mellark provavelmente queria passar para o meu pai foi totalmente destruída com nossa guerrinha, mas talvez retomada após a super limpeza do banheiro.
Continuo em direção ao quarto e espio pela brecha da porta. La estava meu pai dormindo sozinho na grande cama de casal. Escuto um pequeno barulho na cozinha e me assusto
será que alguém teria invadido minha casa? – é o primeiro pensamento que vem a minha mente.
Entro no quarto de Gale sem fazer qualquer barulho. Assim que vou entrando vejo seu taco de beisebol encostado na parede oposta
vou, ainda na ponta do pé até lá.
como sorte não é um dos meus atributos, no caminho bato meu dedo na quina da cama de gale e mordo minha língua para não gritar

– Puta que pariu! – murmuro com as mãos na boca
ouço outro barulho vindo da parte de baixo da casa e vou – mancando - pegar o taco.
desço as escadas já pensando na melhor forma de acertar o individuo.
vejo uma luz vinda da cozinha e aperto com mais força o taco.
Sem tentar fazer barulho, vou andando devagar até lá e quando vejo, um homem alto vestindo uma calça e um casaco preto está de pé, virado de costas para minha direção.
quando me preparo pra bater na cabeça dele, ele se vira revelando sua identidade

– OH – Peeta diz assustado, desviando do taco a tempo – Que merda Katniss! – vocifera – Você me assustou

– Eu te assustei? – indago – eu pensei que fosse um ladrão seu idiota – digo dando uma tacada na sua cara, mas ele segura o taco a tempo

– Nem pense – diz apontando em minha direção

– mas afinal, o que você está fazendo aqui? Tramando seu plano diabólico pra me matar? – pergunto já irritada indo em direção a geladeira

– apenas vim tomar um copo d’agua – diz simplesmente e eu o olho desconfiada. Procuro, mas não vejo nenhum copo na pia e na mesa e nem na bancada. O Mellark está mentindo

– E onde está seu copo? – cruzo o braços e ele suspira alto

– Eu ia pegar se você não tivesse vindo aqui me matar com esse taco – reviro os olhos

– Já disse que achei que fosse um ladrão – ele bufa – sabe, não estou acostumada com a presença de estranhos na minha casa

– Então como consegue viver aqui? Já que você é toda estranha – ele provoca

ah como eu queria bater nesse idiota com aquele taco

– Vem cá, você veio até a minha casa pra me irritar. Essa parte eu já entendi...- começo mas ele me corta

– pera, pera. Como é que é? Quem disse que eu vim até aqui pra te irritar? – ele pergunta com um sorriso cínico

– Ah e não foi? – indago franzindo o cenho e ele ri

– Katniss, você e seu narcisismo de sempre. Sempre pensando em si mesma.

– Falou o senhor egoísta – digo revirando os olhos – você faz coisas egoístas o tempo inteiro e eu sou a narcisista

– Cite uma por exemplo – ele pede fazendo um sinal com as mãos.

Finjo pensar por um tempo enquanto ele me olha convencido

– A forma como você descarta garotas – digo – totalmente egoísta

– Ei – ele protesta – eu não ‘descarto’. Sempre deixo bem claro que não quero relacionamento sério

– Ah qual é! – me aproximo dele até ficarmos cara a cara – as pessoas tem sentimentos sabia?
Ele engole seco. Peeta me olha por um tempo antes de murmurar um ‘eu sei’

– E cashmere também tem – aproveito o enredo para esclarecer as coisas com o Mellark sobre isso – não vou deixar você fazer com ela o que faz com as outras.

– Cashmere? – ele indaga confuso

– Sim. Eu sei que você está afim dela – digo sem tirar os olhos dos dele – não sei que tipo de sentimento é esse. Se é que você consegue ter algum tipo de emoção sincera, ter algum sentimento por alguém que não seja você mesmo – falo com firmeza para deixar bem claro – mas eu não vou permitir que você a magoe. Eu já aprendi a lidar com você Mellark, agora vou ensinar isso a ela também. Então trate de ficar bem longe da minha amiga ou eu não respondo por mim.

Peeta ainda me olhava confuso quando arranquei o taco de beisebol de suas mãos e subi para o meu quarto.
sinto meu corpo todo borbulhar. Uma sensação totalmente nova tinha tomado meu corpo
uma mistura de raiva, com satisfação por ter feito o que eu tinha que fazer.
pelo menos o Mellark já está avisado.

***

10:32
Era a hora que marcava meu reloginho-que-mais-servia-de-enfeite quando eu acordei
Graças ao bom Deus hoje é sábado e eu não tinha que acordar cedo
Mexo um pouco em meu celular antes de fazer minha higiene matinal e descer para tomar café.
Quando sai do quarto a casa parecia estar bem animada.
Ouvia a voz de Finnick e Gale conversando animadamente, provavelmente papai fazendo algo na cozinha e Peeta fazendo apenas alguns comentários sobre a conversa dos meus irmãos
O cheiro era de panquecas e doce
Como eu amo o sábado

– Bom dia foguinho - Finnick diz fazendo piada com a cor do meu cabelo quando eu entro na cozinha

– Bom dia imbecil - Como eu imaginei, meu pai estava no fogão, Peeta e meus irmãos na mesa e pra minha surpresa, minha mãe estava distraída lendo o jornal.

Todos me dão bom dia
Até mesmo o Mellark
O que eu achei meio estranho, já que ele deve estar com raiva de mim.
Minha mãe me olha e levanta as sobrancelhas

– O que aconteceu Katniss? - pergunta surpresa e eu passo a mão em meus fios vermelhos

– Ah mãe, foi um acidente. Longa história - corto logo para não ter que dar detalhes.

– Hoje eu vou no cabeleireiro, se quiser vir comigo ele pode dar um jeito nisso - diz bebericando seu café em seguida

– Ta. Eu vou com você

Me sento a mesa e começo a comer as panquecas que meu pai fez.
Olho para Finnick. Ele comia sem conseguir tirar o sorriso do rosto.

– O que aconteceu Finnick? Parece que você dormiu com um cabide na boca

– Eu to de bom humor Kat.

– A namoradinha dele vai vir aqui hoje - diz gale balançando a cabeça. Franzo o cenho

– Que namoradinha? - Finnick revira os olhos

– Annie cresta, Katniss. Minha namorada. Eu já tinha te contado

Então ela existe mesmo. Penso

– E eu vou conhecê-la hoje? - indago

– Yep - ele responde mais animado que o normal antes de engolir um enorme pedaço de panqueca.

– Vá trocar de roupa que daqui a pouco eu estou saindo. - diz minha mãe se levantando enquanto eu terminava de comer

Me levanto e subo pro meu quarto

****

O caminho estava silencioso. O salão ficava a dois quarteirões da minha casa.
Quando minha mãe estacionou pude ver o nome Queen's na frente do estabelecimento
O Queen's era um dos melhores salões de beleza da América e o melhor de Lakers Ville - cidade onde eu moro.
Minha mãe sempre vem fazer seu cabelo aqui
O que eu acho realmente uma bobagem, já que aqui cobram uma fortuna.
Não que dinheiro fosse problema na minha casa. Longe disso
Minha mãe é uma das cirurgiãs mais renomadas do país. Portanto ganha muito bem. Meu pai teve muito sucesso com seu ultimo livro de suspense. Então levávamos uma vida mais do que confortável. Mas não via necessidade em gastar um quantia tão alta, apenas para fazer o cabelo e as unhas

– Alma Coin. Eu tenho hora marcada - diz minha mãe enquanto eu espero ao seu lado. A recepcionista parece teme-lá. Mas quem não temeria? Ela estava com seus óculos escuros e saltos que estalavam no chão a cada passo. Sua estatura era alta. Elegante, confiante e intimidadora. Essa era minha mãe.

– Sra. Everdeen - diz a recepcionista com uma voz enjoada - Claro. Jonh já está a sua espera.

Entramos em uma sala reservada e o cabeleireiro de confiança de minha mãe, Jonh, estava terminando de arrumar suas coisas

– Querida - exclama ao nos ver - estava a sua espera

Eles se comprimento e John olha para mim
Ele era alto, com cabelos pretos e pele bronzeada. Vestia uma calça justa e uniforme do salão. Ele abre um sorriso enquanto vem em minha direção

– Katniss não é? - indaga e eu afirmo- como você está linda. Quando te vi você era deste tamaninho - ele coloca a mão na altura de sua cintura e sorri mais abertamente. Quando olha meu cabelo. Sua expressão muda e ele fica um pouco confuso. - o que aconteceu com seu cabelo querida? - pergunta enquanto toca meus fios vermelhos

A essa altura minha mãe já estava sentada, concentrada uma revista
Totalmente alheia a nossa conversa

– Foi uma peça que pregaram em mim, nada demais - dou de ombros.
John me guia até uma cadeira e eu sento

– Então vamos dar um jeito nisso.

Não sabia exatamente o que ele iria fazer, nem o que eu queria que ele fizesse. Apenas entreguei em suas mãos e seja o que Deus quiser

– Primeiro eu vou descolorir seu cabelo lindinha - diz me encarando pelo espelho - e depois eu passo uma coloração. Para a tintar pegar bem.

Não dou muita importância a ele, apenas mexo em meu celular até a hora que ele acabar
John de vez em quando soltava um
"Essa tinta é das boas" ou "Meu Deus, quantas pontas duplas"
Dou de ombros diante os comentários. Nem me dava ao trabalho de olhar o espelho
Até porque estava virada de costas para ele mas também porque sabia que ele estava fazendo um bom trabalho.

***

Prontinho lindinha - diz jonh com um ar cansado, mas ao mesmo tempo feliz com o resultado. Ele me gira e meu queixo cai quando vejo meu reflexo.
Jonh tinha cortado as pontas de meu cabelo, deixando assim, ele um pouco longo e decidiu cortar franjinha
A coloração que ele havia usado era um loiro, puxado para o dourado. O que tinha dado um realce aos meus olhos cinzas
Meus cabelos agora loiros, caiam em cachos perfeitos sobre meus ombros.

– Uau! - é a única coisa que consigo pronunciar no momento.

– Gostou? - Jonh pergunta e eu o olho maravilhada.

– Mas que pergunta...claro que eu gostei.

Minha mãe - que já havia terminado seu cabelo - vem ao nosso lado. Ela da um sorriso mínimo e elogia o trabalho de Jonh
Ela paga uma alta quantia e nós saímos do salão

– Seu cabelo ficou muito bom Katniss - diz séria sem tirar os olhos da estrada.
Eu dou um pequeno sorriso. Feliz por receber um elogio vindo dela.
Minha mãe não havia mudado muito seu visual.
A uns 2 anos ela aderiu a cor grisalha em seus fios
Ela não é velha o bastante para ter o cabelo daquela cor, então está sempre no salão pra retocar.
Eu não era muito fã do seu cabelo
Aquilo a deixava com um ar de seriedade maior. além de dar a impressão de que ela era bem mais velha.
O resto do caminho é silencioso.

***
Quando entro em casa, vejo todos sentados no sofá.
Finnick estava deitado e uma garota muito bonita estava deitada junto a ele
Peeta e Gale estavam no chão e meu pai estava de pé na divisa entre a cozinha e a sala.
Todos conversavam animadamente até que seus olhares caíram sobre mim.
Meu pai abre um sorriso quando me vê
Finnick ergue as sobrancelhas, totalmente surpreso. Gale e Annie me olham contentes
Mas o olhar de Peeta era o melhor
Seu queixo tinha caído, e ele estava literalmente boquiaberta.
Bom, todo que seu planinho de arruinar meu cabelo só acabou melhorando as coisas pro meu lado. E por essa Peeta não esperava