Com Amor não se Brinca escrita por Bubees


Capítulo 52
Seize the Day.


Notas iniciais do capítulo

Aproveite o dia ou morra lamentando o tempo que você perdeu.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/58108/chapter/52

- Tudo bem. – Dizia Letícia vencida, dando de ombros. – Se for para vocês realizarem seu sonho... – A jovem respirava fundo. – Eu saio da banda.

Brian ficou parado, boquiaberto. Acreditava que tudo aquilo seria uma longa discussão. Letícia abriu mão de tudo aquilo por ele! Pelo seu sonho.

- Mas me prometa uma coisa, Syn... – A jovem o encarava de modo sério. – Que toda essa história não tem nada a ver com ter algo entre você e a Pamela.

- Como assim? – Brian franzia o cenho.

- Eu percebi, está bem? O jeito que ela age com você, a maneira como ela te olha... E já percebi há muito tempo que ela quer me por pra fora. E não seria diferente ainda mais pelo que aconteceu ontem...

- Mas eu realmente não tenho nada a ver com a Pamela. – Brian assegurava.

Letícia então, simplesmente lhe estendeu um sorriso, satisfeita.

- Bom, pelo menos agora eu vou ter mais tempo para ficar com a minha família, sair com o João, a Bia e a Mari... E claro, vou me matricular em algum cursinho pra entrar na faculdade de Física.

- Física? – Brian fazia cara de nojo. – Só você mesmo.

- Ah. – Letícia dava de ombros. – O que eu posso fazer se eu acho física interessante? – A jovem disparava uma leve risada.

Brian simplesmente lhe deu um sorriso, puxando a moça para um abraço apertado.

- Desculpa. – Dizia.

- Tudo bem , Syn... Eu entendo que é seu sonho, e você está buscando isso há muito tempo. Você deve realizá-lo e não sou eu quem vou impedir isso... Com você eu aprendi o verdadeiro sentido de amar alguém. – A jovem rapidamente abaixava a cabeça. – Desculpa ficar falando essas coisas, é que...

- Não... – Brian colocava levemente o indicador sobre os lábios da jovem. – Eu não ligo que fale...

- Que bom... Por que eu quero te apoiar. – A moça sorria, orgulhosa de si mesma. Algo grandioso estava batendo em seu peito. Sabia que estaria feliz se Brian estivesse.

- O que eu fiz para merecer alguém como você? – O rapaz a olhava com os olhos brilhantes. – Obrigado. – Brian novamente a abraçava.

Letícia, aliviada, retribuía o abraço apertado, sorridente. Pela primeira vez sentia que realmente estava apoiando Brian e o entendendo. Já era um grande avanço.

Assim que se libertaram do forte abraço, Brian segurou levemente a maça do rosto da jovem, umedeceu os lábios e ficou encarando a moça com um olhar bastante intenso. Letícia teve que desviar as esmeraldas daqueles olhos atenciosos diversas vezes.

- Eu te amo. – Brian soltou de repente.

Letícia rapidamente abaixou a cabeça, e então novamente tornou a encarar o rapaz.

Brian imaginou que aquilo poderia ser uma deixa, e lentamente, começou a aproximar seus lábios nos da jovem.

- Syn... – A moça sussurrava. – Acho melhor não.

Desanimado, Brian soltou a jovem, deixando seus olhos caírem sobre o chão.

- Agora eu quero que você se concentre na banda, está bem? Você sabe que eu fico chateada com essa história de você ficar bebendo demais.

- Eu só estou curtindo, Lê.

- Chama isso de curtir? – Letícia o encarava, indignada. – Sinceramente eu não acho que isso é coisa de curtir... Syn, você está fazendo mal a você... Passou do estágio de engraçado e divertido, se é que você ainda não percebeu.

- É eu sei...

- Que bom... – Letícia o encarava, com o olhar levemente triste, e então novamente se aproximou do jovem. – Eu não quero ficar sofrendo, Syn... Eu não vou me arriscar ainda se eu pensar que a nossa relação é instável... Ainda mais depois... – Letícia rapidamente se calou. Engoliu seco e recuou alguns passos, como se estivesse negando as lembranças que vinham à tona. Juliana.

Brian não sabia o que dizer ou fazer. Simplesmente ergueu a cabeça, olhando nos olhos de Letícia. Pensava que a moça estava certa, nem mesmo ele agüentaria ficar com ela sem saber que era estável. Não suportaria outra separação. Seu coração literalmente não agüentaria.

- Bom, eu já vou indo. – Dizia a jovem depois de alguns instantes de silêncio. – Combinei hoje de manhã de ir ao shopping com o João, a Bia e a Mari... Eles foram à apresentação, mas estava tão lotado que nem conseguiram falar com a gente, ainda mais depois da confusão, eu fui embora super rápido. – Letícia revirava os olhos. – Quer ir?

- Não, pode ir lá. – Brian lhe disparava um sorriso. – Aproveita um pouco com seus amigos, eu sei que ultimamente você mal está saindo com eles... Além do mais eu tenho que preparar as coisas para o ensaio de hoje... – Brian abaixava a cabeça.

- Tudo bem. – Dizia Letícia com um leve sorriso, se aproximando do rapaz, e lhe dando um beijo no rosto. – Posso ir ao ensaio hoje me despedir?

- Mas é claro... – Brian sorria. – Você tem que se despedir do Fernando também...

- O Fernando não tem nada a ver. – Dizia Letícia, dando uma leve risada. – Sério mesmo, você ficaria chocado.

- Sei. – Brian revirava os olhos.

- Vou levar isso comigo. – Dizia a moça se aproximando da mesa, apanhando a garrafa de cerveja.

- Depois fala de mim. – Brian disparava uma leve gargalhada.

Letícia estendeu um largo sorriso. Aquela risada cativante que iluminava os olhos de Brian.

- Tchau garanhão! Te vejo na gravadora então. – Dizia a moça, enquanto abria a porta para se retirar, batendo o bico da garrafa na maçaneta. – Caiu um pouco de cerveja aqui ó! – Dizia. – Não vai esquecer e escorregar. – Letícia então, finalmente saía pela porta.

Brian ficou parado, apenas observando a porta se fechando com cuidado, enquanto seus lábios estampavam um sorrisinho bobo, e seus olhos fixavam a porta e alguns pensamentos dominavam sua mente. O rapaz suspirou, um vazio em seu peito se abria... Eles não ficariam mais juntos?

Letícia dava grandes goladas de cerveja, enquanto descia pelo elevador.

Ventava muito pelas ruas, obrigando a jovem a puxar a gola de seu sobretudo na altura do pescoço, colocando a garrafa de vidro vazia em um canto qualquer pela rua.

Estava pensativa, caminhava pelas ruas frias, analisando cada casal que passava por lá. Se abraçavam contra o frio, riam juntos para afastar a tristeza daquele dia nublado, enfrentavam juntos o tempo desagradável. A felicidade para eles parecia ser tão mais fácil, tão simples... Por que para ela não poderia ser fácil assim?

Caminhou por mais alguns instantes até finalmente chegar ao shopping.

- BIA! – A jovem estendia um largo sorriso assim que via a amiga ao longe, sentada em uma mesa na praça de alimentação em frente ao cinema.

- LÊ! – Bianca se erguia, falando alto, atraindo atenção de várias pessoas que caminhavam ao redor. – Mariana foi comprar sorvete.

- Mas como? Ela não estava gripada? – Letícia franzia o cenho.

- O vendedor era um cabeludo. – Bianca gargalhava. – Você sabe como ela é né?

- Sei perfeitamente bem. – A jovem ria junto da amiga. – E o João? Não veio ainda?

- Ele me ligou, disse que já está a caminho... Ele parece meio aborrecido comigo... – Bianca comentava, suspirando.

- Não é pra menos, né amiga? Você ficou com outro na frente dele. – Letícia ressaltava.

- E desde quando ele se importa? – Bianca dava de ombros.

- HEEEY! – Mariana de repente surgia, segurando quatro potes de sorvete. – Se o João demorar muito para chegar vou comer o sorvete dele. Comprei para vocês, cortesia da casa.

- Ê MARIANA! – Letícia gargalhava. – Se certificou que ele não usava uma toalha na cabeça?

Letícia e Bianca começaram a gargalhar alto, atraindo atenção das pessoas na praça de alimentação.

- Esse seu comentário foi muito maldoso, sabia?! – Mariana fazia um bico.

- Desculpa... – Letícia tentava parar de rir, recuperando o fôlego. – É que deve ter sido muito engraçado.

- E foi! – Bianca porém, não fazia o mínimo esforço para parar de rir.

Mariana simplesmente lhe deu um peteleco na ponta da orelha, e Bianca rapidamente se calou.

- Besta. – Mariana resmungava.

- Mas então... – Dizia Letícia. – Ele te passou o telefone?

- Passou! – Mariana tornava a sorrir como se nada tivesse acontecido, e estendeu a palma da mão para que a amiga analisasse. – Bom você ter me lembrado, vou passar o número para o celular antes que apague.

- É, faça isso. – Dizia Letícia, sorridente.

- E o Syn? Não veio? – Mariana perguntava, distraída enquanto mexia no celular.

- Não, tem ensaio daqui a pouco... – Dizia Letícia, com tranqüilidade.

- Ué, e você não vai? – Bianca perguntava, franzindo o cenho.

- Bem é que...

- O João chegou! – Dizia Bianca, eufórica, interrompendo Letícia.

Letícia se virava para trás sorridente, enquanto João se aproximava às pressas por estar atrasado.

- Desculpe a demora, meninas. – Dizia.

- Desculpa nada, vai ter que deixar eu pintar sua unha de vermelho. – Mariana resmungava, ainda atenciosa com o celular.

- Claro, pega uma TOALHA para não fazer sujeira. – João gracejava, dando uma gargalhada maldosa.

- Lá vamos nós... – Mariana revirava os olhos.

João tentando parar de rir, se aproximava de Letícia, lhe dando um abraço apertado, suspendendo-a do chão.

- Saudades de você, viu? – Dizia.

- É... Está meio difícil sair com vocês... – A jovem tentava se explicar.

Bianca simplesmente ficou ao lado de Letícia, de braços cruzados, esperando que ele a cumprimentasse.

João, porém, passou reto pela moça, abraçando Mariana.

- Oi pra você também... – Bianca dizia, irritada.

João se virava para ela com um sorriso largo entre os lábios, como se estivesse ficado feliz pelo modo da moça agir. Se aproximou, dando-lhe um beijo estalado no rosto, e a abraçando.

- Melhorou? – Dizia, descaradamente.

Bianca rapidamente corou, abaixando a cabeça.

- É. – Disse apenas.

- Vamos dar uma volta? – Dizia Mariana. – Se não a Letícia vai ter que ir embora logo para ensaiar.

- Não se preocupe... – Dizia a moça. – Eu só vou ao final do ensaio.

- Por quê?! – Perguntaram todos em coro.

Letícia respirou fundo, encarando os amigos.

- Gente, eu saí da banda.

- O QUE?! – Perguntaram todos em coro, novamente.

Letícia arregalava os olhos, dando uma leve risada logo em seguida.

- Bom... Pelo visto vocês não estão sabendo da briga que deu no show.

- Briga? – Mariana franzia o cenho. – Que briga?

- Eu percebi uma movimentação, mas estava muito longe da gente.

- Pois é... – Dizia a moça, com um sorriso sem graça. – Foi no meio dessa movimentação toda que eu dei um soco na cara da nossa produtora.

- Sério?! – João gargalhava. – Bem típico de você...

Letícia simplesmente o encarou de modo mortal, retomando as palavras.

- Enfim... Ela ficou louca! Claro, né? E disse que se a banda quisesse continuar o contrato com a gravadora, deveria me demitir.

- Está zoando, né? – Dizia Bianca, incrédula.

- Não... Pior que não... – Letícia abaixava a cabeça.

- E o Brian? O que ele fez? – João perguntava, sério.

- Ele aceitou, oras. – Dizia Letícia, com tranqüilidade. – Não só ele como o resto da banda.

- NÃO ACREDITO NISSO! – Dizia Mariana, vermelha.

- Calma, Mari! – Letícia dava uma leve risada, dando de ombros. – O maior sonho da vida deles é ter um contrato com a gravadora e seguir adiante com a banda... Não sou eu quem iria destruir isso, sabe? O Syn ficou tão feliz quando a gravadora nos contratou... Quero apoiá-lo dessa vez, e não criar mais problemas.

Assim que Letícia tornou a atenção para os rostos dos amigos, se deparou com três faces boquiabertas.

- Você saiu da banda pelo Syn? – João perguntava, em choque.

- Sim... – Letícia concordava com a cabeça. – Pelo menos agora eu vou ter mais tempo para sair com vocês, para ficar com a minha família, e colocar meus estudos de volta nos trilhos... Foi bom enquanto durou... E... – A jovem suspirava. – Assim também eu fico mais distante do Syn e consigo raciocinar melhor.

- Não gosto desse assunto. – Dizia Mariana. – Ainda mais de te ver sofrendo pelo rumo que essa história está se levando...

- A gente não vive só de amor... – Dizia Letícia, dando de ombros, como se estivesse conformada. – Eu preciso confiar no Syn, eu preciso sentir que quando eu voltar com ele, será estável!

- Você também tem que ser estável. – Dizia Bianca, séria.

- Eu sei...

- Bom, mas agora você tem a gente... – Dizia João, sorridente. – Sempre teve, estamos aqui para te apoiar.

- Pessoal... – Dizia Letícia sentindo um forte vazio dentro do peito. Aqueles amigos eram preciosos demais. Tinha sorte em tê-los ao seu lado nesses momentos difíceis. – Eu amo vocês...

- O que?! – Mariana perguntava incrédula. – Lê, tudo vai dar certo, não precisa ficar falando assim...

- Eu sei que é difícil vocês me verem desse jeito, e principalmente me ver falando essas coisas, mas eu precisava dizer... Vocês são importantes demais.

Eles não sabiam mais o que dizer, simplesmente se aproximaram, dando um forte abraço em grupo, tentando reconfortar Letícia.

- Você sempre nos terá por perto. – dizia João.

- Eu sei... – Letícia sorria, se soltando e segurando as lágrimas que estavam começando a se acumular. – Agora parem com isso. – Dizia, tentando expulsar as lágrimas. – Eu já estou bem e isso está gay demais.

- ELA VOLTOU AO NORMAL! – João gracejava, como se estivesse comemorando.

- NOSSA! – Dizia Letícia, olhando de repente para o relógio de pulso. – Gente, desculpa, mas eu preciso ir... Eu vou pra gravadora de ônibus, o ensaio já deve ter começado... Tenho que chegar lá antes que o pessoal vá embora.

- Tudo bem... – Dizia Bianca, se aproximando da amiga e abraçando. – Se cuida.

- Boa sorte com a despedida. – Dizia João.

- Credo gente! Eu só vou dar um tchauzinho para o lugar... Não vou morrer... – A moça gracejava. – Eu ainda vou continuar vendo os meninos.

- É mesmo... – Mariana dava uma leve risada. – Então até mais.

- Até! – A moça saía correndo às pressas.

- Está muito bom! – Pamela elogiava a banda, no pequeno intervalo.

- Bom? A Letícia fica melhor no vocal do que o Syn, Pamela... – Fernando resmungava. – Você está louca?

- Ele vai se adaptar. – Dizia Pamela, dando de ombros. – O Syn consegue fazer tudo muito bem...

- Você é uma puxa saco. – Fernando dizia irritado.

- O que foi? A Letícia não quis te dar bola? Atrapalhei seus planos quando eu tirei ela da banda? Agora o caminho está livre para mim, querido.

- Tirá-la da banda, não vai tirá-la do coração dele, sabia? – Fernando sorria de modo maldoso, encarando Pamela com ódio. – Tenho pena de você.

- Vamos ver então... – Pamela o desafiava com o olhar.

- Syn... A Letícia vai vir mesmo no final do ensaio, né? – James cobrava. – Só ela brinca de lutinha comigo...

- A Letícia vai vir? – Pamela perguntava. – Por quê?

- Ela quer se despedir... – Brian dizia, sério.

- Não vejo o motivo de despedida... Ela sempre vê vocês...

- Talvez ela queira se despedir de mim. – Fernando surgia entrando na sala novamente, disparando uma piscadela descarada para Pamela.

A moça trincou os dentes, furiosa.

Brian encarou Fernando seriamente, respirando fundo, virando-se de costas, prestando atenção no amplificador que estava conectado a sua guitarra.

Fernando novamente encarou Pamela, que já estava com a face púrpura de raiva.

- Bom, vamos continuar o ensaio. – Dizia de má vontade, tornando a se sentar atrás dos aparelhos.

O ensaio progredia e a face de Brian não demonstrava toda a paixão que Letícia demonstrava ao cantar. Ele se sentia literalmente obrigado a fazer aquilo e não parava de pensar que aquele lugar, aquele microfone, pertencia apenas à sua pequena. A banda parecia ter morrido. Não haviam mais fios vermelhos se sacudindo à sua frente, sorridente, movendo-se. Tudo passou a ser mais parado, mais sério, ou até mesmo, mais triste.

- POR HOJE É SÓ PESSOAL! – Dizia Pamela, encerrando o ensaio. – Sua voz ficou muito legal no vocal, Syn...

- Ah, claro. – Brian revirava os olhos, retirando a guitarra dos ombros. – Obrigado. – Dizia sem se animar com o elogio.

- O que foi? – Pamela se aproximava do rapaz, com um olhar preocupado. – Nem se animou com o elogio...

- VAMOS SYN! – James berrava, já com os pratos da bateria em mãos, preparado para partir.

- Posso conversar com você? – Pamela perguntava, antes que Brian respondesse ao amigo.

Brian respirou fundo, como se estivesse se rendendo, e então encarou a moça.

- Me esperem no carro. – Disse, apenas.

James simplesmente deu de ombros, encarando Ivan e Caio.

- Vamos... – Dizia Caio, se conformando.

James parou para dar uma última espiada no amigo. Encarou os olhos de Brian. Estavam tristes como ele já esperava que estivessem. Preferiu então, simplesmente se retirar.

Pamela assim que viu que já estava finalmente sozinha com o rapaz dentro da sala, lhe esboçou um sorriso, mordendo os lábios e indo até o frigobar apanhar duas garrafas de cerveja, estendendo uma delas para Brian.

Brian se apoderou da cerveja sem nem ao menos hesitar, abrindo-a no ato, servindo-se por uma grande golada.

Pamela se encostou à aparelhagem, encarando o rapaz com curiosidade.

- E então? – Dizia ela.

- Então o que? Você que queria falar comigo. – Brian dizia, ríspido.

- Ah sim... Bom, ela brigou muito com você? – Pamela o encarava ainda com curiosidade.

- O que? – Brian perguntou confuso, não esperando pela pergunta. – Ah! A Letícia... Não, não brigou não...

- Não?! – Pamela franzia o cenho, confusa. – Como a Letícia não brigou com você?

- Pois é... – Brian disparava um leve sorriso no canto dos lábios, respirando fundo. – Por incrível que pareça ela fez o contrário.

- Como assim? – Pamela estava boquiaberta.

- Ela me apoiou.

- SÉRIO?!

- Sim... Surpresa? – Brian dava uma leve gargalhada, se aproveitando novamente da cerveja. – Confesso que eu também fiquei... Mas não, ela quis me apoiar, disse que sabia que era meu sonho e não faria nada para impedir que eu o realizasse...

- Nossa! – Pamela sentia como se tivesse recebido uma forte tijolada na cabeça. Realmente não esperava por aquilo. – Que bom... Espero que você não tenha ficado bravo comigo...

- Não, eu não fiquei. – Brian dava de ombros, indiferente.

- Mesmo? – A moça se aproximava mais do rapaz.

- Eu não fiquei. – Brian confirmava, lhe esboçando um pequeno sorriso.

- Quero que saiba que fiz isso também pelo seu bem... Pensei que as coisas se tornariam mais fáceis para você, se vocês não ficassem mais tão próximos um do outro e não dividissem tanto tempo juntos... – Pamela respirava fundo, colocando as mãos no rosto da rapaz, obrigando que ele a olhasse dentro dos olhos. – Esses seus olhos... Eu os tenho visto tão tristes... E tudo por causa dela. Você vai ficar melhor agora, o seu estado de animo também atrapalha o processo criativo das músicas...

- Ah... – Brian abaixava a cabeça, desviando-se do olhar penetrante de Pamela.

- E... Você já me contou tudo sobre vocês, eu sei que vocês já tentaram ser felizes muitas vezes, e não deu certo. Isso não podia continuar assim... Eu gosto muito de você e quero te ver bem... Você MERECE ser feliz.

- Obrigado, Pamela. – Brian suspirava, engolindo seco, sentindo um vazio intenso atropelar seus órgãos dentro de seu corpo, sentindo como se de repente a tristeza o raptasse. – Mas às vezes eu acho que só ela é quem vai me fazer feliz...

- Você pensa assim por que ainda não deu oportunidade para que uma nova pessoa pudesse te fazer feliz... Você já sofreu demais com as indecisões da Letícia... E AINDA sofre, para com isso.

- É fácil falar... Você não tem nem noção de como eu me sinto... É como se todo o momento ela fosse desaparecer das minhas mãos. Eu estou desgastado, eu não tenho mais para onde fugir, aquela dorzinha aguda de saudades dela me mata a cada dia mais... – Brian tornava a encarar o rosto de Pamela, deixando que de repente uma lágrima caísse de seus olhos.

O coração de Pamela se acelerou de repente. Aquele homem poderia ser tão feliz. Era terrível vê-lo assim. Rapidamente, o abraçou.

- Eu sei que é fácil falar... – Ela sussurrava em seus ouvidos. – Mas você precisava desse empurrãozinho para se afastar dela... Você não precisa daquela garotinha confusa... Você precisa de uma mulher ao seu lado! Que seja determinada, forte... E que faça tudo por você, que te compreenda...

- Mas...

- Sh... – Pamela tocava o dedo indicador nos lábios do rapaz. – É difícil ver você sofrendo assim eu não poder fazer nada. Você não precisa dizer nada agora...

- Como? – Brian perguntava, fitando o rosto de Pamela próximo do seu.

- Só me deixe tentar te fazer feliz... Deixa eu te curar, Syn. – Pamela sussurrava.

- Mas... Pam...

- Você não precisa resistir a mim... Você sabe que eu faço tudo por você, tudo... – A jovem sussurrava, aproximando os lábios ainda mais dos de Brian.

Brian suspirou, sentindo seus músculos se amolecerem. Ele estava completamente rendido por aquelas palavras de Pamela. Sentia-se tão fraco, tão confuso e perdido... Ela conseguia o atrair com aquelas palavras.

O coração do rapaz acelerava, e ele fechava os olhos, tocando lentamente seus lábios nos de Pamela.

O primeiro toque foi sutil, mas logo em seguida o rapaz foi domado por toda a fúria que sentia dentro de seu peito. Por que ele não poderia tentar? Perdeu todo o controle da situação, segurando a cintura de Pamela com firmeza, puxando-a bruscamente contra seu corpo, tornando a beijá-la, porém tal beijo não durou nem mais do que três segundos.

Ouviram um estrondo.

Brian rapidamente abriu os olhos, tornando a realidade e empurrando Pamela para trás. Se deparou com a cadeira caída no chão, e fios avermelhados voando para fora da sala.

- LETÍCIA! – Berrou, desesperado.

Letícia, porém, não lhe deu ouvidos. Simplesmente saiu correndo por entre os corredores.

- LETÍCIA! – Brian gritava novamente, perseguindo a jovem. Sua voz estava trêmula, desequilibrada. Tomado pelo desespero, pelo medo. – Letícia, por favor... – Brian corria como se sua vida dependesse disso.

Letícia estava nervosa demais, suas pernas mal a obedeciam e o sobretudo não facilitava a fuga. Suas mãos suavam, enquanto seus olhos transbordavam sua tristeza incansável. A dor da traição, uma forte apunhalada pelas costas.

- Letícia, pelo amor de Deus, me escuta. – Brian finalmente a alcançava a jovem, puxando-a pelo braço, fazendo com que ela o olhasse.

- Você mentiu para mim! – O olhar triste e decepcionado da jovem, era a pior coisa que Brian podia olhar naquele momento. Uma lágrima, carregava a sua maquiagem borrada pelo seu rosto. Estava com uma feição abatida. – Agora eu sei por que você quis que eu saísse da banda... Assim as coisas ficariam mais fáceis para vocês dois...

- NÃO TEM NADA HAVER COM A PAMELA! – Brian garantia. – EU JURO! Eu... Eu... – O rapaz gaguejava, queria encontrar palavras que fossem o bastante, mas o tempo era curto demais, ela poderia desaparecer de suas mãos novamente.

- Não foi o que me pareceu... – Letícia o encarava, séria.

- Pequena... – Brian colocava as mãos do rosto da moça.

- NÃO ME CHAME DE PEQUENA! – De repente, Letícia se estourava. – E TIRA ESSAS MÃOS DE MIM! – A moça se soltava bruscamente do rapaz. – Como você pode ter mentido assim pra mim? Depois de tudo que passamos juntos eu podia jurar que você tinha se tornado uma pessoa mais sincera... Você podia ter me dito se queria ficar com ela... Você não tinha... O DIREITO DE FAZER ISSO COMIGO! – Lágrimas de repente caíam freneticamente dos olhos da jovem.

- EU NÃO QUERO FICAR COM A PAMELA! – Brian gritava ainda mais alto, tentando confirmar com todas as palavras. – E-EU POSSO EXPLICAR...

Letícia simplesmente o encarou com frieza, dando-lhe as costas, se preparando para uma nova fuga.

A jovem finalmente saía pelas ruas, caminhando contra o vento gélido que empurrava seus cabelos com violência para trás.

- LETÍCIA! – Brian, porém, não queria desistir de correr atrás da jovem. Queria se explicar, precisava mais do que tudo se explicar. – Por que você não acredita em mim?

Brian novamente a alcançava, puxando-a contra seu peito.

- Não adianta, Brian. – A moça o olhava com frieza, sem que uma única lágrima se quer lavasse o rosto borrado, soltando-se do rapaz, novamente.

- Brian? – O rapaz sentia uma forte pontada no peito. – Você não me chamava assim há tanto tempo...

- Mas agora, pra mim, você é apenas Brian. – A jovem ainda o encarava, com os olhos foscos, sem emoção.

- Mas nenhum amigo meu me chama assim... – Para Brian era terrível. Ele estava entendendo o recado. Letícia não queria nem ao menos ser sua amiga.

- Só que eu não sou mais a sua amiga. – A moça o empurrava, dando-lhe às costas.

- HEY! Por que não acredita em mim? – Brian berrava ao longe, incrédulo do que lhe acontecia.

A jovem se virava para ele novamente, deixando seus cabelos vermelhos se esvoaçarem contra o vendo que parecia ainda mais forte.

- Nunca me deu motivos para que eu acreditasse. – Ela então se aproximava do rapaz, muito séria. – Muito pelo contrário.

- Não fala assim... – Brian a segurava pelo braço, impedindo que ela novamente lhe desse às costas.

- Me solta, Brian. – A jovem ordenou rispidamente, e então, chutou-lhe a canela, e saía correndo.

- VOLTA AQUI, LETÍCIA! EU NÃO TERMINEI! – Berrou, Brian.

Brian não queria deixá-la ir, não podia. Não daquele jeito.

Sabia que havia sido um idiota... Não podia perdê-la assim.

Letícia corria já a uma boa distância a sua frente, deixando que novamente as lágrimas escorressem pelo seu rosto. A única coisa que ela queria naquele momento era esquecer tudo. Era desaparecer dali.

O destino foi generoso com seu pedido.

- LETÍCIA! CUIDADO! – Avisou Brian, porém já era tarde.

Letícia quis realmente fugir... Aquele carro preto... Um ponto final?

Aquele carro a jogou longe. O vermelho se expandiu com sua tristeza pelas ruas escuras e o vento violento que parecia protestar com aquilo que acontecia.

- LETÍCIAAAAAAAAAAAAAAAAA! – Brian arrancava sua voz da zona mais profunda de sua garganta, berrava como se estivesse beirando a loucura.

“Seize the Day or die regretting the time you lost...”

Passou a ver, de repente, o mundo de outra forma.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pessoal, é impressão minha ou as reviews estão diminuindo?

Bom, não sei se é por que eu estou postando os capítulos muito rápido, ou se é por que o pessoal ta viajando já que é final do ano e tals. Mas como eu vou viajar também pro ano novo, eu estou postando mais rápido, caso eu não consiga terminar essa fic antes do ano novo, eu vou ficar um tempinho sem postar.

*Novidade: Já estou escrevendo a fic nova que eu vou postar. o/ Terror/Suspense e Romance (Claro.). Assim que eu conseguir montar a capa decentemente, eu já posto o prólogo e coloco o link aqui para vocês lerem. (:

Quanto a esse capítulo, espero que gostem, né? .-.
E aguardo os review. *-*

beeeejos



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Com Amor não se Brinca" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.