Com Amor não se Brinca escrita por Bubees


Capítulo 2
Bons Vizinhos.




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Não demorou muito para que o sinal de saída finalmente tocasse, Letícia como sempre era uma das últimas a sair, tinha que guardar todas as coisas com cuidado e principalmente jogar as toneladas e papel de chicletes que estavam jogadas ao redor de sua mesa.

Letícia já havia providenciado tudo e estava prestes assim pela porta, quando esbarrou em alguém.

- Oi. – Era Brian, estava sorrindo, esticando os braços nas laterais da porta, para impedir que Letícia passasse.

- O que foi? – perguntou, ríspida.

- Nada...

- Nada? Então tchau. – Letícia tentou passar por baixo de seus braços, porém ele a segurou.

- Engraçadinha. – Brian revirou os olhos. – Eu queria saber se você poderia me emprestar o seu caderno de matemática, aquele professor apaga muito rápido, perdi várias coisas...

- Está pedindo para mim, por que eu sou nerd não é? – Letícia o encarava com um sorriso torto.

- Desculpe ter te chamado assim, eu estava brincando, não sabia que você ia ficar tão brava, realmente...

- Tudo bem. – ela o interrompeu. – É que eu não suporto pessoas folgadas, você nem me conhece pra ter essas liberdades...

- Nossa... Me perdoa. – Brian ergueu as sobrancelhas. – Você parece ser uma pessoa bem difícil de lhe dar... – Ele então abriu espaço na porta. – Me desculpe, não faço mais.

Letícia lhe deu um sorriso e atravessou a porta, se virando para ele.

- Tudo bem. – ela dizia meiga.

- Obrigado. – Brian lhe dava um sorriso torto, a fim de jogar um charme. – E então? Vai me emprestar seu caderno?

- Não, pede para o Mateus amanhã. – Letícia pronunciou as palavras rapidamente antes que Brian novamente atrasasse seu rumo, saiu dando gargalhadas e se virando para trás dando tchau para ele ao longe.

Brian não pode acreditar, Letícia seria um desafio e tanto para as suas conquistas, ficou apenas focalizando a pequena ruiva andando pelos corredores e sumindo entre eles, Brian não sabia ao certo se sentia raiva das atitudes de Letícia ou se achava de certa forma, intrigante, seria divertido brincar de conquistas com ela.

 

Letícia descia as escadas apressada, seu pai iria buscá-la hoje para lhe mostrar o novo apartamento. Os pais da jovem eram separados, mais isso é uma história para outra ocasião.

- Mari, viu meu pai? – perguntou Letícia, se aproximando ofegante do portão.

- Não... – Mariana se aproximou da amiga, e começou a sussurrar. – O que o bonitão queria com você?!

- Que boni... AAAH já até sei de quem você está falando. – Letícia deu um tapa no meio da testa como se a resposta fosse óbvia. – Ele queria meu caderno de matemática emprestado...

- E você emprestou?

- Claro que não, olha, eu nem conheço ele, e ele fica querendo brincar comigo e conversar como se já fossemos amigos a muito tempo... Sabe quando você olha pra uma pessoa e não vai com a cara dela?

- Bom, eu não sei o que dizer a você, mas eu acho que te entendo...

- Que bom...

De repente o celular de Letícia começou a tocar.

- Alô?

- Letícia...

- Oi pai. – Letícia revirou os olhos. – Você não vai poder vir me buscar...

- Acertou. – O pai deu uma risada sem graça. – Estou enrolado com o almoço e a sua irmã ainda não chegou também... Você tem dinheiro para o ônibus?

- Não, mas eu vou andando, eu adoro andar. – Letícia revirou os olhos.

- Está bem... Então até daqui a pouco.

- Tchau. – Letícia rapidamente desligou o celular. – Mari, vou ter que ir andando, meu pai não vai vir me buscar...

- Tudo bem, vai lá, beijos. – Mariana se despedia da amiga.

Letícia caminhava pelo sol quente, vento algum podia quebrar aquele calor, seus passos eram apressados, estava morrendo de fome e louca para se sentar em um lugar fresco. De repente, alguns pensamentos se atreveram a dominá-la, ficou rindo sozinha se lembrando da última tentativa de conversa com Brian.

- LETÍCIA! – De repente, a jovem se virou para trás, e fora só pensar no diabo, que lá estava ele, sorridente, acenando, correndo em sua direção.

- Oi... – respondeu ela, um pouco confusa.

- Não sabia que ia andando para a casa...

- Não que eu lhe deva alguma satisfação, mas eu vou para a casa do meu pai. – respondeu, voltando caminhar, acompanhada de Brian.

- Você é bem chatinha ein? – Ele gargalhava.

- Um pouco. – Letícia respondeu direta.

- Um pouco? – perguntou Brian, rindo.

Após andarem alguns passos no silencio total, Letícia finalmente chegara onde queria, no apartamento de seu pai, e estranhou assim que viu Brian abrindo o portão naturalmente.

- EI. – gritou ela. – Você mora aqui?

- Sim, por quê?

- Meu pai mora aqui também... No apartamento... é... – Letícia começou a revirar os bolsos da calça. – Eu lembro que eu anotei...

- Qual o nome dele? – perguntou.

- Diego.

- Ele por um acaso é um ruivo, com barba e cabeludo que se mudou para cá antes de ontem? – Brian respondia vanglorioso.

- Ele mesmo.

- Só podia ser seu pai. – Brian deu gargalhadas. – Head banguer demais para ser um pai... Entra, eu te levo até ele, eu o ajudei com a mudança, ele mora bem em frente ao meu apartamento.

- Está brincando, não é? – Letícia o olhou incrédula.

- Bem que você queria... Mas é verdade. – Brian abriu o portão para que Letícia entrasse.

- Tudo bem...

- Ah, não seja orgulhosa, um favor só que eu vou te fazer, prometo. – Brian gargalhava.

Letícia não pode evitar rir também.

Brian abriu a porta do elevador para Letícia, e ela nem se quem tentava disfarçar o quanto estava odiando aquela situação, até que finalmente eles iriam se separar.

- Pronto! – Brian piscava para a jovem enquanto abria a porta de seu apartamento.

- Obrigada. – Letícia lhe respondeu com um sorriso forçado e rapidamente tocou a campainha de seu pai.

- LETÍCIA, MINHA LINDA! – O homem alto, barbudo e cabeludo abriu a porta, abraçando-a.

- Oi pai. – disse ela, ainda um pouco aborrecida.

- Boa tarde, Diego. – Brian acenava da porta, Letícia nem havia percebido que o rapaz não havia entrado para o seu apartamento.

- Boa tarde... Ola Le, ele é meu vizinho, tem a sua idade...

- Eu sei, ele estuda comigo. – Letícia revirou os olhos. – Estou com fome. – resmungou.

- Bom, nos dá licença, Syn. – O pai gargalhava, fechando a porta. – Garoto muito legal esse Brian, ele toca guitarra.

- Oh, que maravilha. – Letícia dizia sem o mínimo entusiasmo. – Carmen vem almoçar hoje?

- Não.

- AEE! – Letícia jogava as mãos para o alto.

- Olha, eu sei que você não gosta da Carmen...

- A questão não é gostar dela, é outra coisa, e você sabe muito bem, vou ir conhecer o apartamento... Tchau.

Letícia deu as costas e saiu andando.

O apartamento de seu pai era enorme, muito bem decorado, com toques obviamente femininos, seu pai tinha um quarto onde deixava todos seus instrumentos, bateria, microfone, baixo, violão, guitarra, teclado... Tudo. Letícia nem se interessou mais pelos outros cômodos da casa, aquele lugar era perfeito.

Letícia se sentou no banco da bateria e pegou a baquetas, começou a tocar, ela mal sabia tocar, mas se divertia só em poder fazer algum barulho para afastar os pensamentos.

- Vai precisar de algumas aulas. – Diego a zombava.

- Espera até me ver cantando. – Letícia continuava a batucar.

- Vamos comer? Sua irmã já chegou.

Letícia se levantou do banco e foi até a sala de estar, sua irmã estava ajudando a por a mesa.

- Como foi hoje a aula? – perguntou ela, enquanto organizava os pratos.

- Legal...

- Já andou averiguando a vizinhança? – Priscila perguntou ás gargalhadas.

- Estou com medo de perguntar... Mas... Por quê?

- Eu vi o vizinho da frente saindo pra jogar o lixo fora, e que corpo, meu Deus... Muito gato!

- AH TÁ! – Letícia respondeu irritada. – Por que de repente o mundo inteiro acha aquele babaca lindo?! Ele é da minha sala.

- Ah, não gosto de homens mais novos.

- Que bom, se ele fosse meu cunhado eu me suicidava.

- E se fosse seu namorado? – Priscila a zombava.

- Não venha me dizer tolices. – Letícia rebateu de imediato.

Diego colocou as lasanhas em cima da mesa e todos almoçavam em silencio, as vezes contavam histórias engraçadas e todos riam, nada além disso.

- Pai, vamos ao shopping? Preciso fazer compras. – Dizia Priscila sorridente.

- E você quer que eu gaste o MEU dinheiro? – Diego lhe encarou com uma das sobrancelhas erguidas.

- Sim. – Priscila ainda sorria.

- Quer ir, Le?

- Não pai, tenho lição pra fazer e estou cansada.

- Só você mesmo pra fazer lição hoje. – Resmungou, Priscila. – Eu quero ir gastar.

- Não abusa. – Advertiu o pai. – Então vamos logo que eu não quero chegar tarde em casa, hoje eu vi que vai chover.

- Está bem. – Priscila recolhia os pratos da mesa e os deixava na pia. – Deixa que eu lavo a louça quando voltar, Le.

- Obvio que sim. – Letícia deu risadas.

Rapidamente Diego e Priscila saíram de casa, Letícia aproveitou um tempo para relaxar e tocar um pouco de bateria e depois com muito esforço, fazer suas lições. Era muita sacanagem os professores lotarem de lições justo no primeiro dia de aula, Letícia fizera o máximo para poder se concentrar e fazer as lições quando um som de guitarra altíssimo atravessava seus ouvidos. Apesar de ser um solo magnífico, ela não conseguia se concentrar.

Foi até o hall procurando da onde vinha o som.

- Era só o que me faltava. – Resmungou consigo mesma ao perceber que o som vinha do apartamento de Brian, sem nem pensar duas vezes, Letícia tocou a campainha.

Rapidamente o som da guitarra parou, ouviu-se alguns barulhos e finalmente passos se aproximando em direção a porta, e o trinco se virou.

- Oi Letícia, o que devo a honra? – Brian gargalhava.

- Vim te pedir um favor.

- Pensei que te trazer até o seu pai seria o último favor que eu te faria. – Brian cruzou os braços.

- Me faz mais um... Silencio. – Disse, direta.

- E se eu não quiser? Eu estou na minha casa agora e você não quis me emprestar seu caderno.

- Mas eu estou tentando estudar!

- E eu com isso? – Brian ria, cada vez que a face de Letícia ficava mais inflexível de raiva. – Você fica muito bonita brava.

- O que?! Cala a boca.

- Isso foi muito rude. – Dizia Brian ainda meio que rindo. – Me desculpe, mas eu estou ensaiando.

- Vai me falar que isso não era um playback? Ou sei lá o que...

- Não, eu toco guitarra a muito tempo fique você sabendo...

- Então, não precisa mais ensaiar, você toca muito bem.

- Ora, Ora... – Brian encostava-se à porta. – Letícia está me fazendo um elogio?

- Sim... – Letícia o encarava, confusa. – Eu acho...

- Se me emprestar seu caderno, eu paro.

- ESTÁ BEM! – Letícia respondeu impaciente. – Mas vê se devolve logo.

- Como você é mandona. – resmungou.

Letícia rapidamente entrou no apartamento e voltou com um caderno de capa branca decorado com alguns morcegos de cor roxa e algumas estrelas de cor preta.

- Gostei da capa. – disse Brian assim que pegou o caderno.

- Eu quem decorei. – Dizia Letícia modestamente.

- Bonito.

- Então vai logo, faz o que tem que fazer e me devolve. – Letícia dizia direta.

- Para de ser mandona, eu já entendi que é pra te devolver.

- Não me chama de mandona, se não você não fica com o meu caderno. – Letícia o encarava.

- ESTÁ ME AMEAÇANDO? – Brian perguntou irritado.

- Você que fica ai me enchendo o saco. – resmungou.

- Mas eu nem te fiz nada, sua mimada.

- Mimada? E você é um folgado... Por que não copiou a matéria mais rápido? É tão inútil assim?

- Se vai continuar me xingando eu não paro de tocar guitarra.

- E você vai ter que pedir anotação de matemática para outra pessoa. – Letícia o encarava, irritada.

- Chantagista. – resmungou Brian.

- Idiota. – rebateu Letícia.

- Toma seu caderno, eu não preciso dele. – Brian estendia a mão para ela.

Letícia pegou o caderno de volta, com um sorriso misterioso, como se tivesse ganhado a primeira batalha.

- De nada. – respondeu ela, a fim de irritado.

- AAAH, TCHAU LETÍCIA! – Brian quase berrou. Finalmente alguém que conseguiu apagar o sorriso mesquinho e vitorioso de seu rosto.

- Tchau. – respondeu Letícia, ainda sorridente.

Brian bateu a porta na sua cara, algo que ela não esperava.

- SEU RIDÍCULO, GAY, VIADO! – Ela berrava do outro lado da porta, incrédula.

- MORRA! – Brian berrou no outro lado da porta.

Letícia bufou alto, sentia tanta raiva que queria socá-lo, mas seria muito perda de tempo, mas mesmo assim, ela ainda sentia como se uma batata estivesse entalada no meio de sua garganta, ficava xingando o rapaz mentalmente por coisas que nem ela mesma conhecia, e passou o resto da tarde pensando naquele que acabara com a sua paciência.

 

 

 

 

 

 

 

Pessoal, deixem reviews por favor. T_T¹²³ Eu gosto de ler opinioes e sugestoes, criticas, o que for... T_T

 


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