- ME SOLTA! – Letícia resmungava empurrando Brian para trás.
Brian resistiu por alguns instantes, segurando os braços da jovem e voltando a beijá-la, até receber um chute na canela.
- ME LARGA! – berrou mais uma vez, empurrando Brian.
Brian se afastou rapidamente, erguendo a perna e segurando a canela.
- AI! – resmungou.
- O QUE FOI ISSO? POSSO SABER?! – Letícia colocava as mãos na cintura encarando o rapaz.
- Pode, isso foi um beijo... – Brian dizia com um sorriso sínico sem se intimidar com o olhar que o fuzilava.
- EU SEI QUE FOI UM BEIJO! – Letícia se aproximou do rapaz dando-lhe um tapa no rosto.
- EI! – Brian rapidamente se defendeu do tapa, se afastando mais.
- NÃO REPITA ISSO! – Letícia o ameaçou, lhe apontando o dedo indicador. – Você é um nojento!
- Fala assim mais bem que estava retribuindo. – Brian se aproximou lentamente, ainda desconfiado que poderia apanhar. – Você tem que admitir que pelo menos uma atração você sente por mim.
- É VOCÊ quem tem que admitir isso! E admitir também que é um completo idiota. – Letícia relaxou os ombros, encarando o rapaz. – Eu jamais ia gostar de alguém como você, eu bem que tentei ter uma relação pacífica com você, mas eu já percebi que é impossível! – resmungou a jovem.
- Ah, para com isso, é muito pior pra mim ter que lhe dar com você... – Brian a encarava. – Se esse beijo não tivesse significado nada pra você, não estaria aí tremendo e fazendo esse drama todo...
- DRAMA?! – Letícia o encarou, indignada.
- SIM! DRAMA! – repetiu Brian. – Foi só um beijo não foi? Se não sentisse nada por mim, esse beijo teria sido insignificante.
- Eu não tenho culpa que você ficou todo assustado quando eu disse que você gostava de mim, pra mim, isso foi uma forma de você se defender... – Letícia se aproximou perigosamente do rapaz. – E fique sabendo, que isso que você chama de beijo, foi realmente MUITO insignificante para mim!
- Ah foi?
- FOI, BRIAN ELWIN HANER JÚNIOR!
Brian apenas arregalou os olhos, vendo a reação da jovem.
- BABACA! – Letícia lhe deu um soco no peito e saiu andando. – VAMOS LOGO PRA AQUELE RESTAURANTE NÃO VEJO A HORA DE SAIR DE PERTO DE VOCÊ!
Letícia estava bufando, irritada, e pisava firme contra o chão, Brian apenas andava logo atrás dela, com uma expressão feliz no rosto... Talvez fosse esse o propósito do beijo, deixá-la irritada...
Chegando ao restaurante, Letícia jogou a mochila pesada em uma das cadeiras e se sentou ao lado de Mariana.
Brian, timidamente, se aproximou da única cadeira ‘vaga’ onde estava a mochila de Letícia, e antes mesmo do rapaz pensar em tirar a mochila para se sentar...
- TOQUE UM DEDO NA MINHA MOCHILA E VOCÊ MORRE! – disse a jovem, com a voz grossa.
Brian, por impulso se afastou da cadeira, olhando para a jovem numa falsa cara de assustado.
- Brigaram de novo? – Perguntou Mariana, revirando os olhos.
- Pede outra cadeira para sentar, Brian. – Letícia dizia ríspida.
Brian apenas revirou os olhos, encarou Letícia com um sorriso maldoso, pegando a mochila da jovem, e jogando-a no chão.
- O QUE?! – Letícia se levantava da mesa, fuzilando Brian com os olhos.
Brian sorria descaradamente, erguendo uma das sobrancelhas e se sentando na cadeira.
- Como é? – disse ele.
- Pode colocar minha mochila AGORA onde estava! – exigiu, Letícia.
- Não. – respondeu Brian.
- Vocês podem falar um pouco mais baixo? Os clientes estão reclamando. – Disse o garçom.
Letícia apenas respirou fundo, tentando conter a raiva, pegou a mochila do chão, pendurando-a na cadeira em que estava sentada.
- Pensei que você fosse me matar... – Brian ainda tentava provocá-la.
- AI...
- PARA! – Mariana interferiu. – Para de provocar ela, Brian e você Letícia, vê se relaxa, a gente acabou de ver o Bullet...
- Está bem. – concordou Letícia, fechando a cara para Brian, que simplesmente ria da situação.
E resto da noite seguiu adiante, Letícia nem se quer olhava para Brian, que por mais que tentasse provocar ou até mesmo pedir para passar o sal, Letícia o ignorava.
Mateus levou os dois de volta para a casa, Letícia, saltou do carro quase que fugindo para pegar o elevador primeiro e deixar Brian para trás.
- EI! – Brian corria atrás da jovem.
Porém Letícia não respondeu, apenas continuou andando.
Brian conseguiu entrar no elevador antes que a porta se fechasse.
- Uma hora você vai ter que falar comigo... Querendo ou não, você não pode me ignorar a vida inteira.
- Cala a boca.
- Está vendo?
Letícia apenas revirou os olhos, saltando para fora do elevador e entrando rapidamente para o apartamento.
Brian apenas repetiu o que Letícia fizera, entrou em seu apartamento, seus pais estavam sentados no sofá, vendo televisão.
- Cheguei! – anunciou Brian.
O pai de Brian, simplesmente se levantou do sofá, encarando o filho.
- Por que não disse antes que ia ficar dormindo na rua como um mendigo qualquer? – O pai cruzava os braços.
- Não disse por que vocês NUNCA estão em casa, além do mais, deixei um recado, então não me enche o saco.
- COMO SE ATREVE A FALAR ASSIM COMIGO?! – O pai do garoto alterou a voz.
- Vou para o meu quarto. – disse Brian, lhe dando as costas.
- CUIDADO COM O QUE VOCÊ FALA!
- Brian! Pare de gritar com o seu filho. – disse a mãe de Brian, calmamente. – Ele é jovem, deixe-o fazer aquilo que ele quiser...
- Obrigado mãe. – Brian lhe deu um sorriso.
- Você vai ficar defendendo ele agora, Laura? – resmungou o pai
- Ela simplesmente disse para você parar de gritar...
- Filho... Você tem sido um desapontamento para mim, já foi expulso de uma escola por brigar, eu estou disposto a pagar seus estudos de medicina, te colocar para trabalhar no meu hospital, quis te dar um intercambio e você nunca se interessou por nada, a única coisa que eu o vejo fazer quando chega do colégio é tocar aquela guitarra! Não que você não seja talentoso, você é! Mas vida de músico não é assim tão fácil...
- NÃO VAI COMEÇAR COM ESSE ASSUNTO AGORA, VAI PAI?! – Brian encarava o pai, irritado. – Eu tenho um sonho e vou atrás dele! Não vou ficar me escondendo atrás de você!
- Eu sou sei pai, quero o melhor para você...
- Essa história do pai querer que o filho siga a mesma carreira é muito piegas, sabia? Eu não vou fazer NADA do que você quer... Boa Noite. – Brian novamente lhe deu as costas, entrando no quarto e batendo a porta com força.
Se jogou na cama, e fechou os olhos tentando se acalmar, retirando o boné e a bandana, jogando-as no chão.
Brian ficou algum tempo pensativo, não agüentava mais aquela conversa de seu pai tentando impor as coisas, e sua mãe dizia muito pouco sobre isso. Com o tempo, a respiração de Brian começou a se estabilizar, agora ele pensava em coisas boas, e ria sozinho ao lembrar das desavenças que teve com Letícia, as horas passavam e ele ainda só pensava nela, até cair no sono.

No dia seguinte, Brian chegou ao colégio, pensava um pouco no que fazer para atazanar Letícia, até que teve uma idéia.
- Ta rindo sozinho, cara? – Perguntou Mateus.
- Estou muito feliz hoje, sabe? – Brian abriu ainda mais o sorriso.
- Por quê? – perguntou Mateus, sem conter a curiosidade.
- Eu fiquei com a Letícia, ontem, depois do show... Cara, eu falei que eu pegava ela...
- O QUE?! – Mateus se virou para Brian, indignado. – COMO ASSIM?!
- Pois é, fiquei com ela... E foi ótimo.
Rapidamente a notícia se espalhou pela escola, Brian fez questão de espalhar isso para todo mundo, até finalmente chegar aos ouvidos da vítima.
- O que?! – Letícia dizia indignada com a voz rouca.
- Agora eu entendi o que você queria com ele depois do show... – Disse Mariana, quase sem voz. – Você sabe que a Juliana ainda gosta dele...
- Ai meu Deus, a Ju... – Letícia respirava fundo, tentando se conter. – Mari, não foi bem isso, você precisa acreditar em mim, eu só fui exigir algumas explicações dele por causa das atitudes dele e ele me beijou!
- Eu acredito em você. – Respondeu Mariana, olhando nos olhos da amiga. – Mas tem que ver se a Juliana acredita, por que ela está vindo pra cá, e eu acho que ela já sabe...
- Letícia! – Juliana se aproximou da amiga, com os olhos vermelhos de fúria. – COMO PODE FAZER ISSO COMIGO SABENDO QUE EU AINDA GOSTO DELE?!
- Juliana, calma, eu posso...
- EXPLICAR?! Explicar o que? Eu já vi vocês dois juntos atrás do muro e eu tenho certeza que aquela conversa toda pra eu tomar cuidado com ele, era tudo invenção sua para ficar com ele!
- Juliana! – Letícia a reprimia, incrédula. – Como pode pensar uma coisa dessas? Eu jamais ficaria com um cara como ele...
- Não é isso que ele diz, ele está todo feliz, falando que vocês ficaram e a Bianca me disse que você ficou para trás com ele, sozinha depois do show! Não minta pra mim, Letícia, você simplesmente me decepcionou, pensei que você fosse uma pessoa muito verdadeira, e eu te juro que eu não esperava isso de você. – Juliana simplesmente deu as costas e saiu andando.
- JULIANA! – Letícia tentou gritar, porém não adiantou muito, sua voz mal saiu.
- Oi, meu amor. – De repente, Brian se aproximou por trás de Letícia, agarrando-a pela cintura.
- ME LARGA! – berrou a jovem, se soltando do rapaz. – Por que você fez isso?
- Contei sobre a gente. – Brian lhe dava um sorriso.
- Não tem nada entre a gente, Brian, se você quis acabar com a minha vida, parabéns, você conseguiu. – Letícia se virou, dando-lhe as costas.
A jovem começou a caminhar pelos corredores, irritada com a situação, a única coisa que pensava era em se explicar para Juliana, nada além disso.
- Letícia? É verdade? – João barrou sua passagem.
- João? – Letícia recuou.
- Você ficou mesmo com o Brian?
- NÃO! – Letícia negou de imediato. – Eu jamais ficaria com alguém como ele, você sabe, por favor, acredite em mim...
- Juliana ficou muito chateada com você, vai ser difícil convencê-la depois do que a Bianca disse... Confesso que eu também acreditei.
- Mas não é verdade! – assegurou Letícia. – Você me conhece melhor do que ninguém...
- Tudo bem... – João a interrompeu. – Não se preocupe, eu acredito em você. – João estendeu um sorriso, abraçando a amiga. – Temos que dar uma lição nesse cara.
- Disso você pode ter certeza, mas antes, quero resolver tudo com a Ju.
João apenas lhe deu um meio sorriso e os dos caminhavam para a sala de aula.
As aulas eram o de menos, pela primeira vez no ano Letícia não estava conseguindo prestar atenção nas aulas, principalmente com Brian se sentando tão perto dela, olhando-a a cada instante e com Juliana a encarando, era uma situação terrível.
O sinal para o intervalo havia tocado.
- Juliana...
- Para de ficar querendo se explicar, Letícia! – Juliana a encarava séria. – Não me interessa, eu confiei em você, simplesmente isso...
- Mas eu não fiz nada! – insistiu Letícia.
Juliana apenas revirou os olhos e se retirou da sala.
Brian, após ver toda a cena, antes de descer para o pátio, se aproximou lentamente de Letícia, pousando as mãos em seus ombros.
- NÃO ME TOQUE! – exigiu a jovem. – Eu não acredito que você fez isso, Brian!
- Você ficou chateada... – não era uma pergunta, era uma afirmação mesmo.
- Você me fez perder uma grande amiga... – Os olhos de Letícia, de repente se encheram de lágrimas e era óbvio que ela segurava para não chorar. – Eu não sei o que eu te fiz para você ficar inventando essas coisas...
- Eu não sabia que essa história ia acabar desse jeito...
- LÓGICO QUE NÃO! Pra você, o mundo gira ao seu redor não é? Mas você me paga. – Letícia o encarou com uma das sobrancelhas erguidas e então se retirou da sala.
- Nossa, deixa eu te perguntar! – Uma menina alta, morena, se aproximou de Letícia. – É verdade que você ficou com o Brian?
- Olha, nem se anima muito, eu terminei com ele, por que ele beija MUITO, MAIS MUITO MAL! Pensei estar sendo atacada!
- Que horror. – disse a garota, se virando.
Letícia finalmente começou a se sentir melhor com a pequena vingança, já que havia perdido a amizade de Juliana, não havia mal algum em entrar no jogo, e lhe dar o troco.
- O Syn beija muito mal! Sem contar que ele parecia ser bv ainda... Vão por mim, ele só tem cara de galã, por que ele é um fiasco!
Depois do intervalo, todos já sabiam que Brian supostamente beijava muito mal, o rapaz não entendia por que todos o encaravam e davam risada, a única coisa que o preocupava era ver Letícia de cabeça baixa em todas as aulas e realmente séria, parecia tê-la deixado extremamente chateada.
O sinal da saída havia tocado.
- Juliana? Posso falar com você depois? – Brian se aproximou da jovem.
Letícia o fuzilou com os olhos.
- Não escute nada do que ele disser. – avisou.
- Pode falar sim, Syn. – Juliana a encarou com um sorriso sínico.
Brian olhou para Letícia e podia jurar que a jovem estaria prestes a chorar novamente, porém nada fez, apenas esperou que todos saíssem inclusive, Letícia.
- O que você quer? – perguntou Juliana.
- Queria conversar sobre você ter ficado brava com a Letícia.
- Não é nada com você... – Juliana baixou a cabeça, tristemente. – A Letícia era uma das minhas melhores amigas, eu contava tudo pra ela, inclusive... – Juliana fez uma breve pausa, respirou fundo e umedeceu os lábios. – inclusive meus sentimentos por você, e daí eu descubro que ela vai e fica com você... – Juliana ergueu a cabeça, encarando os olhos de Brian. – Foi decepcionante.
- Juliana, eu inventei tudo. – Brian a olhou, sério. – Desculpe tê-las feito brigar, eu quis irritar a Letícia.
- Como assim? Vocês então não ficaram?
- Não. – disse Brian, sério. – Eu que a agarrei e a beijei, de surpresa.
- Você a beijou? – Juliana o encarava, irritada. – Por quê?!
- A questão não é essa. – disse Brian, fugindo da pergunta. – Não tem que ficar brava com a Letícia, ela realmente ficou muito chateada, eu pude ver nos olhos dela, e eu não fiquei feliz em ter feito a ela um mal desses, então, volte a falar com ela, por que o único culpado aqui fui eu, que inventei tudo isso, e que agarrei ela também.
Juliana ficou um momento em silencio, tentando recuperar a voz.
- Você gosta dela? – perguntou sussurrando.
- O QUE?! – Brian dava um sorriso falso, indignado. – NÃO!
- Por que então você me contou a verdade? Você não queria irritá-la?
- Queria mas...
- Mas você viu que ela ficou triste, e você não gostou disso... E você a agarrou... – Juliana se levantava da cadeira, apontando o dedo para Brian. – Você... Gosta... Dela...
- EU NÃO GOSTO DELA! – berrou Brian, irritado. – Ah, esquece! Eu só fiz isso por que achei que era a coisa certa a fazer! Eu não gosto daquela anã humana! – Brian saiu pisando firme no chão, resmungando, como uma criança que lutava contra a verdade.