Charlie e Lola escrita por Júlia Conto, Ana C Pory


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Oi, tudo bem? Sou Giulia, a outra escritora da fic *u*
Gostaria de relembrar, que os P.O.V. 's do Charlie são arquitetados por mim e escritos pela Ana, e os P.O.V.'s da Lola são arquitetados pela divosa da Ana e escritos por mim. Nossas escritas são meio diferentes, por isso você talvez note :)
Esse capítulo, em especial, demorou pra ser postado, porque passamos quase duas semanas planejando o rumo que a fanfic vai tomar, coisas legais que vão vir a acontecer e tal. Segundo é porque nós viajamos esse mês em semanas opostas, o que não ajudou muito. Por isso, tentamos fazer esse capítulo ser maior que o anterior :3
Muitoooooo obrigada a quem está lendo. Vocês leitores são muito especiais para nós! E deixo umas perguntinhas : Quem é seu personagem favorito da fic? Acha que alguma coisa poderia melhorar? Sentiu falta de algum personagem que é apresentado no desenho que você considera importante?
Boa leitura :)
PS: Perceberam a capa nova? :)
PS2: Alteramos o diálogo entre Marv e Charlie, então, se puderem o releiam :3



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Charlie

Antes que sequer eu pudesse soltar uma palavra, seja lá qual teria sido por causa da surpresa de descobrir que Lotta iria voltar, o toque irritante do meu celular preencheu tanto meu ouvido quanto o de Marv. Era uma música boba da Katy Perry que fez meu melhor amigo erguer as sobrancelhas, de modo que peguei o telefone o mais rápido possível para cessar o som.

— Alô, amor? — disse. Dessa vez, não tive como prestar atenção em Marv mordendo o lábio para não rir e nem notar uma folhagem se mexendo atrás de mim, já que fui instantaneamente bombardeado com centenas de perguntas da Sarah. — Calma, Sarah, calma — tentei falar com um tom tranquilizador, e meu rosto fez-se num leve sorriso ao ela começar a falar devagar, com a voz carregada de preocupação.

— Onde você está? Está bem? Você sumiu tão de repente, Charlie...

— Estou bem sim. Fui atrás da Lola no parque, mas infelizmente a perdi de vista. — Franzi o cenho, ciente que Sarah não poderia me ver. Ela soltou um longo suspiro de alívio. — Eu estava pensando... quando ela voltar do colégio amanhã, que tal fazermos um jantar em família? Afinal, você e Lola são muito parecidas e acho que se dariam bem caso tentassem se conhecer melhor — falei, tentando mais convencer a mim mesmo do que ela. Minha namorada era muito insegura, totalmente ao contrário de Lola.

— Talvez. Faça o que achar melhor — devolveu-me Sarah.

— Ok, irei avisá-la — respondi, logo em seguida respondendo o seu “volta logo” e desligando o telefone.

— Caraca hein, Charlie? — Marv me olhou de olhos arregalados. — Você deixou ela colocar essa música tosca no seu celular? O que aconteceu com você? — ele explodiu em gargalhadas. Notei segurava todo o peso num pé e trocava isso constantemente. Um claro sinal de nervosismo de Marv Lowe, como sempre.

Às vezes acho que o sarcasmo é uma máscara que nos impede de falar a verdade — além de uma brincadeira — e por esse motivo meu sorriso saiu um pouco desconfiado.

— É a vida, cara. Você sabe — falei dando de ombros — você muda com o tempo.

Agora a tensão de Marv era quase visível no ar. Podia quase enxergá-la. Novamente eu não saberia o que fazer se não fosse Lola tropeçando atrás de mim.

— Oi — ela disse secamente, ou tão seca quanto pôde fazer uma saudação tão simples como “oi” ser.

— O que você estava fazendo aí? — perguntei, agora notando a folhagem atrás de mim. Não tenho memória fotográfica, mas ela estava meio remexida.

— O que ELE está fazendo aqui? — ela limitou-se a perguntar, apontando para Marv. O mesmo relaxou um pouco ao vê-la.

— Estávamos lhe procurando. E também adorei lhe reencontrar — ele retrucou com um sorriso de canto. Lola revirou os olhos e o abraçou desajeitadamente, bagunçando o cabelo dele.

— Só falta ter sotaque canadense agora! — Lola sorriu para ele. Mas logo virou seu rosto e, num passe de mágica, seu sorriso se desmanchou ao olhar para mim, como se lembrasse de algo. — Então... quem é que vai voltar?

— Espiã no flagra, Lola Sonner — brinquei. — Primeiro quero saber o que você estava fazendo ouvindo a nossa conversa — desviei do assunto.

— Oras, estava absolutamente ocupada em qualquer outra coisa — tornou a dizer. — Não tenho culpa se estavam aí. O parque é enorme e vocês vêm justo começar a conversar perto de mim?

— Percebo sua atmosfera nervosa — disse diretamente.

— Nervosa, eu? — Lola fingiu-se ofendida. —Não ficaria nervosa ao descobrir — e nisso ela arregalou os olhos, como se só tivesse percebido isso agora — que foi seguida até o parque pelo irmão, o qual não tinha nenhum motivo pra isso?

O parque não é longe de casa, mas cada metro parecia um quilômetro com a Lola reclamando em alto e bom som que não, não iria jantar com Sarah nem morta, que elas não se dão bem, que ela odeia Sarah e coisa e tal. Fiquei pensando como alguém poderia odiar outra pessoa tão rápido, e cheguei à conclusão que Lola estava sendo equivocada. E falei isso para ela.

Não creio que tenha ficado muito satisfeita.

Quando chegamos em casa junto à Marv, invadiu a cozinha. Começou a fazer tantas coisas ao mesmo tempo que meus olhos se cansaram de tentar adivinhar e logo me dirigi à meu melhor amigo.

— The Walking Dead? — perguntei, e seus olhos brilharam de repente. Era nosso programa de todo sexta à noite: passávamos a madrugada vendo o seriado, se não formos para festas. E como dependíamos um do outro para descobrir festas para ir... quase toda sexta.

Não que minha adolescência tenha isso apenas isso, é claro. Mas desde que Marv encheu a cara numa festa e eu tive que arrastar ele para casa para depois ele vomitar no meu sofá, digamos que eu fiquei um pouco receoso antes de levar Marv para uma festa novamente.

— The Walking Dead — ele respondeu. Fomos então para a sala assistir a série.

— Isso é injusto — Marv resmungou — como ele, logo ele, poderia morrer?

— As pessoas morrem, Marv — zombei.

— Não ele. É injusto que meu personagem favorito morra — ele repetiu pela quadragésima vez naquele dia. Levantei as mãos em sinal de rendição — Ah, espero que seu personagem favorito morra — disse.

— Cale a boca, Marv.

Ficamos discutindo enquanto Sarah se revirava no sofá ao nosso lado. Ela estava dormindo ali pelo cansaço e desgaste que a viagem tinha causado, e eu também estaria no sétimo sono se não tivesse que repetir que não queria que o Rick morresse, e que se ele morresse eu esperava que o Governador, personagem favorito de Marv, ardesse no fogo do inferno porque fora ele quem causara a morte de Rick. Então Marv perguntou-me como, se Governador já estava morto, e eu estava pensando na minha resposta quando Lola apareceu de repente na sala.

— Vou sair para tomar um café com Soren. Volto em quatro horas — ela disse e nos deu as costas.

— Espere, Lola — Marv chamou, e eu e Lola viramos para ele ao mesmo tempo. — Eu já deveria estar em casa faz quinze minutos — e agora Marv encarava a tela do celular — então vou com você e chego em casa no caminho.

— É melhor mesmo — concordei com a cabeça. Ainda não havia feito nada para juntar os dois, então ao menos eu iria concordar com Marv.

Ela deu de ombros e os dois foram embora.

Fiquei sozinho em casa, com meu pai, minha mãe, minha irmã e meu melhor amigo fora, só eu e uma Sarah roncando no sofá. Levantei-me, desliguei a TV e resolvi investigar o novo quarto, meu e da minha namorada. Que não tinha nada de novo para mim, já que dormira nele durante dezoito anos, até voltar da faculdade.

Observei a cama de Lola. Até o lençol ela tinha levado, e só não pegou o colchão também porque mamãe a impediu. Mas depois eles iriam levá-lo para o novo quarto dela. Lola queria tudo que fosse dela estivesse fora daquele quarto, então assim fez. Arrancou os pôsteres, apagou as inscrições na parede. Deixou tudo do lado de fora do quarto, já que o seu estava reformando, e seus cobertores estavam todos de um canto do sofá.

Suspirei ao ver aquilo, e fui até minha cama. Estávamos planejando movê-la para o porão e comprar uma de casal para mim e para Sarah... ou mamãe e papai estavam planejando. Era quase como se quisessem amarrá-la em mim para que ela não fosse embora. Daqui a uma semana vão querer que eu a peça em casamento, e o que é que eu vou fazer para impedi-los?

Tropecei em falso e cai estatelado no chão de madeira. Praguejei coisas ininteligíveis até para mim mesmo e rolei para diminuir a dor excruciante que eu estava sentindo na minha perna. Meu nariz começou a arder e comecei a espirrar, até que virei o rosto e percebi a poeira debaixo da antiga cama da Lola.

Meus olhos também ardiam quando enxerguei uma figura disforme branca embaixo da cama, e a puxei para mim. Era um antigo kit de médico, com jalecos brancos e fita, e tinha um risco no canto. Parecia meio antigo, mas era a coisa menos empoeirada do local, como se tivesse caído quando Lola retirava-se do quarto. Até que percebi que era o mesmo kit que Lola comprara para Lotta, e que ela queria ficar para si. Consegui convencê-la à dar para Lotta. Ela tinha quatro anos.

O que restava de mim se levantou e sentou-se na cama. Olhei fixamente para o kit de médico, e havia duas cartas semiabertas dentro. Dizia que Lola foi aceita na Universidade em Medicina, e a outra possuía rostinhos felizes no envelope.

Dizia:

“Lola,

Você foi minha melhor amiga por muitos anos. Antes mesmo de eu me considerar gente você esteve ao meu lado, em todos os casos. Quando eu quebrei meu braço, você estava lá apertando minha mão (do outro lado, é claro). Quando tínhamos medo de nos perdermos enquanto pequenas, nos juntamos e fomos as primeiras a sair de um labirinto.

Infelizmente terei que ir embora agora, não por opção, até porque se fosse eu te levava na mala junto comigo. Não sou boa com me expressar através de cartas, mas achei que fosse necessário uma pequena para explicar além do que posso dizer ao vivo e em cores. Você me deu esse kit de médico quando éramos pequenas, e também brincamos juntas disso. Sei que no fundo você o queria mais que eu, mas sabia que eu gostaria muito dele. E acho, sinceramente, que você devia investir nisso de Medicina. Lola, seu talento para pessoas quebradas ou doentes, seja apoio moral ou em curativos, sempre foi visível.

E aqui eu te deixo essa maleta, para que você nunca se esqueça de mim quando atender alguém doente um dia.

Lotta”

O nome delas possuía um grande L cursivo que acabava em estrelas e corações, e a carta estava em perfeito estado para algo de muitos anos. Guardei as duas cartas dentro da maleta novamente.

Minha irmãzinha havia crescido. Quem eu mais apoiava em tudo e quem mais me apoiava agora não era mais a pequena garotinha tomando leite rosa, mas sim uma mulher adulta, maior de idade até, que se formaria em Medicina. Um buraco se formou em meu peito. Saí de lá rapidamente antes que Lola chegasse em casa e me visse daquele jeito.

__________________________________________________________

Lola

Naquela manhã, não havia Charlie para me acordar. Em vez disso, eu tinha um alarme de meu celular, programado para às 6:30h, já que hoje era segunda, o primeiro dia da última semana do 4º colegial. Estiquei meu braço até a mesa de centro, me desequilibrando, e caindo do sofá, qual eu tinha dormido.

Afaguei o lado que bati da cabeça, me sentando com posição fetal no chão. Me senti meio patética daquele jeito, mas ignorei o pensamento. Meu quarto novo está em reforma, ou pelo menos, o que meu pai chama de reforma.

O quartinho da bagunça, e quando eu digo “quartinho”, não é um jeito bonitinho de me referir a ele, eu o chamo assim, pois ele é verdadeiramente, um quartinho, de 6 metros quadrados, qual minha mãe jogava tudo que não tinha utilidade em casa. Aliás, a máquina de lavar e a secadora ficam lá.

Ou seja, por pelo menos 3 meses, eu vou dividir 6 metros quadrados com uma lavadora e uma secadora de roupas. Sem espaço para minhas roupas, maquiagem, muito menos para uma cama decente. Tudo isso, por causa da namorada dele. Sei que é feio ter preconceito sobre as pessoas sem ter tido uma conversa decente, mas eu absolutamente não gosto dela.

Entro no quarto na ponta dos pés, com cuidado para não acordar Charlie. Só então percebi que Sarah não estava lá. Então, fiz uma coisa totalmente infantil, qual no momento não me arrependi nem um pouquinho de ter feito. Abri a mala de Sarah, e escolhi uma das roupas dela para ir a escola. Talvez ela nem sentisse falta, mas na hora, me senti vingada.

Ela era um pouco mais alta que eu, mas até que o vestido até os joelhos branco e azul ficou bem em mim. Me maquiei com sua maquiagem, delineador e batom nude. Fiz uma trança e prendi com um de seus elásticos de cabelo.

Peguei uma de suas bolsas Louis Vuitton, e coloquei alguns livros lá. E só então, quando me olhei no espelho, percebi quanto infantil eu tinha sido. Eu estava quase trocando de roupa, quando a própria Sarah surgiu atrás de mim.

— O vestido está um pouco grande em você, que tal usar um dos seus? — ela perguntou, de um modo sarcástico. — Aliás, maquiagem muito carregada, Lolita. Você vai para a escola, e não para um desfile da Channel. — Ela meu deu uma piscadela, e saiu do quarto, mas então colocou a cabeça para dentro novamente. — Talvez, da próxima vez, você devesse pedir emprestado. — Então, depois que eu saí, ela entrou no quarto, e eu pude escutar a porta sendo trancada.

No café, tentei ignorar Charlie e a namorada ao máximo. Não importa se ela foi quase legal comigo de manhã, isso não significa que eu vá gostar dela (aliás, nem sei se aquilo pode ser chamado de legal em algum lugar do mundo). Eu havia tirado um pouco de maquiagem, mas continuava usando o vestido dela. Coloquei um cinto, como tentativa de deixar o vestido mais junto ao corpo.

Não toquei no ovo, cercado com batatas fritas, que eu sempre como no café da manhã. Na minha opinião, parece com um sol. Mas enfim, fiquei sentada na cadeira, olhando a parede. Regra número um do universo: se a Lola não ganhar, ninguém vai ganhar.

— Sabe, Lola... — começou Charlie. — Eu soube que você foi aceita em Oxford — ele disse. Me perguntei como ele sabia disse

— E? — perguntei. — Nesses 4 anos, você nunca me ligou me perguntando sobre isso. Não chegou um único email na minha caixa de entrada, mandado por você. Então concluo que você não se importa.

— Isso não é verdade — ele falou.

— É sim. Mas, não me importo — terminei o assunto. Cruzei as pernas, olhando para o relógio, vendo quanto tempo demoraria para que eu pudesse pegar o ônibus, e fingir que o dia de ontem não tivesse acontecido. Que eu ainda morava com meus pais, sozinha. Tinha um quarto inteiro pra mim, e o meu irmão era só meu, não importa onde ele estivesse.

Uns 10 minutos depois, Charlie tentou novamente.

— Você viu que a 4ª temporada de Once Upon a Time começou? — ele disse. Sarah olhava para ele como se dissesse “tem que fazer melhor que isso”. Então, de repente, ela começou a cochichar no ouvido dele. Não aguentei ficar na mesa.

— Eu vou andando... Soren, err, deve me encontrar em uma cafeteria, daqui à uma meia hora — eu menti. — Eu posso ir andando, e pegar o ônibus lá.

Papai, então, interviu.

— Tenho certeza que ele não irá se importar se você deixar pra amanhã. Hoje Charlie vai te levar para a escola — falou meu pai, entregando a chave do carro para Charlie. Então Charlie disse:

— Eu não tenho carteira de motorista no nosso país.

— Não importa. Você sabe dirigir — ele disse, e eu tentei esconder a raiva. Me levantei, peguei a bolsa, e cruzei os braços, como se esperasse uma decisão de Charlie.

— Então vamos — ele disse. Senti meu sangue subir.

— Lola, por que está assim comigo? — ele perguntou, e eu me limitei a ignorá-lo. Batuquei os dedos na janela, tentando fazer com que ele percebesse que eu não queria falar com ele. — Lola, está brava por causa do quarto? — dei de ombros. — E a Sarah? Juro, Lola, ela só é assim com você porque você não a conhece...

— Quem é você e o que fez com meu irmão? — perguntei. Ele engoliu seco, enquanto dirigia. Olhou para frente, e não disse nada. — Por que nunca me ligou nesses 4 anos?

— A mamãe pediu — disse ele. Correto do jeito que meu irmão era, ele sempre, sempre e sempre, iria obedecer minha mãe. — Lembra de quando eu fui para um acampamento de verão, e você chorou no primeiro dia? Daí, quando eu liguei para você, ficou bem de novo? No dia seguinte eu tive que voltar, porque você tinha ficado doente. A mamãe disse que era por causa da saudade. E quando eu fui embora, a mamãe achou que faria mal a você. Ela te ama muito Lola, não queria te ver mal...

— Não consigo acreditar nisso — eu disse. — Eu fico aqui — falei, apontando para um ponto de ônibus.

— Vou te deixar na escola — ele parecia firme em sua decisão.

— Olha. Nesse momento estou irritada com a mamãe por roubar meu quarto, com o papai por pintar uma parede de rosa e chamar aquilo de reforma, com a moça que trabalha em casa por ter deixado a gema do meu ovo mole. E, principalmente com você — esbravejei. Tá, naquele momento não foi a coisa mais adulta a se fazer — Eu sei, que sempre e sempre, prefiro lidar com tudo sozinha. Porque é uma forma de provar a mim mesma que eu consigo. Que caso um dia eu precise, não vou ter que contar com ninguém. Mas esse momento da minha vida, em especial, é algo que eu queria compartilhar com você — falei, tentando espantar a ameaça das lágrimas que surgiam. Não vão descer, não vou deixar, lagriminhas, fiquem onde estão! — Sabe, só se tem 18 uma vez — murmurei essa última parte, descendo do carro.

— Lola — ele chamou, virei o corpo, de um modo que conseguisse o encarar o quanto ele falava. — Acredite, eu sei — concluiu Charlie, indo sem mesmo se despedir. Naquele momento, pensei seriamente em como seria legal se eu pudesse vender a Sarah pelo e-bay.

— Lola! Por que está assim?! — perguntou Marten, se sentando do meu lado, na arquibancada do ginásio. — Você sempre é tão... Iluminada, elétrica — ele disse, me examinando, como se eu tivesse alguma doença. Não pude evitar o riso. Ele fez o mesmo.

— M, eu não sou uma lâmpada — eu disse, o empurrando, de brincadeira. Eu ri de leve. — Não é nada de mais. Acho que várias coisas se juntaram, e isso prejudicou, um pouquinho meu humor. — Aquele pouquinho, na verdade, era total e parcialmente.

— Um pouquinho? Lolinha! Parece que você ficou lendo fanfictions de A Culpa é das Estrelas a noite toda! — exclamou Marten, colocando a cabeça no meu ombro. — Lola, isso tem a ver com o Charlie?

— Em parte — eu confessei. — Acho que estou mais abalada com o Soren, que com isso — falei. — Mas eu não deveria me importar, afinal, as aulas estão acabando — acrescentei um “glória a Deus” mental nesse momento — Faculdade está vindo... — eu disse, tentando me animar.

— Passou em medicina? — ele perguntou. — Aliás, meu irmão perguntou se você não quer umas apostilas da faculdade pra estudar. Ele se formou em medicina na Faculdade do Canadá — disse M. — Talvez, você queira... — tentou Marten.

— Marv se formou em medicina? — eu perguntei, totalmente pasma. — Eu juro que não sabia disso. Eu, eu... Fui aceita em Oxford — confessei. — Mas quase ninguém sabe. Seja discreto.

— POR QUE NÃO ME DISSE ISSO, GAROTA?! — gritou Marten. — LOLA VAI PARA OXFORD! LOLA VAI PARA OXFORD! — ele cantarolou.

— Silêncio. Marten, você é tão discreto quando alguém escutando funk em uma biblioteca — murmurei. — Nem meus pais sabem, ainda — disse. — Não tenho certeza se quero ir pra lá. É tão longe de casa. E... realmente, não sei. A Universidade do Canadá, por exemplo. É tão boa, e tão pertinho daqui. Mas, não estou brava por isso. Na verdade, não é nada que você deva se preocupar.

— Diga Lolinha do meu coração! — falou ele. — Eu pensei que éramos amigos, mas você esconde tudo de mim e... — o interrompi.

— Quer saber mesmo? — eu perguntei. — Mas promete não vai contar pra ninguém? Nem para o Marv? — ele fez que sim com a cabeça. — Acho que gosto do Soren — eu disse, apontando para Soren, enquanto jogava vôlei. — Mas ele me vê como uma irmãzinha. Por isso não vai rolar. Feliz? — perguntei.

— Não seja por isso! — disse Marten, animado. — Eu vou te ajudar a ficar com ele — ele disse, decidido.


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