Capítulo 3: O porta-retrato.

Lili já conhecia a casa, os familiares e empregados, já conhecia as regras. Talvez conhecesse até alguns esconderijos no lar. Mas havia uma coisa que não conhecia:

– Quem é ela?

Uma garotinha sorridente estava ao lado do pequeno Vash na foto. O menino também sorria abertamente, um sorriso que ela não tinha visto pessoalmente.

“Parece até outra pessoa...”

O porta-retrato foi abaixado rapidamente e com força. Lili se virou assustada ao ver o irmão.

– E-Eu... – respirou fundo, tomando coragem – quero saber quem é...

Mas foi interrompida.

– Não é da sua conta!

Ele foi rude. Estava irritado. E os olhos da pequena se encheram de lágrimas.

“Fiz algo errado, muito errado, desculpe-me irmão”

As palavras ecoavam em sua mente. Mas ela não pode dizer, pois ele não ficou lá para ouvi-la.

Mais tarde soube pelos pais.

– É um assunto delicado... – suspirou a mãe. Seu semblante foi mudando, até ela ficar bem abatida – Sinto muito, eu...não consigo falar sobre isso também. É algo recente.

– Na verdade faz um ano – explicou o pai, mais controlado – que nossa filha faleceu.

O casal teve gêmeos então. Agora estava explicado porque a menina da foto era tão parecida com Vash.

Lili, ao ver os pais tão tristes, não quis prolongar a conversa. Deixaria para falar sobre isso quando tivessem superado aquele trauma.