Capítulo 22: Piquenique Parte III

Quando terminou de comer, Lili pediu licença e se levantou. Feliciano resolveu acompanhá-la.

Depois de se afastarem do grupo e seguirem para uma trilha mais afastada, o casal pode respirar com tranquilidade.

– Vee~ Não estava aguentando...o seu irmão é tão assustador! - admitiu Feliciano.

– Sinto muito por isso... - a garota foi sincera. Sabia o quanto ficar perto de Vash deixava o namorado desconfortável. Ela amava muito o irmão, mas admitia que ele era protetor demais às vezes - E também, eu não pude falar para ele sobre nós, mas prometo que vou tentar na hora de ir embora!

– Ah, se quiser falar depois...

Feliciano preferia que ela falasse quando ele estivesse bem longe. Tinha medo da reação do outro.

– ...de hoje não passa! - prometeu, olhando para ele determinada.

– Mas, vamos deixar isso para depois...

Lili sorriu quando recebeu um beijo na testa. E depois na boca. Demorou certo tempo, mas havia se acostumado. Beijá-lo não a deixava tão desconfortável como antes.

E também não reclamava quando ele tentava avançar um pouco mais.

Outro beijo. Dessa vez mais exigente. Ela foi encostada contra uma árvore e ainda de olhos fechados perguntou:

– Não vão estranhar se demorarmos? - antes de sair, disseram que buscariam mais bebidas.

– Podemos inventar outra desculpa...

– Ninguém vai nos ver aqui?

Feliciano não estava muito preocupado.

– Não. Eles não costumam usar essa trilha! É ótimo para se esconder!

Ele queria aproveitar o pouco tempo que tinha a sós com a namorada. Mas Lili parecia mais disposta a conversar.

– Mas, e se...

E foi calada. Ele a beijou outra vez. Ela desistiu de falar.

Desistiu também de pensar no que estava em volta, nos problemas, na possibilidade do irmão encontrá-los naquela situação (que não era das mais decentes, sentia uma mão por baixo de sua roupa, mas não fez nada para impedir). Não haveria nenhum problema, ninguém descobriria certo? Eles só precisavam inventar outra desculpa mais elaborada e ficaria tudo bem.

"Está tudo bem..." , ela tentava se convencer.

Mas o barulho de um galho de árvore quebrando ao ser pisoteado com força denunciou...havia mais alguém ali.

Lili mal teve tempo de falar. Separaram-se bruscamente. Feliciano foi agarrado pelo colarinho e começou a tremer muito (e a chorar?!).

– I-Irmão?!

Primeiro o choque. Depois o rubor tomou conta de sua face. Sentiu naquele momento a maior vergonha de sua vida.

– P-Por favor, não me mate! Eu faço o que quiser, mas poupe a minha vida!!! - o italiano implorava.

– Devia ter pensando mais em sua vida antes de colocar as mãos na minha irmã!!

– Pare, por favor!! - Lili tentou impedi-lo, mas o olhar de raiva que ele deu a fez recuar.

– Fique quieta.

E tremer.

Não tinha sentido isso antes. Medo do irmão. Medo do que ele pudesse fazer...

Esse medo...Vash estava fora de si. Tinha a impressão de que ele poderia matar mesmo uma pessoa se quisesse.

Até que ponto...até que ponto ela o conhecia?

Se Elizabeta e Roderich não tivessem aparecido, ela não sabia o que poderia acontecer.

Na volta para casa, ficaram em silêncio. Lili entrou e se trancou no quarto. E quando Vash tentou falar sobre o assunto, ela apenas respondeu do outro lado:

– Não fale comigo!

– Vamos, nossa mãe está chamando para o jantar...

– Não vou sair desse quarto enquanto não se desculpar.

– Não tem como me desculpar! Não me arrependo do que fiz!

– Então saia daqui!!

Daquele dia em diante a relação dos dois só piorou.