Por isso me apaixonei por você escrita por Bels


Capítulo 32
A superficialidade que habita em nós


Notas iniciais do capítulo

HEY SEUS LINDOS! I'M BACK! SAUDADES!
Vai começar uma nova fase da fic.
E ah, esse capítulo tem narração do Vinicius e logo após do Marcos.
Espero que gostem...



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 Vinicius narrando.

Enquanto estávamos na estrada, rumo à Copacabana Samantha me questionou algo que fiquei atordoado por não saber a resposta. Como assim eu não sabia que tipo de mulher eu gostava? Quer dizer, o que eu via sempre nas mulheres com quem ficava? Eu não fazia a menor ideia... Acho que qualquer uma era boa o suficiente, sem critérios, apenas a busca do prazer era o que me bastava. Perceber isso me deu um nó na garganta, uma sensação ruim, me senti constrangido ao me dar conta do quão superficial eu fui esses anos todos. Quem eu estava enganando? De esperto eu não tinha nada, não quando não utilizo tudo o que eu sei para por em prática. Me sentia tão sábio com as coisa da vida, mas nem tinha reparado o meu lado fútil.
— Você me pegou. - Admiti aborrecido. - Não tinha percebido que... - Pausei e inspirei fundo e soltei a respiração.- Nossa...
— O que foi Vini? - Perguntou Samantha preocupada mudando sua posição no banco para poder me olhar.
— Eu... - Gaguejei sem saber como expressar meus pensamentos e sentimentos. - Estive perdido por tanto tempo que... - Engoli em seco.- Nem sei o que eu considero realmente importante nas pessoas quando as conheço...
— Tudo bem, não tem problema. Sempre é tempo de mudar. Não é mesmo? - Disse ela em um tom doce que me fez agradecer à Deus por tê-la colocado em meu caminho.
— Sim. - Assenti ainda abalado com o que havia acabado de descobrir sobre mim mesmo.
— O que aconteceu com você mesmo? - Perguntou ela com os olhos fixos em mim, como se tentasse me desvendar, desvendar a minha história e tudo que se passa dentro do meu mundo insano.

Todos no carro estavam dormindo por conta do dia anterior turbulento, assim como por termos decidido pegar estrada cedo. Os coroas haviam alugado carro para irem e nós com o carro que vim pro Rio. Vim com o carro da minha tia por ser mais espaçoso para viagem e deixei o meu com ela. Ela tinha um Santa fé do qual cabia a galera confortavelmente e ainda dava pra colocar as pranchas em cima do carro, tudo muito bem planejado.

Não estava pronto para falar com Samantha sobre o meu passado, eu sei que a partir do momento em que eu expor toda a minha história pra ela não terá mais volta. Contar seus segredos mais íntimos à alguém é como despir sua alma ao outro e eu não tinha certeza ainda sobre isso, pelo menos não naquele momento.
— Tantas coisas... - Suspirei. - Fique tranquila, baby! - Pousei minha mão sobre sua coxa e a acariciei. - No momento certo você irá saber sobre tudo.
— Tudo bem. - Ela deu de ombros. - Você está cansado? Se quiser a gente pode revezar.
— Negativo. - Disse bravo. - As estradas aqui são na maioria perigosas, é melhor eu e os caras revezarmos, porque a gente conhece a rota daqui.
— Não venha com machismo pra cima de mim, Vinicius! - Ela me fuzilou com os olhos.
— Não é isso. - Disse em minha defesa. - É que você não conhece as rodovias daqui. É só por isso, te juro!
— Hum. - Disse ela desconfiada.
— Eu sei que você dirige bem, boba. - A elogiei.
— Acho bom.

Pegamos alguns pedágios e era carro amontoado que não acabava mais para realizar o pagamento. Paciência era o que eu não tinha pra aquilo, estava com os nervos a flor da pele já.

— Eu não vejo a hora de ir pra Petrópolis... - Comentou Mimi animada.
— Não vejo a hora de poder ficar a sós com você... - Falei com os olhos fechados e a mente lá naquele banheiro na noite passada. - Hum... - Hesitei ao me lembrar a eletricidade que se dava no meu corpo com o toque da pele dela.
— Eu também, meu bem. - Ela sorriu e entrelaçou nossos dedos com força.
— Você é maravilhosa, sabia? - Disse a ela e beijei sua mão ainda entrelaçada com a minha.
— Awn! - Ela fez uma carinha fofa e desentrelaçou nossas mãos logo em seguida soltou-se do cinto de segurança e me olhou com os olhos cheios de maldade. - Você é um amor! Merece um beijinho.
Tirei o cinto de segurança e fomos aproximando nossos rostos lentamente, ambos sorrindo feito bobos e o maldito frio na barriga já se instalava em mim fazendo com que eu tivesse mais certeza sobre estar apaixonado por ela. Ela colocou uma de suas mãos em minha nunca e selou nossos lábios mordendo vagarosamente os meus. Não eram nem dez da manhã e eu já estava duro com simples beijos que Samantha tinha me dado, o que essa mulher me faz sentir é sobrenatural.

Saímos do nosso mundinho particular quando os carros logo atrás começaram a buzinar pela minha demora e por estar atrapalhando o tráfego. Com o susto imediatamente movi o carro para o espaço enorme que já existia à nossa frente.
— Olha só o que você faz. - Disse em tom de desaprovação para Samantha.
— A culpa não é minha se você não consegue se concentrar em duas coisas ao mesmo tempo. - Contra-argumentou ela cheia de arrogância.
— Engraçadinha. - Rebati e ela me deu um sorriso, que me fez olha-la com os olhos cheio de felicidade, fiquei a admirando por alguns segundos deixando-a sem graça e em seguida beijei seus lábios.

Paramos no posto de gasolina para comer alguma coisa e abastecer o carro. As meninas foram para o banheiro lavar o rosto enquanto eu e os caras fomos para a conveniência conferir o que tinha para comer. Cada um fez o seu pedido e somente eu e Lucas ficamos conversando sobre coisas aleatórias enquanto Marcos mexia desanimadamente em seu celular.
— Qual foi brother? - Perguntei a ele que me olhou por alguns instantes e voltou a mexer no celular.
— Me deixa. - Disse ele irritado.
— Vai ficar assim até quando? - Lucas o questionou. 
— Ah cara, a vida é uma merda. - Marcos comentou fazendo caras e bocas e eu quis dar risada mas me contive em respeito à situação dele.
— Tudo vai se resolver. - Lucas disse positivamente.
— É cara, relaxa. Você vai conseguir dar um jeito nisso. - Falei no intuito de realmente motiva-lo a resolver o clima tenso que se instalava sobre nós.
— Ah vou! Vou sim! - Disse Marcos cheio de ironia. - Eu sou fodido demais. Só faço merda. Só merda.
— Qual é? Vai ficar se fazendo de coitadinho? Tá roubando meu papel porra? - Lucas disse puto mas no fundo querendo rir.
Camila, Bia e Samantha entraram na conveniência conversando entre si e passaram reto por nós indo se sentar em uma mesa afastada. Estranhamente Marcos terminou de tomar seu café pediu outro e quando ficou pronto ele pegou o café e se levantou.
— Foda-se vou falar com ela, não tô aguentando mais. - Disse Marcos cheio de nervosismo com o copo de café na mão indo até a mesa onde as meninas estavam.

Marcos narrando.

Caminhei decidido até a mesa onde Camila e suas amigas estavam na expectativa de conseguir conversar com ela, e nada nem ninguém me tiraria isso. Não tinha nem 24h do ocorrido e eu já não estava aguentando mais o clima que tinha se inserido entre nós. Sem falar que... Eu gostava dela e não queria que ela se sentisse mal em relação a mim e toda minha idiotice. Ela merecia mais...
— Camila, eu vim conversar com você. - Falei enquanto me sentava na cadeira de frente para Camila que me olhava pasma.
— Marcos, a gente não tem nada pra conversar! - Afirmou ela indiferente a minha presença.
— Tudo bem, você não precisa me dizer nada, apenas me ouvir. - Argumentei e ela revirou os olhos. Eu tenho certeza que ela estava odiando o drama que tinha se estabelecido, Camila não era o tipo de mulher que ficava se queixando, ela simplesmente era fria e isso me dava medo.
— Sério Marcos? Essa hora da manhã? - Ela apontou pro relógio dela. - Me deixa tomar meu café da manhã em paz. Falando nisso, vocês já pediram meu café? - Perguntou a ela para as meninas que negaram. - Não pediram ainda por quê?
— A gente vai lá pedir e você ouve o que ele tem pra dizer. - Disse Bia se levantando.
— Trouxe pra você. - Finalmente consegui falar e empurrei o copo com café na direção de Camila.
— Não. Pode ficar. - Ela empurrou de volta. - Não quero seu café!
— Pedi pra você. - Disse à ela que me olhou desconfiada. - Agora você pode me ouvir? Por favor?
— Tá, tá bom! - Disse ela de saco cheio e as meninas saíram de cena. - Marcos, eu juro que se você estragar o meu dia de novo eu vou te dar um belo soco na cara.
— Tudo bem. - Consenti e ela me olhou chocada. 
— Desembucha... - Pediu Camila enquanto me olhava desconfiada já com o café em mãos bebendo-o.
— Olha... - Falei cheio de nervosismo e me ajeitei na cadeira me inclinando para frente. - Acho que ontem tava tão... - Eu não sabia que palavra usar exatamente para me referir à como eu me sentia. - Confuso... Que não esclareci as coisas corretamente pra ti. Eu... - Engoli em seco com medo do que podia acabar saindo da minha boca. - Te peço desculpas pela minha covardia. 
— Ah mano, papinho clichê pra cima de mim não, Marcos. Qual é! - Reclamou ela já tomando a metade do café.
— Cara, para com isso! - Reclamei puto. - Você não é assim! Para de se fazer de durona como se minha idiotice não te afetasse. Eu sei que afeta! E é justamente isso que eu queria evitar. Se liga, você acha que eu não me senti culpado por simplesmente ter tirado sua virgindade? Você não acha que me senti um bosta por ter tornado isso insignificante pra você? Você acha que não me senti responsável por gerar expectativas pra você e depois saber que ia cagar com tudo?
— Sei lá Marcos, nem sei mais o que esperar de você. - Confessou ela frustrada.
— Mano, eu não tenho ideia do que é um relacionamento, eu não sei absolutamente sobre nada, sobre como deve ou não agir. Eu te propus ser seu amigo pra descobrir isso aos poucos. Ok? 
— Que? - Camila quase gritou. - Porque caralhos você não me disse isso ontem?
— Eu não consegui, Camila! - Admiti me sentindo ridículo. - Eu não gosto e nem sei falar sobre o que eu realmente tô sentindo. Achei que seria mais fácil se não me justificasse tanto pra ti.
— Marcos você não faz o menor sentido! - Disse ela me insultando. 
— Eu sei caralho! Eu sei! - Retruquei. - E você só percebeu agora? Você achou o que? Que eu era o cara dos seus sonhos? NÃO SOU! Não passo nem perto. - Nesse instante Camila me olhou espantada e terminou de beber o café. - Se você for parar pra pensar racionalmente, você vai perceber que nós dois não temos a miníma chance de dar certo.
— Beleza. - Falou ela em tom irônico. - 
— Ah Camila, fala sério, você não vai ter paciência com toda minha confusão! Você é como eu, gosta das coisas bem resolvidas e tranquilas. Deu problema você foge. Eu sei que você é assim também!
— Não sou nada! - Retrucou ela me fazendo rir e ela riu junto pois sabia que era verdade.
— Presta atenção, você nem se questionou e nem procurou saber o porque de tudo que eu te disse ontem, simplesmente julgou a situação por si só e ligou o foda-se. - Falei e ela me olhou se sentindo... Culpada?
— Como você pode reclamar de mim? Se nem olha pra si? As coisas não são só do seu jeito, as coisas são muito além do que você pensa ou imagina! Você me idealizou sei lá como e, cara, eu não sou exatamente como você pensa. Eu sou um cara difícil de lidar, difícil de compreender e pra lidar comigo é preciso muita paciência Camila. - Completei. 
— Esse é o momento que você diz "E camila você não tem paciência!". - Disse ela toda rabugenta revirando os olhos.
— É! - Concordei achando graça. - Veja bem, eu não te conheço a fundo e muito menos você me conhece a fundo. Eu sei que sou um cretino como você mesmo disse. Mas pensa bem, não é nenhuma novidade... O que você esperava de mim? - Ela me olhou de repente com os olhos se enchendo de lágrimas e me senti pior ainda. - Eu não tenho culpa das expectativas que você criou de mim. Lógico que isso não muda o fato de eu realmente estar errado e de ter agido feito um idiota. Te peço desculpas e espero que possamos ser civilizados um com o outro. Eu curto muito você, gosto de ficar com você, te acho linda, sou fissurado em você. Mas eu sei que relacionamentos são complicados e nem eu nem você está pronto para entrar em um. Você é especial pra mim, eu vejo em você muito mais do que a sua beleza exterior e sei que você é uma pessoa incrível. Por isso, se pudermos continuarmos sendo amigos, agradeço. Sei que pisei na bola e estou disposto a concertar as coisas... Você me desculpa? Por favor?
— Cara, por que você não conversou assim comigo ontem? - Disse ela e as lágrimas escorreram de seu rosto.
— Me desculpa... Deveria ter feito isso... - Falei com o coração partido.
— Porra Marcos, eu fiquei péssima... à toa! - Ela disse enxugando suas lágrimas e eu hesitei em acarinhá-la. - Eu sei que você tem razão em boa parte das coisas que disse, eu sei! Como você mesmo disse eu gerei expectativas... Sei lá... - Ela suspirou. - Você é muito bonito e tem sido tão legal... E... Acabou rolando as coisas entre a gente de repente... Só achei que fosse algo à mais... - Admitiu ela.
— Eu não disse que não era algo à mais. É! Só que cara, a gente não vai sobreviver num relacionamento! Entende isso?
— Sim! Não! Não sei! - Disse ela confusa e as lágrimas novamente rolaram em seu rosto. - Ai me sinto uma estúpida chorando! Que raiva! - Camila murmurou aborrecida.
— Eu gosto de ficar com você. Ponto. Não consigo ir além disso, ainda. Eu vou falar a verdade, eu não sei onde eu estava com a cabeça quando fiquei com você. Agi demais por impulso, eu não pensei, apenas fiz... Não me arrependo porque foi muito gostoso... Mas por outro lado queria que as coisas tivessem acontecido de um modo diferente... Acabei te tratando como eu trato as outas, mas não é assim que eu me sinto... Eu... Me sabotei. Pensei uma coisa e fiz outra... Sei lá... - Suspirei ainda não acreditando que eu tinha conseguido ser sincero com ela.
— Ok... - Camila disse e elevou às mãos até a testa. O café da manhã dela tinha chegado e ela começou a comer em silêncio.
— Você vai me desculpar? - Perguntei novamente.
— Para de insistir cacete! - Disse ela impaciente. - Tô pensando!
— Eita! Menina brava. - Falei assustado.
— Você me tira do sério! - Camila bufou e voltou a comer. - Deixa eu comer em paz aqui! - Camila falou enquanto sua boca estava cheia de comida e eu achei graça.

Camila terminou de comer e a gente ficou se olhando por longos segundos sem dizer nada. Puta que o pariu, o silêncio me matava segundo por segundo cada vez mais, meu coração estava batendo mais forte, minhas mãos estavam soando e eu já tinha começado a soar frio. Adrenalina demais ficar cara a cara com essa morena doida.
— Vai se ferrar Marcos. Odeio o fato de você ter razão. - Camila finalmente desembuchou puta da vida.
— Tudo que eu falei não foi com o intuito de ter razão... Só fui sincero com o que eu pensava... - Comentei e ela revirou os olhos se fazendo de entediada.
— Olha, não sei como as coisas vão ficar entre nós. Acredito que melhor do que estava há alguns minutos atrás. Mas não tão bom assim. - Informou ela. - Vamos ficar de boa e sem ciúmes pra cima de mim pode ser?
— O que você quer dizer com sem ciúmes? - Perguntei confuso já me declarando fodido porque sabia muito bem que ela iria ficar com alguém na minha frente. Eita cacete, não estava pronto pra isso. Declaro neste momento estar em estágio de emergência, fodeu.
— Você entendeu. 
— Ah Camila... Eu sou explosivo cara. - Me justifiquei sabendo que não era bem uma justificativa. Era só eu sendo idiota.
— Se você é explosivo eu sou o estouro, a erupção e os caralho tudo! - Disse ela exaltada e eu dei risada.
— Não vou te prometer nada. - Falei dando de ombros.
— Então continue lidando com minha indiferença e meu desprezo! - Disse ela se levantando e no desespero a segurei pela mão e ela parou impaciente para me olhar.
— Somos amigos não somos? - Questionei enquanto me levantava ainda segurando em sua mão.
— Que tipo de amizade você quer comigo? Porque convenhamos, o estilo que estávamos seguindo claramente não deu certo.
— Você é hilária! - Falei rindo. - Porra, sei lá! 
— Depois a gente conversa sobre isso. Só não tenha a audácia de ficar com outra mina na minha frente. 
— Isso eu posso te prometer. - Concedi.
— Que?
— Eu prometo que não vou ficar com outra na sua frente, em respeito a você. 
Camila me olhou descrente e saiu andando sem me dizer nada, deixou minha promessa no ar.  


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Notas finais do capítulo

Esclarecendo alguns pontos:
1. sumi por motivos pessoais e por conta da faculdade; Estou no final do curso e as coisas ficam cada vez mais complicadas;
2. Eu estava insatisfeita com o rumo que eu ia dar para a história e por isso fiz muitas alterações, mudei um pouco a perspectiva e o foco da fic... Depois explico melhor;
3. Espero que gostem, a inspiração veio do fundo do meu coração.
4. Tudo bem você não gostar... Eu gosto do que eu escrevo, até porque minha primeira leitora sou eu mesma =)
Um beijão no seu coração.



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