Por isso me apaixonei por você escrita por Bels


Capítulo 25
E os anjos nos dizem amém


Notas iniciais do capítulo

Não estranhem quando eu mudar algo nos capítulos anteriores, eu leio e releio os capítulos sempre e por incrível que pareça sempre acho um erro novo.
Esse capítulo vai ser bem longo, espero que não se importem, porque sabe, escrevi com muito carinho.
Um beijo pra todas as minhas leitoras que comentam e me incentivam a todo momento, vocês são umas deusas! Até mais.



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Vinicius narrando.

Passei a manhã em claro, não conseguia dormir, poderia facilmente colocar a culpa numa desgramada insônia. Mas estaria negando o fato que ainda estou tentando compreender a noite que acabei de ter. Tudo isso ficou muito estranho de uma hora pra outra, nunca as coisas foram tão fáceis com a Samantha. Como assim!? Estou decidindo entre largar o foda-se, curtir minhas férias com essa gostosa que decidiu sei lá, me dar uma chance!? Ou pensar um pouco melhor sobre o que aconteceu procurando encontrar um sentindo, um motivo, um porque. Foi mal mas o caminho mais fácil pra mim é sempre a melhor opção. Pensar demais causa muito problema, dá dor de cabeça e é um saco. A única coisa que quero saber é como vou fazer pra conseguir ficar a sós com ela novamente, com toda a nossa família aqui vai ser uma barra arranjar um tempo só pra nós. Preciso planejar isso e pra ontem, não vou desperdiçar uma semana inteira de chances de ficar com ela sozinho.

Aquele corpo desenhado (pra mim), aquelas curvas que me perco só de pensar, a barriga sexy, as tatuagens que são exatamente a cara dela, o sorriso quando ela fica sem graça após eu dizer alguma besteira, a menina/mulher cheia de atitude que me surpreende a cada dia, os cabelos castanhos escuros até a cintura fina, os olhos meigos que transmitem delicadeza... Puta que pariu, eu tô muito fodido! Onde essa porra vai dar? Onde eu me meti? Minha vontade é de roubar essa mina, pegar meu carro e sair com ela por ai, fugir pra um lugarzinho qualquer, onde a gente possa se isolar de tudo e curtir um ao outro como se não houvesse o amanhã. E é nessas horas que me pergunto: onde esse lado romântico meu esteve por todos esses anos? Acho que só precisava da mina certa pra isso florescer.

Aproveitei minha falta de sono e decidi ir surfar, não conseguiria dormir nessa manhã nem depois de tomar um pacote inteiro de algum remédio tarja preta. Minha mente estava acelerada demais, eu estava ansioso demais e feliz demais pra dormir. Ia saindo do quarto pra tomar um banho, mas ao abrir a porta os dois caras acordaram putos com o ruído da porta, com uma puta cara de sono.
— Onde tu vai? -Marcos perguntou sonolento e rolou na cama jogando o lençol no chão.
— Surfar. Tá afim?
— Que horas são? -Perguntou.
— Não sei. -Dei de ombros.
— Ah, bora. Tô com fome. -Ele disse isso e permaneceu deitado na cama.
— Então levanta né cacete.
— Nervosinho já, ei calma ai, bitch.
— Ou, na moral, me arrasta. -Lucas disse preguiçoso- Também quero ir, mas me arrasta. Tô com uma dor de cabeça infernal... -Fez uma cara de dor.
Fui até ele que estava deitado num colchão no chão e puxei seu lençol, em seguida peguei seu braço e o puxei, arrastando-o pelo chão do quarto.
— Seu puto! -Ele puxou o braço dele rindo e se sentou ali no chão.
— Bora logo vai, na moral. -Falei grilado.
Cada um foi pra um banheiro da casa e depois de tomarmos banho, colocamos as pranchas no carro e partimos rumo a algum lugar pra surfar. Saimos de casa conscientes que nossos pais já nem estavam em casa, e nem fizeram a questão de avisar, deixar bum bilhete, sei lá. Algo me diz que as mina vão acordar bolada por todos terem saído sem avisar.

— Cê não sabe o que que aconteceu ontem... -Lucas disse perdido em pensamentos olhando o fundo da janela ao seu lado.
— O que? -Perguntei curioso.
— Tive a infelicidade de encontrar a Clara. Minha mãe é uma peste cara! Eu tenho certeza que ela contou que eu estaria aqui.
— Puta merda! E aí, o que que rolou? -Perguntei achando tudo muito estranho.
— Ela fez o maior barraco! -Respondeu Lucas- Aquela mina é louca... -Disse puto.
— Não cara, barraco maior que o da Camila... Não teve. -Marcos se entrometeu rindo.
— Dá pra falar as coisas certo, porra? -Perguntei me sentindo confuso.
— Quando a gente foi procurar vocês no meio da multidão lá na praia, a gente se distraiu com o show e acabamos curtindo um pouco. Eu estava tranquilamente dançando com a Bia e de repente chegou a louca do nada.
— Que azar mano! – As coisas acontecem quando eu saio. Massa.—E que que ela falou?
— "Nossa Lucas já partiu pra outra? Caraca, já não bastava a Camila e a Samantha! Qual o seu problema garoto?"
— E aí a Clara me viu com a Camila, a porra ficou louca. -Marcos disse entusiasmado. Esse moleque adora uma intriga alheia.
— É, e ela falou toda atrevida "Nossa! Vocês fazem rodizio? Não é possível!" -Complementou Lucas.
— Quando ela disse isso, na moral, quase mandei ela ir se foder. Que garota mais sem noção, ta louco. -Marcos disse bolado.
— Não foi só você. -Lucas simpatizou.- Sem noção de uma vez. Ainda me pergunto como que não reparei nisso antes. Só posso ser cego, puta que pariu.
— E que que Camila fez? Alguém me conta isso logo porra! -Perguntei esperando que tivesse dado uns tapa, uns puxão de cabelo e algum xingamento depois de cuspir na cara dela. Pois é, eu acredito que a Camila seja capaz disso e muito mais. Pra ficar claro, não deixo de gostar dela por causa disso, eu não julgo ninguém.
— Camilinha se superou! -Marcos e Lucas começaram a rir- Você perdeu! Não! Cara! Sério! Você perdeu, mano! Ela falou assim "Você escuta aqui garota, você se ponha no seu lugar! Não fala as coisas sem saber. Eu nunca fiquei com o Lucas, muito menos a Samantha. Se você não esta com ele agora é porque você não deu conta. Fica ai com essas coisas de criança "Ai você tá me traindo". Você perdeu a noção do ridículo mesmo viu! É foda mulher que não se garante, puta merda. E pensar que eu gostei de você enquanto por trás você me achando a maior piranha... Vai a merda garota!" Que mais que ela falou? -Marcos contou e pediu para Lucas terminar de contar.
— "Se você é insegura problema é seu, não vem projetar isso em mim e na Samantha. Sua insegurança é tão medonha quanto você! Agora com licença, que já tá feio pra você isso aqui. Se vocês terminaram é porque tem algo errado com você. Você perdeu um namorado e tanto sua lesada! Tchau. Não vou perder meu tempo com seu chilique de pré-adolescente!". -E Lucas continuou.
— Não boto fé! -Rachei de rir!
— Não precisei dizer nada cara! -Lucas disse rindo- Nada! Pra fechar com chave de ouro, Bia agradeceu a Clara por ter me dado de bandeja, que ela estava adorando ficar comigo. A Clara ficou tão sem reação velho, a garota ficou estática! Sem dizer nada. A gente que teve que sair e deixar ela lá sozinha de tão chocada que ela ficou. Nem consegui sentir pena dela depois das merdas que ela disse das meninas.
— Ainda não acredito que perdi essa cena! Af! Que merda! -Falei chateado.
— Perdeu isso, mas ganhou outra coisa né... -Lucas disse e me olhou desconfiado.
— Realmente... Por outro lado... É. -Concordei sem pensar.
— Acho que todo mundo se deu bem ontem! -Marcos afirmou alegre.- Bem até demais...
— Primeiro dia do ano, ó... Bom pra caralho! -Lucas elevou suas mãos para detrás da cabeça e brisou com o vento que entrava pelas janelas abertas.
— Não sei vocês, mas não tô afim de falar nada sobre o dia de ontem. Tranquilo?-Falei com a feição séria.
— Tranquilo, também não tô afim. -Marcos concordou e deu depois um longo suspiro. Hum, pelo jeito a noite foi interessante pra todo mundo.

Assim que chegamos na praia Bia ligou pra Lucas triste porque era a única acordada, coitada. Combinamos de buscá-las ao meio dia para almoçarmos enquanto nossos pais estavam por ai, em algum lugar tomando uma. Relaxei a manhã toda surfando na Praia Brava, a praia que em Cabo Frio tem uma das melhores ondas.

— A gente podia ir pro Arraial do Cabo hoje. -Lucas comentou após perder uma onda.
— Meus pais comentaram que queriam ir pra lá mesmo. -Mencionei.
— Eu topo. Liga lá pras mina pra saber se elas topam. -Marcos sugeriu.
— Ah que mané o que, quando a gente estiver saindo a gente só avisa que vamos e ponto. -Disse dando de ombros.
— Hum, então tu tá assim? Autoritário. -Marcos perguntou achando graça.
— Cê conhece Camila e Samantha, vão ficar enrolando horas... -Falei.
— Verdade... -Concordou e na hora me lembrei do quanto as duas são enroladas.

Após passar a manhã na paz do mar e suas ondas fomos buscar as gatinhas, e é claro passamos raiva, elas não estavam prontas. Como sempre! Já nossos pais ligaram chamando pra almoçar onde eles estavam e aproveitei pra convidar pra irmos pra Arraial do Cabo mas eles negaram, disseram que iam pra Búzios amanhã, só eles, sem nós, passar a noite lá. Hum. Nos excluíram. Esperamos elas terminarem de se arrumar, fechamos a casa e ai pegamos estrada.
— Nunca vou entender a necessidade das mulheres de estarem sempre tão arrumadas. -Disse de saco cheio.
— Não estamos. -Camila respondeu com desdém.- Olha bem pra minha cara Vinicius. -Ela tirou o óculos.- Tô cheia de olheira, olha meu cabelo, tá super oleoso, olha como tô pálida de fome.
— Não consegui reparar nada disso, mas beleza. -Falei com estranheza.
— Hey bitch, curti o chapéuzinho. -Lucas disse à Bia. Ela estava tão engraçada com aquele chapéu...
— Obrigada, mas nunca mais me chame de bitch! -Ela o olhou brava.- Isso é só um presente idiota que ganhei de uma amiga idiota. Sim, estamos falando da Camila.

Finalmente pegamos estrada, após comprarmos umas bebidas e gelo pra colocar na caixa térmica. Fomos ouvindo música e conversando, e eu fiquei o caminho todo querendo beijar a mina que tava ali do meu lado... Eu estava dirigindo e ela ali esbanjando milagrosamente um bom humor, pude perceber a brisa que ela ficava ouvindo os rap's que eu colocava pra tocar. Me peguei inúmeras vezes contendo a vontade de tocá-la. Com aquela perna ali, exposta, próxima de mim, meu corpo implorava para acariciá-la. Mas resisti. Sem falar no puto decote que ela estava usando, eu juro pela minha vida que fui respeitoso e olhei disfarçadamente. Ela estava bronzeada e com aquelas marquinhas que deixa toda mulher muito sexy, na boa, não tinha como não olhar.

Ao chegarmos procuramos algum lugar pra comer e ficamos na praia mais próxima onde encontramos uma barraca que servia almoço, bebidas e cadeiras. Foi lá mesmo, nem precisamos pensar duas vezes. Geral varado de fome! Pedi pra Bia pedir com jeitinho pros caras pra poder ir mais rápido e então ela aproveitou e me contou que Camila e Samantha já fizeram isso inúmeras vezes. Hum. Ela contou uma vez que as duas foram no shopping faltando vinte minutos pra começar o filme e queriam lanchar no cinema, sendo assim, foram comprar os sucos, só que tinha muitos na frente, tinha muitas senhas ainda. E então, elas com jeitinho explicaram que o filme já iria começar e se "por favorzinho, tinha jeito de eles apressarem o pedido". Desgramadas! Eu até que achei graça, se eu fosse o atendente ia pedir algo em troca, mas o cara não pediu nada, apenas fez o que elas pediram. Nossa. Cada dia mais surpreso com essas minas...

Depois de almoçarmos apareceu uns caras oferecendo passeio pra nós, e topamos de cara um passeio de barco. O cara conseguiu convencer falando tudo que o passeio oferecia, das paisagens, das praias, as ilhas, os mergulhos... Disse até que teria a possibilidade de vermos tartarugas e golfinhos, as minas piraram! O passeio partiria daqui um tempo, mas começamos a ficar preocupados, eles disseram que no fim de tarde iria chover. Bem que o tempo estava começando a se fechar mesmo... Também acrescentou que não pegaríamos chuva no passeio, que daria tempo de ir e voltar sem problemas, mas avisou pra nós que como não estamos hospedado aqui poderíamos pegar uma chuva na volta pra casa.

— A gente pode voltar amanhã. -Opinei.
— Não mesmo! -Bia disse brava.- Já estamos aqui!
— Ah, também acho. Foda-se a chuva. -Marcos concordou com Bia.
— A gente pode esperar a chuva passar e depois ir embora. -Mimi disse e eu me perdi na visão que eu tinha ali dela. Ela estava tão sexy mordiscando o canudo enquanto tomava água de coco...
— Dependendo da chuva a gente pega ela mesmo, da nada. -Lucas disse sem se importar.
— Verdade, a estrada daqui não é ruim e nem vamos pegar muito trânsito. -Marcos apoiou.
— Nem a pau, detesto chuva, ainda mais se tiver trovão, raio etc. Não rola ir na chuva! -Mimi disse apavorada.
— Não vou correr esse risco não moleque... -Falei decidido.
— Porra, é sempre muito difícil chegar em um acordo entre nós... -Camila disse de saco cheio.- Ouvi falar que as pousadas daqui são super baratas, qualquer coisa a gente fica aqui e vai de madrugada, sei lá. Vamos ficar!
— Por isso que eu te amo! -Mimi colocou o coco sobre a mesa, pegou a mão de Camila e a beijou.- Eu já vim pra cá uma vez, e é verdade, é super barato, é uma cidade super simples aqui, os preços são em conta.
— Fechou então! -Marcos concordou.

Fomos pro passeio tranquilos, na esperança que mais tarde daríamos um jeito que a gente se viraria de alguma forma. A primeira parada foi na praia do Pontal, e foi liberado pra mergulho. Logo depois Praia do Forno... E foram tantas praias maravilhosas! Puta merda, extremamente paradisíacas, limpas, com a cor da água foda demais. A ilha do Farol foi a mais foda! A cor do mar, a cor da areia... Porra! O mergulho foi da hora! Fomos na Praia do Forno e na fodida da Gruta Azul, que me lembrou minha viagem pra Bonito com Marcos, aventuramos pra caramba lá. Lá também tinha grutas assim, e ainda mais perfeitas. Durante um dos mergulhos consegui apenas um selinho da baby, pra nossa foto embaixo da água que o carinha do barco tirou. Não consegui mais nada... E pra finalizar o passeio da melhor forma possível vimos o pôr do sol no Portal do Atalaia. Incrível! Tiramos fotos pra caramba, e muitas vezes eu mais tirava do que aparecia. E é claro que estou me referindo a ser o fotógrafo da mulherada. Durante o passeio uns caras chegaram nas meninas com uns papos furados, nem precisamos intervir, elas deram o fora com gosto. Mas confesso que caguei de medo de elas darem moral para os caras, ou sei lá, eles conseguirem alguma coisa. É, eu sou inseguro. Os caras eram 'mó' pinta, carioca ainda... Como que não vou ficar assim porra?

Quando chegamos na Praia dos Anjos, de onde saiu a embarcação, começou a desgramada da chuva. Tivemos que ir correndo pro carro, todo mundo puto e molhado. Saímos pela cidade procurando um lugar pra comer, e acabamos achando um restaurante que servia comida japonesa e chinesa com um preço MUITO mais barato do que na nossa cidade, eu grilei demais. Pago um absurdo por essa merda boa lá, e o povo aqui só de boas. Injusto isso.
— Só pra avisar vocês, não vamos nunca num restaurante que só tenha no cardápio Frutos do Mar. Não gosto. Não curto. E o cheiro é nojento. -Mimi disse enquanto olhava o cardápio.
— Você escuta aqui queridinha, você vai onde a gente for. A maioria que escolhe. -Marcos tirou ela.
— A maioria somos nós meu amor. -Camila deu um tapa de leve no ombro dele como consolo- Nenhuma de nós gosta, então, ninguém vai. -Ela sorriu cheia de sarcasmo e soberba.
— Aqui a gente que manda, aceita que dói menos. -Bia disse e piscou.
— Puff, coitadas... -Disse baixo enquanto olhava o cardápio junto com Lucas.
De cara pedimos duas barcas e depois rolinhos primavera, isso tudo foi o suficiente pra tirar a barriga da miséria. Comi pra caralho! Pra caralho mesmo! Ainda tive o prazer de dar na boquinha da minha gostosa. Ao irmos pagar perguntamos ao carinha do caixa se ele sabia de alguma pousada próxima que provavelmente poderíamos encontrar vaga e ele nos deu uma dica. Seguimos a rota que ele nos ofereceu e fomos parar numa pousada simples e bonita, da qual infelizmente não tinha vaga. Depois dessa pousada vagamos pra mais quatro e a chuva foi ficando cada vez mais forte, deixando as meninas em pânico.

— Essa vai ser a última. -Eu disse enquanto estacionava na garagem e desligava o carro.- Se não conseguirmos a gente para um pouco, porque tá demais essa chuva.
Graças a Deus conseguimos. Mas a sorte ainda não estava do nosso lado... Só havia dois quartos, ambas com camas de solteiro, e era o quarto mais simples da pousada. Queria entender o que ela quis dizer com isso. E a querida da atendente disse que tinha acabado de liberar dois colchões pra um grupo que havia acabado de chegar. Ô azar!
— E agora? -Mimi disse desesperada.
— Fiquem tranquilos que vou ligar pra minha irmã, ela tem uma pousada aqui próximo nessa mesma rua. -A atendente nos tranquilizou e fez a ligação.- Vocês deram sorte! Um casal fez check-out há alguns minutos, tem um quarto sobrando, expliquei a situação de vocês e ela liberou para passarem a noite lá. Mas vocês precisarão ir embora logo pela manhã pois já o quarto está reservado a partir do meio dia.
— Ótimo! Até o meio dia a gente vai ter ido embora. -Lucas disse à ela.
— Quem vai pra lá? -Perguntei.
— Eu e Sammy. -Camila disse.
— Tem certeza? -Indaguei. E Camila acaba de roubar uma noite perfeita, fuck u.
— Acho melhor você ir com seu namorado. -A Tiazinha se intrometeu no assunto.- Chegou um grupo enorme de gringos lá há dois dias, disseram que eles andam aterrorizando as menininhas por aí.
— Af! -Mimi disse brava. Quais são as chances de eu e Mimi dormimos juntos? Aumentaram um pouquinho agora ein...
— Vão vocês dois. -Lucas apontou pra mim e pra Mimi, logo depois Bia e Marcos concordaram. Obrigado pela força galera, vocês são fodas!
— Não! -Respondeu Mimi incrédula. Não Samantha! Não estraga!— Vão dois homens pra lá ué. -Ela cruzou os braços. Vontade de ficar comigo zero, obrigado por deixar isso tão explícito!
— Verdade, vamos eu e você mesmo, Marquito. -Falei de bobeira. É o que me restou dizer depois de ser claramente rejeitado pela Samantha.
— Demorou. -Assentiu ele.
Nos sentamos no sofá da recepção para esperar a chuva passar e as meninas foram ver os respectivos quartos.
— Escuta aqui porra, tu não vai dormir no mesmo quarto que a minha mina! Nem ouse! -Falei pra Lucas depois que elas saíram.
— Vou sim. -Ele sorriu tirando uma com a minha cara.
— Nem da minha, pode vazar. -Marcos falou puto e empurrou ele com o cotovelo.
— A Bia não vai querer dormir no mesmo quarto que eu. -Lucas disse.- Pode ter certeza. Vai ser uma das duas, aceitem.
— Aceita o caramba. Se vira com ela! -Falei puto.
— Larga de ciúmes, vocês são meus brothers porra. -Lucas disse fazendo cara de tacho.

Um tempo depois elas voltaram e estavam com uma cara... Se sentaram no sofá à frente e ficaram caladas olhando pro nada, na verdade Mimi estava estranha.
— O que foi? -Perguntei.
— Ela tá tendo um ataque de pânico. -Camila disse e apontou pra Mimi.
— Porque? -Lucas perguntou curioso.
— Fobia! -Ela disse sem ar. Ô coitadinha!— Mas tudo bem, vai dar tudo certo. -Ela disse sem demonstrar confiança.- Poxa, já não bastava a merda da tempestade, ainda tinha que ter a merda da minha Fobia. Oh meu Deus... -Ela a última frase baixinho e chateada.
— Vai no meu lugar pra lá então. -Sugeri. Antes ela dormir com Marcos do que com o Lucas.
— O que foi agora? -A Tiazinha perguntou saindo do balcão e se aproximando achando graça de nós e de como somos complicados.
— É que ela tem Fobia de lugares pequenos sei lá, não sei explicar direito.-Bia respondeu.
— Uma vez ela teve crise no elevador, ai ai eu ri tanto. -Camila disse pensativa e rindo fazendo Samantha sorrir.
— Nem me lembre... -Disse Samantha.
— Deixa eu entender uma coisa -A tia se encostou no sofá e ficou nos olhando- Vocês namoram certo? -Olhou pra cada um de nós.
— Não tem nenhum casal aqui não ein Tia. -Bia disse rindo.- Pelo menos não que eu saiba. -E ai todo mundo fez não com a cabeça fazendo ela rir.
— Ah... Tá! -Riu.- Não é o que parece. -Voltou pro balcão rindo.
— E ai o que que vai acontecer? -Lucas perguntou.- Porra, tô pregado de sono.
— Eu e Sammy vamos dormir juntos. -Marcos mandou beijo pra ela.
— Não. -Ela fez cara de choro.- Você deve ser daqueles que quando a gente vê já ta com as pernas, os braços tudo em cima da gente. Eu e Camila vamos pra lá.
— Não viaja, depois do que ela disse não vou nem a pau. Desculpa amiga. -Camila disse cortando a onde da Mimi. Imediatamente Bia e Lucas se olharam, depois Lucas olhou pra mim e eu novamente, só pra reforçar, balancei a cabeça pra ele, esperando que ele entendesse que ele não vai nem a pau dormir com a Samantha.
— Ah, quer saber? -Me arriscar é meu lema. Então dane-se.— Pega suas coisas, vamos comigo pra lá. Qual é o problema? A gente já dormiu junto uma vez. -Falei sem pensar direito e de saco cheio com a indecisão. Tudo bem que a diferença é que minhas intenções naquele dia são bem diferentes da minha intenção nesse momento, mas isso é irrelevante.
— Ai obrigada! -Camila disse e deu glória a Deus enquanto se levantava, a retirada dela fez com com que todo mundo a seguisse, como se a questão já estivesse decidida por mim. Vocês são fodas, amigos parceiros é isso! Valeu gurizada!
— Nossa, vocês nem esperaram ouvir o que tenho pra dizer. -Samantha os olhou chocada enquanto saiam. Eu quis rir mas fiquei quieto, isso seria abusar da sorte.
— Não mesmo. Tchau. Boa noite. -Marcos a ignorou.
— Desculpa baby. -Olhei pra ela tentando parecer triste, mas acho que não deu muito certo. Triste? Que nada! Tô só a alegria.

Fomos para a outra pousada, que ficava no fim da rua e comprei umas paradas num quiosque pequeno que tinha ali, pegamos a chave do quarto e adentramos. O quarto até que era todo arrumado e ajeitado.
— Ai que alívio! -Ela saiu correndo e olhou pra janela enorme que tinha ali.
— Tá se sentindo melhor? -Perguntei.
— Sim! A janela daquele quarto era minúscula, o quarto minúsculo e com uma cor da tinta de parede que porra deixava o lugar parecendo ainda menor. Era uma cor escura e agoniante, pra completar tinha pouca luminosidade e sem muita ventilação... Na verdade a circulação do ar quase não existia, abafado demais! Era demais pra mim aguentar. E não -Ela me olhou brava apontando o dedo pra mim. - Não é frescura!
— Ei, eu não disse nada. -Disse me defendendo em seguida me sentei na beira da cama, coloquei as chaves do carro na comoda próxima da cama e relaxei me deitando ali. Fiquei observando Samantha ir até a mesma comoda colocar sua bolsa ali e então começou a tirar milhares de coisas de dentro dela.
— Eu me amo tanto. Trouxe tudo que eu precisava. -Disse com um sorriso no rosto cheia de si.- Acho que meu sexto sentido pela primeira vez na vida resolveu me alertar.
— Hum...
— Aqui suas coisas -Ela colocou sobre a cama a roupa que eu havia pedido que ela guardasse. - Ok, admito. Estou mentindo, Camila que mandou eu trazer. -Ela disse derrotada e depois riu sozinha. - Sou péssima pra essas coisas, sempre me ferro porque tenho preguiça de carregar bolsa e não sou muito precavida.
Eu apenas fiquei a admirando pensando no quanto o mundo conspirou pra ficarmos juntos. O mundo = meus amigos fodas facilitando minha vida.
— O que que foi? -Ela perguntou fazendo cara feia.- Eu não gosto mesmo de carregar bolsa. Acho que tenho alma de um menino às vezes.
— É? -Me levantei decidido a tentar ganhar um beijo e ela ficou me olhando assustada. Eu estava hipnotizado de saudade e vontade, um dia inteiro do lado dela me contentando só com um simples selinho? Ah não. Não vai rolar.
— Vinicius? Se afaste! -Ela esticou os braços para que eu não me aproximasse.- Eu só tô aqui porque eu tenho fobia! Que fique claro isso.
— Não importa o motivo. Você está aqui, eu estou aqui... É muita sacanagem passar o dia todo do seu lado sem poder te tocar. E essa é uma oportunidade de ficarmos a sós. -Tentei convencê-la.
— Sacanagem é você se aproveitar desse momento. -Ela revirou os olhos. Mas decidi insistir e continuei indo até ela fazendo a melhor cara de pidão que já fiz na vida. Ela riu da minha tentativa e me mandou sossegar, dizendo que não iria funcionar. Mas eu sou insistente, sabe como é...
— Por favor vai... -Consegui me aproximar mais e eu a vi olhando pra minha boca perto de se deixar levar...
— Não! -Ela me empurrou.- Eu vou tomar um banho, meu cabelo pede help. -Desviou de mim, pegou suas coisas e foi pro banheiro me deixando lá na vontade.

Depois de tomarmos banho, não, espera, um detalhe antes, acho que ela ficou quase uma hora lá no banheiro e ainda por cima cantando! Tão fofa que não consegui ficar bravo. E depois usou a desculpa que teve que ficar um tempão de baixo da água pro sal sair do cabelo dela. Onde parei mesmo? O que que tava falando? Ah, dane-se, não importa mais.
— Olha só, não tenho culpa de ter trazido só essa bostinha de creme. -Ela mostrou o creme pra mim indignada depois que eu sai do banho.
— Ah pelo amor de Deus, lavei meu cabelo com sabonete! -Falei puto e ela riu.
— Deve estar muito macio! -Disse ela com ironia.
— Está sim, obrigada. -Falei indo em direção à ela. Quando cheguei perto, tirei a toalha que estava em sua mão e joguei na poltrona que estava próxima.- Agora você não escapa.
— Af. -Ela fez cara feia- Vamos apenas dormir. Por favor. Tô com muito sono. O dia foi cansativo.
— Dormir? Sabe se lá quando vamos ter a oportunidade novamente de ficarmos a sós. -Na verdade amanhã nossos pais vão pra Búzios, mas não vou contar isso. Finge que eu esqueci. Até porque, porra, não vou desmoronar meu próprio argumento.-
— Vinicius, ainda temos mais seis dias. -Ela disse com cara de tacho.
— Exatamente. Apenas seis dias! Depois desses seis dias vai ser quase um mês sem a gente poder se ver. Vou voltar pra casa da minha avó em São Paulo.
— Ah é, verdade... -Ela disse pensativa. Opa, finalmente ela tá cedendo...
— Não vou fazer nada... Só quero pelo menos um beijo.
— Não vai fazer nada? -Ela gargalhou com gosto.- Acredito tanto quanto acredito em papai noel. E é eu nunca acreditei em papai noel.
— Você não sabe o que perdeu... -Lentamente fui pra cima dela tentando não deixar meu peso totalmente em cima dela. Ela me olhou com aqueles olhinhos meigos e depois puxou meu cabelo.-
— Sai de cima de mim!
— Um beijo! -Pedi e ela revirou os olhos.
— Você me disse ontem, me recordo muito bem, que iria respeitar quando eu dissesse não. -Ah, mais que droga!— Tô muito feliz em saber que aquilo valeu apenas pra aquele momento. -Ironizou e eu a olhei puto e sai de cima dela.
— Tudo bem. -Me sentei do outro lado da cama. Sou um cara de palavra! Porra, porque sou um cara de palavra? Ela sorriu e se levantou indo até o banheiro. Um tempo depois ela voltou e desligou as luzes. Permaneci deitado de barriga pra cima apreciando o barulho de chuva enquanto o sono não vinha.

— Nossa, será que vai demorar pra parar de chover? -Ela perguntou depois de ligar o ventilador e se deitar na cama. Estava tão fresquinho... Lá fora tinha árvores e plantas por toda parte, desejei sentir o cheiro de terra molhada.
— Deve chover a noite toda. -Respondi ainda chateado.
— Mais uma noite mal dormida... -Ela suspirou e se remexeu na cama.
— Tá com medo? -Perguntei.
— O que você acha? -Perguntou ela. Óbvio que está! Eu quis rir mas permaneci quieto.
— É apenas chuva. -A tranquilizei.
— Chuva, trovões, raios... Desde pequena tenho medo. O único barulho que me acorda na vida é o de trovão. Perdi as contas quantas vezes durante à noite já acordei com essa coisa! Aí passava o resto da noite cagando de medo e assustada. -Ela riu depois de terminar de falar.-
— Vem cá... -Disse baixo e alguns segundos depois ela veio. Se deitou sobre meu peito e deu um longo suspiro.
— Desculpa. -Disse ela.
— Por? -Perguntei. Que novidade, me pedindo desculpa... Achei que fosse orgulhosa.
— Ser assim. Chata. -Não entendi. Apenas permaneci em silêncio.- Tô com medo do que possa acontecer aqui.... Na verdade... Apavorada.
— Tudo bem. -Disse com mansidão. Bem feito moleque, quem mandou passar dos limites na noite passada... Com o histórico do ex retardado dela , eu deveria ter me controlado mais.
Eu também passei o dia todo desejando ficar com você... -Admitiu ela.- Mas por mais que eu me esforce pra não me deixar levar pelo medo... Ele sempre me amedronta. -Queria fazer uma pílula mágica e excluir o medo da vida dela.
— Você pode confiar em mim. Sabe disso não sabe?
— Sim... Mas... É que quando se trata de nós, como você mesmo disse, é sempre uma surpresa... Tenho medo de alguns tipos de surpresas que possa acontecer.
— Tem duas coisas que você precisa saber Samantha. -Ela precisa relaxar! Qual é, eu não sou uma espécie de cara errado. Sou?— Primeiro, te conhecer foi a melhor coisa que me aconteceu, e segundo, eu não suporto a ideia de alguma forma te deixar com medo. Eu sei que perco o controle às vezes, mas tudo que acontece entre nós, não é só um simples desejo... Não é só contato físico. -Não é o momento certo de falar que estou apaixonado ainda.- Sou totalmente encantado por você, você sabe, sabe que eu gosto mesmo de você.
— Você sabe como me persuadir... -Ela é tão desconfiada... Acho até graça. Nem toda fofura do mundo com essa garota é o suficiente.
— Me respeita Samantha! -Falei rindo- To falando sério, não é persuasão!
— Tudo bem. -Ela se remexeu e se levantou- Tá até merecendo um beijo... Aproximou-se da minha boca tirando de mim um grande sorriso e selou nossos lábios. Agora você não escapa! Coloquei minhas mãos sobre sua cintura e a puxei pra mais perto de mim, ela me deu outro selinho e então parti pro ataque. Já desvendei essa mina, pra tu conseguir algo, tem que ser carinhoso antes, passar confiança e dizer algo que ela queira escutar. Pimba! Chupei seus lábios e depois envolvi minha língua em sua boca para que ela desse passagem, assim iniciamos um beijo. Dessa vez lento e um puto destruidor de corações. Fiquei ofegante querendo mais e mais, desde então me decretando como sempre, fodido.


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Notas finais do capítulo

E ai o que estão achando? Querendo me bater porque parei na melhor parte, eu imagino Hahahah Espero que tenham gostado. See u soon...