Vinicius narrando.

Minha mãe tinha que me chamar, justo agora? Puta que pariu! Azar anda colado comigo! Ia ser sincero com a Mimi sobre meus sentimentos, tinha preparado tudo já aqui na minha cabeça aí ela vem e atrapalha tudo.

Fui até minha mãe com a maior cara de bravo pra ela saber o quanto me atrapalhou.
— Nossa filho, quanta má vontade!
— Mãe, espero que seja importante. Fique sabendo que eu tenho algo pra fazer agora, então vá direto ao ponto. Quem tá ai?
— O que você tem que fazer? - Perguntou. - Oh meu Deus! Eu atrapalhei vocês? - Assenti. - Ai, onde estou com a cabeça! Nem percebi! Desculpa!
— Quem está ai? - Insisti. - Agora já foi.
— A Dani! - Disse ela animada.
— Dani? Que Dani? - Perguntei confuso.
— Filha do Magno com a Silvia.
— Que? - Arregalei os olhos. Uma amiga minha de anos atrás, a garota que eu dei meu primeiro beijo, e a garota da minha primeira vez, que ironia.
— Ela chegou do intercâmbio há pouco tempo. Eles vieram passar a semana aqui no Manso e vieram nos fazer uma visita.
— Vinicinho! - Dani apareceu na porta da churrasqueira. Uou! O tempo fez algo esplêndido com ela. Ela já era bonita...Agora...Ixi.
— E aí, Dani! Quanto tempo!
Fui abraça-la ainda estando puto por essa mina atrapalhar meu momento. Legal te ver mas não podia chegar mais tarde? Tipo daqui umas meia hora? Não vou te perdoar por estragar meu momento.
— Que saudade! - Disse ela toda fodfa.
— É! - Concordei nada empolgado.

Apresentei ela pra galera e ai eles começaram a conversar, tentei demonstrar interesse mas tava difícil. Meu olhos não desgrudavam da Sammy, ela tava do outro lado da piscina ouvindo música e tomando sol.
— Impressão minha ou essa mina tá dando mole pra você? - Lucas sussurrou próximo de mim.
— Que? - Sai dos meu delírios. - Não viaja.
— "Eu e Vinicinho temos uma química fora do normal" - Ele imitou ela me fazendo rir. - "Ele sempre foi um fofo comigo"... E não para por aí...
— Cara, nem to prestando atenção no que essa mina tá falando.
— Percebi, tá mais ocupado secando a morena do outro lado da piscina.
— Quem falou? Tô porra nenhuma.
— Posso te falar uma coisa?
— Não.
— Foda-se, vou falar. Eu tô gostando da Sammy. - Olhei pra ele com a cara mais feia e assustadora que já fizeram nesse mundo e ele permaneceu sério.
— Você acabou de terminar com a Clara! Que porra é essa?
— Eu sempre gostei, desde a primeira vez que eu vi ela! Eu te contei cara! Nossa, como ela tava linda! Só que eu ignorei porque achava que meu coração era da Clara, mas agora que terminamos eu vejo que eu só estava com a pessoa errada.

Permaneci em silêncio, querendo bater nesse desgraçado! A essa altura ele vem me dizer isso? Depois de tudo? Ele realmente já tinha comentado comigo, antes de eu conhecer a Mimi, que ele gostava muito dela, mas porra... Não!!!!!
— O que foi cara? Algum problema? Você é amigo dela agora mais do que eu, sabe me dizer se ela tá afim de mim também?
— Problema nenhum. A não ser o fato de você simplesmente ter sumido.
— Só esse o problema? Ah cara, agora eu tô aqui.
— Vai se foder, seu merda! - Coloquei a mão sobre a cabeça. Hoje não é meu dia.
— Tá louco? - Perguntou confuso. - Não vai me dizer que... Você também tá afim dela! - Confirmou ele.
— Não interessa. - O empurrei e ele começou a rir.
— Como é fácil descobrir as coisas. - Riu mais ainda fazendo todo mundo olhar pra nós.- Tô te zoando brother! Queria só tirar uma dúvida. Se eu fosse perguntar se você está afim dela na lata você não iria me contar.
— Você é um puto! - Bati nele fazendo ele rir ainda mais.
— Mas e se fosse verdade? -Ele perguntou.
— A gente ia ter que cair no soco. E "cê" tá ligado que eu sou mais forte, então, é, ela ia ser minha. - Falei baixo.
— Não. Eu sou príncipe! As garotas sempre escolhem o príncipe.
— Foda-se o vagabundo sempre se dá melhor no final.
— É, tem uma certa verdade nisso. Tanto que tô na merda.
— Ô brother relaxa, desencana dessa mina aí! Você vai encontrar uma melhor. Vai curtir sua vida de solteiro.
— Só porque eu tô solteiro, cê ta aí todo gamadinho! Sacanagem isso.
— Como que não gama, porra? Olha aquilo. - Apontei com o queixo em direção da Samantha e ele riu.
— Sempre soube que esse dia ia chegar. Agora cê vai ver o que que é gostar de alguém, otário. - Deu um tapa na minha cabeça.- E então eu que vou chegar em você e falar "Sai dessa cara, bora sair."
— Vai se foder, vai. Vaza. 

Anoiteceu e as meninas foram tomar banho para jantarmos enquanto Dani enchia o meu saco e o dos caras. Marcos era o único empolgado que fazia mil perguntas pra menina sobre o intercâmbio. Depois da minha tentativa fail de ser sincero não consegui mais falar com a Mimi, ela parecia tão aérea... Distante... Pra baixo. Será que fiz mais alguma merda e não sei? Essa mina é difícil!

Íamos ver um filme já que tava todo mundo cansado ainda da ressaca, foram escolher o filme, mas nem fiz questão de participar da escolha.
— Bom filme pra vocês, vou dormir. Boa noite, beijos. - Acenou e saiu da sala. Ah, sério isso? E eu achando que ia poder ficar perto dela. Lucas me olhou e me mandou ir atrás dela, não era uma boa ideia. Ir atrás dela pra que? Não. Não posso deixar eles aqui sozinho com a Dani, essa menina é maluca, não vão suportar ela. Mas Lucas continuou insistindo, enchendo meu saco, tomei coragem e fui.

Meus pais e os pais dela estavam na piscina ainda conversando. Ninguém pra nos interromper. Quando cheguei na porta do quarto, perdi a coragem e ia dar a volta. Mas instintivamente abri a porta antes que eu desse meia volta.
— Camila, já falei pra você parar de encher minha paciência! -Mimi gritou da cama.
— Que Camila o que! - Entrei e fechei a porta fazendo com que ela se levantasse.
— Ops, desculpa. Achei que fosse aquela escrota.
— Ela tá enchendo sua paciência é? - Permaneci de pé em frente a cama onde ela estava, ela estava deitada na cama de casal onde Bia e Cami dormiram.
— Sim. - Ela esfregou os olhos e voltou a se deitar. - Tô morrendo de sono! Você pode por favor desligar as luzes?
— Perdeu o medo?
— Pois é. Superei.
— O que foi?
— Han? - Perguntou ela confusa.
— Tá tudo bem com você?
— Sim. Realmente estou com sono. Não dormi nadinha hoje de manhã. - Disse ela secamente.
— Tudo bem. - Falei derrotado. É isso, eu vim aqui pra ouvir ela dizer que vai dormir? - Posso ficar aqui? - Perguntei sem pensar.
— Ué, a casa é sua, você escolhe onde quer ficar. - Ela disse se divertindo com a minha cara.
— Engraçadinha. Perguntei porque não sei se você quer minha companhia.
— Infelizmente você é sempre bem-vindo.
— Então, já que a casa é minha, o quarto é meu, e as camas também são minhas... Eu me deito onde eu quiser! Maravilha! -Pulei na cama onde ela estava e ela já foi me empurrando.
— Se meu pai te pega aqui, ele te mata! - Ela fez um risco no pescoço.- Eu não tô brincando.
— Conheço muito bem seu pai, somos grandes amigos, fique tranquila.
— Meu pai não é amigo dos meus amigos. Você é um inimigo pra ele. 
O pai dela é um ciumento/super protetor assumido. Veio com um papo reto pra cima de mim na manhã antes de virmos pra cá. Falou que esperava não se decepcionar comigo e com Marcos, achei injusto, me senti pressionado.
— Relaxa. E me conta o que foi com você. Não é só sono, não adianta mentir.
— Que saco. - Ela voltou a se deitar e virou de costas pra mim. - Mudei de ideia. A casa é sua mas necessito de espaço. E isso implica em: me deixe dormir.
— Não vou te deixar dormir enquanto não conversar comigo.
— Tá bom, Vinicius! - Ela se sentou na cama.- Você quer saber de uma coisa? É muito difícil ser sincera com você e ainda tô tentando entender o porque! - Falou ela irritada. - Talvez seja porque eu tenha medo do que você possa fazer com a minha sinceridade, me interpretando mal. E só pra você saber, sim, ontem foi muito bom, infelizmente eu gostei de tudo que aconteceu. Só me sinto arrependida porque não queria que acontecesse algo pra estragar nossa amizade. - Ela suspirou se acalmando. - Me desculpa por te julgar a partir do que eu ouço os outros falarem, tenho que entender de uma vez por todas que não importa o que você já fez, ou o que já falaram de você e sim o quanto eu te conheço agora! Meu maior defeito é ter medo de tudo, e sim tenho medo do que isso possa implicar na nossa amizade. Eu gosto muito de você pra ter que aceitar que as coisas vão mudar. Satisfeito? Posso dormir?
— Você sempre faz isso. - Sorri. - Não diz nada mas quando diz, diz tudo de uma vez.
— Pois é. - Voltou a se deitar.
— Tudo bem. Obrigada por ter sido sincera. - Beijei sua testa e me levantei da cama.
— Falei algo de errado?
— Não. Tudo bem. - Muita informação pra um pobre coitado como eu.
— Eu não sou boa com relacionamentos, sempre que alguém se aproxima de mim, e tudo está muito bem eu começo a ver defeito e fico a espera de uma grande decepção. Me detesto por isso, infelizmente isso me ocorre por causa de tudo que já passei. Mas eu sei que isso não tem nada a ver, e tenho que mudar minha forma de pensar.
— Entendo você.
— O que você ia me dizer hoje? — Perguntou com os olhos vidrados em mim. E é, preciso agradecer a Dani por ter nos atrapalhado, eu estaria prestes a fazer uma grande merda. Mimi ficaria assustada com o que eu ia dizer e iria se afastar de mim. Graças a Deus, tudo deu errado!
— Nada demais. Só ia te dizer que eu tô te achando estranha. Mas agora já entendi o porque.
— Fica aqui comigo até eu dormir. - Pediu ela me pegando de surpresa.
— Tem certeza?
— Quando eu te pedir uma coisa, não hesite! Não me dê oportunidade de mudar de ideia. Aprenda isso.
— Entendido! — Fiz sinal de sentido e ela sorriu. Apaguei as luzes e fui me deitar com ela.- Vem cá! - Sussurrei e ela se virou se deitando em meu peito.
— Obrigada por ter paciência comigo. - Ela sussurrou e se aconchegou em meus braços.
— Mesmo mau humorada não consigo ficar longe de você. Digamos que... Te suporto.
— Ou você que não consegue ficar sem essa lindinha aqui. - Eu tenho certeza que ela tá sorrindo agora.
— É... Pode ser também. - Beijei o topo de sua cabeça.

— Que que tá acontecendo aqui? - O Pai da Samantha abriu a porta do quarto assustado ao ver sua princesa deitada com Vinicius. Ele ia berrar mas sua esposa chegou, observou o que estava acontecendo e o puxou.
— Para com isso. - Sussurrou e fechou a porta.- Sua filha já é bem grandinha! Já é de maior, mora sozinha e sabe o que faz da vida.

— Não é bem assim! Continuo sendo o pai dela! Venho aqui dar uma noticia boa e é isso que encontro?
— Chega! Eles estão dormindo! O menino tá todo vestido! Para! Ela já cresceu, sabe o que faz.
— Isso não tá certo.