Meraki

Mais um dia de trabalho cumprido, chego em casa e me jogo no sofá e a voz de Stella ecoa pela casa, estou de olhos fechado mas de ouvido bem atentos ao que ela diz mas ela não se conforma com isso e me pede atenção, a vejo andar de um lado para o outro e me contar sobre seu dia, o dia do nosso filho na escola...sorrio com a cena ela então fica sem graça e senta ao meu lado no sofá já procurando meu braço para apoiar a cabeça e o cheiro de seus cabelos cacheados me invadem as narinas...fecho os olhos sentindo aquele cheiro tão peculiar. Ouço sua voz me perguntando como foi meu dia o que faz minha mente sair do transe e a olhar nos olhos...ahh aqueles olhos verdes brilhantes.

Mac – Meu dia foi cansativo como sempre meu amor e ainda pior quando não tenho sua companhia.

Stella – Aposto que a Payton ficou o tempo toda grudada no seu pescoço. – aquele ciuminho dela me deixa ainda mais apaixonado. Como uma mulher dessa tem ciúmes de mim??

Mac – Stella sabe que não precisa ter ciúmes de mim. Eu só tenho olhos pra vc.

Stella – Mas eu tenho medo de perder você. – aquela frase parece musica aos meus ouvidos e ela não imagina a força que me prende a ela e não faço questão nenhuma de sair do seu lado. Se ela ao menos percebesse que é dez mil vezes melhor do que qualquer outra mulher procuraria um cara pelo menos cem mil vezes melhor e só assim ele estaria a sua altura. E há tantos caras melhores por ai e ela escolheu a mim.

Stella – Mac você está me ouvindo? – de novo sua voz me faz sair dos meus devaneios.

Mac – Claro meu bem. – minto e ela sabe disso e sorri. Simplesmente ela sorri e como eu me perco nesse sorriso.

Stella – Eu sei que não está. Você não sabe mentir para mim. – sorrio sabendo que era a mais pura verdade tudo o que ela me falava. Sou tão transparente para essa mulher.

Mac – Estou pensando no que você viu em mim para me escolher como seu marido. – sua risada alta me faz acompanhar no mesmo ritmo.

Stella – Você quando quer é engraçado Mac. Você que me deu a família que sempre quis, que me fez sentir amada...- tudo se confundia na minha cabeça pois tudo o que Stella falava na verdade era tudo que ela fez por mim. E por um instante minha mente viaja ao dia que convidei a Stella a primeira vez para sair, já éramos acostumado a sair mas apenas como amigo e naquele dia era diferente, eu a convidei para jantar na minha casa mas cometi um grave erro, estava tão nervoso que derrubei o vidro de perfume e eu tenho certeza que do apartamento da frente dava para sentir o cheiro que eu exalava e quando Stella chegou pude notar a cara que ela fez ao me abraçar e rimos juntos de tudo aquilo.

Stella – Mac planeta terra chama. – sorri ao ouvi-la dizer aquilo. – Eu estou te convidando pra irmos ao cinema mas de novo você não está prestando atenção no que eu estou dizendo. Onde anda essa sua mente inquieta? – ela tocou na minha testa e eu apenas fechei os olhos e curti seu toque.

Mac – Estava aqui pensando de como o amor é louco, eu ficava noites em claro pensando na melhor forma de te chamar para sair e ter um encontro com você mas não mais como amigo e agora é você quem me convida para sair, você lembra o quanto eu me arrumei aquela noite? No quanto eu estava nervoso? – Stella sorri e eu sei que sua mente também se transportou para aquela noite.

Stella – Lembro sim, antes de chegar na porta do seu apartamento eu podia sentir o cheiro do seu perfume, acho que você exagerou. – ela sorrir divertida.

Mac – Você acha é? – a puxei para mais próximo a mim e me inebriei com o seu cheiro e então minha boca já estava presa na dela e aqueles lábios macios me acariciavam. Mas somos interrompidos antes que as coisas esquentassem por um serzinho de cincos anos arrastando sua mantinha e coçando os olhos, os cabelos todos desarrumados o que me fez sorrir largamente ao ver aquela cena.

Stella – Meu amor era pra você estar dormindo. – Stella abre os braços e nosso filho se joga em seu colo. E logo ele passa para os meus braços. Pude ver seu rostinho ainda molhado, provavelmente estava chorando no quarto, seus olhos brilhavam, as vezes dependendo da luz cintilavam para uma cor azulada parecido com os meus e outras vezes esverdeada como o da Stella. Ao ouvir aquela vozinha me chamando de pai faz meu peito transbordar de tanto amor, um amor que não sabia que era capaz de sentir, achei que tinha encontrado o amor ao ter Stella ao meu lado mas descobri um amor ainda mais incondicional quando os meus olhos encontraram pela primeira vez aquele bebê nos braços da mulher da minha vida, me derreti e so queria protege-lo. Logo quando Theo nasceu eu passava noites em claro ao lado do seu berço apenas para observar seu peito subir e descer e me certificar que ele estava bem.

Theo – Papai não deixa ele me pegar. – ele ficou em pé no meu colo e pegava com suas duas mãozinhas no meu rosto e me fitava e podia ver uma certa apreensão em seus olhos.

Mac – O que aconteceu meu campeão? – o abracei forte e ele deitou sua cabeça no meu ombro.

Stella – O que aconteceu príncipe? Fala pra mamãe. – sentia Stella se ajeitar no sofá e acariciar os cabelos de Theo.

Theo – O monstro que está em baixo da minha cama, ele quer me pegar. Tira papai ele de lá. – ele levantou seu rostinho e me encarava de novo.

Mac – Ele não vai pegar você, viu?!

Theo – Não papai?

Mac – Não, eu não vou deixar.

Theo – Promete.

Mac – Prometo. – então vi o rostinho do meu filho se iluminar, seu sorriso voltar e isso me encantou.

Stella – E agora que tal voltar pra cama? – Theo se aconchegou nos braços sorrindo, alguma coisa ele iria aprontar.

Theo – Mamãe linda deixa eu ficar aqui com vocês? – Stella queria parecer dura mas foi inevitável negar qualquer coisa ao Theo.

Mac – Amanhã é sábado ele pode ficar um tempo a mais acordado. Preciso ficar com esse garoto um tempo ou ele vai esquecer quem é o pai dele.

Theo – Não pai, não esqueço.

Mac – Não vai esquecer? Nunca?

Theo – Nunca. – comecei a fazer cocegas nele e seu riso ecoava por toda a sala fazendo com que eu e Stella também déssemos risadas altas.

Despois de muito rir e brincar com nosso filho ele dormia nos meus braços enquanto eu e Stella ainda jogávamos conversa fora, eu olhava Theo dormindo e ainda me perguntava como poderia sentir tanto amor por aquela pessoinha, estava admirando meu garoto, acariciando seu rosto e mais uma vez minha mente tem uma enxurrada de pensamentos. Lembrei de quando Stella me deixou sozinho em casa com Theo era folga da babá, ele era apenas um bebê de dois anos e eu um velho que nem sabia pegar direito numa criança, morria de medo de pega-lo no colo, fiz isso algumas vezes mas sempre Stella estava do lado e ele começou a chorar e não sabia o que fazer, me desesperei, rezei para Stella chegar logo em casa e nada até que tive a grande ideia de fazer uma chamada de vídeo pra ela, pra que pudesse me ajudar. Enquanto Stella estava no supermercado arrancando risada de quem estava por perto tentando fazer algo que acalmasse nosso filho, mostrava pra ele a tela do celular para que visse a mãe mas nada, absolutamente nada o fazia parar. O chorinho dele não passava pelo contrário aumentava, parecia que estava desesperado com alguma coisa, e de repente os olhos dele se encontram com o meu e tudo que eu sentia era um aperto no peito por vê-lo daquele jeito então esqueci por completo o celular que a essa altura estava jogado em algum lugar do berço e ele de pé na minha frente esticando os bracinhos pra mim, eu comecei a chorar junto até não suportar mais e entrei no berço e ele logo se aconchegou no meu peito assim como Stella sempre fazia quando deitava na cama e colocava sua cabeça no meu peito, Theo tinha herdado esse mesmo costume e eu ficava maravilhado com isso. E quando ele deitou no meu peito seu choro passou instantaneamente e dormiu, tentei sair outras vezes do berço e não consegui, ele acordava e ameaçava chorar e acabei adormecendo. Acordei quando Stella chegou, ela estava debruçada sobre o berço olhando aquela cena ridícula, eu deitado todo torto e Theo no meu peito. Apesar da cena ridícula sei que ela estava adorando aquilo, o sorriso que estava em seu rosto era singelo e seus olhos emanavam uma emoção.

Senti seu toque no meu rosto e isso me fez voltar a realidade daquela noite e de novo seus olhos emanavam aquela mesma emoção, eles brilhavam de uma forma diferente e seu sorriso...poxa seu sorriso era o mais lindo. Eu olhava aquela mulher ao meu lado e só agradecia aos céus por esse momento. Ela se aproximou ainda mais de mim e me beijou os lábios de uma forma calma e podia sentir todo o seu amor.

Stella – Meraki. – ela me disse aquela palavra tão calmamente com seu melhor sorriso.

Mac – Você sabe que não entendo. – e novamente ela reage acariciando o meu rosto e depois acariciando o rosto do nosso filho.

Stella – Quer dizer fazer algo com alma, criatividade ou amor. Colocar parte de si em algo que está a fazer. – as palavras pareciam deslizar pelos seus lábios e pareciam tão doces. E eu não conseguia parar de olha-la. – E nós fizemos algo com muito amor. – ela passa a olhar nosso filho no meu colo, arrumar seu cabelinho para que saia dos seus olhos. – Nossa família foi feita com a nossa alma, com amor, Theo tem uma parte minha e sua, Mac. Ele é o nosso laço amor.

Mac – Nossa vida.

Stella – É nossa vida. – de novo ela beija meus lábios com carinho e depois o rostinho de Theo. Seus olhos buscavam os meus com um brilho ardente. – Vamos colocar Theo na cama? – aquele sorriso que Stella lançou disse tudo, entendi perfeitamente o que quis dizer.

Mac – Me espera no quarto? – sei que meu sorriso saiu com a mesma malicia que ela esperava.

Stella – Claro. – a vi levantar e caminha para o quarto e a segui com o olhar e antes de entrar pelo corredor e sair do meu campo de visão ela olhou para trás só para saber se eu estava a olhando. Ela apenas movi os lábios dizendo que me ama e tenho certeza que ouço sua voz no meu ouvido dizendo isso pois me arrepio por inteiro.

Mac – Agora é sua vez de ir pra cama filhote. – levantei com Theo no colo e caminhei para seu quarto, o coloquei em sua cama e o cobri com o cobertor mas não conseguia sair sem antes olhar umas mil vezes seu peito subir e descer. Até que senti aqueles braços em volta de mim e eu sabia que Stella vinha me tirar do quarto.

Stella – Vim buscar você ou passaria a noite inteira vendo Theo dormir. – a senti encostar a cabeça no meu ombro e eu sabia que ela estava de ponta de pé para poder fazer isso. A puxei pelo braço e a trouxe para minha frente, a enlacei pela cintura e ela cruzou seus braços no meu pescoço, eu apenas a admirava. – Hoje você está estranho Mac, o que esta acontecendo? Você esta distante. Queria estar nessa sua cabeça, sabia? – eu apenas sorrio pois ela quer um lugar que possui.

Mac – Você está sempre nos meus pensamentos meu amor. Você e o nosso filho. – ela sorri e então beijo seus lábios com uma certa urgência.

Stella – Eu tenho muita sorte em ter você meu amor.

Mac – Bendita sorte a minha que sou o sonho da mulher dos meus sonhos. – ela ri e logo tapa a boca percebendo que o riso saiu mais alto do que pretendia e olha rapidamente para cama mas Theo continua a dormir.

Stella – Vem. – ela me puxa pela mão e saímos do quarto do nosso filho e antes que pudéssemos entrar no nosso quarto a seguro e a puxo para os meus braços e nossos corpos se unem.

Mac – Você rir até dos meus defeitos não é? – começo a plantar beijos em seu pescoço. – Me esforço tanto para ser merecedor do seu amor Stella. – paro de beija-la e a encaro, precisava olhar mais uma vezes seus olhos.

Stella – Você não precisa se esforçar por uma coisa que você já tem Mac, sabe que meu amor é todo seu. – nossas bocas se procuram e entro com ela aos beijos no nosso quarto e fecho a porta com o pé porque não quero quebrar aquele beijo. O restante da noite vai ser pouca para o tanto que quero amar aquela mulher, a minha...mulher.