Somente à noite escrita por Ys Wanderer
Eu odiava o Davi. Odiava muito.
Se eu pudesse, nesse exato momento, estaria arrancando cada fio do cabelo dele com uma pinça quente, pois se eu nunca tivesse o conhecido não teria lutado tanto contra os meus sentimentos ao ponto de fazer uma aposta maluca e usar um vestido rosa.
E, se eu não tivesse me apaixonado por ele, não teria perdido a maldita aposta.
E, se eu não tivesse perdido a maldita aposta, agora não seria obrigada a servir um bando de pés-de-cana.
— Anna, nós apostamos uma rodada de caipirinhas que com certeza você ia acabar pegando o Davi. Você disse que isso nunca ia acontecer, negou até o fim, mas voltou daquele encontro parecendo a Branca de Neve depois que comeu a banana do pecado — Conchito fez uma expressão sórdida e vovó riu da minha cara constrangida. — Então, levanta essa bunda daí e começa logo, pois hoje tem reunião social aqui! — ele exigiu, me puxando do sofá e desligando a televisão sem pedir permissão.
— Primeiro, não me fale naquela tal da Branca de Neve! — eu briguei e ninguém entendeu minha fúria contra uma princesa tão inocente. Como não tinha paciência para explicar sobre a Branca de Neve real, a que havia invadido o meu território sem permissão, continuei. — Segundo, eu apostei uma rodada só entre a gente. Que história é essa de reunião social?
— Eu chamei umas pessoas para virem aqui hoje e a sua avó concordou. E, você está nos devendo e tem que pagar não importa a maneira. Mas não se preocupe, flor, serão somente umas duas ou três pessoas — ele respondeu. — Você não vai ter trabalho nenhum...
— É verdade, vai ser tranquilo — vovó ajudou e eu sabia que não deveria acreditar em nenhum dos dois. As “reuniões sociais” de vovó e Conchito poderiam ser chamadas de tudo, menos de tranquilas.
Eu só esperava que pelo menos dessa vez ninguém fosse preso por correr nu como na última vez...
*
— Manda mais uma, serviçal! — Jeferson disse com a voz já enrolada, balançando o copo vazio de sua décima caipirinha. Olhei para as minhas mãos e elas estavam ardidas de tanto espremer limões para preparar as bebidas para aquele galinheiro, pois, não satisfeito com a minha derrota, Conchito havia chamado não três, mas umas quinze “amigas” para nossa casa e agora a minha sala estava cheia de monas alcoolizadas. Respirei fundo, contei até dez e peguei a bandeja com toda a minha má vontade.
— Por que você não dá um sorriso, bonitinha? — Rosana, uma das drags que sabe-se lá por que estavam completamente montadas em plena segunda-feira, reclamou ao me ver servir Jeferson com um olhar assassino, provavelmente estranhando o fato de eu ser a única ali que não estava saltitando feito uma gazela. Direcionei meu ódio para ela e a coitada se calou, com medo de mim depois que eu girei a cabeça no estilo “menina do filme exorcista” para poder olhá-la do outro lado.
— Liga não para ela não, fofa, essa é a cara que os maus perdedores sempre fazem — Conchito zombou de mim para amenizar as coisas e a mona assustada riu. — Quem mandou se apaixonar pelo “sushiboy”, querida? Agora deixa de frescura e enche logo o meu copo! — ele ordenou e eu me arrependi amargamente de não ter cuspido na jarra quando tive oportunidade.
— É uma pena as cobras não poderem se engasgar com o seu próprio veneno — resmunguei enquanto o servia e Conchito deu uma risada exagerada. — Não se preocupe, isso vai ter volta — fiz uma cara sinistra e pelo jeito assombrado que ele ficou a mensagem foi entregue.
Ponto para mim!
Analisei bem o cenário e me dei conta de que provavelmente em nenhuma casa do Brasil a segunda-feira estava sendo tão “agitada”. Uma batida do tempo que a Madonna era jovem tocava alto no aparelho de som, havia copos e plumas espalhados por toda parte e alguns seres purpurinados conversavam pelo sofá e pelos cantos como se ali fosse o reino encantado das fadas. Ainda não eram nem dez horas da noite e eu já tinha levado três puxões de cabelo de umas loucas que achavam que eu usava mega-hair, duas apalpadas na bunda de outras dizendo que eu precisava de academia e um beliscão na barriga de outra que me disse que eu deveria parar de comer hambúrguer.
Era o inferno na terra.
E eu constatei isso quando vi uma “diabinha” com rabo e tudo dançando em cima da mesa de centro.
Quando todos (os que até se vestiam normalmente) e todas (as completamente cheias de glamour) estavam servidos novamente, voltei até a cozinha para preparar mais, aproveitando para entornar o restante do líquido que tinha sobrado em uma das jarras. Fiz uma careta quando constatei que havia pesado a mão na birita e logo senti o álcool entrando lentamente na minha cabeça, se juntando aos outros copos que eu já havia bebido e me deixando mais leve.
Isso era bom. Eu precisava no mínimo estar anestesiada para sobreviver pelo menos até a meia noite.
— Tudo certo aí, meu amor? — vovó perguntou contornando a mesa e vindo me dar um beijo na bochecha. Como eu não estava a fim de carinho desviei a cabeça no meio do caminho, mas ela deu um jeito de me prender entre os braços e me deixar toda marcada de batom vermelho.
— Eca! — eu reclamei enquanto limpava a bochecha, fingindo que estava com nojo. — E nem vem com esse negócio de “meu amor” e nem com beijinhos. Não sei se deu para perceber, mas eu sou a única aqui que está pegando no pesado.
— Mas é exatamente isso que nós viemos fazer aqui, Anna — Conchito disse se aproximando de vovó e pondo a mão no ombro dela. — Pode ir embora, agora é hora de preparamos algo um pouquinho mais forte — ele deu uma risada maléfica e eu já imaginei o que estava por vir.
— Sem pimenta peruana, ok? — eu adverti, lembrando dos efeitos catastróficos que ela causava, mas pelo olhar dos dois entendi que era exatamente isso que eles iriam fazer. — Tudo bem, mas tranquem bem as portas para que ninguém saia correndo daqui pelado.
— De onde você tirou uma coisa dessas? — Conchito pareceu se ofender e eu achei muita cara de pau. — Somos pessoas sérias!
— Sérias? Eu sei o que você fez no verão passado, Conchito, então trate de se comportar — ordenei e ele, agora completamente sério, bateu continência como um soldado obediente.
No entanto, isso nem de longe me deixou tranquila.
Depois de tanto trabalho eu só precisava tomar um banho e descansar, por isso resolvi ignorar a festa e subir. Porém, quando estava no meio do caminho, escutei o meu nome sendo proferido por Jeferson e decidi averiguar por que ele estava falando de mim.
— Posso saber qual a fofoca? — perguntei com as mãos na cintura e ele olhou para mim como se estivesse me reconhecendo, apertando os olhos e pensando profundamente.
— Ahhh, essa é a Anna que eu estava falando para vocês — ele disse para o seu grupinho quando um dos seus neurônios funcionou. — Muito gente boa essa menina — Jeferson me puxou bruscamente para sentar no sofá e fiquei espremida entre ele e uma paquita da Xuxa.
— Mas, então, sobre o que falavam? — procurei saber e de repente a paquita ao meu lado começou a chorar, e parecia que haviam arrancado a peruca dela tamanho o escândalo que fez. — Gente, o que é que tá pegando? — perguntei baixinho enquanto a mona se descabelava.
— Estávamos falando sobre o amor, criança — foi a própria paquita quem respondeu, fungando. — Esse maldito amor que nos destrói, que nos corrompe, que nos... Aaai, eu quero morrer! — ela berrou, enterrando a cara no meu pescoço, e eu tive que oferecer meu ombro amigo à força.
— Então... — Jeferson se aprumou para começar a fofoca e eu roubei o drink dele, sacudindo a cabeça quando ele desceu ardendo. — Acontece que o Gil aqui (esse era o nome da paquita) se apaixonou por um cara e ele foi um príncipe. Porém, ele descobriu que o bofe estava apenas interessado no dinheiro que ganhava para bancar os “luxos”. Depois, o cara conheceu uma velha rica, presenteou meu amigo aqui com um belo pé na bunda, e o resultado é esse aí que você está vendo — Jeferson revirou os olhos, ignorando o sofrimento alheio.
— Ele nunca me amou... — a paquita choramingou, mas eu também pouco me importei. — Ahh...
— E o que eu tenho a ver com essa história, pois ouvi muito bem você dizer meu nome — disse tentando empurrar Gil, que estava me sufocando, mas ele continuava chorando no meu ouvido.
— Bom, é que eu falei para a mona que você teve sorte, já que encontrou um lindo amor juvenil puro romântico e verdadeiro! — ele explicou com ênfase e eu até sorri, gostando da forma como ele via o meu relacionamento com Davi. Lembrar dele até me deu uma saudade...
— Como eu sinto falta daqueles vinte e três centímetros! — a paquita berrou novamente no meu ouvido, me assustando, e eu perdi a paciência. Empurrei-a com força e a coitada acabou caindo no chão.
— Ai, por favor, eu não estou nem um pouco a fim de ouvir os detalhes sórdidos do seu caso de amor! — reclamei depois de ouvir o comentário íntimo e a turma de Jeferson toda caiu na risada. — O que foi, por que estão rindo?
— Pessoal, quem quiser pode começar a pedir por graças e bênçãos, pois parece que estamos diante de uma virgem! — Jeferson começou a berrar e eu me vi completamente exposta no meio de um monte de gente esquisita. Logo mais pessoas se juntaram à roda e eu vi pelas caras que pareciam estar com pena de mim.
“Tadinha, nunca aproveitou a vida.”
“Você não sabe o que está perdendo, louca.”
“Ah, agora eu entendi porque ela vive com essa cara emburrada, coitada.”
— Será que vocês podem calar a boca? — reclamei e a paquita, que ainda permanecia no chão, começou a cantar uma daquelas músicas de bar. Optei por ignorá-la e foquei meus sentimentos negativos na direção de Jeferson, torcendo para que ele morresse engasgado com a própria saliva. Porém, acho que não mentalizei o suficiente, pois ele continuou vivinho da silva na minha frente. — E parem de falar da minha vida sexual, pois eu não dei essa liberdade para nenhum de vocês!!! — berrei o mais alto que pude.
— Falar da sua vida sexual? Só se for da sua inexistente vida sexual — Conchito chegou se metendo na conversa e todas as monas riram. — E, querida, todo mundo aqui tem razão. Se você já tivesse “finalizado” o Davi, você não viveria com todo esse mau humor — ele opinou e eu fiquei completamente chocada. — Acho que já passou da hora de você “dar” a sua maçã para alguém morder.
E a minha dignidade morreu completamente...
— VÓOOO! — eu chamei por ela feito uma criancinha, pois a situação estava ficando embaraçosa demais. — Vem aqui me ajudar, por favor! — implorei e ela logo chegou, cambaleando e com um copo na mão. Olhei para todos os lados e me dei conta de que nem o Chapolin Colorado poderia me tirar dessa, pois a dona Sarah já estava “mais pra lá do que pra cá”.
E o pior de tudo é que eu também estava do mesmo jeito.
— Deixem a menina em paz, não estão vendo que estão deixando a pobrezinha envergonhada? — ele me surpreendeu ao sentenciar e eu fiquei aliviada e grata pela intervenção positiva. Porém, quando eu já ia me levantar e procurar um lugar para morrer, ela continuou. — E não se metam na vida dela, ouviram? Ela vai dar o que ela quiser, quando ela quiser e para quem ela quiser, entenderam?
O QUÊ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
— Isso. é. coisa. que. se. diga!? — eu exclamei e ela deu de ombros, sem se importar nem um pouco se eu ia infartar ou não. — E eu achando que a senhora iria me ajudar!
— Ué, mas eu estou ajudando.
— Como? Me matando de vergonha?
— Claro que não. Só estou dizendo para esse monte de xeretas que a vida é sua, e que você não precisa fazer algo ou deixar de fazer apenas porque as outras pessoas pedem satisfação — ela piscou um olho para mim. — Vocês estão cansados de saber como é ser julgado pelos outros, então não deviam ficar tirando sarro de alguém! — ela direcionou a fala para eles.
— Apoiado! — alguém também ajudou, mas eu estava tonta demais para identificar quem era. — Mandou bem, Sarah.
— Ah... obrigada, vó — encerrei o assunto e troquei com Jeferson e Conchito um olhar que dizia que eles estavam ainda mais ferrados comigo. — Eu vou dormir antes que a minha paciência acabe — dei um beijo nela e fui para o meu quarto, pensando que aquela mulher conseguia ser sábia mesmo quando não dizia as coisas mais bonitas.
O mais interessante nisso tudo era realmente constatar que as outras pessoas sempre decidem o que você deve fazer da sua vida, mesmo que você não dê essa permissão a elas. Enquanto hoje eu era motivo de chacota por ainda manter a minha virgindade, minha avó tinha caído na vida justamente por ter perdido a dela. E o ser humano nunca estava satisfeito, pois reclamava de tudo somente por reclamar, querendo criar uma espécie de padrão que deveria ser seguido à risca por todas as pessoas.
Mas, sinceramente, uma das coisas que eu percebi também é que as pessoas que não ligam a mínima para isso são justamente as mais felizes.
Pessoas como eu e minha avó.
E nós havíamos vivido muito bem até aqui agindo desse mesmo modo.
*
— Anna, você está bem?
— Me deixa dormir mais um pouco — eu reclamei.
— Mas já são dez horas da manhã!
— Qual o problema, eu não vou para a escola mesmo — virei de lado.
— Mas, Anna, você já está na escola! — a pessoa me sacudiu e eu acordei embaraçada, tentando lembrar como foi que eu conseguira forças para levantar da cama e chegar até ali. Ah, sim, acordar, banho, café, ônibus... Meu material estava comigo, mas a dignidade tinha ficado em alguma esquina.
— O que foi que aconteceu com você? — Percebi que Davi me olhava esquisito e só então percebi que estava no chão da biblioteca.
Nunca mais beberei nada na vida, nunca mais beberei na vida...
— Minha nossa, eu deitei aqui para descansar antes da primeira aula começar e acabei dormindo — coloquei a mão na cabeça, com medo dela cair e rolar pelo piso. — Sério que já são dez horas?
— Sério — ele confirmou. — Por que você está desse jeito? Aconteceu alguma coisa? — Davi foi se aconchegando ao meu lado e me puxando para o seu colo. E embora meu cérebro quisesse explodir de dor, aquilo era como estar no céu depois de uma estadia no inferno. — Você não atendeu minhas ligações, fiquei muito preocupado.
— Nada demais — respondi, omitindo o fato que havia enchido a cara e depois ficado até tarde filosofando sobre a vida. — É que ontem o dia, quer dizer, a noite, não foi nada fácil.
— Não deve ter sido mesmo, pois você está um bagulho. Parece até que estou olhando para uma versão minha antes — ele indicou o casaco de capuz azul que eu usava, que pertencia a ele, e os óculos escuros enormes que escondiam boa parte do meu rosto amassado. — Mas claro que uma versão minha com olhos grandes e peitos, obviamente.
— Você tinha que falar nos meus peitos, não é, seu pervertido — eu o cotovelei, arrancando uma risada tímida dele. — Bem que eu percebi que você estava olhando. Tarado.
— Desculpe, não foi a minha intenção — Davi se fez cavalheiro, ficando todo agoniado. — Enfim, posso saber o motivo da ressaca? — ele disfarçou.
— E eu pareço alguém que está de ressaca? — ironizei e me surpreendi quando ele me abraçou forte, cheirando meus cabelos. — Por que você está achando isso?
— Porque você está parecendo uma caipirinha ambulante — ele riu. — Seu cabelo está com cheiro de limão.
— Ah, é uma longa história. Resumindo, minha avó e Conchito deram uma festa.
— Em plena segunda-feira.
— É, para você ver como eles são...
— Então isso dispensa qualquer explicação — ele concluiu. — E por falar em festa... — Davi começou a falar, mas então parou, como se tivesse escolhendo bem o que dizer.
— O que tem festa?
— Meu aniversário é daqui a três semanas.
— Sério? — eu me virei para olhá-los nos olhos e Davi deu de ombros.
— Sério.
— Então a gente tem que pensar em alguma coisa, chamar a galera para fazer algo. Pode ser lá em casa, ou a gente vê com a Andressa...
— Não precisa — ele me cortou. — Já tenho uma programação em casa.
— Programação? Isso é uma festa de aniversário ou uma reunião? — perguntei e ele coçou a nuca, e eu entendi que algo o incomodava. — Posso saber por que você não parece muito animado?
— Porque eu sempre detesto meus aniversários.
— Ah, então deixa a gente fazer alguma coisa melhor do que isso para você.
— Não dá. Minha mãe vai dar um jantar e já convidou algumas pessoas. E é aí que você entra — Davi me olhou e eu não entendi.
Peraí, eu entendi sim!
— Davi, você não quer que eu...
— Sim, Anna.
— Me desculpe, mas não estou a fim de conhecer a cobra, quer dizer, a sogra — eu disse, e ao contrário de se ofender como eu achei que se ofenderia, ele gargalhou.
— Você já a considera sua sogra?
— Não muda de assunto — eu ralhei. — Sério, você não está pensando em me “apresentar” para a sua família.
— Estou sim.
— Por quê?
— Porque é o certo a fazer. Eu achei que essa era a vontade de toda garota normal. Ser apresentada a família, ter um relacionamento sério...
— E desde quando eu sou uma garota normal? — questionei e Davi ficou só me olhando, sem dizer nada. — Nem morta... — ele ainda só me olhava, completamente mudo. — Você não vai me convencer... — ele nada disse. — Fala alguma coisa! — gritei e ele balançou a cabeça, tentando não rir. — Ok, seu idiota, vou pensar no assunto.
— Então isso quer dizer que sim?
— Não, isso que dizer que vou pensar.
— Mas isso não é um não, não é? — ele se aproximou mais e encostou o nariz no meu, enquanto fazia carinho nas minhas costas.
E agora? E agora? E agora?
— Tudo bem, eu vou. Por você eu faço esse sacrifício, Davi.
— Não vai ser um sacrifício — ele piscou. — Vai ter pudim.
Não pude evitar rir e pensei no quanto aquele garoto me fazia sentir bem. E embora eu já tivesse ouvido muita gente dizer que ele não era bonito e que era esquisito, para mim ele era lindo.
Quando a gente gosta de alguém, amamos cada pedacinho dessa pessoa.
— Hummm. Acho que nem todo pudim do mundo vai dar conta do recado — resmunguei. — Não sei por que, mas tenho a impressão de que vou passar por poucas e boas por sua causa — falei, lembrando que por causa dele eu já tinha usado um vestido rosa, servido de escrava numa festa maluca e feito algumas coisas que não faria no meu estado normal.
— Prometo que vai valer a pena.
— Será?
— Eu garanto — Davi respondeu e eu acreditei. Então, quando a boca dele tomou a minha e suas mãos me envolveram eu senti toda aquela força me tomar, me dando coragem para enfrentar o que quer que fosse.
E eu seria eu mesma sempre, e eu não mudaria isso somente para ser aceita.
Agora era só esperar e rezar.
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