Somente à noite escrita por Ys Wanderer


Capítulo 20
Clichês e patricinhas do mal




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Eu sempre odiei os tais clichês, pois achava que a vida era dura demais para que as pessoas perdessem seu tempo com flores, bombons e arco-íris. Para mim, não fazia sentindo você trocar olhares com um desconhecido e nem ficar pensando em alguém que vira somente uma única vez. A realidade deveria ser palpável e essas tolices todas não me pareciam justificativas sensatas para suspiros e noites de insônia.

O amor era como uma nuvem: embora existisse, estava inalcançável demais para que eu pudesse tocá-lo com minhas mãos.

E eu me contentava apenas em apreciá-lo a quilômetros e quilômetros de distância de mim.

Porém, de um certo tempo para cá, eu comecei a perceber que na verdade os clichês fazem parte de nossa vida todos dias, e não são somente os beijos na chuva que acontecessem nos filmes, nem os esbarrões em cafeterias com o seu cantor favorito.

Às vezes, os esbarrões podem acontecer em corredores escuros dentro de escolas.

E são bem reais. Com pessoas reais.

Assim como eu e Davi.

*

— Eu achei que seria mais fácil caírem canivetes do céu do que eu ver você com essa cara de pateta! — Andressa zombou e eu fingi que não era comigo. Nós estávamos do lado de fora do auditório esperando pelos outros alunos, pois teríamos novamente uma aula conjunta, e eu tinha aproveitado para deixá-la a par dos últimos acontecimentos.

— Quem está com cara de pateta aqui, garota? — desconversei enquanto me acomodava melhor, já que estávamos sentadas no chão. — Só estou dizendo que... que...

— Que você está caidinha por ele — ela completou ante o meu embaraço. — Olha para você, nem parece a mesma de meses atrás. E como você pode enrolar o garoto desse jeito sem dar logo uma resposta? — reclamou. — Qual o problema em admitir que você está virando gente, Anna?

— Cala essa boca e fica quieta! — eu ri e pedi discrição, pois percebi que os meninos estavam se aproximando.

Minha amiga me lançou um olhar que indicava que eu devia fazer alguma coisa antes que ela dissesse alguma bobagem, mas eu apenas fingi que lia algo no livro e fiz cara de paisagem. Eles por fim chegaram e André nem me cumprimentou, pois logo se atracou com Andressa num beijo cinematográfico. Davi se sentou ao meu lado e apenas nos olhamos sem jeito.

— Oi — ele disse sorrindo e eu retribui. Sua mão procurou a minha e Davi a puxou, colocando-a em seu colo e a apertando firme. Confesso que fiquei sem saber o que fazer depois, pois a vida não nos dá um “manual prático para o primeiro namoro”.

— Você está bem? — perguntei porque não tinha assunto e Davi balançou a cabeça confirmando que sim, enquanto acariciava levemente os meus dedos. Somente esses meros toques fizeram os pelos do meu braço se arrepiarem e eu me perguntei como ficaria então se...

— Vai rolar o que aqui? — André me salvou de pensar algo impróprio e engoli em seco.

— Não sei, acho que mais uma das maluquices do professor de literatura. — Andressa respondeu. — Daquela mente insana só saem ideias sem pé nem cabeça, então nem quero imaginar o que vem por aí.

— Será que é trabalho em grupo? — Davi indagou.

— Se for, já temos o grupo formado: Anna, Andressa, André e Davi — minha amiga objetou feliz da vida e eu fiz uma careta. — O que foi, Anna? — ela perguntou ao ver o meu semblante torto.

— Vocês já prestaram atenção na tosqueira que fica nossos nomes juntos? Anna, Andressa, André. Anna, Andressa, André. Anna, Andressa, André... — repeti várias vezes. — Isso é quase um trava língua. Pior, com esses nomes parecemos três filhotes de cachorro poodle.

— Eu não concordo, pois para mim isso é tipo o destino, algo cabalístico judaico budista que indica que nossas vidas então traçadas e interligadas para sempre — André filosofou com tanta ênfase que pareceu acreditar mesmo no que dizia.

— Nossa, isso é mesmo incrível! — Coelha concordou, olhando para o namorado como se ele fosse o próprio Dalai Lama.

É. Na fila de distribuição de neurônios teve gente que se esqueceu de ir...

— Então eu estou fora desse negócio aí, já que meu nome é diferente do de vocês? — Davi instigou André a continuar, segurando o riso, e nós trocamos um olhar cúmplice.

— Você é o cara que equilibra as coisas, Davi — ele respondeu. — Mas não faz parte dos abençoados AN’s — André se referiu as nossas iniciais, enquanto olhava para um ponto distante e discursava como um fervoroso pregador religioso.

— Só se for os abençoados AN...tas — Davi fez pouco do misticismo de André e nós gargalhamos com vontade. Meu casal de amigos demorou uns segundos para entenderem a piada e logo depois estavam rindo conosco.

— Ah, fala sério, japa. Nunca pensei que você fosse dizer uma dessas! — André se admirou da piada de Davi. — Deu para ver que você ficou bem diferente depois de começar a dar uns pegas na Anna!

O quê?

— André! — minha amiga ralhou com o namorado e Davi apenas abaixou a cabeça, achando graça da situação.

— Ou ou ou, que história é essa de que ele está dando uns pegas em mim? — reclamei e meu amigo tatuado deu de ombros. — Quem foi que te disse isso? — fiz cara feia.

— Não precisa ninguém dizer nada — ele respondeu, enquanto pegava suas coisas do chão e puxava Andressa pela mão. — Só de olhar para vocês a gente percebe que tem algo aí. O amor está no ar, baby! — André falou com a mesma voz que o locutor de rádio usa em programas românticos e os dois foram embora para outro canto, rindo, deixando eu e Davi a sós.

Ah, hoje eu ia fazer patê de japonês!

— Quer dizer que você anda espalhando por aí que está dando “uns pegas” em mim, senhor Davi? — cruzei os braços e olhei para ele com as sobrancelhas erguidas. — Espero que você tenha uma boa explicação para dar.

— Eu juro que não disse nada para ninguém — ele respondeu com as mãos para cima, exatamente como um bandido faz ao ser pego no flagra. — Bom, talvez eu tenha conversado com o André, mas juro que não usei essas palavras — o desgraçado riu e eu tive que me segurar para não fazer o mesmo, fingindo que estava realmente brava.

— E o que foi que você disse a ele, então? — questionei curiosa e ele colocou a mão atrás da nuca, gesto que fazia sempre que ficava nervoso.

— Bom, eu só disse que... que... a gente não percebe que gosta de alguém até ser tarde demais para deixar de gostar.

— É, a vida sabe o que faz, pois se a gente desconfiasse bem comecinho iria sair correndo, não é? — falei enquanto escondia meu rosto no pescoço dele, aproveitando para tirar uma casquinha e sentir o seu perfume de lavanda que eu tanto gostava. Davi passou os braços em volta do meu corpo, me puxando para mais perto, e senti sua respiração bem perto do meu ouvido.

— Você ia correr de mim se pudesse, Anna?

— Claro, com certeza — agora eu sorria, me inclinando para ficar com o rosto a centímetros do dele. — Você é muito chato.

Porém, como a nossa vida real também é clichê, não pude beijá-lo porque Andressa nos atrapalhou, desabando ao meu lado toda desaforada. Olhei para ela com cara de poucos amigos, contudo ela se manteve inalterada, e assim eu percebi que algo de errado estava acontecendo.

— Eu vou beber água — Davi foi cavalheiro e nos deixou sozinhas, mas não sem antes dar um beijo malicioso no meu pescoço. Me perguntei onde estava aquele Davi tímido e que mal conseguia me olhar nos olhos, porém cheguei à conclusão de que gostava muito mais desse todo “saidinho”.

É, como a gente muda...

— Hei, dá para parar de babar e prestar atenção aqui — Andressa estalou os dedos na minha frente e me preparei para ouvi-la.

— O que foi, criatura?

— Ela voltou!

— Ela quem?

— A ex-namorada do André — respondeu aflita e apontando para onde uma garota estava, perto da porta. Olhei para ela de cima a baixo e joguei todo o ar para fora do meu corpo.

Vixe...

A menina era simplesmente deslumbrante, como se tivesse acabado de sair de uma sessão de fotos da Vogue. A pela dela era bronzeada e perfeita, os cabelos enrolados deslizavam pelas costas totalmente alinhados e ela tinha um corpo ereto como o de uma bailarina. A garota parecia uma princesa, vestida com um casaco rosa, e olhando todos os detalhes só consegui chegar a uma conclusão.

— Amiga, você tá ferrada...

— O que foi que você disse? — ela quase berrou.

— Que você está errada. Errada em se preocupar — consertei quando percebi que havia colocado minhas impressões em palavras. — Não vejo problema nenhum aqui — menti tentando não pensar no problemão que Andressa iria enfrentar.

— Como não? Olha para ela, não tenho como competir.

— Andressa, tenha confiança em si mesma e pare de se inferiorizar. Você precisa mostrar que é melhor do que essa...

— Patrícia. O nome dela é Patrícia.

— Patrícia? Sério? Que original — debochei. — Agora só faltava você ser ruiva, fazer um coque frouxo e ir comprar um café no Starbucks. Será que tem vaga para o André em alguma boyband?

— Hãm?

— Deixa para lá — eu afastei meus pensamentos ridículos e tentei não rir. — Sério, amiga, o André te adora e como você mesma disse ela é ex-namorada dele, ou seja, é passado. Então fique tranquila — observei novamente a tal Patrícia e ela ria para as amigas seu sorriso perfeito de propaganda de creme dental. — Acho que ela deve ser uma garota legal e provavelmente nós vamos nos dar super bem — encorajei.

“Vamos nos dar super bem.”

Pena que eu era uma fiasco quando fazia previsões...

*

O professor de literatura enfim chegou e pudemos entrar no auditório. André chegou logo depois que sentamos, pois Andressa tinha mandado ele comprar chocolates no intuito de mantê-lo longe da ex, e ficamos nós quatro espremidos na fila da frente.

— Silêncio! — o professor ordenou e a turma ficou quieta. Ele então pigarreou e começou sua aula. — Bom, pessoal, um dos gêneros que nós trabalharemos esse bimestre é o teatro, e ele é um dos mais importantes, pois foi graças a ele que muitas histórias foram passadas de geração e geração. Vocês precisarão aprender a estrutura, aspectos, história e muitas outras coisas, o que demandaria muita teoria. Mas, como eu acho que se aprende melhor fazendo — ele sorriu e todo mundo ficou apreensivo — eu uni vocês para que montem e apresentem a maravilhosa história da Branca de neve e os sete anões!

Foi uma algazarra. Uns ficaram felizes – Andressa nesse meio – e outros ficaram completamente desgostosos – me inclua nessa parcela – com a ideia de termos que apresentar algo na frente de todo mundo. Eu não estava nem um pouco a fim de pagar esse mico gigantesco, ainda mais por ser uma história infantil, e por isso comecei a rezar pedindo para não ir para o palco nem como árvore. Davi também ficou desconfortável com a ideia e me disse que queria fazer parte da montagem do cenário. O professor maluco pegou uma caixinha que estava embaixo de sua mesa e então pediu silêncio novamente.

— Porém, tenho uma novidade. Dessa vez vocês não escolherão o que querem fazer, pois quero que vocês se empenhem em áreas diferentes das habituais. Por isso, sortearei cada função de vocês — o professor disse e todo mundo gritou ao mesmo tempo.

Era impossível ouvir qualquer coisa por causa dos protestos, porém logo o professor deu um jeito de acalmar todo mundo dizendo que seria uma experiência legal e diferente. Ele então começou a sortear as funções, chamando cada um para pegar um papelzinho.

Todo mundo foi pegando o seu e, como estávamos na frente, fomos uns dos primeiros. Andressa pegou o papel da bruxa má, André pegou o do príncipe, e eu acabei sendo o Anão zangado. Davi riu muito da minha cara, dizendo que o papel havia caído como uma luva em mim, mas logo o seu castigo veio e ele pegou o papel do Rei. Depois de ver a cara de desespero dele até que fiquei com pena, mas então já não havia mais nada o que fazer. O resto então foi saindo: os outros seis anões, narrador, cenário, roupas, efeitos de som, história do teatro, apresentação oral dos principais nomes do teatro e outras coisas; deixando uma horda de alunos metade tristes e metade felizes.

Tudo ia bem, na medida do possível.

Até Patrícia pegar o papel da Branca de Neve.

No mesmo instante André se engasgou com um pedaço de chocolate e Andressa fez uma cara de quem declararia ali mesmo a terceira guerra mundial. Para completar, a tal Patrícia ainda fez o favor de olhar para nós e mandar um tchauzinho, deixando minha amiga ainda mais fula da vida. Bom, eu também fiquei fula, pois notei que ela havia feito isso só para provocar, e na mesma hora percebi que as próximas semanas iam ser tão conflituosas quanto uma zona de guerra.

É. Seria bem divertido.

— Eu não tenho culpa de nada! — André tratou logo de se defender ao ver a expressão furiosa da namorada, enquanto eu e Davi ficamos calados e apreensivos, apenas esperando a bomba estourar. — Não me olhe desse jeito — ele ergueu as mãos com as palmas para cima.

— Sei disso — Andressa disse com uma firmeza que pensei que ela não teria. — Só espero então que se lembre de quem gosta realmente de você e não que seja burro outra vez — ela se levantou bruscamente e foi embora, fazendo um André encrencado ir atrás dela.

— Acho que vamos ter dias difíceis pela frente — eu suspirei e Davi fez o mesmo. Pegamos nossas coisas e saímos em direção às nossas salas, já que não havia mais nada a ser feito ali, e eu aproveitei para sanar minha curiosidade, já que obviamente eu estava boiando completamente no assunto. — Então, como foi a história dessa garota com o André? — perguntei enquanto caminhávamos. Davi ainda não havia soltado a minha mão e eu gostei de me sentir um pouco normal ao andar assim com ele.

— Olha, eu não sei muito bem como foi a coisa toda, mas lembro que eles ficaram juntos por alguns meses até ela terminar.

— E por que ela acabou?

— Porque ele não é alguém que terá um futuro “brilhante”. Pelo menos foi isso que ela disse quando o pessoal perguntou, que o André nunca seria nada além de um "ninguém sem inteligência”.

— Então ela é interesseira? — cocei o queixo e Davi riu ao perceber que eu já tinha antipatia pela garota. Mas isso era óbvio, já que ela havia feito um amigo meu sofrer e eu não sabia do que era capaz. — Só espero que ela não se meta com a Andressa. E que o André não seja idiota de querer voltar caso ela tente — falei já preocupada com o futuro amoroso da minha amiga.

— Acho que isso nunca vai acontecer, Anna. Ele ficou com uma penca de garotas antes da Andressa e só se quietou depois de começar a namorar com ela. Dá para ver que ele gosta dela de verdade — Davi disse com convicção.

— Menos mal — falei, mas não tão convicta quanto ele, pois senti que essa história ainda ia dar muito pano para manga.

O que seriam dos clichês sem uma patricinha do mal?

*

O resto da manhã eu não falei com mais ninguém, pois tive que resolver uma penca de exercícios de geografia. Depois de conversar com Davi nós nos despedimos apenas desatando as mãos, pois eu ainda não sabia como agir em público, e agora que a aula acabara eu estava indo até a biblioteca para ficarmos um pouco juntos antes dele ir embora. Andressa me mandara uma mensagem avisando que já havia saído e eu a estava respondendo quando me deparei com algo que fez meu sangue ferver.

Davi estava sentado em uma mesa, parecendo desconfortável, enquanto Patrícia tagarelava ao lado dele sem parar. No momento em que cheguei ela se levantou e veio até mim toda contente, fazendo sombra no meu rosto com os seus mais de um metro e setenta.

— Estou perdendo alguma coisa? — perguntei odiando ter que olhar para cima por causa da minha altura. Davi no mesmo instante ativou o seu famoso modo tartaruga, puxando o capuz para cima da cabeça enquanto esperava Hades sair do meu corpo, e a garota abriu uma pasta rosa – será que tudo dela era rosa? – retirando de dentro alguns papéis.

— Eu estava procurando o André para entregar umas coisas que o professor pediu que eu desse para todos os que vão participar da peça — ela riu como se já tivesse encarnado a própria Branca de neve. — Você faz alguma ideia de onde ele está? — outra risadinha, e eu esperei que pássaros e esquilos aparecessem no ombro dela.

— Ele acabou de ir embora com a namorada dele — respondi imitando o jeito que ela falava e escutei Davi segurar o riso. Olhei feio para ele e ele fingiu que nem estava ali.

— Ah... é uma pena — estranhamente ela não parecia triste com isso, pois o jeito que falou era malicioso. — Bom, então você pode entregar isso para ele? — ele me estendeu duas apostilas. — A outra é sua, já que você vai participar também.

— Pode deixar comigo — fui falsa até onde não dava mais e peguei os papéis da mão dela.

— Nossa, mal posso esperar pelo começo dos ensaios. Eu adoro a parte que o príncipe acorda a princesa com um beijo...

— Eu imagino — disse tentando não explodir a cabeça dela com a força da minha mente. — Mais alguma coisa?

— Não, era só isso mesmo. Boa sorte para você e para o seu amigo — ela olhou para Davi toda melosa.

— Ele não é meu amigo! — falei alto demais e ambos olharam para mim, Davi completamente confuso. Me aproximei dois passos e a encarei nos olhos, sem me importar mais em ter que me esticar toda. — Ele é meu namorado! — sentenciei e ela piscou aturdida umas três vezes.

— Como eu disse, era só isso mesmo. Agora eu preciso ir — foi a única resposta que ela me deu antes de sair apressadamente. Cruzei os braços e percebi que Davi estava sem ação.

— O que foi, nunca me viu? — perguntei e ele saiu do estado de transe para logo começar a gargalhar. E aí, só então, eu percebi o que havia feito. Sem um pingo de paciência para olhar para a cara dele, dei meia volta e fui embora.

— Espera! — ele veio atrás de mim e me parou, me puxando pelo cotovelo. — Você está com ciúmes de mim?

Ciúmes, eu? Quem ele pensava que era?

— Claro que não, idiota — sacudi o braço para que ele me soltasse. — Acontece que eu não fui com a cara dela, mas parece que ela foi com a sua.

— Ok, tudo bem — ele sorriu daquele jeito que fazia eu me derreter toda e pegou em ambas as minhas mãos. — Mas aquilo que você falou é verdade?

— Aquilo o quê? — fiz a egípcia e olhei para o lado, tentando não mostrar que havia sido vencida por ele.

— Sobre eu ser seu namorado.

— É... — respirei fundo, sem ter para onde correr. — Vamos dizer que sim — respondi e antes mesmo de terminar a última palavra ele me puxou e me beijou, fazendo eu me sentir idiota por não ter dado o meu coração para ele logo que o conheci.

Foi um daqueles beijos quentes e intensos, pois eu estava com raiva e com ciúmes e ele estava todo arrogante por ter me visto daquele jeito. Antes que eu me desse conta dos meus atos, minhas mãos estavam dentro da camisa dele, arranhando o seu peito, e alguns livros caíram quando ele me empurrou com força contra uma das estantes. Nós então escutamos passos em nossa direção, provavelmente a solitária bibliotecária que vinha conferir o que estava acontecendo, e por causa disso tivemos que sair de fininho.

E, se a nossa vida era um filme clichê, agora ia começar a parte mais divertida.



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