Um amor de outra vida escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 54
Nova Fase - Puras Verdades.


Notas iniciais do capítulo

Mais um!
Boa Leitura!



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Antes de dizer que sente muito, sinta alguma coisa.

(Música do Capítulo)

Ponto de vista : Katherine Evans.

Um suspiro alto e dramático pôde ser ouvido,ao escapar dos meus pulmões.Fechei a porta do meu carro com brutalidade,hesitando umas quinhentas vezes antes de finalmente decidir entrar na minha casa.

    Para enfrentar tudo que viria a seguir.Para aceitar que Dean realmente havia voltado,com todo seu cinismo desnecessário.

       Pensei no quão mudada as coisas estariam a parti daquele momento.Pois com Dean aqui,eu não era a nerd anti-social que escondia um passado tenebroso demais para ser falado em voz alta.Com ele aqui,eu só era a garota que se arrepiava quando sua pele tocava a minha.Eu só era a garota sem controle,que só conseguia ser domada por ele.Eu era a garota que não resistia a Dean Walker.

    Reuni toda coragem que existia em mim,e adentrei ao que deveria ser meu lar.Logo de cara,encontrei meu pai na sala.De frente para o mini-bar,enquanto se deliciava com um whisky, logo pela manhã —o que denunciava que ele não estava melhor que eu —Seus olhos azuis recaíram sobre mim,daquela forma avaliativa e preocupada que só ele sabia olhar.Pelo que pude perceber estávamos sozinhos no cômodo,e eu não pude decidir se aquilo era bom ou não.

—Quando decidiu sumir,me deixando louco atrás de você,o que tinha em mente? Se vingar pela minha decisão? —ele questionou num tom firme.Tom que ele raramente falava comigo.Ergui meu queixo,sem me importar com sua mudança de comportamento em relação a mim.

—Não.Eu só precisava de um tempo.O mundo não gira em torno de William Evans. —aquilo soou imensamente irônico,mesmo não sendo minha intensão.Eu só queria ser sincera,e que ele respeitasse meu momento,mas estava obvio que isso não aconteceria.Meu pai não era coerente quando guiado por Larysse.Porque ela em si não é coerente.

—Katherine...Eu sou seu pai...Por favor me respeite. —ele não gritou aquelas palavras.Mas elas me afetaram,pior ainda,me causaram fúria.

—É engraçado como você gosta de repetir essa frase...Quando na verdade você nunca foi um pai para mim. —disse com deboche,querendo desabafar anos de sofrimento.Meu pai arregalou os olhos,ele não esperava aquilo.Para ser sincera,nem eu esperava.

—Como pode dizer isso? —Will indagou,incrédulo.

—Onde infernos você estava quando eu precisei de você? Fica ai fazendo esse esforço ridículo para reconstruirmos uma relação,quando nunca tivemos uma de verdade.Eu só tinha 8 anos quando fui chutada da sua vida,e você nem ao menos lutou por mim.Você abriu mão disso.E agora acha que pode controlar minha vida,trazendo alguém de volta para ela.Alguém que partiu a droga do meu coração.Por favor digo eu,você e a Larysse não tem direito algum de decidir algo por mim.Vocês tiveram uma relação destrutiva e quem saiu ferrada nessa história fui eu.Fui eu que vivi até os 17 anos,na sombra de uma mãe exagerada,que na primeira oportunidade se casou com o primeiro com quem se relacionou.Fui eu que vivi até os 17 anos,odiando essa cidade,por você morar aqui.Fui eu que vivi com um pai ausente...O que estava fazendo quando não estava com sua filha? Construindo um império para mim? Que se ferre seu império,que se ferre o sobrenome Evans,não é como se um dia eu tivesse me orgulhado dele.E se você acha que eu irei assentir e ficar calada enquanto você e a mamãe agem como pais controladores,que decidem a vida do filho,está errado.Você irá descobrir porque a mamãe precisou pagar terapia para mim. —dane-se se era a raiva que estava controlando minhas palavras.Eu queria que ele soubesse o quão machucada e desapontada eu estava.

—Eu vou relevar tudo isso,porque sei que está de cabeça quente. —ele disse com um suspiro.Fingindo-se de indiferente.Me aproximei dele,engolindo as lágrimas que queriam escapar.

—Não vai nem se defender? Nem dizer o que te fez não lutar por mim? —questionei pois por um momento,acreditei que ele faria isso.Que ele teria a decência de explicar-se. —Sendo assim...Por favor,não releve o que eu disse.Pois cada sílaba,palavra e frase vem sendo guardada por anos,até quando eu estivesse preparada para dize-las.E hoje eu estive.Qualquer chance que você tinha de ter uma relação boa comigo,acabou no momento que aceitou o Dean. —contei e dei um sorriso sarcástico.

—Katherine... —ele tentou falar,enquanto eu me encaminhava para a escada.Não me dei ao trabalho de virar,e encarar seu rosto aflito.

—Só para você saber...Se você tivesse perguntado...Quando se separou de Larysse,se tivesse perguntado com que eu queria ficar,seria você.Porque eu te amava mais do que  pode ser descrito.Sempre foi você...Mas você não me deu opção...Então,é um consolo saber que você e Larysse se sentirão culpados para sempre,pelo que aconteceu comigo,por não terem tomado a decisão certa. —declarei,e logo subi o lance de degraus.

   Eu estava fora do controle de novo.Assumindo a personalidade da garota destrutiva,que queria chamar a atenção dos pais.Eu estava voltando a ser a garota que estragou a vida de alguém.Tudo porque ver o Dean me causava isso.Porque era essa garota destrutiva que se importava com ele,mais do que consigo mesma.Mais do que com o mundo a sua volta.

   Enquanto chegava ao corredor que dava para meu quarto,quis desesperadamente que minha vida voltasse ao que era antes.Não antes em Malibu.Mas antes quando eu era só a nerd,que negava as investidas de Edward Richards.Aquela que resistia aos sentimentos que ele causava nela.Naquele exato momento,fui tão masoquista a ponto de querer que Edward não me amasse.Pois não queria que ele entrasse naquela bola de neve.Já que eu sabia que se eu voltasse a ser aquela garota,Edward não iria continuar me amando.Ele iria sofrer,e ficar decepcionado.E eu estava cansada de causar esse tipo de coisa nas pessoas.

  Estava pronta para girar a maçaneta do meu quarto,quando me deparei com a imagem de Dean saindo de dentro do quarto de hospedes.Ele estava com uma expressão a qual eu não pude definir.Seu olhar encontrou o meu,e por dois míseros segundos eu pude afirmar que ele também havia se preocupado comigo.

   Olhei mais uma vez na direção da onde ele saiu,e quase me auto flagelei ao notar o quão burra eu havia sido,por não ter reparado que alguém se acomodaria naquele quarto,quando fui buscar o biquini,ontem mais cedo.Tudo soara como um aviso cruel para mim,só que eu não havia percebido.

—Seu pai surtou ontem,por você ter desaparecido sem dar noticiais.Ele não parecia aquele cara que você tachava como “figura paterna indiferente” —Dean debochou,encostando-se na soleira da porta.Revirei os olhos.Irritada pelo fato dele querer iniciar uma conversa.Ele não poderia simplesmente me ignorar? Ele já havia feito muito pior que isso.

—Ao que tudo indica, eu sou péssima para adivinhar como as pessoas realmente são. —falei com desdém.Numa indireta tão direta que fez com que Dean adotasse uma postura de desconforto.

      Oh,ele ainda se afeta com algo!.

—Tanto faz,só comentei para não ser mau-educado.Se vamos ter que dividir o mesmo ambiente mais uma vez na vida,temos de ser, ao menos civilizados. —disse com falsa inocência.Se ele havia comentado é porque em seu intimo ele havia suposto que eu diria onde estava.

—Então estamos falando de regras de convívio,agora? Que bom,porque eu tenho várias...Ai vai uma delas: Na escola,não ouse ficar falando sobre algo de Malibu,eu não sou aquela garota.Não mais.Aqui eu sou simplesmente a garota sem sobrenome,com ótimas notas,e que namora o líder do time de basquetes.Por isso nada de “Evans” ou “Collins” Muito menos “Kristen” ,para você é Katherine. —fui clara e firme,e ele riu.Um riso sem humor,irritantemente semelhante aos que eu adorava nele.

—Pode deixar “nerd” eu só quero que o tempo passe logo e que eu finalmente volte para Malibu. Até lá já terei 18 e dane-se os que meus responsáveis querem. —ele afirmou.

—Estamos entendidos,então? Ótimo...Eu vou me trancar no meu quarto agora e voltar a ter minha vida pacata em New Town...Você deveria ir conhecer a cidade,ela é maravilhosa...Ou quem sabe você pode se sentar com Jasper,e com meu pai e então ligar para Larysse e juntos fazerem mais planos de como ferrar com a minha vida. —fui irônica o suficiente,antes de dar-lhe as costas e entrar no meu casulo.

   O meu quarto parecia estranhamente impessoal hoje.Talvez porque eu estava me sentindo assim;Sem identidade.As paredes neutras não refletiam ninguém.Nem a garota de Malibu,muito menos a de New Town.Faltavam as cores,as fotos...O brilho.Me sentei no meu local preferido do cômodo.A janela.E por 5 minutos desejei que a neve caísse e que eu reclamasse dela,para eu poder me reconhecer.Mas quando isso não aconteceu,sorri.Sorri por estar sendo tola ao querer voltar a ser aquela garota infeliz agora.Afinal eu era feliz,não é? Tinha Edward e isso deveria servir para compensar o resto.

   Pensando nele,peguei o livro que eu havia escondido no meu casaco,e o avaliei mais uma vez.Ainda intrigada com o fato dele me causar uma sensação estranha.O larguei ali mesmo,e caminhei até o banheiro,pronta para arrancar aquelas roupas e tomar um banho decente e relaxante.

   Quando fiz o que queria.Vesti uma roupa confortável,e voltei a analisar o quarto.Me perguntando o que faltava para eu decidir quem eu era realmente.Fui até o armário,e retirei de lá uma pequena caixa,na qual eu guardava as coisas da escola.A abri,e procurei por aquilo que eu desejava e não demorou para eu encontrar. Acariciei a foto com um meio sorriso,constatando que aquela era eu. Eu de verdade. A garota da foto,que estava fazendo careta ao lado de Edward Richards. Peguei um porta-retrato vazio na minha cômoda e coloquei a foto nele.

   Levei-o  até o meu criado-mudo e o deixei lá.

   Todo namorado que se preze tem que ter a foto da namorada no seu quarto,não é? —Lembrei das palavras de Edward.Bom...Eu espero que uma foto juntos sirva!.

  No clima de decoração,peguei mais uma foto e a acoplei num  outro porta-retrato.Sendo essa uma foto minha com Maggie e Nick,estávamos sentados na escadaria da escola.Eu estava rindo,encostada no ombro de Nick,enquanto Maggie tinha uma carranca no rosto.Afinal era dela que eu estava rindo.Gargalhei por aquela imagem,e notei que mesmo sem que eu percebesse eu tinha tido momentos incrível nessa cidade fria.

     Passei para a próxima.Edward,Nick,Maggie e eu no cinema.Meu namorado(que naquela época era só um quase amigo insistente)tentando me abraçar,enquanto eu me esquivava.E Maggie e Nick se olhando intensamente.Quanto tempo havia passado desde aquilo?Parecia ter sido em outro século.

   E por todas aquelas lembranças me julguei, por deixar a presença de Dean me afetar.Ele era meu passado,e nada mais do que isso. Não estou dizendo que a raiva por ele estar aqui sumiu.Só estou dizendo que não vou deixar que isso estrague o que eu construí.

   Sem que eu percebesse a manhã,e a tarde se passaram.Não sai do quarto,apenas fiquei ali,perdida naquele clima nostálgico.Quando o céu começou a escurecer,escutei algumas batidas na porta.Permiti a entrada,quando Dulce se anunciou.Ela havia me dado espaço pessoal até agora,mas pelo que parecia ela havia decidido que eu deveria me alimentar,pois carregava consigo uma bandeja farta de comida.

—Não saiu do quarto o dia todo...Fiquei preocupada com você...Achei que em algum momento desceria para comer. —ela disse,colocando a bandeja sob a cama.Seus olhos me avaliaram com carinho.

—E correr o risco de me deparar com o meu pai? Não,obrigado. —falei irônica.A verdade é que nem cheguei a sentir fome por todo esse tempo.Tudo isso tirou meu apetite.

—Não deveria ser tão dura,menina...Sabe que seu pai comete esses erros,porque não sabe a forma correta de se aproximar de você.Quando ele concordou com sua mãe,achava que isso seria bom para você.E é bom para o menino Dean também.Porque repudia tanto a presença dele,se convive com o mesmo desde que se entender por gente?. —Dulce questionou,querendo me entender.Só me foquei na parte que ela falou do meu pai,e ignorei o resto.

—Meu pai e Jasper me esconderam isso,porque eles acharam que eu não era forte o bastante para saber...Se eu não sou forte o bastante para ser comunicada de que ele viria,por que deveria ser com o fato dele já estar aqui? Eu estou com raiva,Dulce.Raiva porque tudo está misturado,eu não sei o que eu estou sentindo,e raiva é o sentimento que está sendo mais fácil de ser identificado. —admiti.Dulce ás vezes era mais compreensiva do que Larysse.Senti falta dela na minha infância,pois sempre confiei a ela meus sentimentos.No fim acho que nunca tive uma conversa sincera com Larysse sobre aquele tipo de coisa.

—Eu sinto muito por isso,querida...E não é querendo que você sinta raiva de mim também,mas eu sabia que o menino Dean viria. —ela comunicou,e eu dei um sorriso triste.

—Eu suspeitava...Mas não se preocupe,eu não consigo ficar com raiva de você. —contei.

—E o que me difere do meu filho,e de Will? —Dulce questionou curiosa.

—O fato de que ninguém consegue ficar com raiva de você. —falei e ela sorriu.Antes de me dar um carinhoso beijo na testa.

—Eu só te peço que pense em todos os lados disso,está bem? Não pense só em você...Ah...e coma tudo. —ela disse apontando para a bandeja.Sorri para ela,e a mesma se retirou do meu quarto.

  Me servi com o conteúdo da bandeja rapidamente.Logo após iniciei uma leitura interessante daquele livro que encontrei na floresta.

   Quando me cansei de fazer isso,me levantei e fui rumo a saída do quarto.Temendo o que iria encontrar se saísse,girei a maçaneta e me pus para fora.O corredor estava silencioso,como pela manhã.O quarto de hospedes estava fechado,e aquilo fez com que eu me perguntasse se descer era mesmo uma boa opção.Por  fim,ignorei meus temores,e desci a escadaria do primeiro andar,chegando rapidamente a sala.

   Ela não estava vazia.Jasper estava parado,de frende para a  vidraça que dava para o jardim.Quando notou minha presença suspirou,e logo voltou a observar as flores novamente.Me posicionei ao seu lado,e abracei meu corpo,notando o quão iluminada estava a noite.

—Não vai me dizer que sente muito,ou algo assim? —quebrei o silêncio.

—Eu te conheço o suficiente para saber que isso não servirá de nada. —ele disse,se virando para mim.Não retruquei,afinal ele estava certo.

—Eu nunca achei que esconderia algo assim de mim...E estou meio que te odiando nesse momento por isso. —fui sincera.

—O quão hipócrita você está sendo? —ele indagou,e eu o olhei incrédula. —Você não pode julgar ninguém por esconder nada.Não quando você esconde quem é,do seu próprio namorado.Não estou dizendo que não errei.Porque errei sim,quebrei sua confiança...E estou me sentindo péssimo por isso.Mas sabe de uma coisa? Eu também te conheço o suficiente para saber que você só está com raiva por estar sentindo algo que não queria.Por gostar do fato dele estar aqui,e quer transferir a culpa de sentir isso para nós,pois não a quer para si. —ele foi muito esperto ao notar isso.

—Eu não consigo nem olhar para sua cara,porque quero muito bater nela. —admito.Um riso escapa dele,e eu não consigo resistir,e riu também.

—Eu te amo,Katherine.E eu ainda vou errar para caramba,mas você vai me perdoar,porque é isso que os amigos fazem;eles perdoam. —Jasper anunciou.Assenti.

—Eu te abraçaria agora,se não estivesse com raiva. —falei frustrada.Jasper abriu os braços,me convidando.Revirei os olhos,antes de finalmente me aconchegar ali.Sentindo seu cheiro familiar,e o apertando contra mim.Minha respiração se acalmou,e eu pude sentir lágrimas se formando em meus olhos.Eu estava esgotada.

—Quando a raiva passar,converse com o tio Will. —ele pediu num tom calmo.

—Tudo bem. —concordei,apenas para não iniciar mais uma discussão.

—Eu vou subir agora. —comunicou,antes de beijar minha bochecha.Virei-me observando ele subir as escadas sem pressa.

   Decidi tomar um copo de água,antes de subir também e voltar ao aconchego do meu quarto.Me encaminhei até a cozinha.Achando que a encontraria vazia,mas ela não estava.Dean encontrava-se sentado em um dos bancos do balcão.O mesmo encarava um copo de whisky com tédio.Ele já tinha me notado ali,mas não se expressou sobre isso.Fui até a geladeira,e peguei uma garrafa de água,logo arranjando um copo,e me servindo com o conteúdo.

—Eu meio que surtei desde que você chegou,não é? —indaguei mesmo sem saber porque.Ele sorriu de um jeito leve,e tomou o gole de whisky.Coitado,acha que meu pai é o Noah.Se William Evans o pegasse bebendo aquilo,ele teria sérios problemas.

—Não é como se eu nunca tivesse te visto surtada. —Dean debochou.

—É só que...eu não consigo agir como se tivesse amando essa situação,quando na verdade... —ele não deixou que eu continuasse.

—Quando na verdade está  odiando. —foi direto. Suspirei.

—Quando na verdade eu não sei como me sinto sobre isso. —o corrigi. Quis desesperadamente que ele me entendesse naquele momento. Que por míseros segundos,ele pudesse ser o Dean que cuidava de mim.

—Eu odeio ter que ficar repetindo isso; mas você sabe que estar aqui, não foi uma escolha minha. —reafirmou aquela informação.

—É só que... —não consegui continuar.Depois de uma respiração breve prossegui. —Dean...você sabe que isso...que  nós... isso nunca se tratou de um romance clichê...Não se trata de um grande amor...Se trata de confiança...Você era a pessoa que eu mais confiava no mundo, e você encontrou diversas maneiras de quebrar o que restava de mim. —consegui desabafar o que queria.

—Eu não tinha certeza sobre o que eu sentia. —sua voz soou extremamente fria.

—Esse é o problema...Coisas ruins aconteceram por você não ter certeza. Ambos erramos,mas você...você não arcou com esse erro,junto comigo. Porque quando as consequências chegaram...Você foi embora. —acusei.

—Você que foi...Para New Town. —ele retrucou.

—Você se foi muito antes de mim. Naquela noite,muitas coisas acabaram. —afirmei.

—Eu fiz minha escolha naquela noite. —foi claro.

—É...eu percebi. —falei com a voz embargada.

—Fique tranquila...eu não vou estragar a vida perfeitinha que você construiu aqui...Somos só desconhecidos, não é? —falou,antes de tomar o resto do whisky de uma só vez,e dar as costas para mim,indo embora.

  Ele me deixou sozinha mais uma vez. Com os sentimentos me sufocando,com as verdades prontas para serem ditas.Ele me deixou sozinha para que eu mais uma vez notasse,que era assim que eu sempre estive;Sozinha.

   Reunindo o que restava de mim,após aquela conversa,voltei para meu quarto.Ao adentrar ao cômodo,tranquei a porta,e deslizei até o chão,pela superfície amadeirada.A situação estava tão melancólica que eu podia ouvir aquelas músicas tristes da trilha sonora de filmes famosos.Quando na verdade,a única coisa que existia era silêncio.

   Abracei meu próprio corpo,relembrando os acontecimentos desses últimos dois dias,e pedindo mentalmente para que amanhã as coisas voltassem a ser um pouco normais.

    Em meio aquelas reflexões,me perguntei porquê Dean tinha que ser tão frio. Será que ele ao menos sentia um pouco do que afirmava sentir por mim no nosso passado? Será que ainda existia algo daquele garoto que queria descobrir o mundo ao meu lado?.

  Sem que eu percebesse minhas mãos foram parar nos meus lábios,e eu me recriminei por isso. Por estar relembrando as caricias de um cara que havia esquecido o sentido da palavra carinho.

[...]

Ponto de vista:Autora.

  O que ela não sabia era que do outro lado daquela porta,Dean encontrava-se encostado na mesma.Sentindo cada músculo do seu corpo pedir por um abraço de Katherine.Ele só queria girar aquela maçaneta,pegar a garota em seus braços e não solta-la mais.Ele só queria que ela sorrisse para ele,daquele jeito contido que só Kristen sabia sorrir.Ele só queria que ela encaixasse sua mão na dele,e que os dois pudessem conversar como se não houvesse amanhã.

   Mas ele não podia.Magoar Katherine era a forma que ele arranjou para livrar ambos daquele sentimento tão prejudicial.Dean ainda vivia com a dor por tudo que aconteceu.A culpa lhe atingia diariamente,e ele sabia o quão difícil seria conviver com Katherine,resistindo aos impulsos.Mas ele tinha que conseguir.Porque além de ser o certo a se fazer,essa decisão não machucaria Katherine mais do que ela já estava machucada.

[...]

Ponto de vista:Katherine Evans.

   Acordei cedo para me arrumar para um dia exaustivo,cheio de eventos e questionamentos na escola.Como hoje seria o primeiro dia de aula de Dean,eu previa que ele seria regado a fofoca desnecessárias,boatos maldosos e tentativas não frustradas de garotas ridículas flertando com ele.

   A manhã estava num clima agradável,digo isso pois se encontrava em um meio termo.Nem um  frio extremo,como também nada de calor escaldante.Tudo estava ameno.

  Fui até a garagem com a intensão de pegar o meu carro.Mas quando entrei no veiculo,o mesmo não ligou.Tentei mais algumas vezes,até constatar que algo estava errado.Desci do carro,e abri o capô,quando fiz isso uma fumaça atingiu meu rosto.

  Droga!

     Quase chutei a lataria do Volvo por ele estar quebrado.Mas respirei algumas vezes para acalmar minha fúria.Olhei ao redor e não conseguir segurar um xingamento,quando percebi que os carros de Jasper e do meu pai não estavam na garagem.Ou seja,eles já haviam ido para o trabalho.O que me levava á:Eu estou sem carona.

  E o pior disso tudo?Eu morava na droga de uma floresta,como conseguiria arranjar um ônibus? Eu estava me questionando sobre isso,quando escutei o rangido de um motor,no lado de fora da minha casa.Peguei minha bolsa e fui até lá.Encontrando Dean dentro de sua Ferrari.

   Olhei para o céu,com uma sobrancelha arqueada.Sério mesmo? Questionei em voz alta.

—O que aconteceu? —ele questionou.Notando que minha cara não estava boa.

—O meu carro quebrou. —contei sem humor.

—Entra ai,eu te dou uma carona.Afinal,vamos para o mesmo lugar. —Dean ofereceu.

—Não,valeu...Eu vou ligar para uma amiga e pedirei para ela vir me buscar... —neguei,e então me lembrei que eu estava sem a droga do meu celular,e Maggie provavelmente não estava em casa,para eu ligar pelo telefone residencial. E além do mais,aquilo seria cheio de protocolos—Quer saber...a carona é uma ótima ideia. —me rendi,e passei para o outro lado.Colocando o cinto em seguida.

  Dean acelerou com toda a velocidade do carro,rumo ao nosso destino.Enquanto eu me encontrava desconfortável no banco.O som estava desligado,por isso o único barulho escutado,era da nossa respiração e do vento batendo contra as janelas.Me encolhi,e comecei a observar a paisagem de fora.

—Qual é! Katherine,não precisa ficar tão calada,você já fez coisa pior nesse banco do que só ficar sentada. —Dean debochou.Resolvi o ignorar.

—Estou realmente curiosa,para saber como conseguiu trazer esse carro para New Town. —comentei,enquanto ele girava numa curva.

—Sou filho de Noah Walker. Sempre dou um jeitinho. —revirei os olhos,após aquela frase.Eu conhecia bem aquele “jeitinho”.E quase sempre, ele envolvia ir contra as regras.

—Em qual confusão se meteu dessa vez ,para que viesse parar em New Town? —perguntei pois estava realmente curiosa,em relação a isso.

—Briguei com um cara, e parei na delegacia. —falou sem dar muita importância.

—O que ele fez? Ficou com a Tiffanny ao mesmo tempo que você? —indaguei com deboche.Mesmo sabendo que ele não se encrencaria pela Molina.

—Ele estava provocando o Oliver,falando coisas estúpidas sobre a Blair...Você sabe que Ollie não está em condições de entrar numa briga ultimamente,por essa razão fiz isso por ele. —Dean explicou.Naquele momento senti uma fúria latente inundar meu peito.

—Me diga que quebrou a cara dele. —pedi com rancor.

—E algumas costelas. —garantiu desdenhoso.

  Após isso o caminho se seguiu sem mais comentários.O último assunto tratado era de total desconforto para nós dois.E não queríamos o remoê-lo ,e muito menos aprofunda-lo.Não demorou muito para que a escola aparecesse em nossas vistas.Naquele momento notei que não seria nada bom que nos vissem juntos.Isso renderia teorias,as quais eu não queria explicar.Por isso,tirei meu cinto,e encarei Dean.

—Pode me deixar aqui. —comuniquei,colocando a mochila em meus ombros.Ele me olhou incrédulo.

—O que? Não acredito que quer que eu faça isso,apenas para que as pessoas dessa escola não nos vejam juntos. —ele disse,parecendo ofendido.

—Eu já expliquei as regras de convívio...Pode parar o carro,por favor? —pedi,e ele revirou os olhos,antes de frear com brutalidade e parar o veiculo.Desci do mesmo rapidamente,e suspirei,me recompondo.Com a intensão de ser a Katherine que todos ali conheciam e poucos gostavam.

[...]

Ponto de vista:Edward Richards.

   Com uma estranha animação matinal,estacionei meu carro no pátio do colégio e desci do mesmo.Encontrei Maggie e Nick no banco que os dois costumavam sentar,e os cumprimentei com um “Bom dia”,que fez com que ambos me perguntassem se eu havia visto um passarinho verde.Afinal,depois da perturbadora situação de ontem com Katherine e o cara desconhecido,eu deveria estar péssimo.Mas não estou,não depois de Katherine ter dito com todas as letras que me amava.Aquilo teve o poder de me tranquilizar.

—Então...preparados para o castigo do século?Aposto que a diretora Hastings,não irá nos poupar da fúria dela. —Maggie anunciou,dramática como sempre.

—Eu estou mais que preparado. —afirmei com um sorriso.

—Você está sorrindo de uma forma boba...Eu cheguei mais cedo do que a Katherine...O que está acontecendo com o mundo, hoje? —ela perguntou,fingindo-se de assustada.Nick gargalhou por isso.

—Deve haver um motivo por trás de ambas as coisas. —ele notou.

—Na verdade há.Pelo menos para a primeira...Katherine e eu estamos muito bem,obrigado. —falei num tom divertido. Maggie me olhou com uma sobrancelha arqueada.

—Tem certeza que presenciou tudo que aconteceu ontem? ... —ela indagou,e em resposta a isso Nick a beslicou. O que a fez protestar.

—Cala boca,Magnólia. —ele murmurou.Ignorei os dois,e passei a observar o pátio.E foi nesse momento que vi Katherine caminhando da rodovia até aqui.A questionei com o olhar,e ela fez uma expressão de descaso.

    Quando ela chegou mais perto,a abracei e beijei seus lábios em seguida.A mesma enroscou seus braços no meu pescoço,aprofundando nosso ato.

      Assim que o ar nos faltou,ela afundou seu rosto na curvatura do meu pescoço,enquanto eu cheirava seus cabelos.Que tinham aquele delicioso aroma de morango.

   Ouvimos uma tosse forçada de nossos amigos,e rimos disso,ainda abraçados.

—Vocês são muito fofos, e a minha vida amorosa é uma droga.Já entendemos o recado. —Maggie debochou.Katherine mordeu os lábios,e aquele gesto fez com que eu lhe desse um selinho rápido.

—Onde está seu carro? —dei voz a minha dúvida.A garota intitulada como minha namorada,revirou os olhos.

—Quebrou.Vou ter que voltar com a Maggie,hoje...Por falar nisso,temos que passar no shopping mais tarde. —ela avisou para a amiga.Que franziu as sobrancelhas.

—A Katherine me convidando para ir ao shopping?...É oficial,o mundo está fora dos eixos hoje. —a Storm anunciou.Kath,se desvencilhou de mim,e agarrou o braço de Maggie.Num gesto de carinho,a qual ela não  estava habituada a demonstrar.

—Menos,Maggie. —ela pediu.

—Okay... —a loira concordou com um sorriso. —Já que você está tão estranhamente animada,quanto seu namorado...Eu posso perguntar por que saiu fugida da minha casa as cinco horas da manhã? Maurício está chateado,não se dorme com alguém e vai embora assim. —Maggie disse como se não fosse nada.Engoli a seco.

—Quem é Mauricio? —perguntei deixando o bom humor de lado.

—O irmão mais velho da Maggie...Ah...e também o cara que tem um penhasco pela Katherine. —Nick esclareceu divertido.

—Você dormiu com o irmão da Maggie? —questionei,controlando minha fúria.Kath riu.

—Sim...Dormir,Edward...Tipo,fechar os olhos e cair na inconsciência...A gente não transou ou algo assim. —ela explicou,enquanto começávamos a caminhar em direção a entrada do prédio escolar.Me senti aliviado por sua resposta.

—Que bom. —falei breve.

—Bom...pelo menos não ontem. —ela disse sem muitos detalhes.

—Espera...Você já ficou com ele? —perguntei sem acreditar.Ela se virou,com toda aquela petulância sexy dela.

—Talvez...E se eu tiver ficado,qual é o problema? Sua boca passou pela da Hillary,e nem por isso eu estou reclamando...Mesmo que eu odeie esse fato. —ela disse com deboche.Nick e Maggie assistiam a “discussão” com sorrisos ridículos estampados na cara.

—Então é isso...Sua resposta é um “talvez”? —indaguei incrédulo.

—Sim. —respondeu.

—Sim para o fato de você ter ficado com ele,ou sim para o fato de que sua resposta é um talvez? —pergunte confuso.

—Vai se ferrar,Edward. —ela pediu com toda sua delicadeza.

—Quer saber...Até você me dar uma resposta concreta,nada de beijos...Estou anunciando uma greve nesse momento. —comunico e ela ri com desdém.

—Vamos ver quem irá se afetar mais com isso e quem se renderá primeiro. —Kath falou divertida. —A propósito...Você deve saber,que eu coloquei uma foto nossa no meu criado-mudo...Para expressar o quanto eu adoro o meu namorado. —ela disse com uma expressão de falsa inocência.Algo em mim se destabilizou por sua revelação. Katherine se aproximou,e me olhou com aquelas profundas orbes azul. —Você quer muito me beijar por isso,não quer? —ela indagou num tom baixo.

—Não. —resisti a vontade.

—Então eu vou entrar... —ela anunciou,voltando para o lado de Maggie.Assenti contrariado,ficando para trás.Katherine ainda iria me enlouquecer.

   Suspirei,balançando minha cabeça negativamente,por conta daquela situação.Mas ainda sim,sustentava um sorriso no rosto.Meus olhos de depararam com o carro do babaca de ontem.Eu nem havia reparado quando ele chegou.O mesmo estava encostado no seu veículo,conversando com Harry.Revirei os olhos para ele e então notei que Kath também estava olhando naquela direção.E assim,para minha surpresa,a mesma literalmente correu até mim,com um sorriso no rosto,e se jogou nos meus braços,gargalhando.Enquanto eu a girava no ar.Feliz por ela ter cedido.

—A resposta é não.Desde que cheguei a New Town,você foi o único cara que encostou nessa boquinha linda aqui...E sabe por que? Porque eu estou completamente atraída por você. —ela anunciou,com um sorriso malicioso.

—Seria mais romântico se esse “atraída” fosse substituído por um “apaixonada”. —brinquei.

—Cala a boca,Richards. —Katherine ordenou.

—Vem calar. —pedi,e ela sorriu antes de atender meu pedido.Antes de me beijar de uma maneira profunda na frente de todos no pátio.Antes de me fazer ficar ainda mais apaixonado por ela.


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Notas finais do capítulo

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