Hastryn: Ascensão escrita por Dreamy Boy


Capítulo 44
Culpa


Notas iniciais do capítulo

Mais um de presente pra vocês ♥
Faltam somente quatro!



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Charlotte

Caminhando trêmula pelos corredores do primeiro andar, Charlotte Yorkan estava extremamente nervosa e aflita. Suava de um modo que deixou sua roupa completamente encharcada, precisando de um novo banho para se limpar. A jovem estava separada de Hazel, pois havia ordenado que a ama retornasse ao abrigo de mulheres e crianças, para auxiliar Diana e as outras a cuidar das pessoas que lá estavam.

A princesa não desejava que ninguém a procurasse. Não naquele momento. Estava concentrada demais em suas ações e não teria paciência para se envolver em qualquer outro problema que não lhe dissesse respeito, como aquele no qual seus pensamentos atualmente se ocupavam.

Ouviu gritos e alarmes vindos do lado de fora e um pandemônio imenso se formou. Soldados anteriormente em posições de segurança começaram a correr para todos os lados, tentando controlar o fluxo de mulheres, jovens e até mesmo crianças que saíam de seus abrigos para descobrir o que estava acontecendo. Sendo tomada pela ansiedade,  Charlie os seguiu em direção ao Pátio Central. O mesmo pátio onde ficava um portão que dava acesso aos terrenos externos de Arroway e à cidade grande.

No local, um aglomerado de pessoas se formou ao redor de algo que era impossível de ser enxergado à distância em que ela se encontrava. Decidida a chegar mais perto, Charlie empurrou os cidadãos com delicadeza até encontrar o corpo de Lothar Wildshade localizado na área.

— O rei está morto! — gritou um soldado em alto som, para que os que estavam mais longe ficassem por dentro da notícia. A população de Arroway não sabia como reagir, pois todos tinham medo de que o novo rei pudesse ser um homem pior do que Lothar, mesmo que Charlotte conhecesse Elliot perfeitamente bem para jamais acreditar nessa possibilidade.

A princesa se ajoelhou, fitando o cadáver do pai. Três flechas haviam sido lançadas no peito e seus ossos foram completamente destruídos com a queda. Olhando para cima, encarou a janela do aposento, de onde o homem havia sido jogado. Um assassinato perfeitamente organizado.

Não deixou que as emoções falassem mais alto. Encorajada, ficou de pé e se virou para o povo.

— Meu povo, peço que não tenham medo do que está por vir. Arroway passará por uma reviravolta, no qual teremos uma nova aliança e Hastryn do Norte e Hastryn do Sul passarão a ser um único continente. A rivalidade entre os continentes terminou, pois Wolfric Luckov será aquele que comandará os dois tronos.

Foi quando encontrou Hazel junto da multidão. Em um gesto com as mãos, pediu para que a senhora ficasse próxima dela, para trazer uma sensação de proteção e ceder um pouco de sua força e de suas energias positivas. Ambas seriam necessárias.

Após ouvir seu nome falso, aquele que Charlotte amou desde a infância apareceu para os cidadãos, mostrando a verdadeira face do rei do sul. Os olhos da princesa brilharam quando o belo rapaz fez uma reverência de respeito a ela, mas sem perder a expressão séria e tristonha. Muitos dos seus foram atacados por guerreiros nortenhos e pelos demônios soltos por Lothar, motivo suficiente para tamanha tristeza.

Wolfric se pronunciou.

— Por muito tempo, mantive escondida minha real identidade. Fiz isso para proteger a mim e a minha amada família, pois corríamos riscos de sermos caçados por Lothar e nossos corpos pendurados nas pilhas dos mortos que serviam de alimentos aos corvos. — Ele parou alguns segundos para respirar e prosseguiu com o assunto. — Meu nome verdadeiro é Elliot Trannyth, e serei o responsável pela aliança que os unirá a Horgeon. Serei o rei de vocês!

As pessoas fizeram uma reverência respeitosa ao novo monarca, deixando-o verdadeiramente emocionado. Agora, o continente de Hastryn inteiro estaria em seu domínio e o rapaz deveria saber lidar bem com esse poder, sem deixar que isso o enlouquecesse, como o que aconteceu com Lothar.

Elliot se virou para Charlotte, que continuava estupefata ao vê-lo vivo depois de tanto tempo, e esboçou um sorriso. Passou inúmeros anos acreditando que o jovem estava morto e, ali, suas vidas voltaram a se cruzar, o que trouxe uma estranha sensação ao seu coração. Era algo adormecido por épocas sendo despertado repentinamente.

Disposta a ignorar essa incômoda sensação que a torturava por dentro, a princesa se voltou para o antigo amigo, pois tinha algo importante a dizer e não poderia esperar mais.

— As enfermarias! Os feridos precisam ser tratados para não morrerem como os outros. Peço que dê preferência aos guerreiros do norte, pois a mão de guerra vinda de Horgeon está em maior número.

Elliot assentiu, sabendo que não poderia discordar. Charlotte iria até o fim do mundo pelas pessoas de sua cidade, sendo extremamente parecida com a Rainha Katherine nesse aspecto.

Quando o assunto se deu por encerrado, ela se virou para caminhar até o abrigo das mães e filhos, para notificar Diana do que seria feito. Entretanto, a mão dele segurou a sua e a impediu de ir tão longe.

 — Iremos conversar melhor quando tudo se acalmar.

— Tudo bem. — Charlie a soltou rapidamente, mas sem ser fria. Seu tom de voz era triste e gentil ao mesmo tempo, como se lamentasse os anos que poderiam ter passado juntos.

Conforme andava acompanhada de Hazel pelo caminho mais curto até o cômodo desejado, refletiu sobre o falecimento de Lothar, chorando desesperadamente. Mesmo com o profundo sentimento negativo em relação ao pai, nunca conseguiu odiar verdadeiramente o homem, sempre sonhando que seu comportamento mudasse e ambos em algum dia fizessem parte de uma família unida. Um sonho completamente impossível de ser realizado e destruído com o início daquela guerra.

Sabia que homens morriam a qualquer hora. Prova disso foi a execução do inocente pai de Katherine, que apenas havia cometido um ato de traição para proteger o filho de um amigo de infância. Execução esta que mudou os destinos das duas gêmeas para sempre, sendo que uma delas agora estava morta. Morta graças ao rei.

Lothar não merecia suas lágrimas.

O guarda abriu a porta, permitindo o acesso de ambas. Ao encontrar a amiga viva, Diana correu em seu encontro, junto dos irmãos menores. Esboçou um pequeno sorriso em meio aos corações tristonhos e em luto pelas vidas que partiram.

— Acabou... — Diana suspirou de alívio, feliz por terem sobrevivido a mais um conflito armado. Com o passado complicado vivenciado pela família da jovem, era extremamente difícil pensar na possibilidade de estar ainda viva. — Graças aos deuses!

— Onde está a mamãe? — perguntou Daevon.

— E o papai? — Era a voz de Cedric.

Charlie não teve como responder, pois as mulheres que ansiavam pelo retorno de seus maridos se levantaram e berraram, causando uma grande confusão. Empurravam umas às outras, lutando para sair dali e procurar os homens pela cidade, sendo impedidas.

A princesa gritou.

— Parem! Enquanto ficarem nervosas, continuarão aqui dentro! Portanto, voltem a seus respectivos cantos e fiquem calmas! Não queremos que nossas crianças sejam torturadas com isso. É injusto!

Fazia um imenso esforço para continuar de pé e não se jogar sobre o chão gelado, lançando fora a máscara que utilizou por toda a guerra. Fingia ser forte para proteger seu povo, mas estava à beira da loucura e nada seria capaz de curá-la naquele instante.

Tinha o pior dos sentimentos. A culpa. Culpa por ter participado do plano insano de Elliot, que destruíra muitas vidas e matara muitas pessoas, algumas que não estavam envolvidas com a vingança do rapaz. Mas o mundo era daquele jeito, e se não fosse Elliot a iniciar a guerra, outro sulista o faria algum dia. E o resultado poderia ser muito, muito pior.

Ao olhar para um específico casal de irmãos, seus pensamentos se concentraram em apenas uma pessoa. Pessoa na qual ela havia se esquecido temporariamente, mas agora se lembrava com clareza e estava disposta a descobrir seu atual estado. Na melhor das hipóteses, teria sobrevivido e poderia retornar para os filhos. Na pior, ela já deveria se preparar para contar uma história infeliz.

Ulrick.

...

Em uma madrugada, Charlotte perdeu o sono e ficou encostada sobre a cabeceira da cama. Temia o que aconteceria com seu povo e qual seria o destino dos membros do norte. O futuro era incerto, como uma página em branco, exatamente igual a um sonho que tivera há muito tempo.

Ulrick dormia calmamente, até perceber que sua esposa não compartilhava da mesma tranquilidade. Despertou ao reparar isso, disposto a oferecer um abraço, caso fosse de seu desejo.

— O que a tortura tanto?

— É essa guerra, Ulrick. Guerras destroem vidas, destroem famílias e acabam com tudo de bom que existe. Detesto o fato de que são necessárias em determinadas situações.

— Os deuses assim desejam. É um ciclo que não temos como controlar.

Charlie sabia disso, mas nunca aprovaria tanta violência, odiando a si mesma por fazer parte de um acordo com o intuito de destruir seu pai. Aquela aliança traria consequências graves a todos, e a princesa não estava pronta para sofrê-las.

— Eu gostaria de pedir algo. Você me faria um favor?

— Farei o que desejar. — Ulrick, gentilmente, beijou sua mão direita.

— Não vá à guerra.

Pela primeira vez em cinco anos, o marido não cedeu a um pedido seu.

...

Em uma ordem feita pela própria princesa, Hazel e Diana conduziram as mulheres para fora pouco a pouco, organizando o movimento para que não pisassem nos pequeninos e, por causa disso, fossem obrigadas a voltar para a sala. Outros enfermeiros levavam os feridos para as camas localizadas no interior das alas hospitalares, onde os machucados seriam tratados com antídotos e ervas, além das operações que exigiam mais disposição, tempo e cuidado atencioso. Após deixar sua equipe realizando essas funções, Charlotte Yorkan foi em direção aos sobreviventes que aguardavam atendimentos, pois o marido ainda não havia sido levado.

Ali estavam homens de qualquer idade, desde pequenos garotos até senhores mais velhos. Charlotte procurou Ulrick entre eles, levando alguns minutos para concluir que este não fora trazido.

Decidiu revelar aos outros sua preocupação.

— Algum de vocês sabe me dizer em que local se encontra Ulrick Yorkan, meu esposo?

— Sua Alteza... — disse um garoto, que aparentava ter a idade de Charlotte, dezoito anos. — Temo em lhe dizer que seu marido agora está com os deuses. Ele...

— Não precisa falar mais nada. — Ela o interrompeu, sem grosseria. Apenas não aguentaria ouvir qualquer pessoa falar mais sobre aquele assunto. — Obrigada, de verdade.

Desejando se afastar de todos, desceu a íngreme colina e se deitou sobre a grama, em uma parte escondida e fora do campo de visão dos outros. Tinha contribuído para a morte de Ulrick, deixando Richard e Elizabeth completamente órfãos. Agora, sua obrigação seria a de criar os dois pequenos e torná-los bons cidadãos. Isso não seria um problema, pois Charlotte os amava como verdadeiros filhos, mas não sabia como lidar com a situação no geral e em como revelaria aos dois o falecimento do pai.

“Saberão que Ulrick foi um herói, lutando pelo norte até o fim de sua vida. É uma honra para qualquer filho ter sido criado por alguém assim, ao contrário daqueles que possuem parentes covardes e se lembram destes com desprezo. Pedirei para serem feitas pinturas em homenagem ao meu primeiro marido.”

Certa do que faria, ficou de pé e caminhou pelas matas, aparecendo na entrada frontal do castelo. Atravessou a ponte levadiça, que a conduziu para o pátio onde estava coberto o corpo de Lothar Wildshade. Passou direto, evitando olhar para aquele que um dia havia sido o governante de Arroway.

Richard e Elizabeth estavam com duas de suas damas de companhia, que os entretinham e faziam de tudo para que não sentissem vontade de deixar o aposento, mesmo que fossem proibidos de fazê-lo. Ao virem a madrasta, suas expressões entediantes se animaram, mas Charlie não conseguiu sorrir.

— Como está o papai? — Elizabeth foi a primeira, puxando a saia da madrasta para que se sentasse entre eles na cama. Charlotte assim o fez, trazendo ambos para mais perto e acariciando seus cabelos pretos e cacheados.

— Há algo que tenho de falar para vocês... — Tentava parecer o máximo calma possível, para conseguir manipular os enteados e conduzir seus pensamentos de forma positiva. — Estão prontos para me ouvir?

— Sim — respondeu Richard, que até então permanecia calado.

— Na nossa vida, há pessoas que chegam e vão embora o tempo todo. São poucas as que continuam até o fim, pois os momentos são passageiros e não vivemos para sempre. O que importa é o fato de que devemos fazer coisas boas enquanto estivermos vivos e, por isso, seremos bem lembrados pelas gerações futuras. A partir de hoje, Ulrick será visto como alguém valente.

Elizabeth ainda não tinha absorvido inteiramente as sábias palavras da madrasta, mas o irmão mais velho compreendeu exatamente tudo. O garoto ficou cabisbaixo, fazendo uma pergunta cuja resposta já era conhecida.

— Ele morreu?

Ela apenas assentiu, permitindo que os dois ficassem um pouco juntos e sozinhos. Decidida a não atrapalhar isso, permaneceu no cômodo, mas em silêncio por alguns minutos. A pequena Elizabeth deitava sobre o colo do irmão, que beijava seu rosto.

— É importante que vocês saibam de uma coisa. Estaremos sempre juntos nessa, pois são os filhos que os deuses me deram. Aonde eu for, serão levados comigo. Vocês não estão sozinhos!

...

Os corpos foram reunidos para a realização de uma cerimônia fúnebre. Uma tradição seguida sempre após o fim de uma guerra, sem importar os resultados desta. Desde os primórdios fora assim, tratando-se de uma despedida daqueles que lutaram bravamente em nome de sua nação e não puderam retornar para casa.

Uma última homenagem.

Cidadãos do norte e do sul, juntos, ficavam lado a lado em um imenso círculo ao redor das pilhas de cadáveres. No centro, Elliot e o sacerdote religioso do norte preparavam a cerimônia, acendendo uma tocha e prontos para cremar os falecidos.

O sacerdote falou.

— Estamos aqui para dar adeus a nossos nobres e valentes guerreiros, que não hesitaram em batalhar contra aqueles que ameaçavam sua pátria e aceitaram bravamente o fato de que poderiam cair a qualquer instante. Façamos agora uma breve e silenciosa reza individual aos deuses, pedindo para que nossos amados sejam levados aos céus.

Charlotte percebia que Elliot chorava, pois a rainha Susan havia sido morta no conflito também, sabendo que nutria dentro de si a responsabilidade por tudo o que houve. Katherine, Susan e Ulrick estavam fora da pilha e Lothar no topo desta, como uma forma de mostrar o monarca falecido para todos os presentes e lembrá-los de que aquele era o início de uma nova era.

Elliot tinha a tocha grande em mãos, e caminhava lentamente até ficar bem próximo dos corpos o suficiente para lançá-la nestes. Quando o fez, fechou os olhos e deixou que as chamas os consumissem. As cinzas seriam enterradas nos cemitérios de Arroway e de Horgeon. Eram duas pilhas, uma para cada reino.

Após o fim da oração, aos poucos os habitantes da cidade foram para suas respectivas residências e dormitórios, deixando apenas Elliot, Charlotte e Hazel no recinto. Aqueles que ainda se despediriam dos três que restaram.

Um incômodo silêncio preencheu o campo, de modo que nenhum dos três conseguisse pronunciar alguma palavra diante de seus amigos mortos. Elliot circundou os corpos e ficou paralisado em frente ao de Susan, ainda em choque.

Charlotte decidiu se aproximar do amigo e colocou a mão sobre seu ombro.

— Entendo mais do que ninguém o que está sentindo... — A dor que compartilhavam era exatamente a mesma. Três vidas tiradas para que ambos ascendessem. Charlotte, livre do domínio de Lothar e Elliot, rei dos dois continentes. — Mas o que está feito, está feito. Nada será capaz de trazê-los de volta... Devemos rezar por suas almas.

Mesmo que não tivesse verdadeiramente aquele pensamento, a jovem se segurava para não deixar a loucura e o pesar destruíssem sua sanidade mental a ponto de querer se matar como forma de punição. Antigas histórias falavam de monarcas, príncipes e princesas que tiravam a própria vida, pois não viam outras formas de se castigar pelos atos cometidos em terra. Por mais que fosse difícil continuar, Charlotte não seguiria aqueles exemplos.

— Você tem razão... — disse ele, se virando para o corpo de Katherine. — Elas eram tão jovens e tão bonitas... Foram para o paraíso cedo demais. Se eu pudesse, trocaria de lugar com as duas!

— Eu faria exatamente o mesmo.

Antes de queimar os três corpos, Elliot fitou com atenção o de Katherine. Subitamente, sua expressão triste se modificou, mostrando estar surpresa com algo. Entretanto, permaneceu calado ao notar que Charlotte o observava.

— Aconteceu algo? — perguntou, sem conseguir controlar a dúvida. Estava também curiosa com o que seria tão importante a ponto de chamar a atenção do rei naquele momento.

— Apenas pensava sobre Evelyn. Ela tinha de estar aqui para se despedir da irmã mais nova. Estou preocupado com o que pode ter acontecido para não ter vindo. Agora que terei controle sobre esta cidade, poderei abrigá-la e fornecer a ela uma condição favorável, se ainda estiver viva. Será uma forma de agradecimento a Gregory e aos anos de amizade que mantive com as gêmeas.

Charlotte viu nele o mesmo garoto de sempre, que queria ajudar as pessoas do melhor jeito possível. O garoto que diariamente visitava o Poço dos Desejos para depositar uma moedinha ou um artefato de grande valor sentimental, sonhando se tornar um cavaleiro ou alguém importante na história de Hastryn. O sonho aconteceu.

Segurando as mãos da ama e do amigo, disse:

— Iremos achá-la juntos.


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Notas finais do capítulo

Faço essas perguntinhas: Evelyn está viva? Se sim, para onde foi?



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