Hastryn: Ascensão escrita por Dreamy Boy


Capítulo 43
O Segredo da Floresta


Notas iniciais do capítulo

Agora, sim! Um dos capítulos mais decisivos da história :)



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Lothar

De mãos dadas com Teresa Wildshade, o pequeno Lothar caminhava pelas extensas florestas de Arroway, onde foi erguida para a família uma construção propositalmente distante do castelo. Construção cuja função principal seria abrigá-los em épocas de extrema necessidade, como quando eram realizadas atividades de caça e as nuvens escureciam o céu, alterando o clima e fazendo chover torrencialmente, inundando o caminho de volta.

— Mamãe, hoje passaremos a noite aqui?

— Se preciso for, sim. — disse a mulher, envolvendo a criança em um abraço carinhoso que a aquecia e assim evitava que morresse de frio. — Nossa caça demorou tempo demais e agora é possível que chova até ao amanhecer.

— O papai ficará preocupado...

— Phillip está ciente do que pode acontecer em relação a nosso clima, meu amor. Não será surpresa nenhuma se não aparecermos hoje, desde que retornemos amanhã após o dia nascer.

Naquele momento, estavam no fim da tarde.

Quando a noite chegou, o tempo passava de forma bastante lenta. O que pareciam horas provavelmente não haviam sido mais do que poucos minutos, de modo que Lothar ficasse acordado durante a madrugada inteira à espera do alvorecer. Entretanto, o garoto evitava se mexer para não atrapalhar o sono de Teresa, preferindo permanecer na posição em que se encontrava.

Apesar da pequena idade, tinha grande potencial para se tornar um bom guerreiro no futuro. Já conseguia caçar animais de porte médio e arrancar suas carnes, normalmente servidas em refeições no palácio. Phillip e Teresa eram admiradores de sua coragem e isso o tornava bastante feliz, pois não eram todos os filhos da época que conseguiam deixar seus respectivos pais orgulhosos. Muitos sentiam medo de sequer tocar em uma espada, um gesto revoltante para Lothar. Se a vida os obrigava a utilizar aquilo, era um dever aprender uma maneira de se identificar com o que havia sido colocado em suas mãos, sem reclamar ou recusar o ofício.

Seus pelos se arrepiaram ao ouvir um alto uivo vindo das áreas arborizadas próximas às da casa. Amedrontado, Lothar não teve outra escolha a não ser acordar a mãe. Para isso, sacudiu seu vestido longo até que a mulher abrisse os olhos.

— Mamãe! Mamãe!

— O que houve, filho? Por que está com essa cara de assustado?

— Lobos estão por perto...

Enfim compreendendo a gravidade da situação, a rainha ainda assim não deixou que o medo a cegasse e a impedisse de pensar com clareza. Tinha uma pequena vida para proteger, portanto, enfrentaria o que fosse preciso para manter o príncipe Lothar a salvo dos perigos que corria.

— Fique calmo! Não faça nenhum movimento brusco e evite qualquer tipo de barulho que possa chamar a atenção desses animais. Vou apanhar nossos arcos, mas vamos pedir aos nossos deuses para que não seja necessário utilizá-los.

Em poucos instantes, Teresa retornou com duas aljavas e dois arcos, feitos de tamanhos diferentes para se adequarem ao corpo dos que os utilizariam. Lothar apanhou um de cada de acordo com o seu porte e posicionou a aljava em suas costas, preparando uma flecha no arco para o caso de invasão.

— Seja forte e me ajude nisso. — Teresa se ajoelhou e beijou a testa do filho. Aquele beijo poderia ser o último, portanto, a mãe o abraçou antes de continuar a falar. — Devemos trabalhar em conjunto para retornarmos vivos ao castelo.

Assim se iniciou a primeira batalha verdadeira de Lothar Wildshade.

...

Nada mais poderia ser feito. Por sua culpa, havia grandes chances de Katherine estar morta naquele momento, carbonizada pelas chamas das serpes ou tendo seu corpo destruído. No entanto, Lothar teve medo de descobrir a verdade, optando por seguir o trajeto em direção ao Palácio de Arroway. Desejava não encontrar nenhum ser humano da nação inimiga durante esse percurso e silenciosamente implorava aos deuses para terem piedade de sua esposa e a deixassem viva. Além disso, torcia para que os répteis conseguissem dizimar todo o exército inimigo e garantir o sucesso do norte naquela guerra.

Permaneceria em seu aposento até o fim do conflito, acreditando que os animais se cansariam de ficar pela cidade em algum momento e retornariam a seus respectivos lares, as Montanhas Assombradas. Era seu plano desde o começo, se fosse preciso utilizá-lo. Caso contrário, Lothar ainda não havia pensado no que faria com duas criaturas enormes e famintas aprisionadas nas matas negras.

Distanciou-se das ruínas da construção, atravessando a floresta e cruzando as cercas que delimitavam as áreas proibidas. Chegou a uma parte arborizada que era mais iluminada pelo sol, facilitando sua trajetória e melhorando seu campo de visão. O cavalo estava ficando novamente sem fôlego e seus passos mais lentos, mas Lothar insistia para que resistisse e os levasse a salvo.

— Terá o tempo que precisar para descansar quando chegarmos lá. — O rei acariciou sua crina, em uma tentativa de motivá-lo a continuar. Em resposta, o cavalo relinchou e o obedeceu. — Seja forte!

Havia uma entrada secreta por trás do castelo, conhecida pelos Wildshade de gerações anteriores e pelas rainhas Lucy e Katherine. Lothar, quando não desejava encontrar cidadãos pela parte frontal, utilizava aquela passagem e passava por atalho até as escadarias, que levavam aos andares superiores e aos aposentos da família real.

Os cômodos estavam assustadoramente silenciosos, como se até mesmo os abrigados ali dentro houvessem sido mortos. Lothar deixou o cavalo amarrado dentro do estábulo e correu para dentro, suspirando de alívio ao ouvir vozes distantes de crianças e de mulheres que as acompanhavam. Afinal, nem todos tinham perdido suas vidas. Lothar não se preocupava exatamente com o bem-estar da população, mas precisaria de uma para que seu reinado continuasse a fazer sentido.

 “Sem um povo, não existe um rei. O que seria da dinastia Wildshade se não existissem pessoas que os contemplassem, respeitassem e trabalhassem como seus servos?”

Foi até as cozinhas, à procura de um barril grande e repleto de vinho, para encher suas taças e se tranquilizar um pouco. Aquela bebida o acalmava até em momentos eufóricos como aquele, sendo uma amiga eficiente. Os goles eram tomados de forma extremamente rápida, fazendo o homem tossir cada vez mais conforme a quantidade de álcool no organismo aumentava.

Ao se sentir tonto, sentou-se à mesa e tomou um pouco mais de vinho. Vários pensamentos se passaram pela sua mente, desde a infância até os dias atuais. Pensamentos que envolviam a família em inúmeros momentos de união, que permaneceriam para sempre em suas lembranças, guardadas com carinho.

Relembrou o dia em que realizou uma aventura ao lado da mãe. Aventura esta que resultou em uma terrível tragédia.

...

De início, as feras não demonstraram interesse em adentrar a construção para atacá-los, preferindo devorar os animais menores que se encontravam ao redor da casa, como coelhos, esquilos e castores. Lothar e Teresa se entristeciam ao ouvir a cena e os gritos daqueles pequenos seres tentando inutilmente fugir com vida.

— Mamãe... — Lothar sussurrou, evitando ser ouvido por aqueles que estavam do lado de fora. — Estou com medo de não sobrevivermos. São muitos!

— Filho, não perca a fé! — Teresa o encarou seriamente, proferindo a frase como uma ordem. Seu tom de voz era firme e sério, o que fez o filho parar de tremer e focar no comando. — Apenas não faça barulhos!

Entretanto, nem mesmo isso foi capaz de evitar o que já era praticamente previsto. Após empurrarem com violência a porta da frente, os animais adentraram a moradia e uivaram, provavelmente farejando os cantos à procura de carne fresca. Lothar e Teresa se encontravam em um cômodo mais acima, com armas em mãos para quando fossem encontrados.

A casa ficou em um silêncio aterrorizante por muitos minutos.

Quando a porta do quarto se mexeu de leve, ambos já sabiam o que os aguardava. A primeira flecha foi lançada pela mãe, e o filho repetiu o gesto. Atingiram dois lobos em pontos vitais, um no pescoço e outro no coração. Os restantes adentraram o recinto, sem que a mulher tivesse tempo suficiente de sacar mais uma flecha.

O filho se posicionou em sua frente, mirando diretamente no olho esquerdo do animal e acertando o alvo corretamente. O lobo gritou e rosnou de raiva, correndo na direção do garoto. Teresa retirou um punhal das vestimentas e cravou no corpo do bicho, repetindo o gesto até que estivesse morto. Armas pequenas estavam guardadas em suas roupas para casos de vida ou morte.

Eram lobos um pouco maiores do que os normais. Uma raça diferenciada, conhecida por ser mais pacífica, porém agressiva quando o instinto da fome falava mais alto. O alfa do grupo era ainda maior, com os olhos brilhantemente vermelhos como uma rubi e era o único dotado da capacidade de reproduzir a raça. Uma vez morto, a raça corria risco de ser extinta, pois demorava um tempo considerável até que outro lobo se descobrisse o alfa que prosseguiria com o legado de seu antecessor. Os descendentes de posições inferiores eram mais fracos e muitas vezes considerados de outras raças, pois seu tamanho era menor. Apesar disso, o número de lobos daquela espécie apenas crescia.

— Corra! Utilize as janelas e vá para fora! — gritou Teresa, tentando conter a quantidade absurda de lobos que invadiam o cômodo. — Estarei logo atrás de você!

Lothar inicialmente relutou, mas obedeceu. A janela estava semiaberta o suficiente para que um adulto conseguisse atravessá-la, portanto, o garoto não teve dificuldades. Permaneceu escondido atrás de uma pilastra, aguardando até que a mãe descesse também.

Teresa saltou.

— Filho, onde você está? — O príncipe apareceu e a rainha, com uma expressão de alívio, o puxou. — As janelas estão fechadas. Demorarão a nos encontrar, portanto, aproveitaremos esse tempo para nos distanciar deles!

Após rasgarem uma peça de cada roupa e as deixarem em cantos diferentes para confundi-los, ambos seguiram pelas matas, tomando o devido cuidado para não pisarem em galhos situados ao solo e em poças de água, o que era bastante difícil em uma noite chuvosa. Conseguiram ficar afastados das feras, mas estas continuavam a farejá-los e Lothar ouvia passos vindos de longe.

Ficaram agachados atrás de uma moita, rezando para que os animais passassem direto e não os sentissem ali, de modo que seus cheiros se misturassem aos da lama e tornassem mais difícil a caça predatória.

A respiração de Teresa parou quando o maior lobo do bando se posicionou em sua frente e teve a certeza de que os dois se encontravam ali. A mulher preparou a arma, antes que fosse atacada, mas o nervosismo impediu que o lançamento da flecha fosse certeiro. Devido ao erro, foi aberta uma possibilidade para que o lobo alfa corresse em sua direção e a derrubasse.

— Lothar, vá! — Teresa havia largado as armas e, com as fortes mãos, tentava conter o ataque do animal por tempo suficiente até que o filho fugisse. — Vá até seu pai e busque ajuda!

— Não posso deixá-la aqui sozinha! A senhora vai morrer!

Teresa conseguiu recuperar o equilíbrio e trocar de posição com o lobo, deixando-o sobre o chão. O animal tentava descontroladamente mordê-la, mas as esquivadas da mulher eram rápidas o suficiente para não ser atingida e provocar ainda mais a fera.

— Por favor!

Lothar relutava em obedecê-la, mas sabia que era a única ação que lhe restava. Quando encontrasse Phillip, retornariam com reforços e teriam a chance de tirar a rainha daquele perigo. Teresa era habilidosa e, se os deuses permitissem, permaneceria viva e lutando até o momento em que chegariam.

O menino se virou e correu, até ouvir um grito de dor vindo do local que deixava para trás. Olhando para a fonte do grito, encontrou a mãe caída, com o pescoço aberto e sangue escorrendo dessas aberturas, causadas pelos dentes do lobo. Mesmo assim, a mulher não desistia e se esforçava para matá-lo. Em uma dessas pesadas investidas, abriu sua garganta com o mesmo punhal utilizado anteriormente.

As outras feras estavam por perto, apenas observando o ataque de seu mestre. Quando este foi morto, apareceram, prontos para vingá-lo. No entanto, todos ficaram assustados quando Teresa se virou e os encarou com o olhar.

Somente depois de alguns instantes, Lothar entendeu a razão.

A mulher tremia de um jeito que nunca havia acontecido antes. Seus cabelos se arrepiaram de súbito e os olhos arregalados tinham uma tonalidade única branca. Sem fôlego, a mulher caiu ajoelhada e lutava para respirar. Seu corpo suava e umedecia as vestes.

Pelos surgiram em seu corpo e aos poucos sua consciência era abandonada, porém, a rainha tentava lutar contra si mesma e impedir que aquilo continuasse.

— Lothar... Vá!

O menino, sem olhar para trás outra vez, foi.

A alcateia não o perseguiu, provavelmente pelo fato estar concentrada demais na assassina de seu alfa do que em um pequeno fugitivo. Viria atrás de Lothar apenas quando Teresa estivesse caída a seus pés e se tornado a nova fonte de alimentação da noite.

...

Desejando ficar sozinho, Lothar adquiriu forças para subir as escadarias até chegar a seu precioso quarto. No local, trancou as portas e deitou sobre a cama, deixando que os mesmos pensamentos continuassem em sua mente, sem evitá-los nem por um segundo.

Foi quando parou para olhar a antiga pintura da Rainha Lucy.

— Oh, minha doce esposa... Como eu queria que estivesse comigo até os dias de hoje. A vida em Arroway certamente seria muito melhor e mais promissora...

Lothar apanhou um travesseiro e o abraçou, fechando os olhos, deixando-se levar pela loucura. Relembrou os dias em que andava de mãos dadas com Lucy quando eram apenas jovens que não tinham um reino inteiro nas costas. A partir do momento em que foram obrigados a governar Hastryn do Norte, os trágicos fatos pareciam ter começado a acontecer com mais frequência.

— Se os deuses realmente existem, espero que esteja em um local pacífico e sem complicações como o que vivo. Jamais nos encontraremos...

“Sou indigno de estar no paraíso.”

Os ensinamentos religiosos pregavam com veemência a existência do Paraíso e do Mundo das Sombras, dois lugares distintos para onde os mortos iriam após passarem pelo juízo do Supremo Criador. Nesse juízo, todos os erros e atitudes bondosas cometidos em Grimwerd eram pesados em uma balança, sendo o lado de maior peso decisivo para onde ficariam eternamente.

Lothar não tinha completa fé da realidade desses ensinamentos, mas optou em não proibi-los, em homenagem à memória da esposa. Lucy tinha uma fé admirável, que jamais seria quebrada ou colocada em dúvida. Talvez tudo fosse mais fácil se o rei tivesse o mesmo pensamento.

No mundo terrestre, agora tinha Katherine. Uma belíssima jovem, que se mostrava uma mãe e esposa extremamente carinhosa, o que o assustava. Como uma pessoa conseguiria se apaixonar pelo assassino de seu pai? Estava longe da possibilidade de Lothar compreender aquilo, de modo que sempre acreditava haver um plano maior de vingança que a envolvia.

Esse foi o principal motivo de ter acreditado com rapidez nas palavras da vidente e se planejar antes do iniciar da guerra. Por outro lado, Lothar realmente tinha adquirido um amor à primeira vista pela atual rainha, vivendo em uma contradição interna sobre qual dos dois lados deveria escolher. Ambos eram arriscados e poderiam trazer sofrimentos posteriores. Entretanto, tudo corria o risco de estar acabado, e Lothar poderia perder novamente a chance de ser feliz no casamento.

...

Preocupado com a família, Phillip Wildshade não conseguiu adormecer e aguardou em seu aposento até que fosse dada a notícia da chegada da mulher e de seu filho caçula. Ao encontrar o pai, Lothar o abraçou carinhosamente e demorou a soltá-lo.

— Papai, me ajude!

— O que está acontecendo? Onde está sua mãe?

— Está na floresta e em perigo!

Explicando o ocorrido o mais rápido que pôde, Lothar alertou o pai sobre a gravidade daquela situação. Em seguida, o rei inicialmente ordenou que deixassem a criança em segurança no castelo e selecionou um grupo de homens para irem à floresta negra, mas o príncipe o convenceu de que não saberiam o local exato de onde a mãe estaria caso não o levassem junto.

O estado de Teresa tinha se agravado. O que aparentava ser uma transformação chegava perto do estágio final. A mulher já tinha pelos nos braços grossos anteriormente lisos e finos, seus dentes se tornaram pontudos e ela parecia ter perdido por completo a consciência humana que ainda lhe restava.

Os lobos atacaram a comitiva.

Em um intenso conflito, Phillip e seus homens batalhavam para matar os animais e impedir que suas vidas fossem tiradas daquela forma rude e violenta. Além disso, eram também obrigados a enfrentar a própria Teresa, que adquiria a forma dos membros do bando.

Havia uma lenda antiga quase nunca mencionada, que pregava a existência de licantropos, em uma única raça de lobos. Consistiam em pessoas afetadas por mordidas em determinada época do ano, desenvolvendo habilidades selvagens desde então. Nessa lenda, qualquer um que matasse o alfa, sendo um lobo natural da raça ou um humano transformado, seria o novo líder do grupo.

O cenário se tornou confuso, pois a chuva e o escuro atrapalhavam as visões deles. As tochas acesas aos poucos se apagavam pelas águas que caíam do céu e impediam que o fogo continuasse iluminando as matas. Isso trazia vantagem aos animais, que matavam vários dos aliados dos Wildshade em questão de poucos minutos.

Contudo, nenhum dos guerreiros desistiu e todos permaneceram com seus objetivos. Objetivos agora que tinham mudado e se concentravam em apenas dois planos: derrotar Teresa e trazer o rei e o príncipe de volta.

O número de lobos abatidos era proporcional ao de homens também mortos pelas feras famintas e sanguinárias. Houve um momento em que os guardas não tiveram mais forças para se levantar, gritando de dor, e havia apenas sobrado Teresa, Phillip e Lothar.

A licantropa correu na direção do rei, disposta a matá-lo com um só golpe, porém, o homem brandiu a espada rapidamente e a obrigou a se afastar. Teresa rosnou, raivosa, andando ao redor dos dois alvos que almejava destruir.

Lothar estava incrédulo com o fato de que sua própria mãe havia se tornado um monstro em questão de minutos. Aquela espécie de lobos representava um grande perigo para a nação do norte, precisando ser extinta o mais rápido possível. Lothar compreendia isso.

O garoto apanhou a espada mais leve que conseguiu, em um dos rapazes cujo cadáver se encontrava perto. Tremia de nervosismo ao pensar na possibilidade de sua própria mãe desejar tê-lo morto a seus pés.

Quando a mulher novamente foi até Phillip, sua agilidade fez com que a lâmina do homem caísse de suas mãos e fosse lançada para longe. Lothar, em um reflexo rápido, cravou a arma nas costas da mãe e tirou a vida da licantropa, antes que seu pai fosse afetado.

...

Muitos anos depois, Lothar ainda se sentia culpado pelo fato ocorrido no passado. Não importasse o que poderia ter acontecido, jamais deveria ter assassinado a mulher que o trouxe ao mundo, mesmo que fosse para defender alguém. Passara dias sem comer e sem falar com nenhum ser humano que habitasse a cidade, demorando até se reestruturar mentalmente.

Após aquele fato, Phillip Wildshade ordenou que fossem construídas cercas ao redor das matas negras, e que todos os pertencentes àquela espécie de lobo fossem extintos para problemas posteriores serem evitados. A partir daí, foram criadas inúmeras lendas que diziam respeito a denominados lobisomens e outros tipos de criaturas transformadas em períodos que acompanhavam as fases da lua, sendo que a única real era a que dizia respeito ao passado de Teresa.

Despertando do transe, Lothar se levantou e caminhou até a varanda dos aposentos. Observou a cidade de Arroway destruída, refletindo sobre as ações que foi obrigado a cometer para que permanecesse no trono. Teria feito exatamente o mesmo se tivesse que escolher novamente.

Entretanto, esse sentimento de certeza durou por pouco tempo. Quando a porta do aposento foi arrombada, o homem se virou para descobrir quem havia feito aquilo. Arregalou os olhos ao encontrar aquela cena, perplexo com o fato de estar desarmado exatamente naquele instante.

...

Após uma discussão forte, Lothar recebeu três flechadas no peito. Sem ter como resistir, caiu morto no chão da varanda, sobre uma poça de sangue. Seu corpo foi lançado do alto pelo assassino, para que todos lá em baixo soubessem do falecimento do rei e do tão aguardado fim da guerra.


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Notas finais do capítulo

Começou a reta final! Acaba a matança e se inicia o mistério!
Quem matou Lothar Wildshade? Façam suas apostas e se lembrem de TODOS os personagens possíveis, desde os que já apareceram, os que ainda estão aparecendo até os que foram somente mencionados!



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