Hastryn: Ascensão escrita por Dreamy Boy


Capítulo 40
A Herdeira


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo focado em uma personagem que vocês, provavelmente, não esperavam que teria. Hahahah.



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Susan

Vincent Prince jazia em sua cama, adoecido e à beira do falecimento. Wolfric havia deixado a filha do homem em sua companhia naquele quarto, para que passassem juntos seus últimos instantes, sem que ocorressem interrupções feitas por pessoas indesejáveis que perambulavam no castelo.

— Sentirei tanto a sua falta... — Ela acariciava os poucos tufos de cabelos grisalhos do senhor, relembrando a época em que aquela careca era coberta de belos fios. — Como lidarei com isso?

— Infelizmente, a morte é algo inevitável que vem para todos nós. Querida filha, pense nos bons momentos que tivemos ao longo de minha vida e em como acompanhei seu crescimento durante esses anos. Tivemos sorte!

— É verdade...

— Saiba que estou muito orgulhoso de você.

Susan levou a mão direita do homem aos lábios e logo depois a colocou entre as duas, em um gesto de carinho que provavelmente seria o último.

— Não estou pronta para perdê-lo também. Além disso, há uma nação inteira lá fora. Sou extremamente indigna de herdar a coroa e incapaz de governar Horgeon sozinha. 

— Todo monarca passa por inseguranças no início de seus períodos. É justamente por causa desse misto de sentimentos que existe em seu coração que reconheço sua habilidade para tal feito. — Vincent, em meio à dor e ao sofrimento, esforçava-se para continuar falando e conseguiu esboçar um sincero sorriso. — Wolfric irá ajudá-la. Confio de verdade naquele bom rapaz.

— Ele realmente é maravilhoso... — Seus pensamentos se direcionaram ao jovem que a esperava do lado de fora. — Os deuses me concederam alguém especial.

— Você o ama mesmo?

A princesa ficou cabisbaixa, demorando um pouco a responder. Quando se sentiu pronta, respondeu balançando positivamente a cabeça. Tinha um medo profundo de assumir aqueles sentimentos para si mesma, por mais que em algumas vezes ficassem claros a ponto de qualquer um na corte ser capaz de notá-los. Sabia que o coração de Wolfric pertencia a uma garota nortenha, portanto, jamais haveria a chance de tê-lo para si. No entanto, estava disposta a se aliar ao rapaz para dar continuidade ao plano de vingança e ao mesmo tempo fazer pagar caro aquele que matara seu avô, Hector Prince, no campo de batalha.

— Ele sabe disso?

— Creio que não totalmente. É muitíssimo claro que nossas alianças e acordos são feitos na base da lealdade e da confiança, sem que jamais tocássemos nos assuntos relacionados a amor ou um futuro familiar que nos envolva.

— Nossos deuses sabem o que fazem. Wolfric a amará da mesma maneira que você o ama hoje, se for para acontecer. Seja paciente e espere até que os objetivos de nossos seres da natureza e dos céus se mostrem. Tudo acontece por uma razão específica.

Ficou em silêncio, sem saber o que falar diante das sábias palavras do senhor. Vincent era um grande homem, bastante respeitado pela população da cidade. Dificilmente existiria um monarca que o superasse nos métodos de governo. Susan se sentia extremamente orgulhosa por ser sua descendente.

— Seja feliz, sem importar as circunstâncias.

Seus olhos se fecharam para sempre. Quando isso aconteceu, Susan Prince sabia que o homem havia falecido, partindo para o mundo dos mortos.

...

Afastados um do outro, os monarcas do sul lutavam contra seus respectivos adversários e causavam um imenso banho de sangue nesses soldados. Seus soldados sobreviventes estavam em maior número, diminuindo mais a cada minuto os pertencentes a Lothar Wildshade. Assim que existisse uma brecha para largarem o campo, caçariam o rei da nação rival por toda a cidade até que estivesse morto a seus pés.

Somente assim aquela guerra teria fim.

Pensando no sucesso dessa missão, a herdeira dos Prince batalhava valentemente contra os grandes sujeitos que se julgavam fortes o suficiente para vencê-la somente pelo fato de que era uma mulher. Estes se decepcionavam consigo mesmos ao falhar e terem espadas cravadas em seus peitos, barrigas ou pescoços.

O oponente do momento era astuto, percebendo o ponto fraco dos que tentaram atacá-la com pressa e bolando estratégias para conseguir alterar os resultados daquele quadro. Susan tinha muitas forças e estava disposta a dizimar os restantes membros. Considerava intermediária a quantidade dos que foram mortos pelas suas mãos, mas estava aliviada com o fato de que tinham mais probabilidades de vencer.

Irritada com a demora do rapaz, decidiu iniciar a luta, investindo em sua direção como um gato faminto caçando os roedores que lhe serviriam de refeição. A espada acertaria seu braço esquerdo, mas o reflexo foi mais rápido e a lâmina cortou o ar quente. Susan se virou para trás antes que ele tivesse a oportunidade de golpeá-la nas costas, passando por debaixo de suas pernas e tirando seu equilíbrio ao ficar de pé. Preparou-se para enfiar a espada em sua garganta, porém, um desvio foi feito no exato momento em que mais uma alma seria entregue à morte. 

Com os pés, o adversário tentou segurar uma das pernas de Susan, que saltou antes de ser encurralada e derrubada. A princesa aproveitou o atraso do inimigo e direcionou a espada a seu braço, provocando um grito de agonia vindo do alvo. Em seguida, cortou sua garganta com rapidez, finalizando a disputa sem perder tempo.

Entretanto, teve apenas poucos segundos de descanso.

Um adversário mais alto e corpulento se posicionou à sua frente. De pele negra, barba e cabelos escuros, o guerreiro estava pronto para enfrentá-la. Seu nome era Ulrick, pronunciado por Lothar antes da fuga realizada. Susan conseguiu ouvi-lo.

— Senhor, desista enquanto há tempo. — Seu maior desejo era parar de tirar vidas de seres humanos, pois chegara a um limite dificilmente atingido antes. Eram mortes que permaneceriam em sua memória para sempre. — Desista e convença seus aliados a fazerem o mesmo. Assim, serão poupados e poderão continuar em suas respectivas posições durante nosso governo.

— Nunca abaixaremos a cabeça para Horgeon. Foi um juramento que fizemos e não deve ser quebrado, sem importar quais as hipóteses ou circunstâncias que nos restam.

“Antes morrer lutando do que viver fugindo.”

Esse lema não se aplicava ao próprio Lothar. Susan engoliu em seco, com o objetivo de eliminá-lo. Admirou a coragem de Ulrick, pois muitos dos guerreiros correriam para longe de adversários poderosos na primeira oportunidade que surgisse, sem se importar com os que restariam de seu grupo no final do conflito.

Mas aquele era diferente.

Ulrick Yorkan utilizava uma espada maior, o que dificultaria as investidas de Susan. Lâminas e escudos normais eram objetos menores e mais fáceis de serem retirados das mãos de seus donos, mas aquela era extensa e, se lançada, poderia perfurar seu corpo em questão de instantes.

Retirou um punhal das vestimentas, lançando o objeto na perna esquerda do homem, que percebeu a tempo e conseguiu se afastar a ponto da arma atingi-lo em raspão. Possuído de uma raiva comum em lutas, Ulrick correu até ela com a arma posicionada.

Dois lutadores fortes, representando as duas pátrias historicamente rivais há séculos. As lâminas se chocaram, causando um som arrepiante a qualquer um. A ponta da espada de Ulrick esteve bem próxima do pescoço de Susan, mas não o bastante para cortá-lo. Com o cotovelo, a rainha conseguiu impedir que o objeto chegasse mais perto.

Ulrick a empurrou, de modo que ambos caíssem sobre o solo quente. Com socos e chutes, eles se confrontavam sanguinariamente, como se fossem inimigos mortais. Nesse processo, ambos perderam a posse de suas armas, tendo os membros superiores livres no combate físico que os envolvia.

Aproveitando-se desse momento, Susan correu até o local onde o punhal havia caído, apanhando o objeto e o erguendo, no exato momento em que Ulrick se jogava para cima de seu corpo. A lâmina entrou em seu peito, fazendo-o gritar de dor.

Misericordiosamente, a mulher a retirou e a cravou novamente com mais força, tirando sua vida o mais rápido possível. Em seguida, utilizou as mãos para fechar os olhos arregalados do falecido.

Levantou, olhando para os que foram mortos por suas mãos.

— Que os deuses cuidem de vocês.


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Notas finais do capítulo

E aí, gente?
Como estão sendo as reações? Estão amando ou querem me matar?



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