Hastryn: Ascensão escrita por Dreamy Boy


Capítulo 15
Revelações


Notas iniciais do capítulo

"Aos poucos, a máscara passa a se tornar real."
— Elliot Trannyth / Wolfric Luckov



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Wolfric

O treinamento com Susan Prince ficava cada vez mais intenso naqueles últimos dias. Após as aulas, ambos permaneciam nas zonas de combate seguro para adquirir mais prática e efetividade nas lutas. Wolfric desejava vencer um por um daqueles garotos que zombaram de sua derrota no duelo com a princesa e não mediria esforços para isso. Estava decidido a mostrar a todos que tinha grandes habilidades e possibilidades, assim como qualquer um ali.

Entretanto, precisou faltar naquele dia, alertando que isso aconteceria por razões pessoais, seguindo uma ordem feita por Arianna. O motivo havia sido a liberação de Peter Howard das enfermarias e os três precisariam discutir sobre os fatos que viriam a seguir sobre Wolfric e sua família biológica que estava para chegar de uma viagem pesada.

No quarto em que dividia com Arianna, o menino ficou ao lado da mãe adotiva em sua cama, enquanto o rapaz ficou na restante. Peter tinha vários curativos feitos no corpo, mas era notável que seus ferimentos estavam cicatrizando e não eram mais tantos como antes. Houve um momento em que Wolfric chorou, pensando na hipótese de perder o amigo para a morte. Graças aos deuses, nada aconteceu.

— É necessária uma casa na cidade para que o casal possa morar. Deve ser providenciado um trabalho nas áreas de pesca ou comércio para que Thorfin possa sustentá-los. Sua mãe pode trabalhar na cozinha e em atividades domésticas, exatamente como fazia em Arroway.

— A casa já está preparada para recebê-los. — respondeu Arianna tranquilamente, apesar da mentira forte na qual estavam envolvidos estar crescendo. — Em quanto tempo devem estar aqui?

— Em tempo normal, provavelmente já teriam chegado, mas a gravidez de Aubrey pode ser um problema durante a viagem, o que causaria um atraso de alguns dias. Temos que ser otimistas e acreditar que estão por perto.

Wolfric não queria nem pensar na outra possibilidade. A simples ideia de que os pais teriam ficado para trás e sido caçados pelo rei do norte o apavorava por dentro, fazendo seu corpo tremer. Sentiu um forte aperto no coração.

— Lothar que aguarde caso algo tiver acontecido a eles!

— Garoto, não diga essas pala...

— Arianna, estou cansado que me digam como tenho que agir! — vociferou, evitando olhar para eles. Estava prestes a chorar, mas segurou as lágrimas que se esforçavam para escorrer de seus olhos. Deixaria para mais tarde, quando ninguém estivesse prestando atenção. — Aquele homem só me fez mal, sendo que nunca fiz nada para receber esse tratamento!

— Entendemos como se sente, mas as pessoas se odeiam por pequenos motivos... Muitas vezes sem justificativas. Não há nada que possamos falar ou fazer para melhorar isso. Basta esperarmos por notícias e rezar para que sua família venha logo.

Wolfric não viu outra solução a não ser concordar com o rapaz e implorar aos deuses para trazerem-nos a salvo. Mais tarde, o encontrou em um dos corredores e decidiram caminhar juntos pelos pátios do castelo. Um momento de sossego onde não poderiam ser interrompidos.

— O que fará quando for embora daqui? Voltará para Arroway?

— Meu maior sonho é pedir a mão de Jane em casamento. Moraríamos aqui ou em qualquer uma das cidades que não estejam diretamente envolvidas nos conflitos, mas não posso deixar meu trabalho. Gregory precisa de mim.

— Já pensou em levá-la a Arroway?

— Jane odeia aquele lugar. Prefere viver na aldeia, onde sabe que pelo menos tem menos violência e uma distância maior de Lothar Wildshade, mesmo que esteja localizada em seu território. O rei se esquece da existência daquelas moradias, ignorando a precariedade em que muitos vivem.

— Gregory saberá resolver esse problema e o ajudará a se reconciliar com Jane. Ele sempre encontra a solução para tudo o que é necessário.

— Acredito que sim. — Peter ficava mais tranquilo ao pensar no guarda protetor. — Pedirei ajuda a ele quando retornar. Se não fosse por Gregory, jamais pisaria em Arroway novamente. Desejo distância de lá.

...

Arianna procurou pelo filho adotivo em todos os locais próximos onde poderia imaginar que estivesse, mas teve dificuldades para achá-lo. Wolfric se encontrava em uma das varandas acessíveis por um corredor do segundo andar, observando os vastos campos do sul que se abriam à sua visão. Uma paisagem digna de ser retratada em pinturas e exposta em salões de grande importância.

— Tenho uma notícia!

— O que houve?

— Eles estão aqui! — exclamou, sorridente. Sabia que o garoto vibraria ao saber daquilo, sentindo profunda alegria. — Foram para o novo lar que conseguimos.

— Há quanto tempo? — Wolfric se virou, entusiasmado. A saudade era tanta e a cada minuto que passa sem vê-los era sufocante. Seu peito arfava. — Vamos para lá agora!

No exterior do castelo, foram pela trilha mais curta que no final daria acesso às casas onde os empregados viveriam enquanto prestavam serviços para o Grande Monarca. Uma delas foi reservada especialmente para a família Trannyth. Era como o arraial onde o garoto outrora conhecido como Elliot vivia, entretanto, as moradias eram maiores e as condições mais satisfatórias aos habitantes.

— É esta. — anunciou Arianna, batendo à porta e esperando que alguém a atendesse para que pudessem adentrar a residência.

Thorfin o fez.

Ao ver o pai, Wolfric correu para abraçá-lo, deixando para trás toda a máscara e todos os disfarces construídos naqueles dias em relação à identidade nova no continente sul. Arianna os empurrou para dentro e fechou a porta, impedindo que algum cidadão perambulando pelas ruas visse aquela cena e acidentalmente descobrisse toda a farsa que os envolvia.

— Tomem cuidado com as demonstrações de afeto em público. — repreendeu em tom gentil, para não acabar constrangendo e atrapalhando o momento em família. — Não queremos que desconfiem de nada, portanto, não vamos nos esquecer da importância que esse sigilo possui.

— Desculpe-me...

— Tudo bem, dessa vez não há problema. Vou deixá-los aproveitarem o dia juntos, pois talvez não teremos tantos como esse em breve. À noite venho buscá-lo para que amanhã sua rotina com as aulas de esgrima retorne.

Arianna foi embora e Aubrey surgiu de dentro com algo nas mãos, escondido em um grande cobertor branco. Já imaginando o que seria aquilo, Wolfric chegou perto o suficiente para descobrir o que era e sorriu ao ver o pequenino bebê cuja tonicidade dos olhos variava entre o azul e o cinza.

— É um garotinho?

— Sim! — Aubrey beijou seu rosto e o abraçou, tomando cuidado para não apertar a criança. — Esse é Aaron, seu irmãozinho. Nasceu durante a viagem, pois não aguentou esperar virmos até aqui.

— Foi um sacrifício, mas ambos foram fortes e conseguiram resistir por todo o caminho, enfrentando o frio imenso. — O pai se sentou sobre um sofá simples e não muito grande, mas que cabia os três perfeitamente bem. Parecia ter sido feito propositalmente para isso.

— Graças aos deuses, escaparam com vida de Arroway. Estive morrendo de medo, pensando que Lothar poderia sequestrar vocês e torturá-los como fez aos outros.

— Sim, escapamos...

Nesse momento, Thorfin e Aubrey se entreolharam seriamente. O sorriso sumiu de seus rostos, dando lugar a uma expressão assustada e triste. Como se algo de ruim houvesse acontecido e estivessem escondendo a verdade do filho.

— O que houve? Por que estão com essa cara?

— O rei, após ter sido atacado por Gregory, acordou e voltou para o castelo. No dia seguinte, descobriu quem havia lançado o golpe em sua cabeça e foi atrás dele. Estávamos preparando tudo para a fuga, mas ele foi levado para a Praça da Execução e não tivemos como trazê-lo conosco. Um de seus encarregados foi o responsável por nos conduzir até aqui. Antes disso, porém, ficamos sabendo que Gregory foi executado.

Wolfric parou de respirar.

Aquilo não podia ser verdade. Sem dúvidas, seria nada mais do que um pesadelo no qual despertaria e descobriria que seus pais ainda estavam viajando. Precisava ser. Era impossível!

— Gregory está morto? Por minha causa?!

Não conseguiu processar todas aquelas informações que vieram como uma explosão. Se Elliot não tivesse causado problemas para o rei, Gregory não teria se envolvido para protegê-lo e arriscado seu cargo e a confiança de seu superior. Agora, por sua culpa, seu corpo provavelmente estaria pendurado em uma exposição junto com o de todos os outros torturados e mortos, servindo de comida aos corvos famintos.

— Como estão Katherine e Evelyn? Estão vivas?

— Não temos nenhuma notícia sobre elas. Não estavam com Gregory na forca, portanto, podem ter sobrevivido e escapado das mãos de Lothar. Rezemos para que consigam abrigo.

Wolfric rezaria muito para que os deuses não a tivessem levado e que estivessem protegidas, aonde quer que se encontrassem. Graças a ele, corriam risco de morte.

— Assim que for possível, farei tudo o que estiver ao meu alcance para encontrá-las e protegê-las. É uma promessa!


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Notas finais do capítulo

Vocês tem alguma sugestão? Opiniões? Estarei lendo todas!
Estive com saudades de vocês



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