Hastryn: Ascensão escrita por Dreamy Boy


Capítulo 13
A Jovem Guerreira


Notas iniciais do capítulo

Idades:
Vincent - 49 anos.
Susan - 14 anos.

—--------------------------

A partir de agora, sou Wolfric Luckov.
Essa não é uma identidade que me pertence, mas foi a única solução para seguir em frente. Espero, somente, que as coisas façam sentido. Ainda sou tomado por uma forte dor em relação a todos os acontecimentos.
É como um pesadelo impossível de se desvencilhar.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/579610/chapter/13

Wolfric

Curativos foram feitos nas feridas causadas em Peter. Após feitos, o rapaz foi deixado em repouso na enfermaria durante toda aquela noite. Durante a manhã, Wolfric foi visitá-lo na companhia de Arianna, andando de mãos dadas com a mãe adotiva por todo o percurso até lá.

Uma enfermeira se prontificou a atendê-los.

— Bom dia... Venham comigo.

— Como ele está? — perguntou a cozinheira, ansiosa, enquanto os dois a seguiam por um corredor não muito grande.

— Graças aos deuses, está melhorando e ficará vivo. Apesar de serem poucos, os ferimentos foram profundos o suficiente para causar bastante dor. Sendo otimista, creio que estará livre em poucos dias se o estado não se agravar.

— Quais as probabilidades disso acontecer?

— Não sabemos ao certo. Voltem mais tarde, pois o rapaz já estará acordado e teremos mais informações sobre ele.

— Tudo vai dar certo, filho. — Arianna se virou para Wolfric, beijando sua testa. Em seguida, acariciou seus cabelos castanhos. — Agora, precisamos ir, pois não quero que chegue atrasado à sua primeira aula. É um compromisso importante para você.

Wolfric se aproximou de Peter, observando o jovem inconsciente sobre a cama. Dormia tranquilamente, como o menino nunca vira, extremamente cansado do tempo que passaram viajando pelas estradas e florestas. Enquanto os ferimentos eram cuidados, suas energias estavam sendo recompostas.

— Poderei mesmo vê-lo mais tarde?

— Certamente que sim. — A enfermeira assentiu, sorrindo. — Avisarei a ele assim que despertar.

...

Despedindo-se, foram pelos acessos mais curtos que os levaram ao exterior do castelo. Nos terrenos, desceram as encostas íngremes e arborizadas, seguindo trilhas abertas especialmente para o trânsito dos cidadãos.

A vista de Horgeon se abria da altura onde se localizavam. Wolfric conseguia ver o distante cemitério da cidade, onde ficava um grande e tenebroso mausoléu. Um local que não sentiria a mínima vontade de conhecer o lado de dentro, planejando nunca passar por perto dali.

Olhando para outro lado, viu um aglomerado de pessoas em fila indiana se dirigindo a um grande santuário religioso. Virou-se para Arianna e tirou a dúvida que tinha surgido.

— Como costuma ser a religião de Horgeon?

— Não muito diferente das cidades do norte, com a exceção de que somos mais devotos e dedicados às práticas religiosas sem violência à natureza, a favor da paz, da vida humana e preservação da fauna e da flora. Existem livros que explicam a trajetória hastryniana e suas crenças na Grande Biblioteca. Quando tiver a chance, vou tentar conseguir um destes para você.

Wolfric assentiu e o diálogo se encerrou. Um pouco mais abaixo deles, avistou um espaço próximo onde garotos de sua idade estavam agasalhados e tinham espadas de madeira nas mãos. Um homem mais velho os acompanhava, impedindo que a briga entre eles se tornasse real.

— Viu? Não é muito longe! Poderá vir sozinho na próxima vez e passar manhãs ou tardes lá, parando apenas para o intervalo das refeições e voltar ao nosso quarto à noite. Os finais de semana serão reservados para descanso.

“Parece um ritmo exaustivo, mas necessário para formar um bom guerreiro. Horgeon tem sido um ótimo local, muito mais organizado que Arroway. Talvez eu consiga fazer amigos aqui.”

Arianna, como se tivesse habilidades de vidência e lido seu pensamento, disse de súbito:

— Querido, é aqui que nos despedimos. Tome cuidado com suas companhias, pois nenhum de nós deseja que a mentira seja descoberta. Tenha uma excelente aula e mais tarde converse comigo sobre seu dia.

Ela beijou seu rosto e foi embora.

Após isso, Wolfric deu passos relutantes até se juntar aos outros. Sentia-se deslocado, imaginando que aquelas pessoas teriam problemas em aceitar um novo membro. Deveriam ser amigos há tempos, podendo enxergar nele um intruso que não era bem-vindo ao grupo.

Percebendo o que estava acontecendo, o professor chegou mais perto e estendeu a mão para se cumprimentarem e tentar uma pequena aproximação entre eles.

— Bom dia, rapazinho! Como nunca esteve por aqui, concluo que é novo e está interessado em sua primeira aula. Qual seu nome?

— Wolfric. — Por pouco, o menino não disse o nome verdadeiro. Precisava se acostumar rápido com aquilo. — Bom dia, senhor.

— Ora, não fique nervoso para falar comigo. — O homem deu um empurrão em seu ombro, apavorando-o mais ainda. Wolfric percebeu que alguns garotos riram da atitude, ficando extremamente envergonhado. Controlou o impulso de dar meia-volta e nunca mais olhar na cara daquelas pessoas.

— Certo, senhor.

— Bem, Wolfric, chegou no horário certo e não perdeu nada de muito importante. As práticas mais rigorosas entre eles começarão daqui a pouco. Quero que se sente e observe com atenção os esquemas de minhas aulas e os movimentos realizados pelos que estarão lutando.

Havia um grande tronco de madeira caído que serviu de assento para ele e alguns do grupo. Os restantes permaneceram de pé ou sentados sobre o solo. Uma das duas garotas ocupou um espaço ao seu lado, pouco se importando com sua presença. Seus cabelos ruivos alaranjados eram encaracolados e desciam até um pouco acima da cintura. Wolfric a admirou, pois muitos consideravam alguém do sexo feminino usar armaduras e espadas, fazendo zombarias ou ofensas, mas não ele. Era uma decisão que deveria ser respeitada.

— Você é novo na cidade? — A menina puxou assunto, inesperadamente. O rosto de Wolfric ficou vermelho, mas ela não pareceu notar. — Muito prazer, sou Susan Prince, filha do rei Vincent Prince.

“A história está se repetindo.”

— Oh, desculpe não reconhecê-la. — Esperava de verdade que Susan também não percebesse sua falta de educação perante alguém da família real sulista. — Sou Wolfric Luckov e o prazer é todo meu, Vossa Alteza.

— Ah, não, pelo amor dos deuses! — Susan resmungou, expondo uma falsa indignação. — Nada de mudar o comportamento comigo agora que sabe quem sou. Detesto essas formalidades impostas pelo reino. Sou apenas Susan está bem?

— Sim... — Wolfric parou de falar. Estava nervoso demais para continuar conversando, sem saber o que dizer e com medo de ofendê-la de alguma forma. Percebeu que Susan não era nem um pouco parecida com Charlotte, tendo um temperamento mais explosivo. Tomaria cuidado com todas as palavras ditas em sua presença.

Foi nesse momento que, seguindo a ordem do professor, fitou a pequena arena e percebeu o recomeço da luta entre os garotos. As investidas eram mais selvagens em ambos os lados, como se fossem dois animais morrendo de fome e disputando pelo único pedaço de carne da selva.

— Há quanto tempo eles praticam?

— Foram uns dos primeiros a entrar no grupo, mas não sei o mês que começaram a frequentar as aulas. Papai permitiu minha entrada depois... — Susan ficou em silêncio e fez uma careta quando um golpeou o outro fortemente. Após o momento de nervosismo, retomou a fala. — Acredite, eles eram horríveis no começo. Não sabiam nem segurar as armas e viviam caindo de cara nas lamas.

Se aqueles eram capazes de crescer como lutadores, Wolfric também seria. Provaria isso para si mesmo e para todos que o circundavam. Queria trazer orgulho à sociedade hastryniana e iria atrás de seus sonhos.

A disputa ficou mais eletrizante. O menor lançou para longe a espada do maior, realizando um gesto que simulava a execução do adversário, mas este pulou e fugiu do alvo, recuperou a arma e o derrubou com os pés.

Aproveitando-se da queda do mais novo, apanhou sua espada e apontou as duas para seu corpo, indicando que havia vencido. Mas o colega ainda não havia desistido e as empurrou com o cotovelo, passando pela brecha que se formou entre suas pernas. Como suas mãos estavam livres, agarrou os braços do maior e conseguiu retomar a posse de uma das armas.

O combate parecia não ter fim.

— Quais são os nomes deles?

— Robert e Roland. São irmãos, sempre competindo e implicando um com o outro. Agradeço aos deuses quando acontecem imprevistos que os obriguem a falar aulas, pois tudo se torna mais estressante quando estão por perto.

Roland, o irmão caçula, estava furioso por ter sido desarmado de novo. Lançou seu corpo pesado contra o do irmão, iniciando uma briga violenta para deixá-lo vulnerável. Os alunos riam enquanto o professor se atrapalhava ao tentar afastá-los e era lançado para trás. Com êxito, o garoto apontou as duas espadas para Robert, finalmente garantindo sua vitória e encerrando a luta.

— Fantástico, Roland! — disse a outra menina. Aplaudia de pé o desempenho do menino, que lhe fez uma reverência em agradecimento ao elogio.

Ofegantes, os meninos pararam para descansar, quando o professor voltou a falar. Passou os olhos por todos e, no instante em que os parou na direção de Wolfric, disse:

— Bem, precisamos de uma nova dupla. Quem serão os nossos voluntários?

Os irmãos gargalharam quando a pessoa a se voluntaria foi ninguém menos que Susan Prince. A princesa direcionou um olhar de repreensão, lembrando a eles de sua real posição perante todos e fazendo com que parassem de provocá-la, se não quisessem enfrentar sérias consequências posteriormente.

— Posso escolher quem irá comigo?

— Tem certeza? Quero dizer, claro que sim, Alteza. — Ele relutava com a própria frase, sentindo que a responsabilidade seria completamente dele caso Susan se machucasse gravemente. — Escolha seu oponente.

— Quero um dos garotos presentes.

Susan desfilou pela área, olhando seriamente para todos os sentados, pensando em qual seria a melhor escolha. Deu a volta pelo tronco da árvore e parou em uma distância próxima do professor. Em seguida, com um sorriso malicioso estampado no rosto, apontou para Wolfric.

— Será ele.

...

Wolfric ficou apavorado e sem reação. Passaria vergonha na frente de todos os outros caso perdesse, pois não tinha a mesma prática e experiência de luta que eles. Os planos de ter amigos que o admirassem e valorizassem iriam por água abaixo Era uma escolha terrível ter que aceitar a convocação.

Mas seria pior ainda se recuasse e deixasse exposto seu medo. Portanto, se levantou e controlou o sentimento. Agarrou a espada lançada aos ares pelo professor e se posicionou de frente para Susan.

— Já que é iniciante, poderá usar o escudo para se defender dos ataques. Conforme suas habilidades forem avançando, deverá aprender a se defender sem ele, como os garotos o fizeram há pouco.

Wolfric agarrou o escudo, ainda hesitante. Todos perceberam sua reação, o que o trouxe um pouco mais de coragem e vontade de mostrar a eles sua determinação e força durante as lutas.

Em sua mente, tentou esquecer que Susan era uma garota e a visualizou apenas como um inimigo de batalha. Lançou o primeiro golpe, mas a princesa desviou com maestria e sua espada de madeira foi em direção ao pescoço de Wolfric. Com agilidade, fez com que as armas se chocassem e impedisse a progressão do ataque.

Ela tropeçou, porém, mesmo ajoelhada conseguia batalhar. Não ia deixar que a derrotassem facilmente, Wolfric havia percebido isso em seu olhar desde o começo. Aquilo lhe causou calafrios.

Impedindo-o de atacar, conseguiu se equilibrar e fazer os golpes ficarem cada vez mais pesados. Wolfric, observando que ela estava colocando toda sua força neles, nunca viu ninguém tão difícil para combater. Seus braços começaram a arder e pesar, tornando complicadas as suas investidas e defesas, fazendo-o recuar mais e mais para não ser desarmado.

Recuou mais uma vez quando Susan avançou de forma selvagem.

— Moleque, pare de fugir feito uma moça! — gritou alguém que estava assistindo, sem que fosse identificado por Wolfric, já que este se encontrava extremamente concentrado na atividade. — Enfrente-a de frente, como um homem deve fazer.

Aquilo o irritou profundamente.

Tentou um ataque frontal, que não foi bem sucedido, devido à velocidade sagaz da garota. Ele não conseguiu se firmar, dando brechas para que ela desviasse com facilidade e conseguisse arrancar a espada de suas mãos. Lançou a arma a uma longa distância, impossível de ser recuperada.

Feito isso, Susan derrubou Wolfric com uma rasteira. Em seguida, subiu no corpo do garoto e posicionou a espada em seu pescoço, declarando vitória no duelo.

— Temos uma campeã! — gritou o professor, entusiasmado. — Parabéns a nossa querida Susan Prince, que mostra seu incrível talento mais uma vez.

Wolfric se levantou, ignorando as risadas dos garotos sentados sobre o banco. Pessoas infantis, que teria dificuldade se aproximar, portanto, preferiu ficar afastado deles enquanto todos parabenizavam a princesa. Caso estivesse por perto, perderia a paciência e partiria para as agressões.

Susan, depois de um tempo, percebeu o que realmente estava acontecendo com ele. Ela os afastou e veio em sua direção, com um sorriso pequeno no rosto.

— Você se saiu muito bem, Wolfric!

— Ah, não tente me animar dizendo essas coisas, porque não vai funcionar.

— Mas é verdade... Eu quero treinar todos os dias com você. Você é iniciante e isso é normal que aconteça. Não leve a sério o que disserem, pois são ridículos e completamente idiotas. Certamente sentiram inveja porque não foram escolhidos para lutarem comigo. Como eu disse mais cedo, alguns eram horríveis quando entraram aqui.

— Piores do que eu?!

— Muito.

— Nesse caso, aceito seu convite para treinar. Assim, nos conhecemos melhor. Terei dificuldades em fazer novos amigos por aqui, ainda mais com esses meninos.

Susan deu um risinho.

— Apesar de tudo, são boas pessoas. Verá isso com o tempo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Elliot/Wolfric é um dos personagens mais importantes e vai crescendo cada vez mais! Já leram até aqui, não custa nada um review, não é?