Casamento Forçado escrita por Marie


Capítulo 32
Para sempre


Notas iniciais do capítulo

Olá! Olha quem está de volta.

Nem demorei, não foi? hahaha
Primeiramente quero agradecer muuuuito a Nathália M por ter recomendado a fic. Fazia um tempo que eu não recebia uma recomendação na estória e tinha até esquecido a emoção hahaha. Muito obrigada, linda. Adorei.

Bem, aqui está mais um capítulo e espero que não fiquem tristes... me digam se encontrar algum erro, porque não revisei.
Espero que gostem.

Boa leitura.



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Acordo deitada sobre o peito de Noah, depois da nossa última noite acabamos dormindo na minha antiga cama que ficou um pouco apertada para nós dois, mas não nos atrapalhou em nada. Levanto a minha cabeça para ver se ele ainda estava dormindo – Noah tinha uma mania de não levantar quando eu estava dormindo em cima dele para não me acordar -, e ele estava. Beijo o seu pescoço, mas ele não reage.

Levanto-me devagar da cama, não queria acordá-lo, deveria estar cansado do último dia, teve que ficar no hospital esperando por mim e pela minha mãe, mas o importante é que nossa noite foi ótima para nos distrair e nos livramos do estresse acumulado.

Vou direto para o banheiro do meu quarto, fazer a higiene necessária. Eu havia deixado várias coisas minhas lá porque no começo achei que voltaria para casa logo, pensei que casamento não iria durar, mas me enganei. Depois de um banho rápido, fui até o meu guarda-roupa e procurei alguma roupa boa das que deixei. Encontrei um vestido azul que o Austin havia me dado no meu aniversário de dezessete anos, como era o mais bonito ali, vesti sem ressentimentos.

— Bom dia. – ouço Noah dizer e me assustei, até porque achei que ele estava dormindo.

Viro-me para a cama e Noah estava sentado com o lençol cobrindo apenas o necessário, acabamos dormindo nus.

— Bom dia. – respondo, sorrindo. – Pensei que fosse dormir mais. – começo a pentear os meus cabelos.

— Não, eu estou bem. – diz Noah, levantando-se da cama e segurando o lençol. – Vou tomar um banho, tenho que ir trabalhar hoje. – ele vai andando até o banheiro.

— Deixei tudo em cima da pia para você usar, vou descer. – digo, deixando o pente na prateleira e ando até a porta. – Estou de esperando lá embaixo.

— Ok! Não vou demorar. – diz ele, antes de fechar a porta.

Saio do quarto logo em seguida e desço as escadas em direção à sala. Eu andava devagar, matando a saudade de cada cantinho daquela casa. Meu pai estava deixando tudo organizado e do mesmo jeito de sempre, eu não sabia se um dia eu voltaria a morar ali, mas tinha certeza que se caso isso acontecesse, eu seria muito bem recebida de volta.

Chego à sala, mas não encontro ninguém. Como de antigo costume, eu sabia que meus pais estariam na cozinha. Não minto em dizer que não sinto falta da minha velha vida, porque sinto. Na verdade, sinto saudades até das pessoas que faziam parte dela, até mesmo do Austin, por mais que ele tenha sido um grande idiota comigo, mas evito pensar nele e no que ele fez.

Assim que entro na cozinha, vejo meu pai sentado à mesa e a minha mãe cozinhando algo no fogão, o que me deixou irritada.

— O que a senhora pensa que está fazendo? – perguntei, quase gritando e assustando os dois.

Minha mãe virou-se rapidamente para mim e meu pai abaixou a revista que estava lendo, observando-me um pouco assustado, ele sabia que eu reclamaria com ele.

— Pai, você está louco em deixar a minha mãe cozinhar? – faço o que ele já estava esperando e vou rápido até a minha mãe, que revira os olhos e ri.

— Até parece que você não conhece a sua mãe e a teimosia dela. – ele responde.

Eu não queria ver a minha mãe fazendo esforços, ela deveria fazer coisas mínimas e que exigiam pouco dela, segundo o médico, isso daria muito mais tempo a ela. Com certeza se eu não ficasse naquela casa tomando conta tanto dela, como do meu pai, ela faria tudo que não pode.

— Fique tranquila! Eu estou bem. – ela responde e volta a fazer as panquecas.

Tiro tudo da mão dela e a afasto do fogão. Era claro que eu não a deixaria fazer nada sem que fosse permitido, não queria vê-la fazendo nada que arriscasse o tempo que ela tinha.

— Não. – digo e desligo o fogo. – Você sabe muito bem o que o doutor disse sobre esforços. Enquanto eu estiver aqui, não quero ver você fazendo nada. – tiro a panela do fogão, mas assim que eu iria jogá-la na pia, minha mãe segurou a minha mão, impedindo-me.

— Fazer umas panquecas não me fará mal algum, você sabe disso. – ela responde, pegando a panela de volta. – Você só está com medo.

Era claro que eu tinha medo. Não queria perdê-la por nada e por isso estava sendo cuidadosa em não deixá-la cozinhar.

— Mel, deixe a sua mãe cozinhar. – meu pai diz.

— Não pode fazer isso. – respondo os dois.

— Eu só quero voltar a minha vida normal, filha. – diz Lauren. – Todos nós sabemos que tenho pouco tempo, então me deixe aproveitar. – repiro fundo e começo a pensar naquela possibilidade.

Tudo bem, talvez eu estivesse mesmo sendo exagerada a quanto não deixá-la fazer algumas panquecas, mas como ela disse, eu estava com medo e por isso estava tentando evitar tudo aquilo.

Afasto-me dela e suspiro, rendendo-me.

— Já tem muitas panquecas prontas, faça só mais essa e sente-se conosco. – digo e ela sorri, sorrio também, apesar de ter medo.

Dou as costas e vou para a mesa, sentar com o meu pai.

— O Noah ainda não acordou? – ele pergunta assim que eu me sento.

— Está se arrumando, vai descer logo. – respondo-o.

— Vai voltar para casa hoje com ele? – Tom faz mais uma pergunta.

Eu sabia que ele estava sentindo a minha falta e por isso estava perguntando aquilo. Era obvio que ele queria que eu passasse o dia com ele e a minha mãe, apesar de que eu também tinha as minhas coisas para fazer. Mas nada importava naquele momento, eu tinha que aproveitar cada segundo que eu podia com a Lauren, até porque não sabíamos quanto tempo tínhamos.

— Ele vai trabalhar daqui a pouco, ficarei aqui com vocês e vou para casa quando ele sair da empresa. – respondo-o, colocando um pouco de café na xícara que já estava na mesa.

— Não sabia que ele estava trabalhando. – diz meu pai.

— Peter conversou com ele e enquanto as aulas da faculdade não iniciam, ele vai ficar trabalhando com o pai. – respondo.

— Noah está trabalhando para o pai? – minha mãe entra na conversa e pergunta.

— Sim, já faz um mês e ficará mais dois que é o tempo necessário. – bebo um gole do café.

— Que bom! – diz Tom.

Paramos de conversar, minha mãe volta para as panquecas, enquanto meu pai volta para a revista e eu… continuo de olho na Lauren enquanto escutava a musica ambiente que ela havia colocado para tocar.

Algumas vezes ela parava por alguns segundos, respirava fundo e depois continuava. Eu perguntava a todo minuto se estava tudo bem, e sempre recebia “sim” como resposta, apesar de eu não acreditar tanto na resposta dela.

Passaram-se alguns minutos e Lauren já havia terminado as panquecas, me levantei para ajudá-la a colocar a mesa.

— Viu? – ela pergunta, colocando as panquecas na mesa. – Está tudo bem. – em seguida, senta-se a mesa.

Termino de colocar os pratos e volto para a cadeira que eu estava sentada antes. Começamos a nos servir.

— Bom dia! – ouvimos Noah dizer assim que chegou a cozinha.

— Bom dia! – meus pais respondem.

— Tudo bem, Lauren? – Noah pergunta, sentando-se ao meu lado.

— Sim, querido. – ela responde.

Noah segura meu rosto e beija minha bochecha, sorrio envergonhada e vejo minha mãe sorrir, já meu pai, finge não ver. Chegava a ser estranho vê-lo tendo ciúmes depois de tanto tempo, já que no inicio ele queria tanto que eu tivesse intimidade com o Noah.

Depois que todos se serviram com as panquecas que minha mãe havia feito, começamos a degustar delas, e para quem estava a tempo sem cozinhar… estavam ótimas.

— As panquecas estão uma delicia. – Noah elogia.

— Tanto tempo sem cozinhar e continua fazendo as melhores comidas. – meu pai diz, passando a mão pelo rosto da minha mãe. Ela sorri.

— Obrigada! - ela responde, ainda sorrindo.

Nós quatro começamos a conversar, meu pai perguntava sobre a empresa para o Noah e o mesmo respondia tudo. Minha mãe e eu insistimos para que eles mudassem de assunto e entramos na conversa, conversando sobre o casamento e planos para ter filhos. Sabia que ela tinha dito aquilo porque sabia que eu estava grávida, mas reagi normal, já Noah, não parava de me encarar com um pouco de desconfiança.

Apesar de tudo era muito bom estar com as três pessoas que eu mais amava e mais queria o bem. Eu estava aproveitando cada segundo porque eu sentia que aquilo não se repetiria nunca mais e senti mais ainda quando vi, aos poucos, minha mãe perder o animo para conversar e abaixar a cabeça há todos os minutos, respirando com certa dificuldade e voltando com um sorriso falso estampado.

— Eu tenho que ir trabalhar. – diz Noah, preparando-se para se levantar da cadeira.

— Eu vou arrumar essa bagunça. – minha mãe diz, levantando-se com um pouco de dificuldade. Não era possível que só eu estava notando aquilo.

— Eu vou te ajudar. – digo, levantando-me também.

— Todo mundo vai fazer alguma coisa, então eu vou assistir ao noticiário. – meu pai diz.

Minha mãe pega dois pratos e uma xícara e caminha devagar para ir até a pia. Meu pai se levanta e já estava saindo da cozinha. Olho para Noah, que já estava me fitando, eu dei um sorriso um pouco entristecido para ele, que percebeu.

— Vai ficar tudo bem. – ele sussurra, olhando nos meus olhos, dando-me um beijo rápido em seguida.

O abraço com força, fechando os olhos apenas para sentir. Ele corresponde o abraço e beija o topo da minha cabeça. Naquele momento, eu senti que Noah estaria ali para tudo que eu precisasse, ele não tinha que fazer mais nada para provar que ficaria comigo depois que o pior acontecesse, eu me sentia segura com ele e amada também. Ele me daria apoio quando eu precisasse e eu tinha que dizer a ele que o amava.

— Noah, eu… - começo a falar, mas ouço o barulho dos pratos caindo.

Abro os olhos rapidamente e vejo que minha mãe havia deixado cair e estava escorada no balcão da cozinha, respirando com muita dificuldade. Eu não consegui pensar em mais nada, corri até ela e Noah veio logo atrás.

— Pai! – gritei, assim que cheguei até ela. – Mãe. – a segurei.

— Mel… - ela disse com certa dificuldade e caiu, consegui segurá-la, mas aquilo me fez mal, porque sentir uma dor na barriga logo em seguida.

— Shh, shh… não diz nada. – pedi, já com os olhos cheios de lágrimas.

— Lauren, calma. – diz Noah, tirando-a dos meus braços e a segurando.

— Lauren! – meu pai grita assim que chega a cozinha e vem correndo até nós.

Eu não estava conseguindo me segurar, comecei a chorar vendo a minha mãe naquele estado. Ela não conseguia falar nada, estava apenas respirando com muita dificuldade e se esforçando para continuar com os olhos abertos. Ver aquilo estava me matando.

— Mãe! – seguro a mão dela e continuo chorando. – Por favor, não vai. – ela fechava os olhos e os abria novamente a cada segundo e continuava com falta de ar.

— Lauren, não, Lauren. – meu pai diz, começando a chorar também. – Eu te amo. – ouvir aquilo acabou comigo. Afastei-me dela e chorei como uma criança.

— Vamos levá-la para o hospital. – Noah diz, levantando-a no colo logo em seguida, meu pai estava ajudando, mesmo estando no mesmo estado que eu.

Eu fiquei paralisada por alguns segundos, não conseguia acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo, não entrava na minha mente que era real. Vê-la naquele estado estava me matando. Vê-la sendo carregada pelo Noah e pelo meu pai sem poder andar me fazia querer chorar mais e mais.

Estava acontecendo o que mais eu temia que acontecesse.

— Melissa! – Noah gritou do lado de fora da casa.

Sem pensar duas vezes, corri até lá. Noah estava a colocando no carro, junto com o meu pai.

— Não! – eu disse, voltando a chorar e fui até eles. – Mãe. – digo.

Noah vem até mim e segura meus braços, fazendo-me olhar para ele.

— Eu sei que é impossível, mas fica calma. Temos que levá-la até o hospital. – ele disse e me guiou até carro, colocando no banco traseiro, que era onde ela estava. – Fique com ela.

Ele disse e entrou no carro, ligou e começou a ir o mais rápido que podia. Minha mãe estava com a cabeça sobre o meu colo e eu tentei me controlar para deixá-la mais calma, ao contrário de quando estávamos em casa, a respiração dela estava muito fraca e aquilo estava me assustando. Meu pai segurava a mão dela e chorava, enquanto eu passava a mão pelos poucos cabelos dela, não consegui segurar, comecei a chorar também.

— Por favor. – implorei, ela abriu os olhos com dificuldade e respirou o fundo.

— Eu amo vocês. – ela sussurrou e fechou os olhos novamente, mas me controlei, porque ela ainda estava respirando.

— Lauren, não… - meu pai repetia a cada segundo, implorando para que ela ficasse ali, ficasse com nós dois.

Eu não queria acreditar que estava mesmo acontecendo.

[...]

Eu estava abraçada com o Noah, que toda hora pedia para que eu ficasse calma e passava a mão pelos meus cabelos. Ele repetia a todo minuto que estava ali para ficar comigo e que não me abandonaria, não importava o que fosse acontecer.

Havíamos chegado ao hospital e já havia passado vinte minutos desde que a minha mãe entrou na sala. Eu não sabia o que aconteceria, mas eu tinha certeza que a vi dando um ultimo suspiro assim que se deitou na maca. Só estava tentando acreditar que não foi verdade.

Minha tia ainda estava na cidade, Noah havia ligado para ela, que veio rápido até o hospital e estava tentando acalmar o meu pai, apesar de também estar desesperada.

— Senhor Tom Castilho? – ouço a voz do doutor e afasto-me rapidamente do Noah, prestando atenção nele.

Meu pai levantou-se rapidamente e foi até o meu lado.

— Como está a minha mãe? – pergunto desesperada. – Ela está bem?

— Por favor, diga que minha esposa está bem. – meu pai implora.

O doutor suspirou e abaixou a cabeça, mas não demorou muito para levantá-la novamente, nos fitando com uma cara não muito boa.

— Tentamos reanimá-la, mas não deu certo. Ela já chegou desacordada até a sala. – meu coração despedaçou-se ao ouvir aquilo. – Tudo estava sobre controle, mas de repente, sem percebermos o câncer atingiu rapidamente os gânglios linfáticos, fígado, baço e infelizmente o sistema nervoso central. – não conseguia mais ver ninguém, meus olhos estavam afogados nas lágrimas. Eu não queria ouvir aquilo, eu não queria perdê-la. – Ela fez a última quimioterapia e estava bem, foi de repente. Não estávamos mais conseguindo recuperar os glóbulos brancos. Não sabemos como, mas a sua mãe foi vacinada e isso é proibido quando está fazendo quimioterapia. – ele suspira, depois de falar muito. Eu não queria mais ouvir nada, eu não queria mais ouvir o que podia vir em seguida. – Lamentamos muito, mas a Lauren não resistiu.

Senti tudo desabar. Pela primeira vez, eu realmente me senti sem chão, sem estruturas… Meu coração doeu ao ouvir aquilo e para terminar, não conseguia parar de chorar. Eu me sentia fraca, não havia mais forças no meu corpo para eu reagir aquilo.

Comecei a gritar, chamando o médico de mentiroso. Dizendo que a minha mãe ainda estava lá, ainda continuava naquele quarto, mas que já estava saindo e estava pronta para voltar pra casa. Eu não queria, não aceitava. Esse foi o pior pesadelo. Eu queria acordar e ver que minha mãe ainda estaria lá… viva. Para me ver conseguir realizar os meus sonhos, conhecer o neto. Eu queria chorar, mas sabendo que eu teria alguém para abraçar e dizer que tudo ficaria bem, alguém para me aconchegar e dizer que estaria ali pra mim, para sempre. Eu precisava dela, eu precisava da minha mãe.

Alguém precisava me acordar… aquilo não era realidade, a única coisa que eu pedia aos céus, era que aquilo não passasse de um maldito pesadelo.

A ficha não queria cair, mas aquela era a verdade… Eu perdi a minha mãe.

— Não. – gritei, perdi totalmente as minhas forças. Eu ia cair, mas senti os braços do Noah me envolver pela cintura, segurando-me. – Eu quero ver a minha mãe, para! Ela ainda está lá, eu sei disso. – continuei gritando. – Por favor… - minha voz já estava embargada por causa do choro. Eu não conseguia mais.

— Infelizmente a verdade é essa. A Lauren era forte, mas isso nos pegou de surpresa. Não conseguimos evitar. Sentimos muito. – é o que eu escuto o médico dizer.

Eu estava chorando em silêncio, não parava de chamar por ela, Noah havia me colocado sentada, ficando ao meu lado. O meu pai estava sentado no outro sofá, com as mãos cobrindo o rosto. Aquilo devia doer muito mais nele do que em mim.

Meu pai amava a minha mãe mais do que tudo. Lembro-me de quando ela ainda não tinha a doença… Eles viviam saindo para jantar, ela amava receber os buquês dele, os abraços, apesar de dezessete anos casados, o sentimento continuava fresco… o mesmo.

— Não. – comecei a sussurrar repetidamente.

Noah abraçou-me com mais força. Apesar de não ter dito uma palavra, eu sabia que através do abraço ele queria me consolar. Ele tentava passar força, mas nada continha a dor.

Me solto dos braços dele e vou para onde o meu pai estava. Abraçamos-nos e não consigo segurar o choro quando meu pai começa a chorar no meu ombro.

— Eu amo a sua mãe. - ele dizia entre soluços.

Esse é o pior dia da minha vida. Eu odiava ver o meu pai chorar, eu odiava não ter força para consolá-lo, eu odiava ter que aceitar que aquela era a verdade.

Eu perdi a minha mãe, para sempre.

[...]

Enquanto estou abraçada com o Noah, ouço o padre terminar de falar algumas palavras de fé e depois vejo o caixão sendo colocado no túmulo. Algumas pessoas começaram a dar as costas, entristecidas. Alguns familiares continuavam lá, chorando. Meu pai já havia saído, eu sabia que ele não aguentaria ver tudo até o final. Viro-me para Noah e o abraço, colocando meu rosto contra o seu peito e inalo seu cheiro, o que me deixou mais tranquila… saber que ele ainda estava lá.

Noah me abraça com força e beija o topo da minha cabeça.

— Não me deixe. – peço, sussurrando e ainda chorando.

— Nunca. – ele garante. – Eu nunca vou te deixar.

Depois de conseguir segurar as lágrimas, afasto-me de Noah e olho pela última vez para o túmulo, o caixão já estava sendo coberto. Doía saber que era a minha mãe ali dentro. Doía saber que eu nunca mais poderia vê-la sorrir, ou poder abraçá-la e ouvir seus conselhos. Apesar de estar ali, vendo o sepultamento, a ficha não caía. Eu só queria acordar daquele pesadelo e ter a chance de dizer “eu te amo” mais uma vez.

Mas não tinha volta… a vida chega a ser cruel. Tira de você o que há de mais importante e ainda quer você sorrindo como se estivesse tudo bem. Mas não está tudo bem, não tinha como estar tudo bem. Eu perdi a pessoa mais importante para mim, não tinha forças para continuar. Não sabia que rumo eu tomaria dali pra frente.

— Sentimos muito. – saio dos meus tristes devaneios quando ouço a voz do Peter. Olho para ele, que estava de mãos dadas com a Amy.

Apenas curvo meus lábios em um pequeno sorriso forçado, em forma de agradecimento. Não queria falar nada. Não queria ser fraca na frente da Amy.

— Vamos para casa. – Noah diz, puxando-me, ele sabia que apesar de estarmos naquela situação a Amy ainda teria coragem de soltar alguma piadinha.

— Esperem. – ouvimos a Amy dizer, Noah para, mas não se vira para ela, apenas vira o rosto. Já eu, continuei de cabeça baixa, não queria nem ver a cara dela.

— Não temos tempo para nada agora, mãe. – Noah diz, tentado evitar.

— Só queria dizer que os dois devem estar lá em casa amanhã. – ela diz.

— Amy, vamos para casa. – ouço Peter dizer, ele também sabia do que a esposa era capaz.

— Calma. – ela quase grita. – A Lauren finalmente morreu e isso faz com que o contrato esteja acabado. – fechei os olhos ao ouvir aquilo e tentei segurar as lagrimas, não queria chorar por causa do que ela dizia. – O casamento acabou.

— Você é louca? – ouço o Peter gritar.

Noah não responde, apenas continua caminhando e passando a mão pelo meu braço, tentando me confortar. É inacreditável do que a Amy é capaz, eu não queria nem imaginar o que viria a seguir.

— Não se preocupe, vai ficar tudo bem. – Noah diz, quando entro no carro. Ele se aproxima de mim e me abraça, indo para o banco do motorista em seguida.

[...]

Já estávamos em casa, havíamos trazido o meu pai conosco, ele não podia ficar sozinho logo na casa onde aconteceu tudo. Ele estava em um quarto de visitas. Noah e eu já estávamos no nosso quarto, e ele estava tirando a minha roupa para poder me ajudar no banho, eu não conseguiria fazer nada sozinha. Estava paralisada, nem abria a boca.

Ele me despiu por completo e tirou as suas roupas em seguida, levando-me para o banheiro.

— Entra. – ele diz, com a voz calma. – Vou te ajudar.

Noah havia colocado a banheira para encher.

Nós dois entramos. Ele passava a mão pelo meu corpo, sem malicia, lavando-me. Eu continuava parada, sem dizer nada, mas não consegui ficar daquele jeito por mais tempo, assim que acordei do transe que eu estava, voltei a chorar e me virei de lado, abraçando o Noah e chorando no ombro dele.

— Não me deixa. – implorei, ainda chorando muito. – Por favor, você é uma das poucas coisas que eu ainda tenho, não me deixa. – soluçava no seu ombro e ele passava a mão pelos meus cabelos.

— Eu nunca vou te deixar, Melissa. – ele diz, abraçando-me com força. – Eu vou ficar com você, não importa o que aconteça… - Noah suspira. – Eu te amo.


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Notas finais do capítulo

Como está o coraçãozinho de vocês? Espero que esteja bem.

Bom, finalmente e infelizmente o esperado aconteceu. Uma hora iria acontecer e chegou. Podem me contar o que vocês acham que vai acontecer agora, porque a causa do contrato acabou, a Amy apareceu, a Sasha ainda está na cidade, Melissa está fraca... Dissertem sobre isso.

Vou começar a responder os reviews atrasados que eu deixei por aí e comentem mais, muito maaaais. Estou super feliz com o número de leitores então mostrem a cara que a tia aqui não morde.

Beijos e até o próximo.