Casamento Forçado escrita por Marie


Capítulo 30
Espontâneo


Notas iniciais do capítulo

Alguém ainda acompanha a estória e espera por mais um capítulo? Se sim... ESTOU DE VOLTA.

Meus amores, eu - mais uma vez - peço um milhão de desculpas pela ENORME demora para atualizar. Eu sei que da ultima vez eu disse que ia postar, mas acabei ficando muito ocupada e eu precisava focar nos estudos e na minha vida pessoal. Eu sinto muito pela demora, mas agora eu estou de volta e prometo para vocês que vou ficar aqui até a segunda parte de Casamento Forçado.

Para as leitoras que querem me matar, milhões de desculpas para vocês, prometo que não faço mais isso. Agora que estou de férias, vou te ter um tempo para vocês.

Para me redimir, trouxe um capítulo - que espero que esteja bom - e grande para vocês
Boa leitura ♥



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Se tinha uma coisa que eu sabia que eu teria que me acostumar, era com esse malditos enjoos matinais. Eu odiava vomitar, mas eu tinha certeza que ainda teria que aturar isso por um bom tempo.

Levantei-me da cama rápido, mas com cuidado para não acordar o Noah, ele com certeza desconfiaria se me visse vomitando mais uma vez e, eu não teria uma desculpa.

Coloquei para fora tudo aquilo que podia e não podia e em seguida, sentei-me sobre a tampa do vaso sanitário. Respirei fundo, várias vezes e comecei a pensar em tudo que estava acontecendo na minha vida atualmente...

Eu estava grávida, minha mãe estava em estado terminal e a qualquer momento poderia morrer, o que faria o contrato e o casamento acabar, fazendo assim, Noah e eu nos separamos… pelo menos, separados em contrato, não sabia se iríamos nos separar de verdade.

Era claro que eu iria contar ao Noah da gravidez, mas por mais que seja algo simples, eu não sabia como falar. Não me surpreende, já que tive problemas até para contar que eu era virgem para ele.

Na verdade, nem contei. O Austin disse tudo. Mas eu ainda acharia uma ocasião boa para contar, até porque isso é algo que eu não posso esconder.

Levanto-me e aproveito que eu já estava no banheiro e fiz a higiene que eu precisava. Saí do banheiro e quando passava pelo quarto, decidi parar de frente para o espelho e olhar a minha barriga. Toquei com as duas mãos, rodeando-a no formato que ficaria quando o bebê crescesse.

Eu não estava feliz.

Eu sabia que ser mãe é algo incrível, ver os primeiros passos de uma pessoa que você gerou, ouvir as primeiras palavras e aquela sensação de ouvir te chamando de mãe pela primeira vez deveria ser uma coisa mágica, mas eu ainda não estava preparada para aquelas sensações. Ainda era tão cedo.

Noah e eu não tínhamos nem um ano de casados e só em alguns meses já aconteceu isso. Eu sabia que se por acaso nos separássemos, essa criança nos manteria juntas para sempre, mesmo se não formos mais um casal, mas eu nunca me livraria do Noah.

Não que eu queira, claro que não.

– O que você está fazendo?

Olho para o lado assustada e vejo o Noah com o cenho franzido me encarando. Coloquei a mão sobre o peito e respirei fundo algumas vezes para me tranquilizar.

– Que susto, Noah! – reclamei irritada.

– Desculpa! – ele pede, sentando-se. – É que não é algo normal acordar e ver a sua esposa alisando a própria barriga. – ele observa. – A não ser que… - o corto.

– A não ser que ela esteja se achando um pouco mais gorda. – completo e saio da frente do espelho, aproximando-me dele.

Noah me segura pela cintura e me puxa para mais perto, fazendo-me ficar entre suas pernas, coloco meus braços ao redor do pescoço dele.

– Para mim você continua gostosa. – ele responde com um sorriso safado e pega na minha bunda.

– Eu sei. – respondo e ele revira os olhos, rindo.

Ele ia me beijar, mas afastei-me.

– Vá se arrumar enquanto faço alguma coisa para a gente comer. – digo, deixando-o irritado, mas eu não liguei.

Saí do quarto, indo diretamente para a cozinha, que por acaso estava uma bagunça. Havíamos saído por dois dias seguidos e a casa estava totalmente bagunçada, eu não estava nem um pouco a fim de dar uma de faxineira, então, a solução seria contratar alguém para fazer isso por mim.

Como eu não estava com muita vontade de cozinhar, fiz o tradicional: ovos, bacon, torrada e um suco para acompanhar.

Enquanto eu terminava de arrumar os pratos, senti as mãos do Noah ao redor da minha cintura, ele encostou seu corpo no meu, colocou meu cabelo de lado e beijou meu pescoço. Rapidamente eu me arrepiei e fechei os olhos sentimento a sensação dos lábios dele no meu pescoço.

– Já estou com saudades de você. – ele sussurrou no meu ouvido e, era obvio que estava falando de sexo, toda vez que ficávamos mais de quatro dias sem, ele me dizia a mesma coisa.

– Noah, me deixa terminar de arrumar aqui, por favor. – digo, afastando-me dele e indo para o balcão da cozinha para terminar com as coisas do café.

Era claro que eu queria, Noah era maravilhoso na cama, mas eu precisava me controlar agora. Não que – por enquanto – a gravidez atrapalhe, mas ele precisa se reeducar.

Ouço Noah bufar e quando em viro para olhá-lo, ele revira os olhos.

– Isso tudo ainda é por ontem? – ele pergunta aproximando-se de mim. – Você disse que estava tudo bem.

– E está tudo bem. Eu só quero terminar aqui. – respondo, ele revira os olhos novamente e continua se aproximando.

– Melissa, eu estava abraçado com a Sasha porque os meus colegas fizeram aquilo com a gente, eu só estava rindo pelo que ela falou. – Noah justifica. Eu não estava me importando com o que aconteceu ontem, mas queria ouvir o que ele tinha pra dizer. – Ela falou que ainda tinha chances comigo e mais algumas coisas irrelevantes, então eu ri. Quantas vezes eu vou precisar dizer que não quero mais a Sasha na minha vida? – ele termina com uma pergunta.

– Quando eu não a encontrar mais nos seus braços. – respondo e abro um sorriso cínico no final.

Noah vem rapidamente para perto de mim e me envolve em seus braços, deixando nossos corpos colados e com pouca distancia entre nossos rostos. Fiquei séria o encarando, esperando por algo.

– Melissa, põe nessa sua cabeça que eu gosto de você. – ele diz, firme. – Eu… eu… - ele me olha nos olhos, mas não termina de falar. – Eu só sei que quero ficar muito tempo com você ainda. – ele sorri. – Eu gosto muito de você, só isso que importa. – ele diz por fim, antes de me beijar.

Correspondi logo de primeira, até porque o beijo do Noah era maravilhoso e vinha se tornando essencial a cada dia que passava. Eu ainda não tinha uma explicação de como essa paixão surgiu, mas quando me pegou, não pude mais voltar atrás. Não sei se estou enganada, ou se é um fato, mas parece ser mais forte até que a minha antiga paixão pelo Austin. É impossível conviver com um homem como o Noah e não se apaixonar por ele.

Depois de muitos beijos, eu já estava sentada no balcão com o Noah entre as minhas pernas. Meu vestido já estava na cintura e a bermuda do Noah desabotoada. Nós dois já estávamos excitados, era impossível não ficar.

Aproximei-me mais da beirada do balcão para ajudar, abri mais as pernas e Noah fez o resto. Soltei um baixo gemido ao senti-lo em mim, apertei suas costas e o ajudei com os movimentos. Ficamos poucos minutos assim…

Ouvimos batidas na porta, o que nos fez tomar um susto, mas não nos atrapalhou.

– Noah! – digo entre gemidos. – Para. – mesmo não querendo parar, tinha alguém na porta e tínhamos que atender.

– Não dá, vamos terminar. – ele reclama e continua, soltei um gemido alto e, com certeza a pessoa do lado de fora tinha ouvido. A cozinha não era muito longe da sala.

– Noah! – ouvimos um grito da Amy e logo em seguida mais batidas na porta.

Empurrei o Noah rapidamente e tentei me recuperar para ir abrir a porta. Noah me olhou feio, mas ignorei e consertei minha roupa e meu cabelo.

– Desculpa. – peço. – Mas é a sua mãe. – ele bufa.

– Vai atender, eu preciso resolver isso aqui. – ele diz e já entendo. Termino de me arrumar e vou para a sala. Respiro fundo várias vezes antes de abrir a porta.

Como esperado, dou de cara com a Amy.

– Onde está o Noah? – ela pergunta e lança um olhar não muito amigável para mim.

– Bom dia! – digo e ela revira os olhos. – Está na cozinha. – respondo a pergunta dela.

– Não vai me deixar entrar? – ela pergunta com um pouco de ignorância. Dou passagem e ela entra. Olha em volta da sala toda com desdém, com certeza a bagunça colaborou com aquele olhar. – Esse apartamento já foi melhor. – ela diz.

– Não paramos em casa durante esses dias, por isso a bagunça. – justifico e ela olha pra mim.

– Não me importa. Eu quero falar com o Noah. – ela insiste em ver o Noah mais uma vez.

– Ele está… é… - tento explicar, mas não dava certo, por sorte, Noah chegou à sala antes que eu soltasse algo constrangedor.

– Bom dia. – ele deseja para a mãe. Ela o olha de cima a baixo e abre um sorriso falso no final.

– Bom dia, querido. – ela responde e se aproxima de nós.

Eu não fazia ideia do que a Amy queria na nossa casa, mas com certeza, coisa boa não era. A Amy nunca vinha em paz e não seria agora que viria. Eu só sabia que eu precisava ficar preparada para o show que, com certeza, ela iria dar.

– O que veio fazer aqui? – Noah pergunta, mas não sendo ignorante.

– Conversar com você. – ela responde. – Só você. – ela reforça e lança o olhar pra mim. Noah suspira e me olha também.

– Eu vou terminar o café. – digo, afastando-me de Noah. – Com licença. – peço e saio da sala.

Agora eu tinha certeza que a Amy iria querer fazer algo contra mim. Fazer a cabeça do Noah e, com certeza, botá-lo contra mim. Não que eu esteja tomando conclusões precipitadas, mas isso era muito obvio.

Só analisando o fato de que o nosso casamento está firme e que durante esse tempo todo a Sasha não conseguiu fazer nada que nos afetasse de verdade, é um ótimo motivo para ela está aqui só para fazer a cabeça do Noah.

Eu não era de fazer isso, mas foi impossível resistir.

Fingi que fui para a cozinha, mas na verdade, fiquei atrás da parede tentando ouvir a conversa.

– O que quer conversar? – Noah pergunta, dando inicio.

– Eu vou ser bem direta, sabe que odeio enrolar. – Amy começa a falar. – Eu odeio esse casamento. – ela diz.

– Desculpa, mas eu ainda não sei sobre o que você quer conversar. – Noah responde.

– Não está claro? – Amy já estava irritada. – Eu odeio esse seu casamento com essa menina.

Como esperado, a Amy veio mesmo aqui falar sobre Noah e eu. Ainda havia uma pequena esperança que ela fosse falar sobre outra coisa, mas já estava claro.

Só quero saber onde isso vai dar.

Ouço Noah ri e ela fica irritada.

– Mãe, me desculpe, mas eu gosto do meu casamento e principalmente da Melissa. – Noah diz.

– Ela só está fazendo a sua cabeça, essa menina não presta, ninguém naquela família presta, confie em mim pelo menos uma vez na sua vida, eu sei do que estou falando. – Amy começa com os joguinhos de drama.

Confesso que o que ela falou, me deixou intrigada.

Não que eu acredite nela, mas do jeito que ela falou, era como se tivesse certeza do que dizia. Mas a minha família não tinha nenhum podre. Se tivesse, eu saberia. A Amy só está tentando manipular o Noah com o que, na verdade, não existe.

– Vai partir para a família dela agora? – Noah pergunta e, pelo tom que ele falou, estava ficando irritado. – Mãe, eu sei que você não gosta da Melissa porque esse casamento era a ultima coisa que você queria, que isso só está tirando um dinheiro que deveria ser nosso, mas se desse uma chance para ela… - Amy o interrompe.

– Nunca! – ela fala com firmeza. – Eu tenho meus motivos. – Amy tenta justificar. – Eu sei que está apaixonado por ela, porque a intenção dela era essa… fazer você se apaixonar e continuar com você mesmo depois que a aquela idiota da mãe dela morresse, assim ela continuaria com o seu dinheiro.

Eu não seria baixa o suficiente para fazer isso. Nunca que eu pensaria desse jeito. Até porque o dinheiro do Noah não fazia parte dos meus interesses.

Na verdade, nunca tive nenhum interesse. Só foi impossível evitar o sentimento.

E eu estava a ponto de aparecer na sala, porque xingar a minha mãe é uma péssima ideia.

– A senhora vai me desculpar, mas não quero mesmo falar sobre isso. – Noah diz. – Eu já sei que odeia todo mundo que está envolvido nisso e que não aceita que eu gosto, e muito, da Melissa, mas é a verdade. Se algo dê errado no final… tudo isso pelo menos servirá de lição. – ele diz.

– Então prefere correr o risco? – Amy pergunta.

– Se ela é tudo isso que está dizendo… já estou correndo. – Noah responde. – E é o perigo mais gostoso que eu já tive. – ele completa.

– Você não sabe o que está dizendo. O pai da Melissa… - Noah a interrompe.

– Por favor, sai. – ele diz, tentando ser educado, mas acabou soando rude. – Mãe, eu estou cheio de trabalho para fazer, tenho que levar a Melissa para visitar a mãe e ainda passar na empresa mais tarde. Eu realmente não quero ter essa conversa que você acha que vai me manipular em alguma coisa. A Melissa gosta de mim e eu gosto dela. – Noah finaliza e ouço a porta sendo aberta. – Se puder me dar licença, eu agradeço.

Eu me sentia mal em ouvir o Noah dizer coisas desse tipo para a mãe. Eu sabia que a Amy era uma pessoa com o coração de pedra, mas odiava ver o Noah brigando com ela, por mais que ela merecesse. Ela só faz o que acha melhor para ele e odeio ser o motivo de tanta briga entre os dois. Eu estava quase perdendo a minha mãe e não queria que mais ninguém passasse por isso.

– Um dia você vai me dar ouvidos, Noah. – ouço a Amy dizer.

– Esse dia não é hoje. – ele responde.

– Eu sei que não… - Amy fala. – Todo mundo só dá ouvidos aos conselhos quando eles não têm utilização. Tenha uma boa tarde.

Por fim, ouço a porta sendo fechada.

A Amy estava doida por causa do casamento. Eu sabia que se ela tentasse, poderíamos nos dar bem, mas ela não me dá a chance de provar que sou boa para o Noah e ele é bom para mim. Eu sei que por trás dessa mulher que se faz de má, existe uma pessoa boa.

[...]

Já havíamos tomado café, almoçado e no momento, estávamos lanchando comida chinesa.

Depois da pequena discussão do Noah com a Amy, fingi que não ouvi nada, apenas perguntei se ele queria falar sobre, mas garantiu que estava tudo bem e que não queria conversar. Respeitei, já que não podia obrigá-lo.

Confesso que fiquei curiosa com o que a Amy queria dizer, mas não posso ficar com isso na cabeça… se deixar, a pessoa manipulada vai acabar sendo eu.

– Tenho que ir ao hospital. – digo, tirando Noah do transe que estava.

– Já está na hora? – ele pergunta.

– Sim, temos meia hora até o horário de visita. – respondo, levantando-me do sofá. – Vou me arrumar. – digo. – Ah, ligue para uma dessas faxineiras que você conhece e peça para vim arrumar essa bagunça, por favor. – Noah assente e vou para o quarto me arrumar.

Fazia dois dias que eu não via a minha mãe. Eu sabia que agora que ela estava perto de morrer, estava claro e isso poderia acontecer a qualquer momento e que com isso, eu deveria ficar mais próxima dela do que eu já sou, mas quando eu estava com ela, só doía mais.

Doía saber que um dia eu chegaria a minha antiga casa e não a veria nunca mais. Não teria mais a chance de passar o dia com ela, de abraçá-la, de ouvir a voz e nem de fazer-se de criança só para ser mimada.

Tudo isso era ruim e vê-la naquela cama, impossibilitada de fazer várias coisas, me destruía aos poucos.

Mas não tínhamos saída, era a realidade e iria acontecer. Eu só não queria aceitar.

[...]

Já estávamos no carro a caminho do hospital. Não estávamos conversando muito. Depois da conversa com a mãe, o Noah ficou um pouco calado e eu sabia o porquê.

Ele, assim como eu, queria saber o que a Amy tinha para dizer, mas eu conhecia o Noah e ele, apesar de querer saber, não iria dar o gosto a Amy de ouvi-la e se fosse possível, ainda ser manipulado pela mesma.

Eu respeitei o momento de silêncio dele, não queria deixá-lo estressado.

Chegamos depois de alguns minutos no trânsito e fomos de mãos dadas até a entrada, mas assim que eu ia pisar para entrar, senti uma pontada forte na barriga e gritei de dor, abaixando-me com as mãos na barriga.

– Melissa! – Noah gritou assustado e se abaixou para me segurar.

– Ai! – a dor era forte e eu não estava suportando senti-la, não conseguia nem controlar os gritos que insistiam em sair mesmo sem que eu quisesse chamar atenção.

– Alguém me ajuda aqui. – Noah me segurava para não cair e gritava para que algum enfermeiro viesse nos ajudar.

Eu não sabia o que estava acontecendo, mas só se passava uma coisa em minha cabeça… o bebê.

Apesar de que eu não queria ser mãe por enquanto, não queria que nada acontecesse aquela vida inocente. Eu estava preocupada com o meu filho e eu não tinha outra coisa na cabeça a não ser isso.

A dor foi tanta, que não consegui ficar acordada, acabei desmaiando.

[...]

Abri os olhos lentamente e logo me lembro onde eu estava e o que havia acontecido para eu está ali, deitada naquela cama de hospital.

Olhei em volta e, mais uma vez, tinha uma enfermeira, mas essa estava bem ligada e assim que eu olhei para ela, a mesma levantou-se e veio até mim.

– Boa noite! – ela deseja, e fico espantada por já ser noite. – Como está se sentindo?

– Bem, eu acho. – respondo e me esforço para sentar, ela me ajuda. – O que aconteceu comigo? – pergunto.

– Eu não posso dar nenhuma certeza, continue sentada que vou chamar o médico para você. – ela diz e sai do quarto.

Desenrolo as minhas pernas e me arrumo, ficando mais confortável na cama, olho para a minha barriga e, aparentemente, estava tudo bem, mas esperava que estivesse tudo bem com quem estava lá dentro.

Poucos minutos depois o médico entra no quarto com algumas folhas na mão e se aproxima de mim.

– Você gosta mesmo de desmaiar, não é? – ele pergunta, quebrando o silêncio. Solto uma risada para não deixá-lo sem graça e dou de ombros. – Bem, mas precisamos conversar sobre isso que aconteceu com você.

– Sim, por favor. – peço e ele assente, começando a mexer nos papeis na mão dele.

– Melissa, eu não tenho uma noticia muito boa para você. – ele diz e me preocupo logo com o bebê.

– Fala de vez. – peço.

– Tudo bem. – ele segura os papeis que estavam nas mãos na minha frente e começa a falar. – Esse é o seu primeiro ultrassom, certo? – assinto. – Esses dois negócios aqui… - ele aponta para um lugar no papel. – É o seu útero, e esse pequeno negócio aqui… - ele aponta para dentro do circulo que, segundo ele, era o meu útero. – É o feto. – ele respira e me entrega os papeis. – Melissa, o seu útero é bicorno. – franzo o cenho.

Eu já havia ouvido sobre esse tal útero bicorno, mas não me lembrava mais do que se tratava e, se isso era algo ruim.

– Isso é uma coisa ruim. – ele responde, mesmo sem eu ter perguntado. – Isso pode afetar o crescimento do bebê e fazê-lo nascer com algum problema, ou, pior que isso… pode acontecer um aborto espontâneo. – meu coração gelou no mesmo momento, eu não queria perder o bebê, mesmo com algumas coisas que iriam mudar com ele, mas… perdê-lo não seria bom.

O médico me explicou com todos os detalhes do que se tratava o útero bicorno e porque aquilo prejudicaria a minha gravidez. Eu ainda estava tentando entender como nunca descobri isso, com as coisas que ele estava me dizendo, eu já devia ter descoberto sobre essa “deficiência” no meu útero, mas tudo parecia ser normal. Ele também explicou que não sabia o porque da dor que eu senti, talvez fosse uma contração muito forte, mas ele não sabia ao certo o que havia acontecido para que eu sentisse a dor.

– Tem uma cirurgia para isso, mas não será possível realizá-la com você grávida. – ele conclui.

– Então eu posso perder o bebê? – pergunto, já triste.

– Sim, me desculpe. – ele responde e logo me dá vontade de chorar, mas me controlo. - O seu útero está em uma situação bem avançada, nem sei como engravidou. – ele ressalta.

Fecho os olhos e respiro fundo por alguns segundos, tentando manter a calma e focar no que importava agora. Eu teria que ter todo o cuidado do mundo, por mais que eu não quisesse ter um filho, eu também não queria perdê-lo.

– Você não contou ao Noah, contou? – pergunto, preocupada. Ele me olha com o cenho franzido.

– Mas ele é o seu marido… - Carl (o médico) começa a falar, mas o interrompo.

– Você contou? – pergunto, alterando o tom de voz.

– Na verdade, não. – ele responde e eu suspiro aliviada. – Eu apenas disse que não sabia de onde veio a dor que estava sentindo, mas que estava tudo bem com os dois. Não sei se ele entendeu que se tratava da sua gravidez.

– Eu não acredito. – lamento, colocando a mão no rosto.

Eu queria contar ao Noah, era claro que eu queria contar, mas não agora, não naquela situação. Eu só precisava de um tempo.

– Quem está aí? – pergunto.

– O Noah foi tomar um café e tem uma mulher loira aí fora. – ele responde.

– Gracie?

– Sim, isso aí. Gracie. – ele confirma e fico feliz em saber que ela estava lá. – Quer que eu a chame? – ele pergunta.

– Sim, por favor. – respondo.

Ele assente e sai da sala.

Eu precisava me redimir com a Gracie, precisava que ela soubesse direito do que se tratava tudo aquilo que, sem escolha, estávamos envolvidos. E também, ela seria a primeira a saber da gravidez, eu precisava contar para alguém e esse alguém seria ela.

Minutos depois que Carl saiu, ouço batidas na porta e logo em seguida vejo a Gracie entrando. Fiquei feliz ao vê-la e sorri, ela abriu o pequeno sorriso e ficou na frente da cama.

– Oi. – digo, e ela responde. - Como soube que eu estava aqui? – pergunto.

– O Noah me ligou e me contou o que aconteceu com você. – fiquei feliz em saber que ela se preocupou e veio atrás de mim.

– Obrigada por ter vindo. – agradeço e ela sorri. – Gracie, me desculpa por não ter te contado nada… - começo a tentar me desculpar com ela, mas ela me corta e ri.

– Mel, eu já sei de tudo. – ela responde. Franzo o cenho. – O Noah me contou. – entendo o porquê de ela saber tudo. – É claro que fiquei chateada por não ter me contado, e por ter deixado isso ir tão além assim, porque esse casamento casou problema para todos nós e você sabe disso. – ela começa a falar e eu concordava com a cabeça. – Olha só a sua amizade com o Austin, foi para o lixo. – ela continua falando. – Se bem que não duvido que ele teria feito a mesma coisa caso você não tivesse se casado. Ele andava meio idiota. – ela diz, referindo-se a ele ter tirado a minha virgindade e depois dizer que não queria mais nada. – Mas é isso, eu não quero falar sobre o contrato ou nada disso, eu já conversei com o Noah, entendi tudo e está tudo bem. Desculpe-me por não ter te dado ouvido. – ela finaliza.

Era tão bom saber que depois de tudo que ela ficou sabendo e depois de todos os problemas que o casamento criou, ela ainda continuava do meu lado. Claro que ainda vamos conversar sobre isso, mas o que importava naquele momento era que estávamos de volta e ela ignorou completamente o fato de que eu escondi o casamento dela. Por isso eu amava a Gracie, ela podia ficar com raiva de tudo que eu fizesse, mas logo em seguida, voltávamos como se nada tivesse acontecido e a amizade continuava a mesma.

– Eu te amo. – digo e ela sorri.

– Eu sei, sou um amor de pessoa. – ela responde, reviro os olhos, rindo.

Gracie se aproxima de mim e nós nos abraçamos. Ficamos assim por segundos e logo ela se afasta de mim.

– Mas o que eu quero mesmo saber é o que você tem. – ela diz, sentando na ponta da cama.

Respiro fundo antes de falar. Eu não iria esconder mais nada da Gracie.

– Por favor, não grite. – peço e ela assente. – Eu estou grávida. – a boca da Gracie se abre em um “o” e ela arregala os olhos como se estivesse vendo um fantasma, ela fica alguns segundos assim, o que me assusta, mas logo ela acorda e reage de outra forma, abrindo um sorriso.

– Eu não acredito. – ela fala, tentando se controlar para não gritar. – Oh, meu Deus. Melissa, você está grávida do Noah. – ela fala e se aproxima novamente, colocando a mão na minha barriga. – E o que ele disse? – ela pergunta.

– Ele ainda não sabe. – respondo, envergonhada.

– O que? – ela responde, levantando-se da cama e quase gritando. – Mas ele é o pai.

– Eu sei, eu sei. – respondo. – Mas eu não sei como o Noah vai reagir e se ele quiser que eu tire o bebê? – pergunto. – Nosso casamento é só um contrato e eu também não sei se ele vai querer ainda ficar comigo quando isso acabar.

Gracie me olha com cara de “você está louca?” e senta novamente na cama.

– Você está louca? – ela pergunta. – Eu conversei com o Noah e se de uma coisa eu tenho certeza é de que ele te ama. – ela diz e meu coração palpita forte no meu peito. – Ele está louco por você e não ficou quieto por um minuto enquanto o doutor não foi dizer nada sobre você. Melissa, o Noah te ama e é obvio que vai aceitar o filho. – ela completa.

Ainda ficava um pouco insegura quanto a isso, mas eu precisava contar para ele. Mas antes, eu precisava ouvir aquilo da boca dele. O que a Gracie havia me dito. Eu precisava da certeza do amor dele, só assim eu ficarei 100% segura e vou contar tudo.

– Eu vou contar logo. – respondo.

– Nada mais justo. – Gracie diz.

Eu iria falar sobre o que eu sentia pelo Noah para a Gracie, mas dessa vez, tudo o que eu sentia, de verdade e sem esconder nada, mas assim que eu ia falar, ouço a porta sendo aberta e logo um outro doutor entra na sala, o doutor que cuidava da minha mãe.

Meu coração logo gela.

– Aconteceu alguma coisa? – pergunto, preocupada.

– Melissa, a sua mãe quer falar com você. – ele diz. – Agora.

Mil e um pensamentos negativos invadem a minha cabeça e logo penso que ela estava morrendo (de fato ela estava, mas que seria agora, esse era o meu pensamento). Fico sem reação e não consigo nem me mexer.

– O que está acontecendo, doutor? – pergunto, já segurando o choro.

– Eu acho melhor você saber por ela. – ele diz.

– Não. – digo. – Fala agora, assim eu já chego preparada. – minto. Até porque eu nunca estaria preparada para qualquer noticia ruim envolvendo a minha mãe.

– Eu não deveria falar, mas… - ele dá uma pausa e logo continua. – A sua mãe decidiu parar com o tratamento e ela pode morrer a qualquer hora. – ele finaliza.

– O quê?


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Notas finais do capítulo

E então? Eu ainda levo jeito para escrever?
Porque meus dedos e minha criatividade estavam enferrujados hahaha

Espero que tenham gostado - apesar do desfecho triste - e que se tiver algum erro, por favor, me avisem. Eu postei sem revisar.
Se ainda tem alguém aqui, por favor, dê um sinal de vida.

Beijos e até o próximo.