Casamento Forçado escrita por Marie


Capítulo 25
Sem Coração - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Primeiramente eu queria agradecer imensamente a Keth por ter recomendado a fic. Eu simplesmente amei a sua recomendação, muito obrigada. Eu fico muito feliz em ler coisas do tipo. Sério. Muito obrigada.

Demorei um pouco para trazer um novo capítulo, mas eu já tinha avisado que eu estava sem criatividade e com dificuldade para escrever a estória. Mas, depois de um bom tempo travada, consegui rabiscar algumas coisas e acho que está bom.

Fiquei um pouco decepcionada com a pouca quantidade de reviews que recebi no último capítulo, porque ter mais de 100 leitores e receber menos de 10 comentários é bem desanimador. Mas o que eu posso fazer, não é mesmo?

O capítulo ficou com mais de 8.000 palavras e isso me obrigou a dividi-lo em duas partes, porque ninguém ia ler um capítulo tão grande. A minha parte preferida é a segunda, pelo simples fato de ter mais ação e algumas coisinhas vão acontecer por aí.

Só isso mesmo.
Boa leitura.



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Eu não queria acreditar no que estava vendo.

Mesmo depois de tudo que ele fez, de tudo que me disse e ter contado ao Noah o que havíamos feito… Austin ainda tem a coragem de vir atrás de mim. Eu não queria vê-lo, muito menos conversar com ele. Apesar de já ter passado um tempo, eu não tinha esquecido.

– Não temos nada para conversar. – respondo, sendo rude com ele.

No mesmo instante que o Noah viu quem estava lá, veio para perto de mim. Eu sabia que se os dois trocassem algumas palavras brigariam logo e, apesar do Austin merecer uma surra, eu não queria ver os dois brigando. Então, preciso fazer o Austin ir logo embora.

– Por favor, Melissa. Eu sei que ainda está chateada comigo, mas você sabe que precisamos conversar. – ele pede com seu olhar triste. Aposto que era falso.

Apesar de tudo, eu sabia que tínhamos mesmo que conversar, mas eu não queria, não só por mim, mas pelo Noah também. Ele ficaria chateado comigo e se tem uma coisa que eu não quero é brigar com ele, não de novo. Estávamos ótimos e o Austin não iria atrapalhar tudo mais uma vez

Porque, mesmo com todas as burradas que ele fez, Austin sabia mexer comigo.

E eu odiava admitir isso.

– Cai fora. – Noah entra na conversa, também sendo rude com ele.

– Austin, eu não quero conversar com você, por favor, vai embora. – peço, sendo mais calma dessa vez e o impedindo de responder o Noah. Mas eu vi o olhar que Austin lançou para ele.

– Não faz isso, eu preciso esclarecer algumas coisas. – Austin insiste.

– Ela não quer conversar com você. – Noah diz, quase gritando, ele já estava muito irritado e não faltava muito para o outro ficar também.

– Eu vim falar com a Melissa, por favor, não se intrometa. – Austin o responde, Noah se aproxima dele, mas eu o puxo de volta.

Eu não iria deixar os dois brigarem, eu só iria fazer o Austin ir embora e tentar acalmar o Noah. Não queria tudo de novo, não queria brigar, só tudo no seu devido lugar sem atrapalhar o outro.

– Não, Austin. – digo firme. – Não quero conversar com você e não quero brigas, por favor, vá embora. – peço mais uma vez.

– Só quero que me perdoe, me ouça Melissa. – ele se aproxima para entrar, Noah se aproxima dele novamente.

– Não vai haver conversa nenhuma aqui. – Noah diz quase gritando.

– Não. – grito e puxo o Noah de novo.

Eu tinha pena dele. Eu não devia, mas eu também não me esqueci de tudo que já passamos. Austin, apesar de ter sido um idiota, ele já foi muito importante na minha vida. Já o apoiei e o ajudei em muitas coisas, assim como ele fez comigo. Eu não via mal em ouvi-lo, mas Noah iria deixar tudo difícil depois.

Maldita hora que o Austin escolheu para vir atrás de mim.

– Austin, eu sei que quer conversar, mas não temos assuntos pendentes. Você veio aqui à toa. – digo, tentando deixar o meu lado “boazinha” fora daquela discussão.

– Cai fora. – Noah repete, Austin o fuzila, mas ignora e olha para mim.

– Você está chateada comigo e eu não tiro a sua razão, eu sei que errei feio com você, mas eu só te queria de volta, eu ainda te amava e não aceitava que me trocou tão rápido por esse aí. – ele explicou e apontou para o Noah.

Noah se soltou de mim e o empurrou com força. Austin cambaleou algumas vezes e quase caiu, mas conseguiu se segurar na parede. Ele só podia estar de brincadeira.

– Não tenho culpa se ela me preferiu a você. – Noah disse.

– Você é idiota? – perguntei para o Austin, gritando. – Te trocar? – gritei novamente. – O Noah apareceu na minha vida e eu gostei dele, você já teve tantas namoradas e você sim… trocou-me por elas. Pensa que eu me esqueci? Quantas vezes eu fui só a sua distração quando terminava com uma? – perguntei irritada. – Sai daqui, não quero mais ouvir nada.

Sim, o casamento era uma farsa e sim, me separou de muitas coisas que eu gostava. Prejudicou em outras e uma dessas coisas foi a minha amizade com o Austin. Eu sabia que por trás de tudo, estávamos brigando por uma coisa inexistente.

– Isso já passou. – Austin responde, alterando a voz. – Eu vou embora, mas ainda vamos conversar. – ele diz, afastando-se da porta. – Uma hora eu te encontro sozinha, sem distrações e você me diz o que realmente quer. – ele fuzila o Noah e volta a olhar pra mim. – Nós vamos voltar a sermos amigos. – Austin diz como se tivesse toda a certeza do mundo.

Mas ele me conhecia bem e eu sabia que o que ele estava falando era verdade. Sem as distrações vulgo Noah, Austin sabe que nós conversaríamos, eu até tentaria dizer não, mas ele sabe me convencer e acabaríamos conversando. Eu sou tão fácil quando se trata dele. Mesmo com tudo que ele tenha feito. Não consigo mudar.

– Sai daqui. – Noah gritou muito irritado.

Ele se aproximou do Austin e o empurrou com mais força dessa vez, fazendo-o bater as costas na parede do corredor.

– Noah, para! – gritei.

Austin veio para cima dele e o empurrou também. Noah levantou o punho fechado e foi em direção ao rosto do Austin, mas ele conseguiu segurar e dessa vez Austin que levantou a mão para dar um soco no Noah. Corri em direção aos dois e praticamente pulei em cima do Noah, fazendo-o se afastar do Austin antes que ele batesse.

– Chega! – gritei mais uma vez. – Vocês dois parecem duas crianças. – eu estava muito irritada. – Austin, sai daqui, por favor. – afastei-me do Noah e me aproximei do Austin. – Está vendo o que você faz? – perguntei gritando. – Só traz briga. – ele me olha cabisbaixo. – Sai daqui e, por favor, não volte mais. – seguro a porta em sinal de que eu ia fechá-la.

– Isso ainda não acabou. – Austin respondeu e saiu.

Puxei o máximo de ar que eu pude para os meus pulmões e soltei lentamente tentando me acalmar. Eu odiava isso. Odiava ter que brigar com os dois. Quando isso acabaria?!

Olho para o Noah e ele ainda estava irritado, estava muito visível.

– Por que você quer resolver tudo com violência? – pergunto, quase gritando com ele.

– Ele não quis sair por bem, então eu o tirei por mal. – Noah responde. Reviro os olhos, irritada.

– Isso não é motivo. Eu ia tirá-lo daqui. – aproximei-me do Noah. Ele continuava de pé, me fitando.

– É eu vi. – ele disse, sendo irônico. – Aposto que se eu não estivesse aqui, você estaria conversando com ele, ou sabe lá o que estaria fazendo. – olhei incrédula para ele.

Tudo bem, aquilo poderia, talvez, ser mesmo verdade, mas Noah ter falado isso só mostra que ele não confia em mim. Não minto, já dei motivos, mas sinto-me mal por ouvir isso.

– Por que se importa tanto? – aproximo-me mais dele.

– Somos casados. – ele respondeu.

Como se não fosse obvio. Nossas respostas eram sempre as mesmas. “Somos casados”. Mas por que, de verdade, nos importamos tanto um com o outro?

– Por que realmente se importa Noah? – pergunto.

Ele me encara por alguns segundos e suspira, aliviando a raiva. O encarei esperando pela resposta. Eu não esperava ouvir uma declaração, ou algo do tipo, mas sempre que a gente começa a conversar sobre os nossos “outros”, havia ciúmes de ambos dos lados. Por mais que eu não gostasse de admitir, eu sentia ciúmes dele.

Noah ainda não havia respondido, e eu não queria pressioná-lo, então a melhor opção é esquecer isso. Quando nós dois finalmente nos sentirmos confortáveis, poderemos conversar sobre esses sentimentos.

– Ah, quer saber? – pergunto, tomando a sua atenção. – Esquece! – peço. – Não se preocupe quanto ao Austin, não vou deixá-lo atrapalhar mais nada, eu juro. – aproximo-me do Noah e seguro as suas mãos. – Confia em mim, não vai acontecer tudo de novo. – abro um pequeno sorriso e aproximo-me mais dele, tocando seu rosto. – Eu não quero mais ninguém. – digo por fim, antes de terminar com a pequena distância dos nossos rostos e beijá-lo.

Como esperado, ele corresponde.

Eu disse a verdade. Eu poderia sim, conversar com o Austin, mas eu não iria deixá-lo atrapalhar o meu casamento, ou pelo menos tentaria não deixar isso acontecer. Eu tinha a confiança do Noah e não iria desperdiçá-la e decepcioná-lo.

Eu queria só ele.

Mais ninguém.

[...]

Uma semana depois…

Hoje era o grande dia. O aniversário da Amy havia chegado e eu ainda não estava preparada para o que poderia acontecer.

Eu tinha certeza que a Amy tentaria estragar alguma coisa. Ela não deixaria uma oportunidade assim passar em branco, uma oportunidade de fazer algo para mim na frente de várias pessoas.

Eu sei, eu não deveria ir, mas eu não estava indo por mim, e sim, pelo Noah.

Amy havia insistido pela nossa presença na festa. Noah rejeitou várias vezes, não só pela Sasha estar lá, mas porque ele também sabia que a mãe iria aprontar alguma pra mim. Ele disse que não queria que nada de ruim acontecesse comigo. Noah conversou com a mãe, ela disse que não iria fazer nada, mas isso não me desceu, nem pra ele.

A minha certeza de que algo ruim iria acontecer veio de uma mensagem suspeita que ela mandou para mim.

“A festa ficará para sempre na sua memória, o que vem depois dela também. Conto com a sua presença, não me decepcione”. Dizia a mensagem.

Não contei ao Noah sobre ela.

Não queria me intrometer na relação de mãe e filho deles, não queria ser o motivo de briga. Apesar de tudo, não queria que o Noah ficasse brigado com a mãe por minha culpa, isso só a deixaria com mais raiva de mim.

Eu não estava com medo da Amy. Nunca tive e nunca terei.

Eu só não queria que ela destruísse algo que o Noah e eu construímos com dificuldades, que no caso, foi o nosso relacionamento.

[...]

Termino de colocar o colar que eu havia ganhado do Noah. Ele era grande e as pedras que tomavam conta dele pareciam ser bem caras. Completo com um anel e algumas pulseiras. Todos foram presentes do Noah.

Não entendia porque ele me enchia de joias caras, mas não ia negar coisas tão lindas como elas.

Vou para frente do espelho para terminar de arrumar o meu vestido. Como exigido pela própria Amy, ela queria todos os convidados vestidos de branco, não sabia o porquê, mas sem escolhas, comprei um vestido longo, já que também era uma festa estilo gala. Ele tinha as alças cruzadas no pescoço, com um decote grande e detalhes com pedras pratas. Escolhi com ajuda da Gracie.

Respirei fundo e caminhei para sair do quarto, Noah estava me esperando na sala.

Assim que parei na sua frente, como de costume, ele varreu todo o meu corpo, ou melhor, o vestido, já que ele cobria as minhas pernas por completo. Voltou a olhar para o meu rosto e sorriu, correspondi com um sorriso não tão verdadeiro.

Ele levanta e suspira. Noah já sabia o porquê.

– Você não precisa ir. – ele diz, mais uma vez.

– Eu sei. – respondo. – Mas se eu não for a Amy vai achar que eu temo as coisas que ela me diz, aí que ela vai mesmo aprontar, e também se eu não for você vai ficar lá sozinho, não me esqueci que também tem a Sasha. – concluo e ele revira os olhos.

– Não precisamos ir então. – ele sempre tinha uma “solução”.

– De jeito nenhum vou deixar você faltar o aniversário dela. É a sua mãe, Noah. – digo, tentando deixá-lo 100% convencido, mas eu sabia que ele nunca ficaria.

A Amy poderia mesmo fazer alguma coisa, mas ela não tinha nada contra mim, a única coisa era falar que eu me casei com o Noah pelo dinheiro e falando sério, quantas mulheres que estarão naquela festa fizeram isso?

Sem tirar a Amy, que não deve ter sido muito diferente. A única coisa que ela poderia fazer era inventar.

Eu não estava com medo, só estava ansiosa para ver no que daria.

– Parece que você quer mesmo que ela faça alguma coisa contra você. – Noah reclama e se afasta de mim. Seguro o seu braço e me aproximo. Coloco meus braços ao redor do pescoço dele e lhe dou um selinho.

– Só não desgrude de mim lá, vai ficar tudo bem. – respondo e o beijo mais uma vez. Noah sorri e me beija, mas dessa vez aprofundamos o beijo.

Sua mão aperta minha cintura e em seguida minha bunda. Mergulho meus dedos no seu cabelo e dou leves puxadas. Se eu não parasse ali, sabia onde iríamos.

Nessa semana que passou, não transamos loucamente como se fossemos ninfomaníacos, em sete dias, foram apenas três. Claro, por minha causa, porque se dependesse do Noah, seriam todos os dias a toda hora.

Realmente é bom, mas consigo ficar alguns dias sem. Porque quando finalmente acontece, compensa os dias sem.

Afasto-me do Noah e ele reclama, sorrio.

– Talvez quando a gente chegar. – digo e ele abre um sorriso enorme, como um de uma criança que acabou de ganhar um brinquedo que sempre quis. – Agora vamos logo. – seguro a mão dele, puxando-o para fora do apartamento.

– Ainda dá tempo de escolher ficar aqui fazendo outras coisas bem melhores do que ver pessoas de branco andando pra lá e pra cá e correr o risco da minha mãe fazer alguma merda. – ele diz em um tom de brincadeira, eu sabia bem o que eram as “outras coisas”.

– Gosto de correr riscos. – respondo-o, antes de fechar a porta e descermos pelo elevador.

[...]

Depois de estacionar o carro, espero Noah rodea-lo para abrir a porta para mim. Ele que havia pedido para fazer isso, então nem discuti.

Noah abre a porta e segura a minha mão, com a outra, seguro o vestido e desço do carro, que era um pouco alto. Olho para frente e lá estava a mansão dos Russel, mais uma vez toda iluminada em sinal de festa. Respirei fundo, preparando-me para qualquer coisa ruim que possivelmente poderia acontecer. Olho para Noah e o pego olhando para mim, ele sorri.

– Você está linda. – ele diz, sorrio e em agradecimento, dou um beijo na sua bochecha.

Continuamos de mãos dadas e vamos andando até entrarmos.

A casa estava toda iluminada e muito bem decorada. A sala era muito grande e em uma parte da casa tinha um espaço bom para festas e todo esse lugar estava tomado por pessoas. Claro que não chegava a estar lotado, mas que tinha bastante pessoas lá, tinha sim.

Como prevenir é melhor do que remediar, eu andava pela casa olhando para todos os lados. Parecia até que eu estava mesmo com medo, mas eu só não queria ser pega de surpresa por nada.

– Tudo bem? – Noah pergunta quando me vê olhando para todo o canto, um pouco assustada.

– Sim, só está um pouco cheio aqui. – respondo, mentindo. Ele apenas assente e continuamos a nossa caminhada que eu não fazia ideia aonde ia dar.

– Quer uma bebida? – Noah pergunta no meu ouvido. Começou a tocar música, não muito alto, mas o suficiente para ter que alterar o tom da voz para falar com as outras pessoas.

– Não. – respondo. Eu não gostava de beber em festas.

– Vou pegar uma pra mim, fica aí. – ele diz e solta a minha mão, indo para um balcão onde estavam preparando bebidas.

Não podia negar que a decoração ficou impecável. Apesar de ser uma pessoa horrível, a Amy tinha um gosto para decoração incrível. Em um pequeno palco que estava na sala, estava o bolo e logo atrás, o DJ. Na frente tinha um microfone, que provavelmente ela usaria para agradecer a todos por estarem ali entre outras coisas.

– Melissa… - ouço a voz do Peter e logo me viro para encará-lo. Ele estava sorrindo, correspondo.

– Olá, Peter! – respondo. Ele pega a minha mão e beija as costas dela, fiquei um pouco envergonhada, mas continuei sorrindo.

– Como está? – ele pergunta e olha para os lados. – Cadê o Noah?

– Estou bem, obrigada. – digo. – E o Noah foi pegar uma bebida. – aponto para onde ele havia ido.

– Quero conversar com vocês dois se possível. – ele responde e olha em volta. – No meu escritório, porque aqui é meio impossível. – ele ri e eu o acompanho.

– Só esperar o Noah. – digo, olhando para o balcão que ele havia ido, mas não estava mais lá. Olhei para todos os lados e o vi saindo no meio de algumas pessoas. Ele toma um gole da bebida que eu desconhecia e se aproxima de nós, sorrindo.

– Oi. – ele diz olhando para o pai, os dois se abraçam e depois Noah se aproxima de mim, colocando seu braço ao redor da minha cintura.

– Que bom que veio. – Peter disse para o Noah. – Quero conversar com vocês dois no meu escritório, me acompanhem. – ele dá as costas, passando no meio das pessoas caminhando até o escritório.

Noah me olha confuso, como se eu tivesse a pergunta do que ele queria saber, mas eu também não fazia ideia do que o Peter queria com a gente. Não que eu me preocupasse com isso, claro que não, do Peter eu não espero nada de ruim. Espero que um dia ele não me decepcione.

Ainda não tínhamos visto a Amy, provavelmente ela ainda estava se arrumando, ou esperando mais convidados chegarem para aparecer. Igualmente a Sasha, que felizmente eu não sabia onde estava, mas também não queria saber.

Entramos no escritório, Noah fecha a porta e logo depois sentamos à mesa de frente para Peter. Ele no fitava sem dizer nada, franzi o cenho.

– O que queria conversar com a gente? – Noah pergunta, quebrando o silêncio. Peter suspira, como se estivesse cansado.

– Vou começar pelo lado ruim da coisa. – ele responde. – Sasha. – ele completa e olha para o Noah.

Como ele sempre fazia ao ouvir o nome dela, Noah revirou os olhos e bufou de raiva.

– Continue. – peço.

– Bem, eu não fazia ideia que ela iria aparecer aqui. A Amy não me avisou e se tivesse avisado, era claro que eu não deixaria. Fiquei sabendo que ela estava lá no Havaí e quando soube que foi a Amy que mandou, briguei com ela. Eu não gosto da ideia dela tentar destruir esse casamento sem motivos, sua mãe está ficando louca. – Peter diz, Noah se endireita na cadeira e fita o pai. Deixo ele responde.

– Ela acha que eu e a Melissa somos apaixonados pelo outro e ela deve ter medo de que a gente fique junto fora do casamento. – Noah responde a mesma coisa que havia me dito.

Aquela podia mesmo ser a verdade, mas eu só não entendia o porquê da implicância contra isso. Não fiz nada que a prejudicasse com o casamento, pelo menos não que eu saiba. A não ser que ela tinha planos para o Noah com outra mulher, aí já é outro caso.

– E vocês não estão apaixonados? – Peter pergunta, cruza os braços e nos encara desconfiado.

Ele sempre insistia nesse assunto. Mas dessa vez, estava perguntando para nós dois juntos. Eu não sabia o que ele iria fazer se a nossa resposta fosse “sim”, não sabia o que ele queria com isso. Porque de qualquer jeito, se estivermos apaixonados, não vai mudar nada na vida dele.

Noah pigarreia, mas continua em silêncio e eu fico envergonhada. Ainda não tínhamos conversado sobre isso, não de um jeito que deixássemos claro se estávamos mesmo apaixonados, ou não.

Saio dos meus devaneios quando ouço Peter ri de nós. Continuei calada, assim como Noah.

– Quando vão assumir? – Peter pergunta. – Vou falar uma coisa para vocês, crianças… - ele se levanta e começa a andar pelo escritório, fico o seguindo com meus olhos. – Se não estivessem apaixonados pelo outro, por que estariam tão juntos? Por que se beijariam tanto, trocariam tantos sorrisos e defenderiam o outro como se estivessem mesmo apaixonados? – ele para e nos encara.

Não queria que o Peter confundisse o Noah, ou até eu mesma. Se ele continuasse tocando nesse assunto, poderíamos até mesmo confundir os nossos sentimentos, Noah pode gostar de mim, mas pode ser só como amizade. Mantemos um relacionamento porque temos desejos, precisamos realizá-los e sem escolhas, aqui estamos nós, nos relacionando como um casal de verdade.

Noah nunca havia conversado sobre isso e eu tinha minhas duvidas.

– O que ganharia se nós formos apaixonados? – Noah pergunta.

– Nada. – Peter responde rapidamente. – Só quero o melhor para você e para a Melissa. Se estiverem apaixonados, eu vou tentar deixar a Amy longe de vocês, ela não pode acabar com isso só porque a Melissa é de classe mais baixa que nós e não apoia o casamento. – ele continua. – Eu vim percebendo uma melhora grande em você Noah. A Melissa de algum jeito te influenciou a ser melhor e se a sua mãe não pode perceber isso, ela tem sérios problemas. – Peter completa.

Noah olha rapidamente para mim e abre um pequeno sorriso. Impossível não sorrir junto com ele. Eu vinha sentindo coisas por ele, mas eu ainda não tinha uma palavra para descrever. Mas eu sabia que era forte e que eu não podia detê-la. Mas eu tinha medo de descobrir o que eu realmente sentia e ver que o que o Noah sente é muito diferente do meu.

Não quero sair magoada.

– Peter, nós ainda não sabemos direito o que sentimentos pelo outro… - eu estava respondendo, mas sou interrompida pelo Noah.

– Bem, eu sei. – ele responde e olho para ele com o cenho franzido. Meu coração estava acelerado.

– E…? – Peter pede continuação.

– Na hora certa direi. – Noah responde concluindo o que ele tinha pra falar e olha para mim. Sorrio.

Ele adorava me deixar curiosa.

[...]

A festa tinha começado oficialmente. Dançamos juntos, conversamos e nos beijamos. Eu adorava ficar com ele, ainda mais bem próxima como eu estava naquele momento. Sempre que ele se separava, meu corpo o queria de volta.

Estávamos em um canto na parede. Noah havia me encurralado lá para me beijar sem ninguém ver, mas tinha tanta gente ali que quem não visse, poderia ser considerado cego. A mão dele passeia pelo meu corpo e eu adorava aquilo, adorava o toque dele.

Eu sempre tinha que controlá-lo, porque se não, ele iria esquecer que estávamos numa festa e ir mais além. Afasto-me dele e ele reclama.

– Aqui não. – o advirto e seguro a sua mão, puxando-o para o meio de toda aquela gente.

Começamos a dançar novamente, mas não demorou muito para termos que parar.

– Peço a atenção de todos agora. – a música parou e logo ouvimos a voz da Amy vindo das caixas de som. Algumas pessoas gritam “parabéns” e batem palmas. – Obrigada!

Viramo-nos para o palco e lá estava ela. Com um vestido dourado que ia até os pés, colado no corpo e tomara que caia. Odeio admitir, mas a Amy estava muito bonita.

– Queria agradecer a todos os convidados por estarem aqui. – ela sorri e seus olhos procuravam por algo em meio aquela multidão de gente. – Essa noite é muito importante para mim, porque tenho aqui meus amigos mais queridos e fico feliz em poder compartilhar esse momento com vocês. – seus olhos não estavam fixados em nada, apenas rodando aquele lugar, ainda em busca de algo. – Sem mais delongas… - ela começa a falar e abre um sorriso quando seus olhos finalmente me encontram no meio das pessoas. – Que comece a festa! – ela disse, ainda com seus olhos fixados em mim.

Desviei meus olhos para o Noah, que estava olhando para a mãe e sorrindo. Todos os convidados começaram a bater palmas para a Amy, ela desceu do palco e foi agradecendo um por um.

– Sua mãe está linda. – digo, fazendo Noah olhar para mim.

– Está tudo bem? – Noah pergunta um pouco assustado. – Você está pálida. – ele segura meus braços e ergue meu corpo, fazendo-me olhar nos olhos dele.

– Eu estou nervosa. – admito.

Eu não deveria, mas eu estava mesmo nervosa. Estava preocupada com o que poderia acontecer, não tinha ideia do que a Amy planejou para mim e eu estava com medo (sim, com medo) de descobrir. Ela era o tipo de mulher que você não deveria duvidar nada.

Noah me puxa para perto dele e me abraça.

– Vou só falar com a minha mãe e nós vamos embora, é melhor. – ele diz.

– Desculpa. – peço. – Se quiser pode ficar aqui, eu vou sozinha. – olho nos olhos dele.

– Nem pensar. – Noah responde. – Ela está vindo. – olho para onde Noah havia apontado e a Amy estava se aproximando de nós. Abracei o Noah com mais força e ele me apertou também.

Antes eu não estava com medo dela, mas misteriosamente, a minha mente começou a reproduzir um monte de coisas com fins trágicos e eu não queria ficar ali. Algo me dizia para eu ir embora e eu iria.

– Que bom que vocês vieram. – Amy diz quando chegou até nós.

– Feliz aniversário, mãe. – Noah diz, a abraçando.

– Obrigada, meu filho. Eu amo você. – ela o responde e depois se afasta.

– Feliz aniversário, Amy. – digo, tentando disfarçar o meu nervosismo.

– Obrigada, querida. – ela sorri cinicamente para mim. Tão falsa.

– Mãe, para. – Noah pede. – Pare de ser tão falsa. – Amy arqueia as sobrancelhas e encara o Noah.

– Eu só estou agradecendo. – ela responde e olha para mim. – Isso não te faz nenhum mal, não é? – ela sorri.

– Não. – respondo.

– Não faça nada, por favor. – Noah diz, quase insistindo.

Amy ri como se estivesse se divertindo com aquela cena e de fato, ela estava. Deveria estar adorando me ver com medo dela.

– Mas o que eu faria querido? – ela pergunta e sorri para o Noah. – Esqueçam isso e me diga… o que vão fazer agora? – ela pergunta. Noah suspira, como se estivesse tentando aliviar o estresse, ou coisa do tipo.

– Já vamos para casa, a Melissa não está se sentindo bem. – Noah responde e rapidamente o sorriso some dos lábios dela. A Amy me fita e eu via raiva nos seus olhos.

Deve ser muito ruim estragar os planos de alguém.

– Mas já? – ela pergunta indignada. – Ah, não, Noah. – ela briga com ele. – É meu aniversário, eu sou a sua mãe. – ela diz com uma falsa tristeza.

– Eu sei, mas eu também estou cansado. Fomos dormir tarde ontem à noite e precisamos descansar. – Noah justifica, mas a Amy não se convence.

– Podem ir, mas só depois que você me ajudar em algo. – Amy diz para o Noah e sorri. – Venha cá. – ela segura na mão dele e o puxa. – Não saia daqui, Melissa. – ela olha para mim e sorri.

– Eu já volto. – Noah diz, quase gritando, já que ele estava longe.

Eu estava desprotegida. Eu pedi para ele não se afastar de mim na festa, mas ele fez ao contrário. Tudo bem, foi a Amy que o tirou daqui, mas aí está o problema. Eu estava assustada. Olhava para os lados a todo o momento e segui o Noah com os meus olhos até ele sumir do alcance. Todo mundo estava dançando, como numa festa normal. Mas para mim, nada ali parecia normal.

Tentei me socializar com as pessoas, mas eu não estava no clima e a minha consciência me queria longe dali. Só esperava que o Noah voltasse logo para irmos embora.

Saio dos meus devaneios quando ouço a última voz que eu desejava ouvir.

– Ora, ora. Pensei que não nos veríamos aqui.

Viro-me para trás e dou de cara com a Sasha. Ela carregava seu sorriso cínico de sempre. Ela também estava bem vestida, mas não de branco como os outros convidados, ela estava de preto.

Respirei fundo e a fitei.

– Eu estava torcendo para isso não acontecer. – digo e correspondo o sorriso falso dela.

E finalmente está começando.


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Notas finais do capítulo

Estava bem longe dos meus planos o capítulo acabar assim, mas ele ficou enorme e tive que mexer com o final e todo o resto. Ninguém aqui iria querer ler 8.000 palavras, certo?

Espero que tenham gostado do capítulo e que tenham colhido algo de produtivo. Porque não sei se nessa primeira parte tem algo de interessante, mas posso garantir que na segunda tem.

Gostaria de avisar também que a história está caminhando para o final, mas calma, ainda não está tão próximo. Mas também não vai demorar tanto. Será mais de 30 capítulos e menos de 50, ou seja, vai acabar em 40 e alguma coisa.

Mas se contar a provável segunda parte da história. Terá mais. Futuramente vou falar sobre essa segunda parte, mas para deixar vocês um pouco animada. Quando essa aqui terminar, terá uma segunda dela. Mas não é confirmado. Depois conversamos direito.

Espero que tenham gostado e que, por favor, comentem. É muito chato ter tantos leitores e nem 10 comentarem.

Beijos e até a segunda parte que... Promete.

Comente, favorite, recomende, faça essa escritora feliz! :)