Cúmplices escrita por Ariane Munhoz


Capítulo 1
Único




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"Bom, eu acho que quando você realmente tem uma conexão com alguém, ela simplesmente não se vai."

Alex Vause – Orange is the new black

X

Um dia lhe perguntaram como seria ser humano. Ele não sabia, não fazia ideia porque tudo nele era artificial. Mas não se importava, porque seu único desejo era morte e destruição. Era pra isso que vivia.

Então lhe perguntaram se queria ser humano.

Naquele momento, ele sorriu e seus olhos se encheram de deleite.

“Eu, humano? Não, eu sou a perfeição.”

O cheiro de sangue e destruição espalhou-se por todo o local. E nada restou além de um imenso deserto onde antes existia uma cidade.

X

Para ela, a resposta era simples.

“Enquanto estiver ao lado do meu irmão, nada mais me importa”

E era assim que ela pensava mesmo.

De qualquer forma, não era como se eles se sentissem escravos da vontade do Dr. Maki Gero. A bomba continuava implantada em seus corações, e se não obedecessem a vontade dele, estariam mortos. Mas agora, naquele futuro totalmente destruído, tinham apenas um ao outro. O resto era apenas fogo e desespero.

E enquanto estivessem juntos, eram imbatíveis.

X

Quando nasceram, foram nomeados de Lapis e Lazúli. Eram duas pedras preciosas que unidas, faziam uma jóia muito mais cara e rara, o Lapis Lazúli. Alguns diziam que havia uma propriedade mágica sobre ela, um resplendor real.

Eram irmãos nascidos no mesmo dia. Gêmeos que, quando unidos, criariam a perfeição absoluta.

Para eles, essa união significava estar ao lado um do outro, juntos.

Para Maki Gero significava o nascimento de Cell.

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Eles logo aprenderam como a coisa funcionava no mundo dos humanos. No passado ou no presente, não importava. Todos os humanos eram egoístas e mesquinhos, e possuíam seus próprios desejos. E 17 logo aprendeu que para realiza-los, bastava ser forte o suficiente para impor a quem quer que fosse.

A única pessoa com quem ele não usava força era 18.

Com ela, seus toques eram sutis. Ao seu lado, não existia violência, exceto quando os dois lutavam juntos. Mas se não fosse isso, era como se fosse um outro alguém.

“Sabe, Lazúli, as vezes quando estou com você... quero ser humano. Apenas para poder sentir como é... você.”

Ela apenas sorria, encostando os lábios contra os seus e os pressionando. Talvez se fossem humanos, sentissem o coração pulsar com mais força. Talvez se não fossem máquinas, pudessem ter sentimentos reais um pelo outro.

“Eu também, Lapis. Eu também.”

Era verdade mesmo. Poderia viver uma vida humana ao lado dele.

X

Mas eles não sabiam da existência das esferas do dragão, e mesmo que soubessem, provavelmente não teriam largado aquela vida que viviam. Naquela época, era divertido. Talvez, cem anos mais tarde quando não restasse mais nada daquele planeta, eles mudassem de ideia, mas então não teria um planeta onde pudessem sobreviver.

Então eles continuavam.

E assim como foi no futuro, foi no passado também.

Eles despertaram, seguiram os desejos de Maki Gero até que não queriam mais estar ao seu lado e o destruíram.

Mas havia algo diferente no passado.

Um tal de Cell. Aquilo que os tornaria perfeitos mesmo contra sua vontade. O que os impediria de estarem juntos da maneira que queriam.

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Um dia, ela disse para ele:

“Eu quero que você esteja sempre ao meu lado. Mesmo que não reste mais nada. Mesmo que o mundo acabe, eu quero que esteja sempre comigo. E se algum dia tivermos que nos separar, jure que irá me encontrar. Jure pra mim.”

Ele a olhou nos olhos naquele dia, enxergando seu próprio reflexo e segurou suas mãos entre as suas. Seus lábios pressionaram os dela e desejou apenas uma vez sentir com eram por trás daquelas placas de metal.

“Eu juro.”

Ela acreditou em suas palavras de que estariam juntos para sempre. É uma pena que nem tudo é como realmente desejamos.

X

No fim das contas, quem o abandonou foi ela.

No fim, ela se tornou humana sem ele, quebrando os seus juramentos, suas promessas e tudo. Mesmo contra sua vontade. Tudo o que ela desejava, tudo o que ela queria era estar ao lado de seu irmão agora morto.

Então tudo o que podia fazer era viver por ele, por aquele sonho que haviam construído.

“Sinto muito por não ter ficado ao seu lado até o fim”, ela dizia sempre que visitava o túmulo que havia feito. Pois nem mesmo Shen Long poderia trazer de volta à vida uma máquina.

X

Ele a observou crescer e observou sua filha e aquele careca estúpido.

E uma vez, quando ela dormia, a visitou de noite quando ninguém mais olhava e tocou seus lábios com os próprios. Teve a impressão de sentir ela se mover, mas não abriu os olhos.

“Espero que possa sentir por nós dois.”

Ela podia. Tanto quanto sentia as lágrimas em seus olhos quando ele partiu.

X

Ele nunca mais apareceu depois disso, mas talvez fosse melhor assim. De alguma forma, enquanto um vivesse, o outro permaneceria vivo pois essa era a ligação que possuíam. Uma cumplicidade que ultrapassava planos, tempo e espaço.

Algo que jamais poderia ser destruído.

Como uma pedra de Lapis Lazúli.


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Notas finais do capítulo

Falando com a Taty de várias coisas nada a ver, terminamos no assunto DBZ por algum motivo. E eu tava falando pra ela que sou apaixonada pelo Mirai Gohan mesmo ele quase não tendo aparecido. E ela falou que gostava de todas as pessoas lá do futuro e de repente quando vi já estava imaginando e escrevendo essa fic.

Dedico para ela ♥

Minha primeira fique postada no ano, enfim.

Espero que gostem, comentem e revivam o fandom q

Aparecerei aqui mais vezes com mais fiques deles, ou dela, ou dele ou de outros q

A propósito, não acho que Lapis Lazúli seja indestrutível.. mas eu quis dar a idéia que sim kkk

Agradecimentos especiais à minha filhota Lia que sempre perde tempo fazendo capas lindas pra mim. Obrigada ♥



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