O REVERSO DA MEDALHA - Fanfic Express escrita por Serena Bin


Capítulo 4
O Aviso


Notas iniciais do capítulo

Para Rain que começou a ler a fic e especialmente para a Geanesb, que tem se mostrado uma grande amiga.



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Mason. O sobrenome que volta a minha mente tras consigo toda a imagem de Katniss sendo atingida na cabeça antes de finalmente ser capturada pelos rebeldes. Uma mistura de raiva e confusão me toma, porque afinal julguei mal os atos de Johanna, ela era uma deles todo o tempo; e , provavelmente sabe muito mais a respeito da guerra, talvez ela seja o que a Capital procura, mas o que me deixa mais perturbado é o fato de a terem deixado para trás,por acaso não sabem que uma pessoa com os conhecimentos de Johanna valha muito para os rebeldes?

Talvez a quisessem como bode expiatório, uma informante confiável na Capital, mas todos sabem que um rebelde não seria tratado com gentilezas por Snow, ainda mais alguem tão desafiadora e debochada como Johanna Mason.

Os gemidos se encerram no momento em que a porta do quarto ao lado do meu é trancada. Posso ouvir passos resistentes e alguns gritos, num primeiro momento me pergunto o que vão fazer com ela, mas então me lembro de Snow e seu plano de ataque ao treze.

Pense Peeta - digo a mim mesmo - Pense em uma maneira de alertá-los.

Se como Johanna disse, o treze é esperto, não preciso de muito para enviar uma mensagem. Mas como? Olho para todos os lados, não vejo nada além de meu habitual aposento com suas paredes brancas e sua pequena abertuda com grade.

– Pense! - repito.

Estou compenetrado em meu plano quando sou surpreendido.

Portia e minha equipe de preparação adentram a porta acompanhados de uma guarda.

Sei o que isso significa: Caesar Flickermann.

Encontro neste momento o meu canal de ligação com os rebeldes. Já sei como alertá-los.
–--

A preparação transcorre normalmente mas um pouco mais rápida que o habitual. Dessa vez ao invés de terno branco , uso um traje a rigor, semelhante a um terno festivo, algo diferente de tudo o que já vesti.

Portia se detém nos últimos ajustes, Pearl apronta meus cabelos, mas é a expressão de Kara me deixa apreensivo. É como se ela estivesse querendo me transmitir uma mensagem, mas impossibilitada de pronunciar algo, tudo o que faz é me encarar de forma aterrorizante.

Eu mesmo pediria para que ela escrevesse, mas não estamos sós. Há o guarda e com certeza há câmeras nos observando, então apenas tento ler as notas superficiais que seus olhos tristes transmitem.
Sinto o medo. A apreensão, o desconforto de talvez estar ficando belo para o que poderá ser meu grito de morte, mas eu, sinceramente, não me importo. Contanto que Katniss ou qualquer outro cidadão do treze entenda minha mensagem, digo que minha morte não será em vão.

A preparação tem seu fim. Não há tempo para despedidas porque Portia, Kara e Pearl são subtraídos de minha presença antes que eu lhes diga adeus, e sinto aquilo novamente, a sensação eminente de perda que senti no momento em que vi Katniss no aerobarco. Eu os encaro e no minuto seguinte estou novamente só em meu quarto, porém não me permito sentir tristeza, meu empenho agora está em o que direi diante de Panem daqui a algumas horas.

Essa conversa não sera tão calma como outrora. Meu encontro com Caesar esta noite, provavelmente girará em torno do contra ataque rebelde no oito, e mais uma vez terei de fazer o possível para defender Katniss. Porém admito que, minhas chances de sucesso são diminutas diante de tal ação, mas vou tentar. Eu preciso tentar.

Sou retirado abruptamente de meus pensamentos quando a porta se abre e novamente vejo a figura da secretária de Snow.

– Vamos- diz - O presidente lhe aguarda para uma conversa.

Imediatamente dois guardas estão ao meu lado para me conduzir até o gabinete fétido de Snow. As enormes portas em mogno se abrem e novamente tenho a imagem do velho presidente inerte atras de sua mesa, porém dessa vez seus olhos não estão em mim, tampouco há uma saudação. Olho para a parede e constato o que prende sua atenção.

Na TV, as cenas de um ataque são frenéticas. Há fogo por todos os lados e , pessoas gritam enlouquecidamente. Ao fundo da imagem eu a vejo. Katniss. Viva. Sã e mais mortal do que nunca. Gale está ao seu lado, e não me espanto quando uma de suas flechas derrubam um aerobarco da Capital.

– Ora, ora - Snow vira-se assim que nota minha presença - Peeta. Acho que já somos conhecidos o bastante para eu poder te chamar assim, certo?
Não respondo, porque meus olhos estão colados na tela da TV.

O ataque no oito - penso.

Snow continua:

– Bem, meu caro padeiro, eu lhe chamei aqui porque desde nossa ultima conversa não nos vimos mais. - Eu agora o encaro - Eu tenho algumas novidades sobre...voce sabe quem.

Sim. Perfeitamente entendo. Me chamou para dizer que meu cessar fogo não resultou em boa coisa. Chamou-me para ameaçar-me mais um pouco, para dizer-me que estou em suas mãos.
Me mantenho calado.

– Esse é o distrito oito, Peeta. - Snow diz calmamente.- Responsável pela industria têxtil,o tecido deste terno magnifico que voce esta usando fora produzido lá.

Snow chega bem perto de mim e ageita minha gravata, em seguida continua:

– Em geral, são pessoas pacíficas. Mas de uns tempos para cá, esse distrito tem revelado ter uma ligação muito íntima com o Tordo.
Eu o observo apenas.

– Veja. - Snow diz apontando para a tela da TV - Pessoas lutando, correndo e... morrendo. Todos por ela. Ela, Katniss Everdeen, a heroína adolescente que pode incendiar um distrito inteiro.

– Porque não vai direto ao ponto? - Quebro minha inercia com uma pergunta em tom ameaçador.

– Achei que voce tivesse se tornado um avox. - Snow diz entre risos - Estou feliz que ainda possa falar.

– O que quer de mim esta noite? - Digo encerrando a onda cômica e solitária de Snow.

– Acalme-se rapaz. - Ele diz - Chegaremos ao assunto. Mas antes quero que assista a uma gravação bem recente.

A tela da enorme televisão fica preta e no momento em que tudo ganha cor, um Tordo em chamas aparece em meio a imagem, e quando o fogo toma toda a tela, ela aparece.

Katniss está lutando em um traje diferente. Suas flechas lançam fogo e derrubam aviões e bombas. Em minutos, a imagem corta para um close dela.

A câmera focaliza seu rosto e no instante seguinte há uma mensagem.

As palavras de Katniss são ameaçadoras e verdadeiras . Palavras mostrando o verdadeiro rosto da Capital. Sua voz é forte como sempre, porém há algo novo, algo como empenho. Katniss está decidida a fazer essa guerra ganhar corpo, e acredito que nada a fará voltar atras. Está no DNA dela, ser implacável. Então quando o rosto dela se torna amplo, suas palavras finais são claramente um recado. Mais que um recado, uma ameaça à Capital, mas principalmente à Snow.

– Está vendo isso? - Ela diz apontando para o aerobarco abatido - Está queimando.
As imagens da devastação são nítidas. Katniss continua:

– Voce pode nos torturar, incendiar nossos distritos até o pó, mas - Ela faz uma pausa e em seguida continua - Se nós quiemar-mos...voce queimará conosco!

A tela novamente fica preta e em letras fumegantes a última frase de Katniss é inserida:

"Se nós queimar-mos, voce queimará conosco." Então há o Tordo e tudo se finda.

Os olhos de Snow procuram algum esboço de reação em mim. Mas não encontram, porque tudo o que faço é calar-me em um sorriso tímido por vê-la lutando ainda.

– Se nós queimar-mos, voce queimará conosco - Snow repete a frase digerindo-a calmamente - Então, meu rapaz o que me diz? Tenho ou não motivos para ficar bem zangado?

Ele mantém os olhos em mim. Sei o que ele quer dizer. Está jogando a responsabilidade do ataque ao oito sobre mim.

"Seus passos dependem dos dela."

– O que quer que eu faça? - Pergunto.

– Voce sabe o que eu quero, Peeta! - ele responde ríspido - Quero que isso pare! Quero que controle os atos de sua namorada. Porque eu realmente não quero machuca-lo, nem aos seus amigos. Estou disposto a dar um voto de solidariedade aos rebeldes se pararem agora.

Solidariedade. Relembro os gritos e gemidos de Johanna à poucas horas atras. Imagino o quão solidários estão sendo com ela.

– Eu não tenho como controla-la. Ninguém a controla, não há nada que cause efeio nela. Tudo o que ela ama está protegido no treze. Sua mãe, Prim e até mesmo Gale! - Eu cuspo as palavras rudes e verdadeiras na cara de Snow, o que o torna verdadeiramente zangado.

– Eu não teria tanta certeza, Peeta. - Ele devolve - Sempre há um ponto fraco desconhecido. E Katniss Everdeen não é excessão. Hoje à noite, seu encontro com Caesar será repleto de perguntas sobre esse ataque. Se não pode controla-la faça com que ela fique contra a rebelião.

– Katniss contra a rebelião? - digo ironicamente - Nada a fara mudar de ideia.

– Será? - Ele interrompe - Porque ao longo de duas arenas, Katniss já mudou de ideia muitas vezes...

– Por exemplo? - Pergunto incrédulo.

– Voce.

Trazer-me de volta as memorias das arenas é um ato doloroso, e a maneira com que Snow as traz à tona torna tudo mais terrível. Implicações de quando Katniss queria me matar e depois seu gesto em me salvar, até chegar a segunda arena e me deixar para tras.

Snow percebe minha confusão e continua:

– Ela já quis te matar, depois te amou, então disse que tudo era uma farsa, então te protegeu novamente e te abandonou. Escute Peeta, estou dando mais uma chance a ela, e se Katniss não é esperta o bastante para agarra-la, eu espero que voce seja.

– Eu faço oque então? - grito - Entro ao vivo hoje a noite e digo a ela para parar com os ataques? Quem garante que voce cumprira com o acordo se os rebeldes recuarem?

Snow ri ironicamente.

– Peeta, - diz - Acho que ainda não fui bem claro, não há garantia alguma. Tudo o que há são dois lados, o lado vencedor e o lado perdedor. Já venci essa guerra uma vez e sei muito bem como ganhar outra, mas eu não quero outra guerra. Eu poderia acabar com voce aqui mesmo, apenas colocar uma bala em sua cabeça, mas se eu fizesse sso, acabaria com a unica arma de que disponho contra os rebeldes.

– O que voce quer dizer? - pergunto curioso, porque a palavra arma me coloca num status desconfortável. - Arma contra os rebeldes? Não sei nada sobre eles, nem mesmo sei como armaram esse plano às escuras.

– Peeta, - ele responde - Não se trata de uma arma contra os rebeldes. Voce não é uma arma contra o treze. Voce é uma arma contra ela.

– Contra ela? - repito - Ela não é tão tola como voce imagina; Katniss jamais viria atras de mim, não sabendo tudo o que está em jogo.

Snow está fixado em mim, e quando seus dedos estalam, sinto mãos pesadas em meu rosto.

Um choque repentino manda sangue meu para o chão. Imediatamente sinto o inchaço no olho esquerdo.

Vejo o chão brilhoso molhado de vermelho carmin. Snow está rindo.

– Veremos se ela resistirá vê-lo decaindo. - diz - Guardas, mais um por gentileza.

E novamente sinto o impácto contra meu corpo, dessa vez em meu peito o que me causa uma forte dor nos pulmões.

– Está certo - Snow interrompe - Acho que meu amigo já entendeu o recado.

Snow levanta meu rosto e limpa uma gota de sangue de meus lábios rudemente, em seguida continua:

– Essa noite, lembre-se de fazê-la mudar de ideia, do contrario, terei de agir conforme os atos dela. Se algo sair errado - Snow enfatiza um gesto que significa morte - Limpem-no e o deixe apresentável para esta noite, mas deixem visíveis os hematomas. Quero que o Tordo veja que também possuo meu contra-ataque.

Então o presidente deixa a sala e imediatamente sou deixado aos cuidados de Portia e Kara.
–--

Olhos inchados. Lábios cortados. Dificuldades para respirar.

É assim que sou entregue à Caesar Flickermann. Quando adentro a sala onde ocorrera a entrevista e me acomodo na poltrona destinada a mim, posso acompanhar os olhares espantados de um apresentador surpreso.

Caesar perde as palavras quando arrumo com dificuldades meu braço direito. Então depois de algum tempo, ele começa:

– Peeta Mellark, é um prazer recebê-lo novamente. Antes de mais nada gostaria de elogiar seu belo traje. É expetacular.

Caesar força para manter uma conversa saudável e cômica, mas não funciona, porque a cada leve movimento, sinto dores terríveis em minhas costas, o que faz com que eu me contorça o tempo todo.

Caesar continua, e como eu previ há uma serie de perguntas sobre algo chamado pontoprops que seriam propagandas rápidas do treze para incitar a rebelião. Não me espanto quando a imagem de Katniss surge no monitor. Cenas de lutas e guerra.

– Acho que seu pedido de um cessar fogo não foi bem aceito do outro lado. -Caesar diz tentando ser engraçado.

– Eles a estão usando. - digo baixo, quase imperceptível.

– O que disse Peeta? Pode repetir? - Caesar pede.

– Eles a estão usando! - grito - Eles só querem um rosto para a rebelião!
Quando uma onda de raiva me invade, sinto um impulso me levantar da poltrona, porque nesse momento estou berrando, olhando fixamente para a cÂmera, me dirigindo a ela. Katniss.

– Katniss - digo exausto - Pense bem! Pense por si própria. Voce realmente confia nas pessoas que estão a sua volta? Acha que estão sendo sinceras? Se não sabe a resposta descubra! É necessário um cessar fogo urgente, porque se tudo continuar, as consequências serão desastrosas para ambos os lados, me ouça por favor!

Eu estou bradando em voz alta para a câmera enquanto a audiencia se exaspera. Sinto as mãos de Caesar me amparando para que eu pare de obstruir a visão do cinegrafista, mas eu continuo. Na verdade só paro quando todos os monitores ficam pretos.

Um corte de energia deixa todo o estudio piscando. Há um audio diferente. Uma voz ao longe, falhada e conhecida por mim. Algo semelhante a voz de Beetee.

Olho para os lados procurando pela voz, mas nada encontro. Tudo o que vejo são flashs de tomadas de guerra.

Os pontoprops. As propagandas dos rebeldes a qual tanto se fala. Estão de alguma forma penetrando no sistema de audio e vídeo da Capital, mandando uma mensagem À Snow. Isso significa que estão me vendo agora. É a minha chance.

Posso não ter outra oportunidade para alertá-los.

O caos se instala no estúdio. Caesar procura saber o que se passa e quando há um descuido, me posiciono em frente a uma cÂmera ligada e derramo tudo o que sei.

Palavras frenéticas e rápidas saem de meus lábios:

– Katniss, seja esperta! - Eu digo segurando o monitor - Como acha que isso vai acabar? Ninguém está seguro, nem na Capital e nem nos distritos...
Interrompo minha fala porque mais uma vez há uma invasão. Teasers de sete a dez segundos de pontoprops rebeldes, e quando finalmente volto a tela concluo com pesar, esperando que alguem no treze receba e entenda meu recado.

– E voce...no treze...Estará morta de manhã.

Eu quero continuar. Dizer que Johanna está viva, que ela não é uma traidora mas sou interrompido porque quando o sistema de áudio e vídeo torna-se estável novamente, sou retirado da frente da câmera, e como antes, sinto mais uma onda de golpes vindo em minha direção.

Socos, ponta-pés ,e ao fundo ouço alguém dizendo para encerrar a transmissão. Ainda estamos no ar. Se Katniss pode me ver não sei, mas Panem pode, e nesse momento estão assistindo um linchamento ao vivo. Sinto o gosto do sangue em minha boca quando um chute atinge meu rosto. Me lembro de ver meu sangue escorrendo pelo chao branco do estúdio, logo depois tudo o que faço é apagar.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler. Se gostou, deixe um comentario...é tão rapidinho. :)



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