O REVERSO DA MEDALHA - Fanfic Express escrita por Serena Bin


Capítulo 3
O outro lado da parede


Notas iniciais do capítulo

Oi amores.
Não vou poder postar na semana que vem, por isso estou adiantando o capítulo 3.
Espero que gostem.
:)
Boa Leitura.



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Na noite em que minha entrevista com Caesar Flickermann vai ao ar na Capital, tenho minha mente ágil pensando numa estrategia para escapar, porque tenho a nítida certeza de que posso ser interrogado a qualquer momento, entretanto os dias seguintes à entrevista são de total quietude.

Ninguém me procura, exceto meu médico; começo a me perguntar sobre Portia e minha equipe de preparação, porque não os vejo a dias. Mas sem que eu espere eu os encontro numa tarde arrumando um closet de roupas extravagantes. Não posso deixar de me sentir aliviado em ve-los com vida.

Não tenho permissão para sair de meu quarto, salvo apenas para um curto período entre as dez e onze da manhã a qual tenho direito a um banho de sol. O quarto, a falta de interação com o mundo exterior, tudo leva a crer que sou um prisioneiro de guerra. Um trunfo que o lado inimigo possui. Algo destrutivo porque imagino que Snow esteja planejando usar-me como isca para atrair Katniss para a Capital, porém acho que isso funcionaria muito melhor se fosse Gale em meu lugar, porque ele sim exerce alguma reação sobre ela.

Não é auto piedade, nem falta de estima. A verdade é que não sei exatamente que lugar ocupo na vida de Katniss, mas sei que esse lugar está abaixo de Gale. Isso já me é bem entendido.

Ao menos eu ouço os sons dos corredores e das celas.

Consigo até trocar algumas palavras com os guardas, mas nada realmente relevante, apenas assuntos como comida, banhos e plantas.

Passo os dias e as noites revesando meus pensamentos em planos de fuga e Katniss.

Tento imagina-la segura e bem amparada, porque existem momentos na madrugada em que os pesadelos são tão terríveis que, imagens dela decapitada, enforcada e morta são frequentes.

Uma agonia perversa me força a chorar. Minhas lágrimas se misturam a água do pequeno chuveiro do quarto. E quando finalmente amanhece, as coisas não melhoram porque na manha em que tenho meu pior pesadelo, acordo ouvindo gritos. Não gritos de raiva ou de medo, e sim gritos de dor. Tão altos e estridentes que forço as mãos contra os ouvidos.

A melodia dramática está bem perto de mim, e encostando a cabeça na parede, constato que a coisa toda vem do quarto ao lado do meu.

E tudo continua por longos períodos de tempo. Algo que conto do pôr-do-sol até metade da noite, e quando os gritos cessam, as sessões de gemidos e lamentações se iniciam.

Me encolho no canto do quarto quando um guarda vem me ver.

Ele trás uma refeição. Caldo de carne com batatas, arroz, um creme de soja e um copo de algo que julgo ser refresco de abacaxi. Eu aceito o prato, mas o deixo de lado porque não quero ingerir nada da Capital, dadas as circunstancias, qualquer pedaço de carne pode se transformar em uma amora cadeado e me matar em um minuto. Mas a fome é muito maior que a vontade de me manter seguro, então quando dou por mim, já me encontro debruçado sobre o pote de comida.

Eu caio de joelhos no chão esperando a morte por envenenamento, mas nada acontece. Um suspiro de alívio então me percorre porque pelo menos a comida não é minha inimiga.

Me mantenho quieto sentindo-me feliz pela refeição mas minha comemoração se interrompe porque ouço conversas vindas do outro quarto. Me inclino contra a parede, utilizando o copo como estetoscópio, acabo por ouvir um diálogo nada caloroso entre duas pessoas. Possivelmente duas mulheres.

– Você teve sorte garota - diz uma voz forte, a quem julgo ser de uma mulher de uns trinta anos - Não fosse o ataque rebelde , teríamos acabo com você.

Silêncio se segue então num instante ouço o som de algo sendo quebrado, em seguida uma outra pessoa está choramingando como se estivesse sentindo muita dor.

– Você pode tentar me matar mas fazendo isso vai enterrar tudo o que sei sobre a revolução.

Revolução. Minha mente torna-se mais atenta, porque quem quer que esteja naquele quarto sabe sobre a rebelião e sabe também sobre os rebeldes. Me pergunto quem mais além de mim saberia? Vasculho minha mente, mas ninguém me vem a memória, é quando sou surpreendido.

– Amarrem-na! - ordena a voz forte da mulher que julgo ser uma agressora, ouço então protestos por parte da outra mulher - Quero ela molhada. Liguem as torneiras ao máximo.

Há risos maléficos. Alguém está se divertindo, alguém está sendo torturado ao meu lado. Me mantenho quieto porque o diálogo continua:

– Vamos lá! - grita a mulher de voz firme - Preste atenção, porque só vou perguntar uma vez, quem planejou o contra ataque rebelde no distrito oito?

Contra ataque? Então quer dizer que está havendo ainda a rebelião. Me desespero porque sinto que meu cessar fogo não foi ouvido e a essa hora Katniss pode estar morta.

–Eu não sei! - responde a jovem mulher rouca que claramente está lutando para não se afogar - Eu não sei quem planejou, mas espero que tenha sido o Tordo! Quero velo queimar todos vocês, filhos da p*ta!

– O Tordo morrerá, e você também sua cretina! Acha mesmo que há como lutar contra a Capital? - a mulher agressora mantém um tom irônico - Você pode não dizer, e eu posso te matar sem remorsos, porque existem muitas outras pessoas a quem posso interrogar a começar por seu amiguinho, o padeiro.

A palavra padeiro me toma. Imagino que a pessoa do outro lado da parede tenha uma ligação bem próxima a mim.

Imediatamente minha mente faz uma lista das possíveis pessoas presentes naquele outro quarto.

Descarto Portia e minha equipe de preparação porque eles se tornaram avoxes, então busco outros nomes, mas quem?

Quem perto de mim saberia sobre os rebeldes? Haymitch está automaticamente fora da lista, meus pais também, Delly, talvez ? Não. Me sobra somente Effie Trinket, mas duvido que ela saiba de algo relevante, mesmo assim me coloco em alerta porque tomo referencia de minha estilista, torturada e transformada em avox sendo inocente. Pobre Effie.

Os diálogos perduram até algo importante é dito, há uma terceira voz. Uma que reconheço de longe. Rouca e espaçada. Snow.

– Ela não disse nada em três horas de sessão.- diz a mulher de voz forte que agora sei se chamar Berna - O que devo fazer senhor Presidente?

Reconheço a risada de Snow se aproximando, eu recuo porque temo ser notado.

– Minha jovem - ele começa - Não seria mais fácil se soltasse tudo o que sabe? Quero dizer, olhe só para seu estado. Sua pele marcada, seus olhos inchados; sem falar nessas feridas purulentas...Acredite, voce pode ter uma chance se me ajudar.

– Vá se f*der! - dispara a jovem torturada - O Tordo está vivo! E sei que que Katniss vai pensar num jeito de acabar com você seu verme!

– Eu não teria tanta certeza, minha cara - responde um Snow com uma voz irônica - Depois do recadinho que seu Tordo deu hoje na TV, digo que Katniss Everdeen cavou a própria cova, e digo mais, não só a sua mas de todo aquele desprezível distrito treze.

Ouço atentamente, porque ao que tudo indica, não houve sessar fogo tampouco acordo com a parte rebelde, e por mais que seja bom saber que Katniss está viva, a sensação de morte me é inevitável. Pelo que entendi houve um contra ataque no oito e isso claramente é um sinal de que falhei e se como Snow disse que meus passos dependem dos dela, posso assegurar que não tenho muito tempo. Preciso salva-la antes que eu morra.

A conversa do outro lado da parede continua:

– Voce não vai conseguir atingi-los nunca, eles são espertos. - responde a mulher torturada.

Os risos de Snow se acentuam e posso imaginar seu rosto avermelhando.

– Senhorita - ele começa - Como eu disse, ela cavou a própria cova. Eu tenho inúmeras maneiras de atingi-los, embora eu já saiba qual é a mais eficiente, se tudo der certo de manha a guerra estará acabada, e como voce, Katniss Everdeen estará morta.

Um silencio se segue e tento captar cada trecho da conversa. Snow planeja ataca-los, eu não sei como, mas pela manha algo vai acontecer. Eu preciso alerta-los, preciso dizer que estão correndo perigo. Esse será meu último ato antes de morrer.

A conversa se encerra com Snow concluindo uma ordem cujos planos não posso ouvir, mas em seguida ouço a voz clara e firme de Berna ordenando:

– Molhem-na e a levem até a sala de energia. Veremos até onde vai sua sagacidade, Mason.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler. Que tal deixar um comentário...é tão rapidinho :)



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