As vantagens do silêncio escrita por Tris Lestrange


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Bom, esse é o prólogo, e eu não escrevi muito pois não sabia direito como começar. Obs: este poema está no livro, eu coloquei ele na história pois achei que faria mais sentido assim.



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Eu já havia escrito muitos poemas em minha vida, mas aquele foi diferente. Talvez tenha sido um pouco revelador demais, mas senti que precisava escrevê-lo mesmo assim. Geralmente, não escrevia sobre sentimentos muito profundos, pois não queria pensar sobre eles, e escrever me exigia refletir sobre o que estava sentindo. Mas decidi parar de mentir para mim mesmo e encarar minhas próprias emoções.

Em uma folha de papel amarelo com linhas verdes

Ele escreveu um poema

E o intitulou “Chops”

Porque era o nome de seu cão

E era o que estava em toda parte

E seu professor lhe deu um A

E uma estrela dourada

E sua mãe o abraçou à porta da cozinha

E leu o poema para as tias

Era o ano em que o padre Tracy

Levava todas as crianças ao zoológico

E ele deixou que cantassem no ônibus

E sua irmãzinha tinha nascido

Com unhas minúsculas e nenhum cabelo

E sua mãe e seu pai se beijaram tanto

E a garota da esquina mandou para ele

Um cartão de dia dos namorados assinado com vários X

E ele teve de perguntar ao pai o que significava X

E seu ai deixou que ele dormisse na sua cama à noite

Era sempre lá que ele dormia

Em uma folha de papel com linhas azuis

Ele escreveu um poema

E o intitulou “outono”

Porque era o nome da estação

E era o que estava em toda parte

E seu professor lhe deu um A

E o pediu para escrever com mais clareza

E sua mãe não o abraçou à porta da cozinha

Por causa da pintura nova

E as crianças disseram a ele

Que o padre Tracy fumava cigarros

E largava as guimbas no banco da igreja

E às vezes elas faziam buracos

Que era o ano de sua irmã usar óculos

Com lentes grossas e armação preta

E a garota da esquina riu

Quando ele pediu para ver Papai Noel

E os garotos perguntavam por que

A mãe e o pai se beijavam tanto

E seu pai não o cobria mais na cama a noite

E seu pai ficou furioso

Quando ele chorou por isso

Em um pedaço de papel de seu caderno

Ele escreveu um poema

E o intitulou “inocência: Uma questão”

Porque a questão era sobre uma garota

E isso estava em toda parte

E seu professor lhe deu um A

E um olhar muito estranho

E sua mãe não o abraçou à porta da cozinha

Porque ele nunca o mostrou a ela

Foi o primeiro ano depois da morte do padre Tracy

E ele esqueceu como terminava

O creio em Deus pai

E ele pegou a irmã

Se agarrando na porta dos fundos

E seu pai e sua mãe nunca se beijavam

Nem mesmo conversavam

E a garota da esquina

Usava maquiagem demais

O que fez ele tossir quando a beijou

Mas ele a beijou mesmo assim

Porque era a coisa certa a fazer

E às três da manhã ele se aninhou da cama

Seu pai roncava alto

É por isso que no verso de uma folha de papel pardo

Ele tentou outro poema

E o intitulou “absolutamente nada”

Porque era o que estava em toda parte

E ele se deu um A

E um corte em cada maldito pulso

E se encostou na porta do banheiro

Porque nessa hora ele não pensou

Que poderia alcançar a cozinha

Dei uma cópia do poema a Charlie, esperançoso de que ele talvez compreendesse. Não apenas o que estava escrito, mas os sentimentos que eu tentava transmitir. E de que aquela tentativa não fosse em vão.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam?



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