Contestação escrita por Snizhana San


Capítulo 1
Capítulo 1 - Pacote de bolachas?


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada: Oi gente!
Se veio aqui dar uma olhada no primeiro capítulo, agradeço desde já e espero que possa apreciar a leitura *-* Esforçar-me-ei ao máximo para poder trazer capítulos inovadores e o mais rápido que conseguir!
Espero que me possam acompanhar nesta jornada e que deixem as vossas opiniões.Beijos para todos e boa leitura! ♥



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O calor do Verão fazia-se sentir até nas horas mais inesperadas da manhã. Eram apenas 6h da madrugada e Rita dava voltas na cama tentando encontrar a melhor posição para não sentir frio ou calor demais. Após algumas tentativas, lá conseguiu arranjar uma maneira de dormir as duas horas que ainda lhe restavam de sono.

Ao ouvir o despertador do seu telemóvel a tocar e o barulho irritante que este fazia ao vibrar, remexeu na mesinha de cabeceira até conseguir sentir o objeto em suas mãos. Entreabriu os olhos e clicou no botão “Desligar”, ficando imóvel na sua cama e prometendo a si mesma na mente que só dormiria mais 5 minutos.

***

Rita despertou por completo — ou pelo menos esforçava-se para tal — e tentou sentar-se na cama. Pestanejava várias vezes, mas quando passou as mãos pelos olhos sentiu algum alívio e conseguiu ver as coisas ao seu redor nitidamente bem. Pegou no telemóvel e olhou para o relógio: passava 1h desde que ouvira o despertador.

—Bolas, estou atrasada! — exclamou enquanto se levantava da cama com uma rapidez incrível.

Faltava meia hora para o encontro que tinha com os colegas. Tinha planeado levantar-se cedo para tomar banho, mas visto que não tinha tempo para tal, teve de se contentar com o estado do seu cabelo. Para não se perceber muito o quão horrível ele estava, amarrou-o num rabo de cavalo. Era nestas alturas que se alegrava por ter o cabelo curto que chegava aos ombros.

Escovou os dentes e vestiu uma simples camisola branca que destacava de certa forma o volume do seu peito — havia dias em que ela precisava mesmo de se sentir auto-confiante e este era um deles —, para completar colocou umas básicas calças jeans. Não tinha muitos pares de calçado, mas como estava calor lá fora optou por usar sandálias.

Olhou para o relógio que trazia no pulso e viu que ainda lhe restavam 10 minutos. Entendia perfeitamente que o seu esforço de fazer tudo rápido foi em vão e que não tinha tempo para apanhar o autocarro*. A razão pela qual estava acordada tão cedo num sábado de manhã e ainda por cima em férias de Verão era que se iria encontrar com os seus amigos para um suposto dia de aventura. Rita era um universitária de 19 anos (não faltava muito para fazer 20) e acabou o seu primeiro ano na universidade, estando agora a desfrutar das tão merecidas férias. Os amigos que ia ver eram os antigos colegas do 12º ano, que estudaram com ela desde o 10º ano de escolaridade e alguns deles desde do 5º. Tinham combinado que um dia ir-se-iam ver para contar tudo o que já passaram e como estão as suas vidas atualmente, mas, infelizmente, Rita tinha acordado tarde demais para poder apanhar o início da conversa.

Remexeu na bolsa e tirou de lá o telemóvel, ligando à sua amiga Margarida. Demorou algum tempo para esta atender, mas lá o fez.

—Estou? - falou a voz da outra linha.

—Olá, Margarida!Sou eu, a Rita. — cumprimentou — Preciso de te dar uma pequena informação...

—Conta! — de repente, um riso enorme escutou-se como plano do fundo, impedindo Rita de pronunciar uma única palavra — Desculpa lá isto, os rapazes já chegaram e estão a fazer um alvoroço enorme! Mas e tu, já estás a chegar?!

—Pois, quanto a isso... — fez uma pequena pausa antes de continuar. Sabia bem que ela sempre fora considerada uma menina responsável e ter adormecido num dia tão importante era demasiado constrangedor. Mas mentir, ou seja, arranjar uma desculpa, era pior ainda. — Acontece que tive um imprevisto e vou chegar atrasada. Vocês podem ir andando até ao Shopping e tomar o pequeno almoço juntos, eu depois vou lá ter, sim?

—Poxa, que azar... nós vamos fazer isso, então! Quando chegares avisa! — ambas se despediram e Rita desligou o telemóvel, colocando-o de volta na bolsa.

Deu um suspiro, tentando aliviar a vergonha que sentia. Como pôde deixar as coisas chegarem a esse ponto?

Foi andando até a paragem do autocarro que ficava meio longe de casa. Assim que lá chegou, pensou em sentar-se no banco aí existente, mas sentiu o estômago a dar uma volta de 360º e ouviu o barulho terrível que produzia. Para a sua felicidade, lembrou que havia uma pequena loja de conveniência por perto e, ao ver que ainda tinha 15 minutos até a chegada do autocarro, decidiu ir comprar um pacote de bolachas.

Dirigiu-se num passo rápido até essa mesma loja e ao chegar lá foi tentando encontrar a secção que necessitava. Mesmo que ainda seja cedo, a lojinha estava bem cheia. Finalmente, visualizou os diversos pacotes de bolachas que haviam numa prateleira. Tinha a esperança de encontrar o seu favorito, que continha mais bolachas que ar (acreditem ou não, até pacotes de bolachas são semelhantes aos de batatas fritas) e, por um milagre incrível, achou-as. Para completar, era o último que havia!

Estendeu a sua mão até ele, mas viu-se obrigada a recuar devido ao pequeno choque com uma outra mão. Desviou o seu olhar para o lado esquerdo e viu um homem com destacáveis olhos verdes, aparentava ter uma idade próxima à dela. Sorriu e comentou:

—Podes ficar com o pacote. — nunca lhe acontecera algo assim, então não sabia como reagir.

—Obrigado, mas provavelmente precisas dele mais do que eu, por isso podes levá-lo.

—Acredita, eu já comi tantos pacotes destas bolachas que vais precisar de uns longos anos até me superares. Portanto, leva lá e acaba-se a discussão.

—Não sei como te agradecer, mas de qualquer forma obrigado. — o rapaz sorriu e pegou no pacote.

—Um dia se me encontrares novamente promete que me compras um igual. — Rita riu-se e o sujeito também soltou uma risada baixa.

—Está combinado. — sorriram os dois.

Rita acabou por pegar em outro pacote qualquer e despediu-se dele. Sentia o coração a bater rápido. Não, não era amor à primeira vista. Era nervosismo ao primeiro toque. Jamais lhe acontecera algo deste género numa loja e sentia-se extremamente envergonhada da figura que acabara de fazer. Estava tão nervosa que nem sabia o que falava, já nem se lembrava do que lhe tinha dito! Odiava mais que tudo passar por situações inesperadas, a única coisa que lhe aliviava a mente naquele momento era a consciência de que nunca mais o voltaria a ver.

Foi até a caixa para pagar o que tinha comprado. Só quando estava a retirar o dinheiro da carteira percebeu que as bolachas que comprou não eram exatamente as que mais gostava, mas que remédio tinha ela? Estava esfomeada e já estava pago! De uma forma ou de outra estava na obrigação de as comer.

Saiu da loja e voltou até a paragem. Comeu um pouco e passados 5 minutos o autocarro chegou. Sentou-se num banco vago e olhou pela janela. Estava entediada e a viagem demoraria algum tempo, decidiu portanto escutar música nos fones, sempre era mais interessante do que ouvir a rádio ou o motor do autocarro. Tentava criar uma imagem dela como médica, vestindo uma bata branca e atendendo os seus clientes. Sim, Rita desejava tornar-se numa médica conceituada. Frequentava uma Universidade de Medicina no centro da cidade e arrendava um apartamento nos arredores de lá, o mais barato que conseguiu encontrar. Para pagar as contas da casa e comprar os bens alimentares tinha um trabalho part-time numa joalharia. Gostava do que fazia e os lucros eram razoáveis. Hoje, sábado, era o seu dia de folga, domingo também seria. Uma coisa rara, visto que a loja geralmente ficava lotada no fim-de-semana. Ao que parece a generosidade da sua chefe veio à tona, o que é bom demais para ser verídico.

Voltando à realidade, Rita retirou os fones dos ouvidos e desceu para a paragem. Encaminhou-se até ao Shopping e à medida que andava escrevia uma mensagem à Margarida. Em poucos segundos, recebeu a resposta com a indicação do local onde estavam. Foi até lá com uma cara visivelmente avermelhada. Estava ansiosa para se reencontrar com os antigos colegas e grandes amigos, sempre se sentia desta maneira em ocasiões importantes.

Viu os rapazes a acenarem e praticamente correu até eles para lhes dar um abraço. Não se viam há 1 ano, estavam todos muito ocupados com os estudos e o tempo que lhes restava para o descanso era escasso. Cumprimentou a todos com um enorme sorriso estampado no rosto e quando estava prestes a pronunciar algo, sentiu uma mão a tocar-lhe no ombro. Virou-se para ver quem era, e assim que o fez apanhou um grande choque.

—És mesmo tu?!


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Notas finais do capítulo

*autocarro - o mesmo que ónibus.
Bom, e é tudo por agora! O que acharam do 1º capítulo? Mereço elogios ou levar com pedradas?
Até à próxima!



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