Namorado "Inventado" escrita por Luh Marino


Capítulo 14
Capítulo treze


Notas iniciais do capítulo

Assista ao trailer da fanfic aqui: https://www.youtube.com/watch?v=mbHeLpQKFMQ&feature=youtu.be
E ouça a playlist inspiradora aqui: http://open.spotify.com/user/callmeluh/playlist/2MMzq8V7Ay58rxSviNFn1s



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Uma vez que é impossível maximizar no mesmo ecossistema usos em conflito, duas soluções possíveis para o dilema surgem naturalmente. Poder-se-á tentar continuamente um compromisso entre a quantidade da produção e a qualidade do espaço vital, ou pode-se planear deliberadamente realizar a compartimentação da paisagem por tal forma que se mantenham, simultaneamente, tipos altamente produtivos e tipos predominantemente de proteção como unidades separadas submetidas a diferentes estratégias de ordenamento.

Era o que estava escrito nas páginas 429 e 430 do livro Fundamentos da Ecologia, de Eugene Odum - um dos meus favoritos. Tinha que revisá-lo para uma prova.

O que eu estava entendendo?

Blé blé blé, nhan nhan nhan, GHUUUUU!

Literalmente.

Minha mente não estava ali. Biologia era, de longe, minha menor preocupação naquele momento - por mais que eu estivesse quase no fim do curso, e em provas decisivas. Por mais que eu estivesse prestes a ter que fazer uma tese sobre alguma teoria de algum biólogo aleatório e maluco. Por mais que esse livro fosse enorme e eu tivesse que lê-lo inteiro pela enésima vez. Por mais que quase todos os meus professores fossem insuportáveis, e por mais que eu quisesse parar de frequentar a universidade, porque não aguentava mais.

Mesmo com tudo isso, biologia nem me vinha à cabeça.

Ashton vinha mentindo pra mim, me fazendo de tola, por anos. Vai saber quanto tempo ele teve essa opinião sobre a minha pessoa? Vai saber quantas vezes ele já não havia me chamado de aberração para os amigos?

Eu sequer estava com raiva.

Eu estava magoada.

Decepcionada.

E, por mais que eu estivesse tudo isso, eu ainda sentia falta dele.

Flashback on - um dia antes

Ok, agora venha comigo. Ashton se levantou, esticando a mão para a garota que continuava sentada de baixo da árvore.

Ir aonde?

Para de ser precipitada! Exclamou, sorrindo de canto. Só vem logo.
Emily aceitou a mão e, com a ajuda do
namorado, se levantou. Ela não soltou a mão de Ash quando levantara, e foram andando assim pelo parque. A garota não fazia ideia de onde Ford a estava levando, mas não poderia se importar menos. Aquele dia estava sendo especial, e Emy iria a qualquer lugar que Ashton fosse sem sequer questionar.

Chegaram a uma parte um pouco afastada do West Park, e não havia quase ninguém por ali. Apenas um garoto - que Emily reconheceu como sendo do seu curso - lendo um livro em um banco; e uma família brincando. Foi levada por Ash até que pararam em frente a duas árvores. Elas estavam tão próximas que pareciam a mesma; as folhas e galhos se confundindo, os troncos quase como um. Um mísero buraco entre os dois caules as separava, não devia ter mais de um metro e meio de diâmetro.

Emily se identificou com elas.

Era daquele jeito que queria estar com Ash. Tão próximos que

praticamente se fundiam.

Ashton, ao seu lado, soltou a mão da garota apenas para parar à sua frente, sorrindo pra ela e a abraçando pela cintura. Emily sorriu pra ele antes de abaixar o olhar, passando a contemplar o chão. Ash soltou um riso nasalado antes de apertá-la contra ele, apoiando seu queixo no topo da cabeça da garota. Não poderia estar em situação melhor. Não sabia há quanto tempo aquele sentimento estava se formando dentro dele, mas sabia que o que sentia por Emily Sanders não era mais, nem de longe, apenas amizade.

Era melhor.

Ficaram daquele jeito por um tempo, até que Emy criou a coragem para levantar a cabeça. Passaram a se encarar, e se aproximavam mais a cada segundo. Um vento forte bateu, vindo completamente do nada, e Sanders soltou um gritinho que fez Ash rir alto. Os cabelos da garota grudaram em seu brilho labial, e ela fez uma cara emburrada - o que apenas fez com que Ford risse mais. Ele levantou seus braços, tirando-os da cintura de Emy, e levando suas mãos até o rosto dela. Ajudou-a a desgrudar os fios da boca, e em seguida se encararam novamente. Ash continuou com uma das mãos no cabelo da garota, parando para apreciá-la. As pessoas podiam dizer o que quisessem, mas Emy era linda. A mão que estava parada no meio dos fios da garota passou a puxar sua cabeça para perto dele; enquanto a outra desceu novamente para a cintura dela. Suas testas se encostaram, e Emy soltou um suspiro alto que fez Ash rir mais uma vez antes de encaixar seus lábios em mais um beijo.

Flashback off

— Ugh, sai da minha cabeça! — Exclamei, batendo na minha testa.

Pelo jeito, esse garoto ainda vai me perseguir por muito tempo.

Meu celular começou a berrar de algum canto do quarto, e eu corri como louca tentando achá-lo. Eu dizia a mim mesma que estava procurando apenas porque poderia ser uma ligação importante, mas no fundo eu sabia que eu só queria confirmar que Ashton continuava na insistente tarefa de conseguir contato comigo.

Achei o infeliz aparelho e, ao ver um “Ash ♥” na tela, bufei e rolei os olhos antes de deslizar o dedo pelo vidrinho, finalizando a chamada. Aproveitei e desliguei o celular, com a finalidade de não ser mais atrapalhada por Ford.

Que merda eu tinha na cabeça quando inventei essa ideia de namoro falso? Meu deus, Emily, você precisa de ajuda profissional. Quero dizer, tudo bem que eu fiquei desesperada e tal, mas eu poderia apenas confessar tudo logo em seguida. Dizer que eu me assustei com a situação.

Mas não.

Eu tinha que apenas aumentar a mentira.

Me joguei na cama e cacei o controle da televisão, o achando embaixo dos travesseiros. Liguei a TV, que estava num canal de filmes qualquer, no meio do comercial. Não vi nas informações qual filme estava passando, então deixei que o comercial acabasse, o que aconteceu pouco menos de um minuto depois.

“Voltamos a apresentar: Esposa de Mentirinha”

— Ah, aí você já tá tirando com a minha cara! — Berrei, desligando o aparelho eletrônico e tacando o controle longe.

Bufei e me joguei novamente, de costas, no colchão macio. Eu tinha, mesmo, que ter continuado com a ideia idiota de fingir um namoro. Não poderia apenas aceitar ficar com Edmund e…

Ficar com Edmund! Como não pensei nisso antes?

–x-x-x-

Eram duas da tarde em um domingo. Mamãe com certeza não estava em casa, pois nesse dia, nessa hora, ela tinha encontro com as amigas delas pra beber chá e falar sobre livros ou alguma coisa típica da comunidade feminina da burguesia. George estava sozinho em casa. Por isso fui visitá-lo.

— Emily! Não te esperava por aqui. — Exclamou, surpreso, quando abriu a porta. Forcei um sorriso e ele me deixou entrar.

Fomos até a cozinha e ele me preparou um chá de maracujá - meu favorito. Na verdade, eu adoro a história por trás do meu gosto por chá de maracujá. Eu conheci e comecei a tomá-lo graças a George, inclusive. Quando mamãe começou a namorá-lo, um ano depois da morte do meu pai, eu ainda tinha pesadelos e acordava chorando à noite. Quando ele estava em casa, me preparava uma xícara e eu me acalmava.

George sempre foi bom pra mim - até resolver acabar com a minha vida, claro. Mas isso é detalhe -, por isso eu sei que ele é o certo pra Agatha.

— Posso te ajudar em algo, Emy? — Ele perguntou, parecendo preocupado.

— Uhm, na verdade… Sim. Mas podemos falar de coisas cotidianas antes? Não quero entrar tão rápido nesse assunto.

Ele aceitou minha proposta e falamos de diversas coisas. Como estava a empresa, como estava a faculdade; como estava a vida sem a minha presença na casa - George disse que estava muito monótona e chata. Como se eu fizesse alguma diferença, afinal, eu sou monótona e chata.

Mas tudo bem.

Tudo estava correndo lindamente, até que meu padrasto chegou à pergunta proibida.

— E como estão você e Ash?

Ah, George. Por que, George? Por quê?

— Não muito bem; na verdade, vim falar sobre isso contigo.

— Ah, sério? — Fez uma cara surpresa.

Fiquei em silêncio por alguns segundos, tentando formular um jeito de falar o que eu queria. Foi complicado, pois aquela ideia nunca tinha me vindo à mente.

— George, eu… Eu ganharia algo se ficasse com Edmund?

Ele fez uma cara surpresa e, de início, não soube como responder. Sua boca se abria e fechava, mas nenhum som saía de lá. Ele realmente foi pego de surpresa.

Eu também fui, G.

— Uau, Emy, eu não esperava por essa. — Disse em um sussurro. — Não sei, quero dizer… Não tinha isso em mente, mas caso você queira alguma coisa…

George Sanders Huston fazendo uma chantagem. Isso sim é algo novo no mundo.

E eu achando que ele era um homem de bem.

Mas, se pararmos para olhar, o começo dessa história - e a situação que nos leva a esse momento - deixam bem claro que, no fundo, ele sempre teve como prioridade seu trabalho.

Porra, G. Me desiludiu.

— Seria… Uma ideia… Interessante. — Falei pausadamente.

Ficamos mais alguns minutos em silêncio. Nenhum dos dois sabia como reagir.

— Mas a situação com Ashton está assim tão horrível? — Perguntou sinceramente, e eu baixei a cabeça. — Emily… O que acontece entre vocês dois?

Me levantei, pegando minha bolsa que eu havia deixado largada na mesa, indo em direção à porta da cozinha e quase indo embora sem falar mais nada.

— Emily. — George chamou, autoritário.

— Você sabe como essa história começou. — Falei ainda de costas pra ele. — Sempre soube.

Silêncio.

— Não me faça assumir em voz alta. — Pedi, me virando pra ele, e notei um certo tipo de solidariedade em seus olhos.

— Verdade. Eu sempre soube. Desde que você inventou tudo isso, quase dez meses atrás.

Dez meses.

Eu não fazia ideia de que já haviam se passado dez meses. É mês pra caralho!

— Só… Não conta pra minha mãe. Nada disso. Ela ainda sonha em me ver casada com alguém do sexo masculino. — Quase supliquei. Não queria fazer o sonho da minha velha desmoronar, assim, do nada, apesar de ele ser extremamente fútil.

— Você pretende casar com alguém do sexo feminino, então? — G tentou fazer uma piada, mas tudo que eu menos precisava no momento era humor.

Acenei pra ele, saindo da cozinha e da casa em seguida.

Eu precisava pensar em como terminar um relacionamento. E como começar um novo.


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Notas finais do capítulo

Aí estááá! Para as que shippam Edmily (Edmund + Emily), e eu sei que existe pelo menos UMA: imagino que vocês estejam bem felizes no momento auehuah. Para as que shippam Ashmily, não se preocupem que o Ashton não vai desistir do coração dessa loirinha otária aí.
Aliás, vocês sabiam que a Emily é loira? Pois é, ela é loira. Curiosidade aleatória aqui auehuae.
Espero que tenham gostado do capítulo, apesar de ele não ser muito feliz.
Qualquer erro, é só comentar ou me mandar uma MP que eu corrijo na hora!
Críticas construtivas são sempre bem-vindas, mas não deixe a educação de lado.
Beijos e até a próxima!



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