– Pronto, agora ta tudo certo.
– Ah sim, esse é meu número. – Disse Shiro mostrando a tela do celular para garota, que logo marcou o que viu na agenda de seu aparelho.
– Registrado. – Esboçou um pequeno sorriso e guardou o celular na mochila. – Você disse que estava atrás da sua namorada, certo?
– Pois é... ela saiu da escola sem avisar ninguém, estou preocupado. – Coçava levemente a nuca enquanto suspirava.
– Entendo, vocês brigaram, não é mesmo? Quando uma garota sai assim sem avisar, só pode ser isso.
– Como pode ter tanta certeza disso? – Questionou Shiro olhando para Ayase.
– Porque eu sou mulher, eu entendo dessas coisas e sobre relacionamentos sabe?
– Sei... e de onde tirou toda essa experiência? Por acaso tem namorado?
– O que? Eu? Não, não mesmo Yama-kun. – Respondeu a garota rindo brevemente.
– Não entendi o motivo do riso. – Yamamoto olhava seriamente para jovem.
– É que tenho um irmão super protetor e não preciso de ninguém desde que eu tenha ele ao meu lado, entendeu? – A garota tombava levemente a cabeça para o lado sorrindo.
– Vocês devem ser muito apegados. – Coçou a bochecha com o dedo indicador.
– Talvez, mas voltando ao assunto de sua namorada é... sabe onde ela pode estar?
– Não faço ideia, estamos namorando a pouco tempo e nem mesmo sei onde ela mora. – Shiro encostava em um poste próximo e olhava para o céu.
– As coisas ficam um pouco complicadas assim, topa tomar sorvete? Assim arrumamos a melhor solução para encontrá-la, acredite, é melhor pensar de cabeça fria. – Piscou para o garoto e começou a caminhar. – Pode deixar que eu pago, conheço uma boa sorveteria aqui perto.
As bochechas de Yamamoto coravam levemente quando a garota piscou para ele, ficou em silêncio alguns instantes e parecia bastante avoado, talvez nem houvesse escutado o convite que Ayase havia feito.
– Hey! Yama-kun! Você vem? – Gritou já um pouco distante, Ayase.
– O que? Hã, sim vamos! – O garoto respondeu com um berro e correu na direção da garota rapidamente.
Do outro lado da escola havia um parque, no qual as mães que moravam perto do lugar levavam suas crianças a tarde, para brincarem com areia dentre diversos outros brinquedos que continham naquele lugar. Era quase meio-dia e o sol estava forte, Sayagi estava sentada em um balanço enquanto chorava sem parar, pensando em tudo que disse para o namorado, claro que todas aquelas palavras não tinham verdade, seus sentimentos estavam misturados com diversas emoções: raiva, ciúmes, tristeza e amor. Ela queria muito ver Shiro e dizer o quanto o amava, que estava arrependida e queria ficar com ele muito mais tempo que poderia imaginar, mas a garota não conseguia aceitar o fato de que seu primeiro namorado fosse ao encontro com outra mulher, mesmo que tivesse uma explicação para aquilo, realmente não era o certo a se fazer e Shiro sabia muito bem disso. A garota retirava o óculos e em meio a soluços tentava limpar o objeto.
– S-Shiro...
– Posso me sentar aqui ao lado? – Disse uma voz maculina.
– Hã? Pode, pode sim. – Saya secava as lágrimas do rosto com seu braço direito e colocava novamente o óculos, seus olhos ainda estavam inchados e não havia reparado na pessoa que chegou.
– Olha eu gostei do seu chaveiro na mochila, o personagem no anime é bem atrativo.
– Hã?
Tsunemori olhava para o objeto em sua mochila e rapidamente olhava para a pessoa ao lado, era um belo rapaz de cabelo ruivo curto, olhos verdes, alto, forte e que usava um uniforme escolar diferente do seu: camisa social branca, gravata vermelha, calça preta e tênis da cor branca. O rosto da jovem corava levemente, estava um pouco surpresa com aquele conhecimento estranho do rapaz, seria ele um otaku? Bom, talvez ele tenha se enganado. Apesar da situação, o garoto parecia ignorar o fato de Saya estar chorando ou apenas não queria ser muito curioso e após um curto silêncio disse:
– Deixe me apresentar, me chamo Tsubasa Akira, tenho 17 anos e estudo em uma escola aqui perto. E você? – Esboçou um pequeno sorriso.
– Tsunemori Sayagi, tenho 15 anos e estudo em uma escola a algumas quadras daqui... – Dizia olhando para o lado, estava envergonhada pelo fato dos olhos estarem bem inchados.
– É um prazer conhecê-la, Say. – O rapaz pegou a mão direita de Saya e beijou suavemente, após soltou e voltou a esboçar aquele doce sorriso. – Posso te chamar assim, é um apelido bem bonitinho não acha?
O rosto de Tsunemori corava extremamente, ela baixava a cabeça enquanto uma pequena fumaça poderia ser vista no ar ou talvez era apenas impressão.
– C-Claro Akira-senpai, fique a vontade e...
– Apenas Akira, pode me chamar apenas de Akira.
– A-A-Akira... – Ela juntava os dedos indicadores olhando para os lados sem jeito.
– Bom, assim está melhor então... – Ele começou a balançar um pouco ainda sentado. – Porque uma garota bonita como você estava chorando aqui sozinha no parque? Brigou com seus pais?
– Não... eu me dou bem com meus pais.
– Então o que aconteceu?
– Por que eu deveria contar algo pessoal, para alguém que acabei de conhecer? – Ela levantou o olhar para o rapaz um pouco séria.
– Simplesmente pelo fato de eu ser a única pessoa no momento com quem você pode desabafar sem se preocupar, afinal para quem eu falaria seu problema? O que ganharia? Sendo assim pode contar. – Piscou para Saya e sorriu fechando os olhos brevemente.
A garota, ao escutar aquilo, pensou um pouco e decidiu que ele tinha um pouco de razão, não poderia contar para seus pais e Victoria provavelmente causaria problemas para Shiro se soubesse, sendo assim aquele garoto seria sua única opção no momento . Tsunemori soltou um longo suspiro e disse:
– Namorado...
– Vocês brigaram?
– Sim.
– Porque?
– Ciúmes.
– Da parte de quem?
– Da minha.
– Porque?
– Porque ele vai a um encontro com a prima dele, sendo que nós não tivemos nem o nosso ainda. – Fazia um pequeno bico emburrada.
– Entendo...você escutou o que ele tinha a dizer?
– O que ele teria para me dizer? Não importa o que ele diga, isto não é certo.
– Sim você está certa, mas quem ama machuca, quem ama... – Akira olhava para o céu sorrindo.
– Perdoa... – Ela completou a frase com um ar pensativo.
– Por mais que ele esteja errado, você o ama muito e deve entender o lado dele, tenho certeza que não é um caso de traição, alguma coisa aconteceu com ele que você ainda não sabe Say, procure descobrir e o perdoe. – Desviou seu olhar para Sayagi e sorriu.
– Você tem razão, obrigado Akira! – Ela saltou do balanço um pouco animada e pegou sua mochila no chão.
– Disponha sempre minha querida. – Coçou a bochecha com o dedo indicador.
– Me passa seu número? Eu quero conversar mais outro dia, você me parece um cara legal. – Saya pega o celular em sua mochila e esperava o rapaz dizer o número.
– Claro, 956851235. Marcou?
– Marquei, eu te mando uma mensagem amanhã, ta? Agora vou para casa e falarei o mais breve possível com o Shiro, possivelmente nesse final de semana... tchau! – A garota saiu correndo do parque logo sumindo da visão do rapaz.
– Até mais. – O garoto acenava e pegava seu celular na mochila ao lado, havia um registro de 12 chamadas feitas sem retorno. – Caramba, até quando ela vai ficar brava comigo? Eu só disse que aquele personagem não era tanta coisa, Aya é muito fresca.
Akira pegava sua mochila e caminhava em direção a rua tranquilamente, o sol ainda estava muito forte o que fazia ele suar um pouco. Logo ele retirava a gravata deixando um pouco de sua camisa aberta e também a mostra seu peitoral, as garotas que passavam pelo rapaz coravam, mas ele nem reparava, só pensava em tomar algo bem gelado.
– Caramba que calor, aquela sorveteria que a Aya gosta deve ser aqui perto, acho que vou passar lá e pedir algo.
O jovem mudava seu caminho virando a primeira esquerda, demoraria apenas 15 minutos de onde ele estava.