Mil noites escrita por Yuushirosan


Capítulo 1
Oneshot - Mil noites


Notas iniciais do capítulo

*Sen No Yoru Wo Koete é da banda Aqua Timez.**Bleach pertence à Tite Kubo.Por enquanto decidi não colocar nenhuma imagem na história.Enfim... Escrevi essa história em 2010 e ainda gosto dela. Espero que também gostem. ^_^'



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Fazia alguns meses que Rukia havia retornado a Soul Society e tudo havia voltado ao normal de Karakura. Os colegas de Ichigo haviam esquecido a shinigami, tudo havia voltado ao início. Mas, claro que Ichigo e seus amigos nunca a esqueceriam. Nunca.

Todas as manhãs – à contra gosto – Ichigo levantava, fazia sua higiene, se arrumava, tomava café e ia para a escola, sempre afogado em seus pensamentos. Ultimamente nem Kon o fazia rir com suas idiotices ou quando Yuzu o vestia com roupinhas de menina. Algumas coisas haviam mudado.

Fazia cinco meses e meio que a vida deles aparentemente havia voltado ao normal. Ichigo seguia com seu trabalho de shinigami junto de Kon, Ishida o ignorava como de costume, Inoue estava sempre com suas amigas e raramente andava com Kurosaki e Sado.

Apesar de já ter passado por algo parecido, Ichigo se negava a aceitar o fato de Rukia ter voltado para à Soul Society. Não aceitava de jeito algum, não compreendia o porquê da própria Rukia ter decidido voltar para lá.

Dentro de si, um turbilhão de pensamentos e sentimentos o deixava às vezes fora de ar. Tudo o que ele sabia era que aquela shinigami gritona estava fazendo falta... E muita. Sentia falta de tê-la dormindo em seu armário, de lutar junto dela, de vê-la tomando mupy, de tudo. Sentia que um pedaço de seu coração havia sumido e talvez para nunca mais voltar.

–x-

– Kurosaaaaaaaaaki-saaaaaaan! Espere por mim! – Gritava Inoue correndo, enquanto tentava alcançar o passo do menino que caminhava distraído, com sua mochila atravessada e as mãos nos bolsos.

– Ah Inoue. Desculpe, eu não tinha te ouvido. – Ele parou para esperá-la, sorrindo fracamente.

– Tudo bem, é que você saiu rápido da escola e... – Ela seguiu falando enquanto gesticulava e fazia algumas caretas, mas parecia que tudo estava longe, muito longe dele. E então ele olhou para o céu. O sol estava se pondo colorindo as águas de um rio que passava perto dali. Ele parou e ficou olhando aquele lugar. Aquele lugar que o lembrava de alguém.

– Kurosaki... San? – Inoue lançou sobre ele um olhar interrogativo e então se virando e não recebendo nenhuma resposta, percebeu o local que Ichigo tanto olhava.

– Deve ser difícil... Né? Vocês sempre estavam juntos, tão próximos... – Ela baixou o rosto, diminuindo o tom de voz, pronunciando lentamente cada palavra, temendo ferí-lo ou irritá-lo por tocar nesse assunto.

–... – Ele olhou para o céu e simplesmente voltou a caminhar, olhando para o horizonte.

– Desculpe-me Kurosaki-san! – Inoue ficou totalmente sem jeito, arrependida de ter falado aquilo.

– Não. Não precisa se desculpar Inoue, ta tudo bem. – Kurosaki respondeu sem olhá-la. E seguiu caminhando.

– Esta bem... – E então os dois foram juntos para casa em silêncio.

–x-

– ICHIIIIIGOOOOOOOOOOOOOO! – Ao chegar em sua casa, o adolescente de cabelo laranja foi surpreendido por um chute na cabeça, do pai.

– QUANTAS VEZES TEREI QUE DIZER PRA VOCÊ NÃO FAZER ISSO? SERÁ QUE NÃO DA PARA CRESCER? – Ele ficou irritado, enquanto encostava o rosto no do pai, juntando as sobrancelhas como fazia involuntariamente.

– QUEM TEM QUE CRESCER É VOCÊ! IDIOTA! – Retrucava Isshin.

– Ah parem com isso seus idiotas. – Karin, a irmã de Ichigo da um chute na carranca do pai que voa contra a parede.

– Seu velho, até quando vai ficar se metendo na vida dos seus filhos? – O pai, desconcertado e com o nariz sangrando, rasteja até uma grande foto na parede da casa, com uma linda mulher, sua falecida esposa.

– Masaaaaaaakiiiiii, o que vou fazer com nossos filhos?! – Ele chorava agarrado à foto.

– Já falei pra tirar isso daí. – Dizia ríspido, Ichigo subindo as escadas e indo para seu quarto. Chegando lá, Kon voou para a sua perna.

– Ichigoooooo, finalmente você chegoooou! Eu estava tão sozinho! Tive que me esconder da sua irmã que queria me vestir com roupas femininas de novo! – Kon chorava e segurava-se na perna de Ichigo enquanto este caminhava e se jogava na cama, cruzando os braços abaixo da cabeça.

– Hãn? Ichigo? Aconteceu algo? – Kon escalava o corpo de Ichigo até ficar com seu rosto junto ao do adolescente, encostando-os.

– Nada. – Apenas pegou Kon pela cabeça e o jogou contra o armário. Este que voltou rapidamente escalou o corpo do adolescente, sentando-se sobre o tórax e segurando o queixo de pelúcia.

– Sei... Quer conversar? – Ele continuava naquela posição até ser jogado novamente contra o armário. Então se levantou, pôs as mãos na cintura e olhou para Ichigo.

– Eu sei como é afinal eu também estive com ela e sinto saudades. – E apenas deu um salto e entrou no armário e lá ficou quieto. Ichigo apenas lançou um olhar em direção ao cômodo e levantou-se.

– Kon, vou sair. Não demoro. Fique quieto aí se não Yuzu vai te achar e você já sabe o resto. – E então saiu do quarto.

– Ahhh vamos ver o que teremos para o jantar... – Pode ouvir Yuzu na cozinha ao descer as escadas. Indo para a sala, em direção à porta viu seu pai ouvindo sermões de Karin que parecia irritada com as atitudes dele.

– Ei, vou dar uma saída. – E então ele abriu a porta e saiu. Do lado de dentro Isshin olhava disfarçadamente para a porta.

– Huh? Onii-chan saiu? – Perguntou Yuzu encostando-se ao marco da porta enquanto segurava uma tigela.

– Sim... Já fazem mais de cinco meses que ele sai a essa hora. Isso só pode significar algo... – O pai lançou um olhar furtivo para a filha e gritou:

– ICHIGO ARRANJOU FINALMENTE UMA NAMORADAAAAAAAAA!! – E se balançava de um lado para o outro, imaginando como seria a suposta nora, até que levou um soco no rosto de Karin.

– Idiota, não é isso. Deixe seu filho em paz e vá cuidar da sua vida, seu velho! – Karin após socar o pai seguiu lendo sua revista e Yuzu, revirando os olhos voltou para a cozinha, deixando para trás um pai com o nariz novamente sangrando.

–x-

Ichigo caminhava pela rua sem se quer olhar ao redor, andava com o olhar baixo. Chegando ao campo que existia ao lado do rio que corria lentamente, sentou-se sobre a grama, curvando a cabeça entre os joelhos. E ali ficou até que escurecesse e a lua aparecesse, sendo refletida nas águas

.

Tudo lembrava Rukia.

Já nem sabia o que estava sentindo, mas tudo se resumia a ela. Tinha medo de pensar em algo chamado amor. Amor talvez fosse muito infantil, meloso e idiota para ele. Mas não havia muitas palavras que pudessem definir aquele aperto no peito permanente, aquela agonia ao chegar à aula e ver aquela classe ao seu lado vazia aquela saudade, aquela raiva e ódio por pensar quase todo tempo nela, já que no outro resto acabava sonhando sem querer com a shinigami gritona.

Deitou-se na grama, era verão e uma brisa fresca afagava seus cabelos. Olhava para o céu, pensando no que ela estaria fazendo agora, se ainda lembrava dele, em tudo.

Perto dali, um jovem passava, segurando uma sacola. Era Ishida, que logo sentiu a presença do shinigami.

– Ku-Kurosaki? – Ishida aproximou-se do ruivo e ficou o olhando, com um ponto de interrogação estampado no rosto.

– Ishida? O que anda fazendo à essa hora por aqui? – Ichigo ajeitou-se e ficou sentado, olhando para o colega, curioso.

– Fui comprar algumas coisas que Inoue-san me pediu hoje na aula e... Mas e você, o que faz aqui? – Uryuu ajeitou os óculos e olhou ao redor, prendendo por alguns segundos seu olhar á lua.

– Nada demais. Falando nisso, eu já estava indo para casa. Bem, até amanhã. – Levantou-se rapidamente e saiu caminhando, deixando Ishida para trás.

–x-

Ao chegar em casa, ignorou os ataques do pai e subiu para o quarto. Pegou uma muda de roupa e foi para o banheiro tomar banho. Demorou alguns minutos e voltou para o quarto já vestido enquanto secava os cabelos. Abriu o seu armário e viu Kon dormindo, preferiu nem fazer barulho e deixá-lo quieto, saberia que se ele acordasse o enxeria de perguntas chatas.

Pegou um caderno de dentro da gaveta do criado mudo e uma caneta. E simplesmente foi rabiscando algumas frases, sentimentos, pensamentos que talvez não conseguisse definir. Pensou em tudo o que havia vivido, pensou em sua família, em suas batalhas, seus amigos e em Rukia. Descobriu o que sentia por ela, embora tivesse medo.

Aisaretai demo aisou to shinai
Sono kurikaeshi no naka wo samayotte
Boku ga mitsuketa kotae wa hitotsu kowakutatte kizutsuitatte
Suki na hito ni wa suki tte tsutaerunda

Eu quero que você me ame, mas eu não acho que vá fazer isso.

E ando sem rumo enquanto repito isso pra mim.

É a única resposta que tenho. Mesmo se eu estiver assustado ou machucado,

Vou dizer eu te amo pra quem eu amo.

Anata ga boku wo aishiteru ka aishitenai ka
Nante koto wa mou docchi demo ii n da
Donna ni negai nozomou ga
Kono sekai ni wa kaerarenu mono ga takusan aru darou
Sou soshite boku ga anata wo aishiteru to iu jijitsu dake wa
Dare ni mo kaerarenu shinjitsu dakara

Você me ama ou não?

Eu não me importo com a resposta, eu só preciso saber!

Não importa o quanto eu deseje estar com você,

Existem muitas coisas que não podem ser mudadas neste mundo.

E meu amor por você,

Não pode ser mudado por ninguém.

Sen no yoru wo koete anata ni tsutaetai
Tsutaenakya naranai koto ga aru
Aisaretai demo aisou to shinai
Sono kurikaeshi no naka wo samayotte
Boku ga mitsuketa kotae wa hitotsu kowakutatte kizutsuitatte
Suki na hito ni wa suki tte tsutaeru n da
Kimochi wo kotoba ni suru no wa kowai yo demo
Suki na hito ni wa suki tte tsutaeru n da

Mesmo que se passem mil noites, eu vou continuar a te dizer...

Eu preciso te dizer.

Eu quero que você me ame, mas eu não acho que você vá fazer isso.

E ando sem rumo enquanto repito isso pra mim mesmo,

É a única resposta que tenho, mesmo se eu estiver assustado ou machucado,

Vou dizer eu te amo pra quem eu amo.

Colocar esse sentimento em palavras é muito assustador, mas,

Vou dizer eu te amo pra quem eu amo.

Kita michi to yukisaki furikaereba itsudemo okubyou na me wo shite ita boku
Mukiaitai demo sunao ni narenai
Massugu ni aite wo aisenai hibi wo
Kurikaeshite wa hitoribocchi wo iyagatte
Ano hi no boku wa mukizu na mama de hito wo aisou to shite ita

Enquanto eu olho a estrada eu viajo através do caminho à minha frente,

Meus olhos estão cheios de covardia.

Eu queria olhar nos seus olhos, mas tive medo de não parecer honesto.

Não queria saber que você não me amava e queria viver o resto dos meus dias sozinho.

Naquele dia, eu continuei a te amar sem me machucar.

Sen no yoru wo koete anata ni tsutaetai
Tsutaenakya naranai koto ga aru
Aisaretai demo aisou to shinai
Sono kurikaeshi no naka wo samayotte
Boku ga mitsuketa kotae wa hitotsu kowakutatte kizutsuitatte
Suki na hito ni wa suki tte tsutaeru n da
Kimochi wo kotoba ni suru no wa kowai yo demo
Suki na hito ni wa suki tte tsutaeru n da

Mesmo que se passem mil noites, eu vou continuar a te dizer...

Eu preciso te dizer.

Eu quero que você me ame, mas eu não acho que você vá fazer isso.

E ando sem rumo enquanto repito isso pra mim mesmo.

É a única resposta que tenho, mesmo se eu estiver assustado ou machucado,

Vou dizer eu te amo pra quem eu amo.

Mesmo que meus sentimentos não retornem

Eu posso dizer eu te amo pra quem eu amo.

E essa é a coisa mais linda do mundo.

Enquanto eu olho a estrada eu viajo através do caminho à minha frente,

Meus olhos estão cheios de covardia.

Eu queria olhar nos seus olhos, mas tive medo de não parecer honesto.

Não queria saber que você não me amava e queria viver o resto dos meus dias sozinho.

Naquele dia, eu continuei a te amar sem me machucar.

Sen no yoru wo koete anata ni tsutaetai
Tsutaenakya naranai koto ga aru
Aisaretai demo aisou to shinai
Sono kurikaeshi no naka wo samayotte
Boku ga mitsuketa kotae wa hitotsu kowakutatte kizutsuitatte
Suki na hito ni wa suki tte tsutaeru n da
Kimochi wo kotoba ni suru no wa kowai yo demo
Suki na hito ni wa suki tte tsutaeru n da

Mesmo que se passem mil noites, eu vou continuar a te dizer...

Eu preciso te dizer.

Eu quero que você me ame, mas eu não acho que você vá fazer isso.

E ando sem rumo enquanto repito isso pra mim mesmo.

É a única resposta que tenho, mesmo se eu estiver assustado ou machucado,

Vou dizer eu te amo pra quem eu amo.

Mesmo que meus sentimentos não retornem

Eu posso dizer eu te amo pra quem eu amo.

E essa é a coisa mais linda do mundo.

Ichigo não conseguia evitar a angústia que sentia. Nem a surpresa que teve ao descobrir e encarar isso. Embora dentro de si, seu mundo estivesse estremecendo e tivesse medo de tudo isso, havia surgido uma esperança.

Não contaria a ninguém o que havia descoberto ou escrito, por isso acabou guardando a folha de papel no bolso. Acordou Kon e tirou de dentro dele a pílula para engolí-la.

– Ichi-Ichigo porque você sempre tem que fazer isso? Você não sabe o que é ter alguém enfiando a mão na sua boca toda hora! –Kon ajeitava seu ‘‘corpo’’ e jogava-se na cama. Olhando para o ruivo.

– Kon, vou dar uma saída. Fica quieto aí e vai dormir. – E então foi para a janela e antes de pular ouviu Kon lhe perguntando aonde ia àquela hora e se era algum hollow que havia aparecido, mas nem lhe respondeu e se foi. Kon ignorou tudo aquilo e dormiu.

Ichigo vagou por vários lugares, mas acabou voltando para casa e ficando em cima do telhado. Sentou-se e lá ficou durante algum tempo.

Em uma das casas da vizinhança, uma menina ruiva ainda se mantinha acordada e ao cruzar pela cozinha pode ver parcialmente a lua. Dependurou-se na janela e acabou percebendo a presença de alguém por alí. Olhou para uma das casas da vizinhança e surpreendeu-se.

– Ku-Kurosaki-san? – Ficou ali, o observando por alguns instantes. Ela sabia que aquilo tudo havia atingido ele de uma forma bruta e dolorosa. Sabia que havia uma forte ligação entre ele e Rukia, mas tentava evitar falar nela perto dele. Sabia que toda vez que ele olhava para o céu, tentando achar algo que não estava lá, ele a procurava. Inoue baixou a cabeça e desligando as luzes saiu da cozinha e foi para o quarto deitar-se.

Kurosaki acabou entrando para o quarto no meio da madrugada e então voltou para o corpo e colocou a pílula dentro de Kon. Deitado, sentia um forte aperto no peito, fechou os olhos e dormiu.

Estava em um lugar distante, havia flores e um sol maravilhoso, ele nunca havia estado lá. Caminhou um pouco, olhou ao redor, não tinha a mínima idéia de onde estava, mas sentia-se bem ali. E então se virou e subitamente o local se transformou. Estava naquele campo, em frente ao rio.

– Vai ficar babando aí é?

Como uma descarga elétrica aquela voz lhe atingiu. Virou rapidamente o rosto e então lá estava. Lá estava a dona daquela voz. E tudo o que conseguiu fazer foi sorrir.

– Rukia...

– Idiota, que sorriso é esse? – Perguntou ela, rindo enquanto se aproximava dele. Ela usava um kimono escuro.

– Tsc. Idiota é você. E então o que faz aqui? – Ele olhou-a nos olhos, não conseguindo desviar seu olhar do dela.

– Nada demais. Logo estarei partindo. Só voltei para te agradecer. – Rukia desviou o olhar para o rio.

– Agradecer pelo que? – Ele caminhou até ela e parou a alguns centímetros.

– Por tudo. Obrigada Ichigo. – Rukia virou-se e sorriu para ele, um sorriso que o estremeceu por dentro. – Agora tenho que ir, talvez eu nunca mais volte, então cuide-se e não se esqueça de socar o Kon por mim, entendeu idiota?

– Quê...? QUE? – Quando percebeu ela já havia sumido. Novamente.

– RUKIAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! – Pode-se ouvir um grito abafado e então Kon acordou-se e rapidamente abriu a porta do armário e viu Ichigo chorando, com as mãos estendidas. Ficou estático. E o adolescente que até então dormia abriu os olhos e percebeu que tudo fora um sonho.

– Sonho... Tudo foi... Um sonho... – Ele levou as mãos ao rosto, o cobrindo.

– Ichi... Vo-você esta bem? – Perguntou Kon, aproximando-se da cama do ruivo.

– Sim. Não foi nada Kon, volte a dormir. – Olhou para o relógio, eram quase seis horas e então não dormiu mais.

–x-

O dia passou lentamente, arrastando-se. Kurosaki foi para escola normalmente, não conversou com ninguém nem mesmo Inoue, ou Sado. Em casa, novamente ignorou todos os ataques do pai.

Ao fim de tarde, antes de sair do quarto para ir dar sua volta, Ichigo foi interrompido por Kon.

– Ichigo... Você... A nee-san... Eu entendo que você recém conseguiu descobrir o que sentia... E achei lindo o que você escreveu. – Kon começou a chorar exageradamente. – Neeeeeee-saaaaaaaaaaaaaan!!! – E Ichigo ao lembrar que Kon havia ficado em seu corpo e ele havia deixado o papel no bolso da calça percebeu que ele havia o lido.

– Tsc. – Sem falar nada, pegou Kon pela orelha e desceu as escadas, chamando por Yuzu.

– Olha o que encontrei. – E jogou o pobre Kon para a menina que começou a apertá-lo.

– Onii-chaaan, obrigada! Eu não sabia onde ele estava. Olha só, preciso vestí-lo já! – E segurando Kon pela orelha levou pelas escadas acima, tudo o que Kurosaki ouviu foi um murmúrio de ‘‘ Nãoooo... Ichigo, idiota... ’’.

– Tsc, tsc. – E então saiu. Andava pela rua, despreocupado, ignorando tudo ao seu redor, como se somente o seu corpo estivesse ali e sua alma estivesse longe, muito longe, em um lugar chamado Soul Society.

Após caminhar algumas quadras chegou ao seu lugar preferido. E por mais estranho que parecesse, aquele lugar, naquele dia estava mais lindo do que o normal. O sol estava laranja, tonalizando tudo com essa coloração. A brisa refrescava calmamente o local, as águas do rio pacificamente corriam tudo estava lindo. Lindo e dolorido.

Ichigo sentou-se na grama, observando a bela paisagem, pensando no que faria nos próximos dias, em como evitar que a angústia lhe escurecesse o peito. Mas por mais engenhosas e criativas que fossem as idéias para escapar desse sentimento, todas pareciam ser descartáveis ao compará-las com o que sentia.

Sentia-se alheio a tudo, embora em seus olhos estivesse o reflexo do sol sobre as águas. Novamente, sentia-se sozinho. Não importava onde estivera, sentia-se sozinho, mesmo em casa com o pai e as irmãs, ou seus amigos... Ele estava sozinho e isso doía muito.

Baixou o olhar e o ergueu aos céus, presenciando o vôo de um pássaro. Respirou fundo e tentou ignorar qualquer sentimento, criando uma barreira, baseando-se no fato de Rukia ter escolhido voltar para Soul Society por vontade própria, ela seria feliz lá, aquele era o mundo ao qual ela pertencia e nada iria mudar isso. Assim pensando, abriu um curto sorriso bobo.

– Vai ficar babando aí é? – E aquela voz lhe atingiu os ouvidos como uma descarga elétrica. Virou-se rapidamente e então lá estava a dona daquela voz.

– Rukia... – Ichigo sorriu, levantando-se da grama.

– Que sorriso idiota é esse, seu idiota? – Aproximou-se dele alguns metros, mas ainda mantendo certa distância, abrindo um tímido sorriso.

– Idiota é você, shinigami gritona. O que está fazendo aqui? – Ele colocou as mãos no bolso, nunca tirando os olhos dela.

– Ah... Fui designada para passar alguns dias aqui, sabe como é, tem aparecido hollows demais...

– Claro... – Ichigo desmanchou o sorriso e deu as costas para a shinigami, indo sentar-se no mesmo local de antes, onde ignorou totalmente a presença de Rukia.

– Ei Ichigo! – E não obteve resposta, o adolescente seguia a ignorando, com um semblante triste. Até que levou um chute na carranca e voou alguns metros.

– Eu to falando contigo, idiota! – Gritava Rukia, irritada. – Afinal, vai me ignorar?

–... – Ichigo nada respondeu, apenas ajeitou-se em seu lugar novamente.

– Tsc. O que aconteceu afinal? Não ta feliz? – Ela caminhou até o lado dele, parando a menos de um metro.

– Rukia... – Ichigo levantou-se, juntando as sobrancelhas formando uma feição de raiva, dor. – O que você quer em? O que você quer que eu faça? Como quer que eu fique feliz, se você, a pessoa mais importante da minha vida simplesmente vai embora, não diz o porque apenas se vai. Fica mais de cinco meses e meio longe, sem dar sinal de vida, e quando decide mostrar a cara, ainda fica brava porque eu to bravo?!

–... – Agora foi a vez de a shinigami ficar quieta, seus olhos levemente arregalados mal piscavam. Ergueu a mão direita e a pôs sobre o braço esquerdo enquanto baixava o olhar. – Me desculpe Ichigo.

– Por quê? Porque você foi embora? PORQUE RUKIA? – Kurosaki tentava não tremer a voz, elevando o tom da mesma, praticamente gritando com Kuchiki, sentindo que não agüentaria. Afinal, perder a mulher que ama seria pior do que mil espadas atravessando seu corpo, pior do que qualquer batalha que havia travado. Seus olhos começaram a se embaçar, sua voz a tremer. Sentiu seus joelhos fraquejarem e caiu em frente a shinigami. – Por quê? Porque Rukia?

– Ichi... Go.- Rukia surpreendeu-se ao ver o substituto de shinigami naquele estado e seus braços rapidamente o acolheram. Ichigo agarrou-se a ela, enquanto - seguia entre soluços – questionando o porquê de a shinigami ter o deixado para trás.

– Eu... – Ela deslizava as mãos pequenas e delicadas entre os fios laranja do cabelo espetado de Ichigo, sentindo também seus olhos se embaçaram e algo morno percorrer sua face.

– Ichigo... Eu... Eu estava com medo... Com medo de sentir algo... E não ser recíproco. – O substituto de shinigami ao ouvir isso abriu os olhos e ainda tremendo, levantou-se.

– Co-como é? – Rukia largou suas mãos que caíram ao longo do seu corpo e Ichigo ainda esfregava os olhos, tentando parar com aquele choro.

– Eu... Eu percebi, que não conseguia fazer nada sem você, afinal nesses últimos tempos você sempre esteve comigo em tudo. Eu sentia que havia algo forte entre nós, mas ignorei esse pensamento. Afinal, talvez fosse a hora certa de eu partir. Às vezes temos determinado tempo para ficar na vida de outra pessoa. E então o meu tempo, havia chego ao fim. Quando você me salvou na Soul Society, eu me senti tão bem, mas ao mesmo tempo com tanto medo porque eu sabia que havia chego ao fim, sabia que você corria perigo, sabia que dependente do que acontecesse, cada um teria que seguir seu destino. Mas não da pra ignorar tudo isso e seguir adiante. É impossível. Eu percebi que não conseguia viver sem você. Que nada tinha graça sem você e que minha vida tinha se tornado uma simples e apagada existência sem o teu brilho. – Ichigo ouvindo tudo aquilo, arregalou os olhos e Rukia baixou o rosto. – E então, percebi que tudo o que eu preciso é você, apenas você...

– Rukia... – Ichigo sorriu como há muito tempo não fazia, ergueu uma das mãos e segurou o rosto da shinigami, o levantando e o puxando ao encontro do seu até que seus lábios se tocassem e então a beijou, puxando-a para mais próximo do seu corpo, colocando a mão na cintura dela. O beijo durou o máximo possível e ao abrir os olhos, ambos deixaram algumas lágrimas se irem.

– Idiota... Você quase me fez enlouquecer. – Ao pronunciar isso Ichigo sorria, olhando nos olhos de Rukia que também sorria. – Rukia, mesmo que se passem mil noites, eu vou continuar a te dizer... Que eu te amo. – E encostou a testa da testa da shinigami, que ergueu os braços envolvendo o pescoço do ruivo.

– Eu também te amo, Ichigo. – E novamente se beijaram, sentindo aquela brisa gostosa. Ficaram ali, juntos por algum tempo, até que Rukia perguntou:

– E agora, como vai ser daqui pra frente? – Disse ela, abraçada a Ichigo, observando o reflexo do sol sobre as águas pacíficas do rio.

– Agora, você cuida de mim que eu cuido de você, como sempre fizemos minha shinigami gritona. – Ichigo deu um beijo no topo da cabeça de Rukia.

– É... Eu cuido de você e você cuida de mim, pra sempre.

E ali ficaram até anoitecer, após isso Ichigo levou Rukia para casa, esta que foi calorosamente recebida pela família dele e por Kon, que chorou durante horas enquanto relatava o que havia sofrido durante esses cinco meses e meio por causa da ausência dela. E foi só Ichigo dar uma saidinha que ele pegou a carta que o substituto de shinigami havia escrito e a entregou a Rukia.

Ichigo quando voltou e viu a shinigami chorando e relendo e relendo a carta, pegou Kon pela orelha e o entregou a Yuzu que já havia preparado uma roupinha rosa cheia de babados para ele. E ao dar as costas, pode ouvir o pai cochichando à filha atrás da porta:

– Eu sabia! Ichigo estava namorando e... – Isshin é interrompido ao sentir o chute de Ichigo em seu rosto. Rukia apenas ria perante a situação e assim ficaram rindo de Kon, da situação e rindo da própria felicidade.


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Notas finais do capítulo

Alguém gostou? o_o~'



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