Unlearn escrita por Júlia Conto


Capítulo 9
Georgia


Notas iniciais do capítulo

Georgia



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/578377/chapter/9

Eric treinava na academia de seus pais, batendo em um saco pendurado ao teto. Gotas de suor escorriam sobre sua testa, e suas mãos estavam suadas, dentro de luxas enormes de boxe. Os últimos dias vinham sido bons, mais quando Elija voltou a cidade seus planos vinham estragando-se aos poucos. Alina nem Esther eram as mesmas com ele. E ele sabia que se Esther se lembrasse do dia do acidente ela jamais iria querer ver seu rosto novamente. E se Alina se apaixonasse por aquele homem, eles nunca mais se encontrariam as escondidas. De qualquer jeito, Eric sairia perdendo e ele tinha consciência disso.

Enquanto batia fixamente naquele saco, uma garota loira adentrou a sala onde ele treinava. Seus olhos incrivelmente azuis, se fixavam em seu abdome sem camisa. Ela usava os cabelos longos soltos, e não usava camiseta, somente top e bermuda. Ele sorriu para ela e ela retribuiu. Ele sabia bem quem ela era.

– Georgia? - perguntou, olhando fixamente para as luvas de boxe cor de rosa da loira. Ela sorriu para ele, como se não quisesse falar. Seus olhos brilhavam, igual os dele.

– Eric...- ela disse. - Me desculpe, sei que é a academia do seu pai, e essa sala é exclusiva para você treinar, mais pensei que ela não estivesse sendo usada. - a loira se virou para a saída. Mais Eric a segurou pelos pulsos.

– Não vá. - ele pediu com seu melhor sorriso sedutor. - Nós acabamos mal resolvidos. - ele disse.

– Mal resolvidos? - ela perguntou, gesticulando. - Em um passe de mágica você arrumou uma noiva. Não tinhamos compromisso nenhum, mais pensei...pensei...que eu fosse única. - disse, tentando se desvencilhar de seus braços fortes.

– Você era única. - ela afirmou. Seus olhos eram sinceros. - Sempre foi. Mais bem, quando seu pai ficou doente e você se mudou para o Tenesee, achei que não nos veriamos mais. Você parou de responder minhas mensagens, trocou de endereço e telefone. Como eu ia te achar, G ?

– Eu tenho motivos, Eri...- ela disse, paralisada pelos braços de Eric. - Motivos fortes. - ela afirmou, dando um pequeno soco nos braços de Eric, para que ele a soltasse. - E você está me machucando. - ela disse.

O homem a soltou, e a viu sair pelo corredor. Então largou as luvas no chão e saiu correndo atrás da garota, a única garota que um dia ele amou.

– Eu não sou um bom motivo? - perguntou. - Me desculpe, mais eu não te esqueci, G. - disse Eric, de um jeito que derreteria qualquer coração.

– Me encontre na minha casa, ás 19, amanhã. - Ela sorriu.- Mesmo endereço. Voltei para vizinhança.

Ele sorriu, ela sorriu. E então, ela virou as costas, andou até um gancho na parede e pegou o enorme blazer pendurado. Ela colocou suas luvas dentro de uma bolsa vermelha. Sorriu para Eric, com quem falasse: Senti tua falta. E saiu pela porta de trás da academia.

Eric tirou a aliança e colocou na carteira. Foi a mesma sala, colocou suas luvas e continuou treinando.

______________________________________________________________

– Oi? - o sorriso de Elija era imenso. Eu me senti obrigada a sorrir também. - Você quer vir fazer uma coisa comigo? - ele perguntou. Não hesitei. O segui.

– Onde vamos? - perguntei. - Faz alguma diferença o fato de eu ainda estar de pijama? - sorri.

– Você está linda, Princesa. Quero que veja alguém. - Ele sorriu para mim, apertando mais forte minha mão.

– O seu irmão, Christian. - Ele disse. Seus olhos brilharam sobre a leve luz que batia de manhã.

– Eu não tenho irmãos. - Afirmei. - Eric me contou. Disse que meus pais estão mortos, mais sou filha única. - Eu falei, deixando meu capuccino cair no chão. Do outro lado da calçada estava um homem. Bonito. Olhos verdes. Devia ser ter um ou dois anos a mais que eu. Ele sorriu para mim de uma maneira carinhosa. Não é como se fosse: Oi garota! Era como se fosse: Senti sua falta. Ele era muito familiar. Parecia a mim. Tinha os mesmos olhos.

– Aquele ali, é Chris. Ele é seu meio irmão. Eric não o conhece, por isso deve ter dito que você não tem irmãos. Ele se mudou daqui há muito tempo, até mais que eu. - Disse Elija. Então eu atravessei a rua, e me atirei nos braços do estranho, incrivelmente familiar. Ele me abraçou e sorriu. Então Elija continuou - Ele voltou por sua causa.Soube do acidente a pouco tempo e fez de tudo para vir o mais cedo possível.

– Estrela....Você ainda tem cabelos vermelhos, como os de mamãe. - sorriu. - Continua sendo a ''donzela mais formosa do reino''.- Eu me lembro da alguma coisa. Essa frase. Sim, essa frase. Um garoto...Um garoto de olhos ambar . Ele tinha uma pinta na mão esquerda. Igual a minha. Seus olhos eram gentis. Suas mãos eram geladas. Fomos...fomos...separados. Sim. Meu pai e minha mãe, me colocaram em um carro. O garoto ficou para trás, chorando, com um homem e uma mulher loira ao seu redor.

Mais, eu, eu lembro de um dia....Ele estava mais alto. Seus olhos mais escuros. Mais tinha o mesmo sorriso. Nós nos abraçamos. Seu pai e sua madrasta tinham voltado a cidade. E alguém...Uma garota. Ele estava sempre junto com uma garota...Seu nome era também um número. Lembra. Vai. Seven. Sim, Seven. Mais ninguém chamava ela assim. Ela tinha um apelido, por causa do tempo máximo de dias que um namoro seu durou...Six. As lembranças dela não me fazem bem. Talvez ela não gostasse de mim. Six, six era...Irmã de Elija. Sim irmã de Elija. - Esther, onde sua cabeça está? - perguntou meu irmão.

– Eu acho que lembro de você. Não muito. Só o suficiente. Sei quem você é. - Eu falei. Ele sorria. Eu sorria.

– Eu também sei quem você é. - ele brincou. - Aliás, continua a mais bela sereia. - Sorriu.

Uma outra memória me vem a mente. Uma garota loira. Cachos caiam sobre seus ombros. Ela estava grávida...Sim grávida. Chris, Chis era...era o pai. Uma menina. Ela teve uma menina, mais nem eu, nem Chris vimos o bebê. Ela disse que nasceu morta. Chris ficou triste. Ambos se mudaram.

___________________________________________________________________

Acabo de acordar. Me vesti o mais rápido que pude. Farda, saltos e uma especie de cinto, na qual que levava meu revólver. Batom vermelho. Chapinha. Café. Rosquinha.

Entro na minha viatura, fazendo a curva para estrada, o caminho mais rápido já visto para Hoboken. Porque diabos eu fui mesmo ser policial em outra cidade? Meus pensamentos são interrompidos pela musica ''Probleam'' da Ariana Grande. Não pude evitar de cantar o refrão. Parei a viatura, e vi no identificador de chamadas um nome que a muito tempo não aparecia: Feekil. Georgia Feekil.

– Como vai vadia? - perguntou a voz enjoada de G no telefone. Logo depois ela soltou uma gargalhada. Não pude evitar de rir.

– Estou bem. Você sumiu, pensei que teria paz. Foi ter sua filhinha escondida? Isso se você já não tiver arranjado outros, sabe como é, puta como você tem 2 filhos por ano.

– Sua arrogância me enoja. Eu pelo menos não sou bastarda, feito você. Quer saber de Meredith? Sim. Eu fui ter minha filha escondida. Não queria que ninguém nessa maldita cidade soubesse que fiquei grávida de um cara, tendo namorado. Ela é uma garotinha muito bonita. Tem os olhos castanho escuros da mamãe. E tem também os mesmos cabelos loiros. Se você visse, concerteza diria que é neta da grande biscate, Celine Abernathy.

– Chame nossa mãe assim que eu dou um jeito de tirar a guarda dessa garota de você. Ninguém merece mãe louca. E você fala mal da mamãe, mais fez o mesmo. E fez pior. Escondeu tua filha. - gritei ao telefone. - Diferente de você eu trabalho. Não dependo do meu pai para me sustentar. - pausa. - Que aliás, TEM MUITO MAIS DINHEIRO QUE O SEU, cá entre nós.

– Eu senti saudade. - Disse minha irmã.

– Não gostar de mim é direito seu, agora fingir que gosta é falta de caráter. Até mais, sua puta.- eu disse. Depois desliguei o telefone.

Liguei o carro. E tentei seguir com minha vida


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Unlearn" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.