Unlearn escrita por Júlia Conto


Capítulo 5
Ballet




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Eric não dormiu em casa. Deve ter passado a noite inteira treinando. Eu nem ligo mais. Só preciso de um tempo sozinha. Talvez me faça bem. Talvez não. Mais eu quero lembrar. Lembrar desse tal de Elija. Será que ele foi tão importante assim? Será que ele me fez sentir especial?

Sabe, depois daquele acidente, o Dr. Lúcius falou que se houvesse um pouquinho de esforço por parte de Eric, eu lembraria de tudo. Mas parece que todas as histórias que ele me conta são só histórias que acontecem com a protagonista de um livro.

Talvez eu seja uma exceção a regra. Ou talvez aquele médico só queria ser otimista. Pois bem. Nunca serei a mesma. Nunca serei a garota das fotos que Eric me mostra. Nunca serei a garota que tem uma foto vestida de bailarina. Será que era isso que eu era? Uma bailarina?

– Querida...- disse Eric, sorrindo, enquanto entrava pela porta de meu quarto. Não. Vá dormir e me deixe em paz Eric. - Eu estava treinando para a luta de amanhã. Não quero perder de novo. - Tá, tá, tá, vai embora e me deixa pensar.

– Eu imaginei isso. - Eu falei. - Mais está tudo bem. Pode me responder a uma pergunta?

– Depende de qual for a pergunta.

– Elija, Elija Starck...Que ele é?

– Como chegou a esse nome? - ele parecia surpreso, mais não muito. Pegou minhas mãos de um jeito carinhoso, que me dava repulsa. Por que mesmo eu ainda estava com esse cara? Deve ser porque ele me banca. Me deixa morar com ele. E na maior parte do tempo tenta cuidar de mim. Claro que Alina é muito melhor que ele nisso.

– Eu...Eu não sei. Só me lembrei dele. - disse. Então Eric pareceu irritado, checando seu bolso. De lá tirou uns comprimidos. Os comprimidos que eu vinha tomando desde o acidente.

– Bem. Acho que não vou responder essa pergunta. - ele disse. - Os seus remédios. Eu não estava em casa para te dá-los ontem. Tome dois hoje. - falou.

– Ahh, claro. - disse, sem esconder minha decepção.

–----------

Alina. - eu disse, as 7 da manhã, enquanto atendia a porta. Alina estava de farda, mais se equilibrava sobre dois saltos altos pretos. Por ser baixinha acho que pouca gente notaria. Ela me entregou um café, e um sorriso fraco aparecia em seus lábios. - Porque mesmo você quis ser policial? - perguntei, a vendo carregar sua arma.

– Cansei de morrer na vida das pessoas, decidi matar também. - ela disse como se não fosse nada. - Mais fique calmo. Depois que fui descobrir que a única coisa que eu seria autorizada a matar são meus pés, usando aqueles tênis horríveis.

– Acho que esses saltos não são muito melhores. - brinquei, sorrindo. Ela me fulminou com o olhar e depois caiu em uma gargalhada.

– Então, quais são seus planos para hoje? - ela perguntou. - Pensei em fazermos alguma coisa. - ela sorriu, dando um gole em seu café.

– Meus? Você não deveria estar de serviço? - perguntei.

– Sou uma policial de Hoboken. Nada acontece em Hoboken, duvido muito que hoje será diferente. Não vão nem notar minha ausência na ida diária da equipe a loja de rosquinhas. - ela sorriu. - Sabia que elas são de graça para os militares?

– Não, não sabia. Mais agora vi como fiz uma escolha errada de minha profissão. Eu queria ter rosquinhas de graça. - disse.

– Não seja por isso. Vamos a uma loja agora mesmo. E não vamos pegar trânsito nenhum. Estou com uma viatura. - ela sorriu.

– Só agora percebi como senti sua falta. - eu disse.

– E eu de você, Eli.


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