Unlearn escrita por Júlia Conto


Capítulo 4
Dear Elija




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Querido Elija,

Recebi sua carta. Faz tempo não? 3 anos? Bem, desculpe por só estar respondendo agora. Acho que minha raiva de você passou. Não só de você. Do mundo inteiro. Você terminou comigo por uma besteira, lembra? Tanto faz, descobri que o que gosto mesmo é mulher (aquela carinha)

Você me perguntou se deveria ir atrás daquela garota. Depois de tantos anos e o jeito que você a deixou. Depois das noites em claro chorando que ela deve ter passado. Depois de ter contado os dias, esperando que você fosse voltar. Depois dos sonhos que ela teve, qual te encontrava. Pois bem, acho que sabe a resposta. Deve sim.

Ela merece explicações e ouvir sua versão da história. Ela merece ler as letras que você escreveu para ela. E pela segunda carta sua que recebi, você está no Texas agora. Então. Bata na porta da casa daquela menina e pergunte se podem recomeçar. Eu com certeza daria uma chance.

Em resposta a suas duas cartas,

Da sua ex-namorada, Ali.

– Então ela simplesmente te escreveu, depois de 3 anos que você mandou a carta? - Perguntou Alina, ao telefone. Eu tinha lido a carta para ela. Explicado a situação. Escutado a indignação em sua voz. - Eu vou pegar o meu revólver e ir agora para Nova Iorque, dar uma lição nessa garota. - disse ela, impaciente.

– Se acalme, Alina. - disse. - Eu mandei outra carta, antes de vir para cá. Deixei meu endereço, caso ela quisesse responder. E foi o que ela fez. - falei, batucando os dedos na poltrona que pertencia a meu pai. - Ela foi a única namorada que eu tive nesses anos que eu gostei de verdade. Que me entendia. Acho que porque ela viveu uma coisa bem parecida com a minha. - Ela bufou.

– O que você planeja, Eli? - ela perguntou, me chamando pelo apelido carinhoso, que a muito tempo eu não ouvia. - Chegar na casa da Sereia e se apresentar? Não é tão simples assim. - Ela disse. - Ela está com o Eric, e pelo que eu sei, ela o ama. - quase berrou no telefone. - Só me prometa uma coisa, Elija? - perguntou.

– O que? - perguntei para Alina. Ela estava mais calma, mais não muito.

– Que não vai falar com Esther sem me pedir antes. - disse ela. - Não é como se fosse me pedir autorização nem nada, mais, eu preciso me preparar para te ver ao lado de outra garota. - pediu.

– Eu...

– Só me prometa isso, Eli - ela pediu. Pela sua voz pude ver que estava a ponto de chorar. Se estivesse ao seu lado agora já teríamos no mínimo, nos abraçado.

– Eu prometo... feliz? - perguntei.

– Não. Mais vou me contentar com isso. Eu preciso ir, Elija. Nos falamos depois. - ela disse. - Ah, só mais uma coisa. Você tem certeza que não canta mais?

– Não. Até logo Alina. - eu disse, e depois desliguei. Bem, já que Alina tinha sido tão expressa, achei melhor passar o sábado a noite escrevendo letras. Letras para Esther.

–-------------

Alina

– Com quem está falando? - A voz de Eric ecoou pelos corredores da minha casa. Enfiei o telefone em uma gaveta, enquanto penteava meu cabelo. Pareça natural, Alina, pareça natural. Finja para ele que você não estava falando com o cara que você julgava ser o amor da sua vida.

– Oi? - perguntei. - Falando? Só se for com as paredes. Aliás viu que eu as pintei de lilás? Pois é. Enjoei do vermelho. Vermelho escuro, dizem que rouba energia, né? Eu adoro vermelho. Queria ter o cabelo vermelho, tipo o da sua namoradinha. - Alina: a naturalidade em pessoa.

– A parede está da mesma cor de ontem, ante ontem, semana passada, mês passado e do ano passado. - disse Eric, me encarando. Ih, ele duvida da minha naturalidade.

– Que nada, Amor! - sorri. - Tem certeza que não ficou daltônico? Mês passado estava vermelha. Ou será que você não prestou atenção?

– Quando estou aqui, só presto atenção em uma coisa. Você. - ele disse no meu ouvido, com as mãos em minha cintura, me fazendo ficar arrepiada.

– Eu te disse. Se quer que eu fique com você vai terminar com o projeto de sereia. - me esquivei, me arrependendo. Ele estava sorrindo, de um jeito malicioso.

– Ou o que? - perguntou, me segurando pelo pulso. Ahh, merda. Esse cara é muitoseduzente.

– Ou nunca mais te dou beijo nenhum. - tentei soar convincente, mais acho que não fui muito bem, porque naquele momento ele me puxou para um beijo intenso. E eu sabia que não ficaríamos só nos beijos.

–---

Esther

Eric ainda não tinha chegado em casa. Uma noiva apaixonada ficaria apavorada. Eu não. Simplesmente me sentei no sofá. Folheando um livro, que encontrei, escondido em baixo de minha cama. Ele tinha folhas grossas e uma história que parecia não ter fim. Então no meio dele, achei uma carta. A letra era a minha.

Elija,

Hoje fazem 2 anos que você sumiu do mapa. Que me esqueceu. E deve estar feliz agora. Com namoradas e namoradas. Pois bem. Vou provar a mim mesma que consigo te esquecer. Só vou contar um segredo: Ainda vou guardar a sua margarida. Ela me lembra daquele dia que eu e você nos conhecemos e você me chamou de princesa. Quem sabe um dia você volte, e me chame assim de novo.

Esther


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