Unlearn escrita por Júlia Conto


Capítulo 3
Música




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Imagine acordar cercada por pessoas que dizem se importar com você. Imagine não lembrar nada sobre o acidente que sofreu. Não lembrar do nome de seus pais. Não lembrar porque diabos você tem uma tatuagem, ou qual é o significado dela para você. Não lembrar qual seu sabor favorito de sorvete. Não lembrar qual foi o melhor livro que você leu. Nada.

Desde o acidente minha vida tem sido arrastada por mares de dúvidas e esperanças. Há horas que tudo que quero é descobrir porque diabos eu aceitei me casar com o Eric, ou porque será que eu insisto em tingir meu cabelo de vermelho. Me trás sensações boas. Alguns nomes me veem a mente. Mais eu não sei a quem eles pertencem. Talvez um deles era o nome da pessoa que me deu a flor.

Em tenho guardada dentro de um livro, uma margarida. Não sei quem me deu. Mais é como se tudo estivesse voltando quando a vejo. As vezes, digo que quem me deu a flor é o dono do meu coração.Mais Eric sempre fica bravo. Ele quer ser o dono do meu coração.

E cá estou eu. Com uma única amiga. Com um noivo que eu praticamente não conheço. Ás vesperas de um casamento que eu nunca sonhei.

Avisto um homem, me encarando fixamente. Não sei direito o que aconteceu, mais coisas vieram a minha mente. Nada a que eu pudesse me agarrar, e lembrar de algo conciso. Mais uma sensação boa.

– Se importaria de me ajudar com as compras? - perguntei, fingindo algum descaso.

– Não, não, não me importaria de forma alguma de te ajudar. - Ele estava dizendo as coisas, como se estivesse nervoso pela minha presença...Eu não sei porque. Talvez fosse melhor esquecer isso. Logo Eric chegaria do treino, e não quero ter que dar testemunho para ele.

– Você está bem? Parece meio...tenso. Esqueça, eu carregarei as sacolas sozinha. - disse, pegando algumas sacolas de mercado.

– Não, Esther, estou bem. - Então ele me conhecia de verdade, antes do acidente? Sabia da parte da minha história que Alina e Eric escondiam? Ou talvez fosse só mais um das muitas pessoas que vieram falar comigo, me perguntar sobre meus pais, e suas empresas. De qualquer jeito fiquei em choque. Coloquei novamente as sacolas.

– Como sabe meu nome? Eu não lhe conheço nem nada, não é? - perguntei, tentando me lembrar.

– Esther! - gritou Eric, de dentro de casa. Que merda, teria que lhe dar um relatório. - Amor, deixa que eu te ajudo a carregar essas sacolas. Você não está podendo fazer mais força desde o acidente. E você é...? - ele perguntou, referindo-se a o cara que estava me observando.

– E...Pergunte a ela, ela me conhece melhor que qualquer um aqui. - Não. Eu realmente não o conheço.

– Não. - disse a verdade. - Não sei quem você é. Nem de onde me conhece.

– Es, entre, vou ter uma conversa com esse ai. - NÃÃÃÃO! Eu quero conversar com ele!

Antes que pudesse pensar, eles se afastaram, e entrei para dentro de casa. Alina estava sentada no sofá, folheando uma revista de moda. Cantarolava uma música qual nunca tinha ouvido. Letra bonita, significado também. Ela me trazia algumas lembranças. Sentimentos.

– Música bonita. - pude ver que a assustei. - Quem canta?

– Elija Starck. - ela sorriu. - O homem com a voz mais bonita de todas. - ela estava nostálgica. - E não, você não vai encontrar para escutar na internet. Mais se quiser, sereia, eu tenho um cd. Lhe empresto depois. Onde está seu noivo bombadão? Ele disse alguma coisa sobre dar uma prensa em um cara que estava dando em cima de você. - ela disse tirando meu cabelo do rosto.

– Está lá. - aponto pela janela. Ela encarou por alguns segundos.

– Err, Es, eu tenho que ir. Vamos ao cinema outro dia, ok? - ela me abraçou e saiu por aquela porta. Não sabia porque, mais tive a impressão de ter visto ela sorrir. Coisa rara.

– Esther, lembra de alguma coisa daquele homem? - Eric perguntou.

– Não nada. -afirmei. - Quem era?

– Só mais um. - ele exclamou, me abraçando. Mais durante aquele abraço, a música que Alina cantarolava voltou a minha cabeça. E voltou novamente. E novamente. Então eu lembrei de algo. O nome daquele homem era Elija. Elija Starck.


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