Unlearn escrita por Júlia Conto


Capítulo 2
Alina!




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Eu sai de lá na mesma rapidez que alguém acorda de um pesadelo. As palavras dele doeram. Muito. Como se fossem lâminas em minha pele. Seus olhos carregados de raiva só serviram para aumentar meu medo. Medo de a ter perdido. Mas agora é certo. Eu perdi ela. Ela nunca vai lembrar que nós sempre quisemos ter um filho chamado Trent, ou que ela gostava de me dar doces quando faziamos aniversário de namoro.

Estava quase indo quando uma voz chamou minha atenção. Uma garota com a pele branca, olhos castanhos escuros e cabelo castanho escuro com pontas loiras colocou a mão em meu ombro. A princípio demorei para reconhecer por causa de algumas eventuais (muitas, na verdade) tatuagens, mais aquele sorriso nunca seria esquecido.

– Meu Deus! - exclamou ela sorrindo. - Elija! - disse ela, me abraçando forte. Então senti algo duro em sua cintura. Um revólver. - Se lembra de mim? Alina. - ela disse. Como se eu pudesse esquecer. Alina era impossível de ser esquecida. Tinha um senso de humor incrível. Ela era a alma do lugar, não importando onde ela estava. Era simplesmente perfeita. Ou é.

– Alina...- tentei dizer. O tempo não tirou seu olhar quase infantil. Não importava se ele tinha ou não um revólver, ela continuava parecer ainda ter 15 anos. - Por onde esteve? - perguntei.

– Por onde você esteve, Elija? Sumiu do mapa, sem dar notícias. A Esther praticamente ficou louca quando não te encontrou em casa naquele domingo. - ela disse, com um olhar preocupado, dando ênfase a palavra "você".

– O quê houve com ela? - perguntei. - Com a Esther.

– Ihhh...- ela disse tentando fugir do assunto. - Uma longa história. Mais se quiser, e tiver algum tempo livre, podemos ir a confeitaria, e eu resumo o que sei sobre ela na ida. - falou, como se não quisesse falar.

– Hum...acho que não tenho nada agora. - dei um sorriso amarelo. Ela enlaçou seu braço no meu.

– Então vamos!- ela disse, como se estivessemos indo a um brinquedo de um parque de diversões.

Ao entrar no carro de Alina pude perceber outras coisas que nunca mudaram. Seu gosto por música boa - Beatles, principalmente - e sua enorme fortuna. Acontece que Alina era filha de um magnata. Tudo dela era o melhor e o mais chique. Sempre foi assim.

– Então, o que quer saber exatamente sobre a ruiva? - perguntou ela, abaixando seus óculos de sol ovais de seus olhos. Meu Deus, ela havia ficado muito linda.

– Como tudo aconteceu. - disse, gesticulando com os dedos. Sim. Eu devo ter parecido um idiota, porque consegui arrancar uma gargalhada de Alina.

– Como policial, só sei da versão contada por Eric a policia. - disse ela, enquanto ligava seu ''humilde'' conversível. - Ele estava dirigindo, os pais de Esther, e Gus atrás. Esther estava do seu lado. Eles estavam discutindo. E bang! O carro capotou. A parte traseira foi arrancada do veiculo, e o que sobrou caiu na água. Por pouco o projeto de Ariel não morreu. Já Eric, não teve um arranhão, aliás, foi ele quem tirou ela da água. Incrível. Milagre, ou armação. - ela sorriu de um jeito travesso.

– Como assim ''armação''? - perguntei, olhando para o céu nublado do Texas.

– Bem, digamos que Esther bateu a cabeça muito forte com o impacto. Mais ele não. Chamou a ambulância para ela e para seus familiares. Ela quase morreu, precisando de uma transfusão de sangue, por ser O negativo. Só que milagrosamente, um tio avô de Eric tinha o mesmo tipo sanguineo da Sereia, e estava aqui na cidade para doar. Tudo pareceu muito armado, pelo menos pra mim. - ela pisou fundo. Alina estava, brincando, a 150 por hora.

– Você é uma policial. Não tem medo de ser pega dirigindo assim? - perguntei, me segurando ao banco do carro. Não quero morrer! Não quero morrer!

– Eu faço as regras. Não as cumpro. - Ela sorriu debochadamente.

–---

A confeitaria era um dos poucos lugares quais nada tinham mudado. A mesma fachada amarela, só um pouco mais desbotada. Os mesmos sofás de couro. Os mesmos garçons, e chefs. Nem mesmo a minha companhia havia mudado. Eu e Alina vinhamos sempre aqui, quando eu era apaixonado por ela, mais ela claro, só queria amizade. Sim, eu já fui apaixonado platonicamente por essa mulher. Não me julgue. Se você a conhecesse, juro, que pelo menos uma vez na vida também teria tido vontade de beijar essa garota . Vontade.

Ela se debruçou no balcão, com um sorriso infantil no rosto. Ela comia desajeitadamente uma torta de morango. Seu doce favorito. Não pude conter o sorriso.

– Agora me diga, Elija, onde esteve? Texas ficou muito pequeno para seu brilho? - ela sorriu disfarçadamente.

– Não...eu não...canto mais. - sorri. - Meu pai, ele foi transferido. Eu só tinha 15 anos, então, se não fosse com ele iria morar em baixo da ponte.

– Ou na minha casa. - ela provocou. Como eu senti saudade dessa garota.


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