Lucy no céu com dragões escrita por MiihO


Capítulo 7
A terceira opção


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, pessoas! ^^



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Estava cercada por quatro caras desconhecidos. Agarrava a bolsa que trazia com força, não que tivesse algo de valor, mas tentando se manter calma e sair dali o mais rápido possível. Deu um passo para frente, mas nenhum recuou. Pelo contrário, deram um risinho enquanto um deles se aproximou dela.

_ Olha o que temos aqui... – Disse analisando a loira de cima a baixo. – Como é seu nome, docinho?

_ Não te interessa! Me deixe passar! – Respondeu tentando sair dali, mas foi segurada e teve sua bolsa tomada.

_ Não tem nada aqui, loirinha, achei que fosse nos alegrar com algum presente.... – Disse um dos caras revirando a bolsa. – Acho que terá que nos alegrar de outra forma então!

_ Me deixem em paz! – Lucy se contorcia tentando se livrar daquele que a segurava, sem sucesso, eram fortes demais, ela não conseguiria escapar sem ajuda. – SOCORRO! SOC... – Teve sua boca tampada instantaneamente.

_ É melhor ficar calada, loirinha. Ou vai ser pior pra você!

A derrubaram no chão e a imobilizaram de modo que não mais se debatesse e atrapalhasse suas ações. Ela ainda com a boca amordaçada, tentava com todas suas forças pedir socorro. Não queria que aquilo acontecesse, mas quanto mais desejava, mas próximo ficava daquele pesadelo.

Começaram a tirar sua roupa. Estava trajando apenas um short, que não era curto, pouco acima dos joelhos, e uma regata preta. Tirar não era a palavra certa já que rasgaram sua blusa como se estivessem desesperados por aquilo. A olhavam com luxúria e malicia e ela assistia aquilo com angústia e lágrimas nos olhos.

O que parecia ser o líder dos quatros se aproximou dela e sussurrou em sua orelha, causando um arrepio de medo.

_ Você é tão gostosa... Loirinha! – Em seguida começou a distribuir beijos em seu pescoço enquanto ela tentava, em vão, se libertar. Sentiu as mãos dele descer pelo seu corpo chegando até seu short, mas antes que pudessem tirá-lo, ouviu-se um alerta pouco ao longe.

_ Ei, vocês ai! Larguem ela!

_ Droga! – Exclamava uma loira perdida na floresta enquanto continuava a andar. Apenas queria se afastar do rosado. Sentiu-se traída, estava começando a gostar dele. Se não fosse aquelas palavras provavelmente tudo seria bem diferente. Mas ainda assim, não conseguia acreditar. Estava decepcionada. Queria que fosse sua mente lhe pregando uma peça, mas aquilo era a realidade. O rosado a usara. Trouxera ali e não a permitiu ir embora apenas por um motivo. O dia todo foi uma grande mentira.

Chegou a margem do rio. Lembrou-se de quando passou por ali com o rosado e suspirou. Olhou para trás achando que talvez, mesmo com suas palavras de “Não venha atrás de mim”, ele talvez tivesse a seguido.

Mas estava sozinha.

_ Lucy? – Bom, nem tão sozinha.

_ Happy? – A loira percebeu e rapidamente se arrumou, limpando o rosto e a camisa que vestia, tentando cobrir o máximo de seu corpo devido ao frio que fazia. – Achei que estivesse com Plue... – O gato fez cara de confuso então logo se lembrou. – Digo, de Canis.

_ Eu procurei ele durante um bom tempo, mas não achei. Acho que ele deve ter se enfiado em algum buraco. – Escutando a explicação, a loira se sentou à beira do rio. Logo sentiu o gato sentar ao seu lado. – E o que você está fazendo aqui?

_ Eu... Não estava conseguindo dormir, só isso. – Mentiu.

_ Lucy? – Outra voz, dessa vez vinda do céu chamou atenção dos dois. Era Igneel. – O que está fazendo aqui?

Não sabia porque, talvez o “parentesco” ou qualquer outra coisa, lembrou-se do rosado e do que acontecera a pouco. Não conseguiu conter o choro que veio a seguir.

_ O que aconteceu, Luigi? – Happy perguntou preocupado enquanto o dragão pousava perto.

_ Foi o Natsu? – Perguntou Igneel olhando com olhos estreitos em direção à cabana. Viu apenas a loira assentir com a cabeça. – Aquele cabeça de chamas! O que foi que ele fez?

_ Não se preocupe... Não... Não foi nada demais. – Tentava parar o choro.

_ Ele disse algo a você? – Deduziu.

_ Não... Não foi bem o que ele disse... Foi mais o que ele fez... – O dragão então suspirou. Seu filho sempre fora irresponsável e mesmo depois de sua conversa ele ainda insistia em ser teimoso. Optou então por esclarecer a loira, da melhor forma possível o que estava ocorrendo naquele mundo, mesmo sem saber o que tinha acontecido de fato entre os dois.

_ Lucy, há algo que precisa saber sobre o Natsu... – Disse e ela o olhou curiosa, já mais calma. – Na verdade, sobre o motivo de você ainda estar aqui.

_ Como assim? – Perguntou, mesmo que sua mente dissesse “Sei muito bem o motivo!”.

_ Não sei bem como dizer isso, mas... Antigamente, morava aqui conosco uma garotinha. Ela era loira assim como você e muito esperta também. Natsu e essa menina eram bastante amigos, claro, afinal eram os únicos humanos desse mundo. O fato é que um dia essa garotinha... Foi embora. – Disse hesitante. Não era uma boa palavra para explicar, mas sua intenção não era dizer o que aconteceu, e sim esclarecer um mal entendido. – Ele foi a terra algumas vezes para tentar encontrá-la, mas depois de um tempo acabou achando que ela não tinha sobrevivido aquele mundo.

_ E o que isso tem a ver? – Falou confusa.

_ Bem, Lucy... Natsu acha que você é essa garota.

_ O que? Mas isso é loucura! – Exclamou surpresa.

_ Eu sei, mas ele sinceramente acha isso. Eu já conversei com ele, mas é um teimoso, também não o culpo... Sofreu muito quanto você... Quer dizer, quando a garota foi embora.

_ Então foi por isso que ele me trouxe aqui? Que me levou para conhecer esse mundo? Para que eu lembra-se?

_ Provavelmente. Lucy, ele amava aquela garota, claro que na época era apenas amor de amigos, mas hoje, quando reencontrou você, creio que essa amizade tenha se tornado algo mais.

_ Não diga bobagem, não se ama assim em apenas um dia! – Explicitou ainda mais surpresa. Apesar de ter notado a mudança do rosado da manhã até aquela noite.

_ Para ele não é apenas um dia... É toda sua infância, preenchido de anos de saudades.

_ Independentemente de quais foram suas razões... Não muda nada do que ele fez! – Diz a loira triste.

_ Afinal, o que aconteceu entre vocês?

_ Bem, nós... – Como diria aquilo em voz alta se apenas em pensamento já se sentia envergonhada? – Bom... Na terra eu morei na rua durante alguns anos. E passei por bastante coisa... Certa vez eu fui encurralada por uns homens, eles quase me abusaram. Apesar de fazer muito tempo eu ainda lembro muito bem. O jeito que me olhavam, que me tocavam... Que falavam.... Eu tive sorte por ser salva pelo Gray. Ele se tornou meu amigo depois disso e me ajudou mais do que eu um dia poderei retribuir. E bem... O Natsu falou algo hoje que me lembrou isso que aconteceu. Na verdade, quase fez o eles iriam fazer. – Disse novamente segurando o choro. – Não sei qual era sua intenção, mas qualquer que seja, sua atitude foi errada comigo.

_ Happy! – Disse Igneel depois de uns segundo em silêncio. – Vá chamar o Natsu! – Ordena, mas a resposta vem da floresta.

_ Não precisa. Eu estou aqui! – Encostado em uma árvore de braços cruzados ele encarava Lucy. Sua voz saiu mais grave do que o normal. A loira se encolheu com sua voz ao mesmo tempo com que se irritou. Levantou-se e se dirigiu até ele sem encará-lo, passando em direção onde achava ser a cabana. Natsu acompanhou seu trajeto com os olhos e segundos depois a seguiu.

_ Onde pensa que vai?! – Um dragão irritado exclamou. – Nós vamos conversar!

_ Eu volto logo! Se eu não a acompanhar ela pode se perder. – Disse calmo de costas para o dragão.

_ Happy pode fazer isso.

_ Aye... – Respondeu o gato indo em direção onde a loira havia ido.

_ Não! Eu preciso falar com ela. Eu volto logo! – Repetiu e seguiu em frente, logo alcançando a loira. Essa quando percebeu que estava sendo seguida apressou o passo. Não queria falar com ele.

Assim que passou pela porta tentou fechá-la, mas ele a impediu. Entrou e fechou rapidamente voltando logo a encará-la.

_ Lucy, por favor....

_ Me deixa sozinha! – Dizia de costas, não tinha coragem de encará-lo.

_ Deixa eu te explicar o que aconteceu...

_ Não precisa explicar nada, eu já entendi... – Virou-se entrando finalmente os olhos verde escuro do garoto. – Só que Natsu, eu não sou sua garota. E mesmo que fosse, você achou o que? Que podia fazer qualquer coisa comigo? – Riu com escárnio.

_ Você ainda não lembra, mas quando lembrar...

_ Eu não vou lembrar, ok? – Disse interrompendo-o. – Você falhou comigo! Se achou que eu era realmente alguém importante para você a primeira coisa que deveria ter feito era conversar comigo sobre isso. Mas não! Você me deixou totalmente no escuro, enquanto me enganava.

_ Eu não enganei você! Eu só não podia chegar e falar algo desse jeito, do nada, sendo que você não lembra, iria me chamar de louco!

_ Ah, mas você é louco! – Confirmou cruzando os braços.

_ É, eu sou louco, sim, mas antes de tudo eu precisava primeiro ter certeza, Luce e eu tenho certeza que é você!

_ Ah... Um dia dá para você descobrir tudo isso. Mais do que eu própria sei sobre mim! – A loira falava irônica.

_ Se você não lembra vou refrescar sua memória. Você mesma me falou que não se lembra da nada da sua infância! Não se lembra de seus pais, de onde nasceu... É muita coincidência, não?

_ É, é apenas coincidência. – Suspirou se acalmando. Depois de uns segundos em silêncio falou novamente. – Sabe, eu não me importo com isso de você achar que eu sou sua garota, sério! Talvez se fosse só isso eu poderia até entender, mas... Você não se contentou apenas com minha presença aqui, não é? – Encarou fundo os olhos do garoto em sua frente. De tudo o que descobriu, não tinha dúvidas de que foi o que mais a deixou chateada.

_ Quanto a isso...

_ Não estou mais com vontade discutir com você... De tudo o que você fez o pior foi ter me agarrado como se não houvesse consequências.

_ Mas você bem que estava gostando. – Comentou e logo se lembrou da história que ouviu quando ela conversava com Igneel. – Me desculpe, eu não quis falar isso.

_ Apenas vá embora, por favor! – Disse se deitando sem voltar a encará-lo. Ela estava realmente triste. Realmente estava gostando, não iria negar. Mas não queria que tivesse sido assim.

_ Luce... – Chamou dando um passo em sua direção.

_ Por favor, Natsu! – Desistiu de falar com ela. Realmente não era uma boa hora. Ela precisava se acalmar e ele tinha que ter uma conversa, que não seria nada agradável, logo, logo.

Hesitou por um instante. Queria ir até onde ela estava e lhe desejar ao menos boa noite, se é que ainda havia salvação para essa e algo bom acontecesse, mas só o que fez foi recuar até a porta, deixando a loira sozinha.

O dia logo amanheceu. A luz encheu cada canto daquela floresta, invadindo também a cabana onde uma loira dormia. Logo que acordou se perguntou mentalmente onde estava. Talvez tudo não tivesse sido mais do que um sonho e estivesse novamente em sua cama depois de mais um sonho louco. Levantou-se lentamente notando logo algo que lhe mostrava que não tinha sido imaginação. Um gato azul dormia do seu lado encolhido. Logo esse despertou também.

_ Luigi... Bom dia! – Disse com voz sonolenta.

_ Que seja bom, Happy! – Desejou a loira sem expressão.

_ Eu tinha que te acordar... E acabei dormindo. – Reprimiu um bocejo.

_ Me acordar? – Perguntou confusa.

_ Sim. Ele pediu que eu te acordasse já que achou que iria querer ir embora o quanto antes.

_ Ele? ... Onde ele está? – Olhou em volta, mas não havia mais ninguém na cabana.

_ Não sei... Ah! Ele deixou sua roupa ali, já está seca. E também seu café da manhã. – Apontou com a pata e direção a uma bandeja.

_ Obrigada! – Disse desanimada olhando a comida.

_ Mas eu nem fiz nada! Ele pediu que eu esperasse aqui e quando sol nascesse te acordasse, mas você acordou primeiro... – Parou por um momento enquanto encarava a loira, logo uma careta triste se formou. – Luigi.... Você tem mesmo que ir embora?

_ Happy... – Um nó se formou em sua garganta. Claro que nada daquilo tinha sido planejado, mas gostou muito de Happy, assim também como aconteceu com os dragões e com Plue. Mas não era o lugar dela. Por mais que tivesse se apegado, ficar naquele lugar não era uma opção. – Eu não posso ficar Happy, me desculpe. – Respondeu por fim fazendo o gato se entristecer ainda mais.

_ Você não gostou daqui?

_ Eu gostei muito, demais até...

_ Não gostou de mim, então? Quando eu disse que você era louca era brincadeira, Lucy! ...

_ Eu sei... Eu sei! – Interrompeu sorrindo.

_ E o Natsu? Você também vai deixá-lo?

_ ... – Outro nó se formou. Demorou um pouco para que engolisse as palavras que achava desnecessário falar, ou mesmo até buscá-las por não saber o que dizer. – Com o Natsu... é complicado, Happy... Mas o fato é que eu sou da terra. E é para lá que tenho que voltar... Vou me trocar! – Levantou-se pondo um fim a conversa e pegou o vestido. Resolveu cortá-lo para facilitar, já que também estava bem sujo, ficou na altura dos joelhos. Alguns minutos depois ela já havia se vestido e comido seu café da manhã. Happy ainda estava ali, aproveitando a companhia de sua nova amiga que logo iria embora.

_ Happy, a que horas o portal é librado? – Perguntou a loira.

_ As sete.

_ E que horas são? – Happy apenas olhou para a janela e depois de uns segundos respondeu.

_ Sete e meia.

_ Você nem olhou no relógio! – Disse desconfiada.

_ Não precisamos olhar no relógio, sabemos a hora pela altura do sol.

_ Ah...Sei. Bom, acho que é hora de ir embora. – Lucy tinha tanto medo quando ansiava por essa hora. O fato é que não poderia ser adiado mais. Precisava resolver muita coisa na terra.

_ Não vai embora, por favor, Luigi! – Happy se lançou para ela a abraçando.

_ ... Desculpe. – Correspondeu o abraço do felino, deixando uma lágrima escapar. – Eu diria que viria te visitar, mas não vai ser possível!

_ Então fique! ... O que tem na terra que não tem aqui?

_ Humanos? – Disse dando uma risada. Ouviu algo bater fora da cabana, mas não ligou. – Existem coisas que preciso resolver lá. Não posso ficar por que só estaria fugindo de resolvê-las, entende? E pondo um fim no assunto... Eu não sou daqui, sou humana e esse lugar foi feito apenas para vocês. Eu seria uma intrusa aqui. – Caminhava até a porta com o gato do lado a acompanhando.

_ Mas você é como o Natsu. E ele vive aqui! – Insistiu o gato.

_ Natsu também é humano, Happy. Mas ao contrário de mim viveu aqui toda sua vida.

_ Achei que vocês se gostassem. – Sua mão parou na maçaneta pensando em como responderia esse comentário. Do outro lado da porta, certo rosado esperava ansioso pela resposta. A pergunta era tão simples que se feita ao dois separadamente renderia uma bela resposta complicada, coisa que se fosse feita com um perante o outro não conseguiriam simplesmente reprimir seus sentimentos. Mas no caso, Lucy tinha a resposta simples na ponta da língua. Os dois estavam ali, praticamente de frente um ao outro, sem ao menos saber, a resposta não seria complicada por fim.

_ Eu gostei bastante dele ... Apesar de irritante e teimoso eu realmente gostei dele. – Sua resposta fez nascer um pequeno sorriso em Natsu. Ele queria dizer a ela que também gostava. Que tinha se encantado com sua beleza e com sua companhia, mas seu sorriso foi roubado antes mesmo de ter oportunidade. – ... Mas ele fez algo que me deixou muito chateada... Não é como se ele tivesse sido sincero comigo, mesmo que tivesse motivos para não ser, foi errado. Além do mais, mesmo que eu o amasse, não é o suficiente para me fazer ficar.

Abriu a porta dando de cara com os olhos, agora negros e surpresos do rosado. Seu coração falhou uma batida antes de acelerar de forma descontrolada. O dele não estava diferente. Aquelas palavras haviam machucado muito a ele. Saber que ela era sua garota e que mesmo assim todo o carinho que sentia por ela não era suficiente, o fez se sentir tão... Inútil!

Lucy retomou os movimentos passando por ele e se dirigindo a clareira onde viu Igneel e Plue. Caminhou lentamente até eles tentando fazer seu coração bater normalmente de novo.

_ Natsu, está tudo bem? – Happy havia ficado na porta com o rosado enquanto Lucy se afastava.

_ Estou bem, não se preocupe! – Respondeu com voz quase inaudível. Se virou com a intensão de se isolar por um tempo de todos ali. Não queria ver Lucy indo embora sabendo que ela prometeu que uma vez na terra nunca mais voltaria.

_ Natsu! – Dessa vez Igneel o chamou. Não precisou dizer mais nada. Depois da conversa que tivessem a noite, bem, conversa não era a palavra já que o rosado ouviu o maior sermão da sua vida pelo seu pai dragão, ele dera uma ordem específica que o rosado precisaria cumprir.

Andou lentamente em direção a onde estava seu pai, Plue e Lucy. Não fez questão de olhar ninguém nos olhos. Estava ali obrigado. Amaldiçoava o pai e a si mesmo por Lucy ter que ir embora. Sua ideia era fazê-la lembrar de seu passado, lembrar dele, de Tatsu, mas tudo o que fez foi perder a consciência e atacar a loira enquanto dormia. Claro, não sabia que ela tinha algum trauma, também não era como se tivesse controle do que fazia. A única pessoa semelhante a si naquele mundo foi sua garota. Desde então passara anos sozinho. Talvez suas necessidades como humano tivessem aflorado quando Lucy apareceu. Ter ouvido da boca dela que mesmo que o amasse não seria suficiente para fazê-la ficar foi algo que o deixou estranho e pensativo. Ele faria qualquer coisa para ela ficar, não devia ela fazer o mesmo? Era o que pensava enquanto admirava os galhos das arvores.

Lucy observou a aproximação de Natsu também em silêncio. Mas logo tentou o ignorar. Não era como se estivesse brava, apenas irritada. Era algo sem explicação, gostava dele como dissera a Happy, talvez o sentimento fosse mais que apenas gostar, mas sentia a necessidade de mostrar a ele que não gostara de sua atitude, mesmo que ele tenha tentado se desculpar depois. Era mania de mulher. Não daria o braço a torcer.

O fato era que não restava muito tempo ali com eles, então também não queria ir embora sem se despedir dele de forma correta. Olhou para Igneel, respirando fundo tentando reorganizar as ideias para começar com as despedidas.

_ Acho que é hora de dizer adeus! – Igneel se adiantou adivinhando o pensamento da jovem em sua frente. Plue latiu como forma de protesto o que a fez sorrir.

_ Sim! – Respondeu se abaixando para fazer carinho em Plue. – Eu sentirei saudades de você garoto! Obrigada por me fazer companhia durante todos esses dias! – Era inevitável ver a negação que o corpo de Natsu exalava com essas palavras. Mesmo de costas para todos ali ele tinha seus músculos contraídos e mãos em punho. Tinha vontade de segurá-la e a levar para sua ilha. Passar o resto da vida lá com ela. Queria que ela se lembrasse dele, que se lembrasse daquele lugar. Mas o que mais queria era ouvir da sua boca que iria ficar. – Foi um prazer conhecê-lo Igneel. Fico honrada em ter conhecido, falado e ter virado amiga de um dragão! – A loira ignorou novamente as reações do rosado. – Nunca irei esquecer esse momento.

_ Também fico muito feliz que tenha te conhecido. E perdoe qualquer inconveniente que lhe tenha acontecido aqui. – Igneel respondeu.

_ Adeus Happy... Adorei te conhecer também. – O gato a olhava triste e choroso com as orelhas caídas. Assentiu com a cabeça dizendo que também gostou de conhecê-la.

_ Natsu, abra o portal! – Pediu Igneel.

_ Igneel, por favor! – Natsu pediu desesperado se virando para o dragão. – Por favor!

_ Apenas faça! – Disse com a voz firme. Tal qual um pai que dera uma ordem ao filho.

O rosado olhou com angustia para Lucy. Não podia deixá-la ir! Deu um passo em sua direção, mas a voz do dragão foi decidida.

_ Não faça nada! – Igneel disse. – Sabe que eu o acharei em instantes! Se não abrir o portal para ela eu mesmo o abrirei! – Na conversa que tiveram antes ele disse a Natsu que para se desculpar por tê-la trago a força, o mínimo que poderia fazer era o próprio abrir o portal para que ela voltasse. Claro que não era regra, mas se caso o rosado se opusesse até o fim, faria ele mesmo.

Lucy assistia a tudo um pouco nervosa. Não achou que Natsu tivesse tão determinado a deixa-la ali. Sentia-se triste por ele, por um instante gostaria de ser sua garota perdida, mesmo que sua vontade predominante fosse voltar para casa. Mas não era. E viu que seria impossível despedir-se dele de forma agradável.

Enquanto Lucy pensava Natsu tremia com a incapacidade de impedir o que logo aconteceria. Virou-se e ainda hesitante, como que tentando ganhar tempo e prolongar o momento talvez esperando um “Espere! Mudei de ideia!”, ele erguia a mão para abrir o portal.

_ É isso mesmo que quer Lucy? – Ele perguntou com a mão erguida. Como ela não falava nada resolver ele mesmo perguntar. – Essa é a opção que vai escolher?

_ E quais foram as opções impostas por você? – A loira perguntou calma, de forma retórica. – Ir embora para o lugar onde nasci e nunca mais voltar ou ficar aqui, vivendo uma mentira por um capricho seu?

_ Talvez haja uma terceira opção! – Disse sério logo após cortar o ar, como tinha que ser feito para abrir o portal.

_ E que opção seria essa? – A pergunta foi feita por Igneel, que não notou que com o movimento do rosado o portal não tinha sido aberto.

_ Ficar por que o portal não quer abrir!


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