Lucy no céu com dragões escrita por MiihO


Capítulo 12
Entre escolhas e visões


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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No dia seguinte, as sete meia da manhã os preparativos estavam sendo prontos. O céu se mostrava triste com a partida com nuvens cobrindo toda sua extensão, a chuva logo cairia sobre os presentes. Acnologia havia decido da montanha gelada para ver pela última vez sua filha humana. Assim como ele Falcor, Metalicana, Grandine, Happy e Plue se reuniram para se despedir. Dos dragões, o único que faltava era Igneel e ela logo estranhou.

_ Onde está Igneel? – Perguntou um pouco incomodada, não só com a falta dele como a de Natsu também.

_ Está procurado por ele. – Respondeu Acnologia. – Igneel não acha que ele tomou a melhor atitude, mas vai tentar por juízo em sua cabeça.

_ Acho difícil. – Admitiu a loira. Desde de sua última conversa com Natsu no meio da tarde do dia anterior ele havia sumido. E pelo visto, sequer se despediria dela. Não podia fazer nada quanto a isso. Aquele realmente não era seu lugar e sim o dele. Entendia sua raiva por ela querer voltar, mas sem ao menos se despedir depois de tanta coisa que passaram juntos era castigo demais.

Longe dali, Igneel encarava o filho numa discussão silenciosa, até que resolveu falar.

_ Você sabe que ela está...

_ Eu não quero saber, OK? – Natsu interrompeu a fala do dragão. – Ela tomou a decisão dela, mas essa não é a minha!

_ Então, não se importa dela ir embora para sempre dessa vez?

_ É claro que eu me importo!... – Exclamou e desviou os olhos. – Eu só não sei se vale a pena me importar.

_ O que quer dizer com isso?

_ Ela não gosta de mim, Igneel. É isso que quero dizer... Se gostasse, estaria aqui agora o meu lado.

_ Existem maneiras diferentes de amar, Natsu. E amor as vezes exigem esse tipo de escolha.

_ Então ela ama a terra e os humanos mais que a mim, que ótimo! – Disse irônico. – Que ela seja feliz com eles!

_ Vai deixar mesmo sua visão se realizar? Achei que queria mudá-la...

_ Achei que tivesse dito que ela aconteceria independente do que eu fizesse. – Devolveu.

_ Está bem claro que ela vai acontecer...

_ Sim, vai, mas bem longe de meus olhos, por que eu não vou até ela.

_ ... O que você pode mudar é o que vai acontecer depois. – Concluiu e se encararam. – Ela quer que você vá...

_ já acabou? – O Interrompeu novamente.

_ Está sendo infantil, Natsu!

_ Eu estou sendo infantil? É a minha escolha! – Falou indignado. – Não entende?

_ Então você entende a escolha dela?

_ Não estamos mais falando dela! Ela vai embora e vai me esquecer. Fim da história.

_ E você irá esquecê-la? – Indagou e acertou em cheio. A defesa dele desmoronou.

_ ... É o que tentarei fazer.

_ Doze anos e não conseguiu, quem dirá que conseguirá agora?

_ Quer tanto que eu vá? Quer se ver livre de mim, é isso? – Perguntou triste.

_ Quero que vocês sejam felizes. – Igneel disse carinhoso. – E só serão felizes juntos.

Ficaram em silêncio deixando as palavras agirem no subconsciente. Natsu ficou pensativo e logo Igneel levantou voo.

_ Está quase na hora. Vem comigo?

Um Dragão vermelho pousou perto da clareira atraindo atenção de todos, o coração de Lucy se acelerou com a possibilidade de ver Natsu, mas logo essa esperança sumiu ao ver o dragão negar com a cabeça respondendo à pergunta de seu olhos.

_ Ele não me escutou... Sequer me deixou falar direito. – Disse Igneel se juntando aos outros.

_ Talvez seja melhor assim. – Consolou Grandine. – Os dois viveram em mundos diferentes. Talvez essa seja a melhor opção.

_ Não temos muito tempo. – Falcor disse. – Os últimos preparos estão sendo feitos... Lucy, se quiser procurar por ele ou mudar de ideia essa é a hora.

_ ... Não... Acho que Grandine tem razão. Não vou mudar de ideia. – Forçou um sorriso que não convenceu nenhum dos presentes.

Alguns minutos se passaram até que finalmente o portal estava pronto para ser usado em segurança.

_ Lucy, nós conseguiremos manter o portal aberto por no máximo cinco minutos. Depois disso... Não haverá mais volta. – Explicou Metalicana.

_ Tudo bem. – Concordou. – É suficiente. – Respirou fundo encarando todos ali. – Acho que é isso. – Disse Lucy por fim se conformando. – Eu não sei o que dizer... Tanta coisa aconteceu em tão pouco tempo... Encontrei minha família de dragões. – Sorriu para Acnologia. – Voltei ao lugar onde me criei, reencontrei o Plue... – O pegou no colo. – É estranho... Todas minhas lembras retornaram, mesmo que ainda sejam muitas confusas e distantes, mas ainda assim isso tudo parece surreal. Eu sempre sonhava com um lugar assim enquanto tinha perdido a memória. Um lugar tranquilo, bonito, onde tudo parece magia. Eu realmente viveria aqui para sempre, se não fosse... Se a vida fosse mesmo esse sonho que eu desejo. Mas não é. É um pena o portal não funcionar mais, eu viria aqui sempre que quisesse. Visitaria vocês e mataria a saudade. Mas nem tudo é como a gente quer... – Suspirou e sentiu seu olhos encherem d’água. – Não sei como dizer adeus a tudo isso...

_ Então não diga! – Ouviu a voz de Natsu atrás de si ao mesmo tempo que as gotas começaram a cair do céu. Se virou para ele e seu coração novamente disparou quando seus olhos se encontraram. Plue pulou no chão fugindo da chuva enquanto Natsu andava até ela a passos lentos, lutando consigo mesmo, com sua teimosia e seu coração. Sabia que tinha a possibilidade da visão se concretizar por isso não queria vê-la partir, mas queria tentar uma última vez, pediria para que ela ficasse. Por fim, estavam frente a frente. Ele segurou o rosto de Lucy com suas duas mãos e o puxou delicadamente encostando sua testa na dela. Com os olhos fechados deixou as lágrimas que tanto segurou caírem sobre ela. As lágrimas dele se juntaram com as dela caindo como uma só. – Não me deixa, Lucy! Por favor, não me deixa!

Novamente o momento era deles. Nenhum dos dragões se manifestaram ou fizeram barulho. Nem mesmo Happy tentou alguma piada. Lucy ouvia com tristeza aquele pedido forçando seu coração a manter-se inteiro.

_ Eu tenho que ir, Natsu...

_ Não tem não! – Disse suplicante. – Sua vida é aqui! Você sabe disso, sua vida é comigo Lucy, ao meu lado... – Encostou seus lábios nos dela e ela o empurrou de leve.

_ É melhor não, Natsu. – Disse sem conseguir encará-lo. – Acnologia, por favor.

O dragão assentiu abrindo o portal atrás dela. Natsu se desesperou ainda mais por ver aquilo. Seu pior pesadelo acontecendo ali diante de seus olhos. A visão se concretizando.

Lucy se afastou dele rapidamente tentando atravessar logo o portal antes que um dos dois saísse – ainda mais – machucados. Mas ele não deixaria ela ir, não deixaria ela o abandonar.

_ Me dá outra chance, Luce... – Segurou o braço de Lucy obrigando-a a encará-lo. – Deixa eu fazer certo dessa vez? – Pediu enquanto as lágrimas se misturavam com as gotas de chuva.– Pede? Por favor!?

E ali estava ela num dilema. Não seria bom para ela encostar suas bocas novamente. O temor de tê-lo e perdê-lo seria pior. Respondeu para aqueles olhos cor de ônix que lhe hipnotizavam e imploravam por contato, aquela seria sua última oportunidade de senti-lo. As palavras que pronunciou era o corpo tomando controle. – Me beija... – Disse fechando os olhos e Natsu sorriu. Pôs a mão em sua nuca e deslizou a outra para sua cintura puxando-a para perto ao mesmo tempo em que ele se aproximava.

Sem esperar mais, ele tomou a boca dela na sua, demonstrando todo o sentimento que sentia e ela não ofereceu resistência dessa vez. Não tinha forças para lutar por tanto tempo contra seus desejos. Suas mãos foram aos fios róseos dele o puxando para mais perto enquanto ele segurava conduzia seus movimentos. Diferente do primeiro beijo; todo errado, forçado e sem experiência; agora era sereno e muito mais ansiado pelos dois. A chuva os molhava cada vez mais, mas eles não se separaram. Ali estavam inteiros. Conectados num “para sempre” que acabaria logo que se afastassem. Não que Natsu quisesse se afastar, mas Lucy o fez.

_ Natsu eu... – Ele a interrompeu calando sua boca com outro beijo. Não queria escutar o que ela ia dizer. E ele sabia o que era. Tinha escutado várias vezes em sua mente, visto aquela imagem inúmeras vezes desde que passou pela primeira nuvem. Por mais que tentasse mudar aquela visão, não conseguia, fazia exatamente o que vira. Isso fez brotar um choro em seu peito que segurava com toda força para não deixar sair.

_ Natsu! – Lucy o afastou novamente e o encarou, a essa altura nenhum dos dois podiam distinguir o que era lágrima e o que era chuva em seus rostos. – Eu não quero me despedir assim... – Lembrou-se que o portal já tinha sido aberto, não tinha muito tempo.

_ Então não vai... – Disse deixando o choro sair, esperando pelo que viria a seguir.

_ Vem comigo, por favor! – Ela pediu mais uma vez tentando em vão fechar a ferida que já começava a sangrar. O perderia de novo. Os dois pediram coisas impossíveis um ao outro. Natsu são iria com Lucy e Lucy não ficaria com Natsu. Mas ou um dos lados cedia ou seriam separados, desta vez para sempre.

_ Eu não vou Luce... Você sabe que eu não vou. – Sussurrou perdendo as forças. – Será que você não entende que você pertence a Tatsu? Que é uma de nós? Como ainda não sabe quem é depois de tudo que ouviu ontem? – Tentava ganhar tempo.

_ Sabe quem eu sou, Natsu? – Repetiu, suspirando. – Eu sou humana! Mas não adianta falar, nenhum dos dois vai recuar e sair de trás de suas armaduras, não é mesmo?

_ Lucy, o portal... – Lembrou Falcor e Natsu o amaldiçoou internamente por lembrá-la.

Ela se virou vendo a floresta da terra, lhe deixando ainda mais ansiosa. Encarou Natsu novamente pensando em como se despediriam, algum modo pacífico, que não doesse, mas não havia. Pôs a mão sobre a boca que estava colada em instantes com a dele e desviou o olhar. Essa sem dúvida era a melhor despedida. Deixava o coração apertado e despedaçado de saudade, mas não era necessário palavras. Com esse pensamento se virou e atravessou o portal.

_ Luce! – Natsu disse de olhos arregalados. Diferente da visão que ele teve ela não iria sem falar nada, sem ao mesmo um adeus. Mesmo que a visão tivesse errado ao mostrar que ela não pediria que ele a beijasse. Teria sido uma troca? O toque pelas palavras? Por isso ficou em estado de choque. – Luce, não vai! – Disse ficando no limite do portal. – Lucy! – Gritou já que ela não olhava para trás.

Parou de andar e apertou as mãos contra o peito. Não olharia para trás. Foi o que dissera ao rosado no dia anterior. O passado tem que ser deixado de lado e olhar para frente. Se não o teria consigo, então que começasse agora a esquecê-lo. A tarefa não iria ser nada fácil.

Ao vê-la parar, pensou que ela mudaria de ideia, mas sequer teve tempo de ter mais esperanças.

_ Desculpe. – Disse Lucy. Ela correu pela floresta sem olhar para trás, fazendo ele gritar mais uma vez seu nome e dar um passo involuntário para fora de Tatsu. Recuou quando percebeu o que fez. Ficou ali de olhos abertos, que raramente piscavam. Olhando por toda a extensão da floresta. Ela voltaria, não era? Mudaria de ideia, não era? Não! Ela não voltou.

_ Vai deixar mesmo ela ir sozinha, Natsu? – Igneel o pressionou sentindo-o vacilar.

_ Ela fez a escolha dela, o que eu posso fazer se ela não me escuta? Se eu a forçasse seria pior do que eles, não é? – Respondeu ainda incrédulo. Igneel sorriu com a fala do filho. Ele continuava crescendo e aprendendo.

_ Tem certeza que a única opção é ela ficar? – Continuou. – Temos um minuto até o portal fechar... – Se virou para os dragões. – Eu vou Falar com Weissologia agora, me acompanha Metalicana?

_ Só se a Grandine for! – Disse entendendo e piscando para o dragão branco, que sorriu.

_ E você Acnologia? – Perguntou Grandine.

_ Voltarei para a montanha... – Disse simplesmente. – Vamos Falcor?

_ Claro! Ia mesmo voltar ao trabalho. – Se virou juntando-se a Acnologia, mas antes olhou para Natsu que os encarava confuso. – Você tem menos de um minuto, garoto.

_ Já sabe a resposta para minha pergunta de ontem, Natsu? – Perguntou Grandine levantando voo. O garoto apenas semicerrou os olhos. Então voaram, deixando-o sozinho com o portal. Bom, quase sozinho.

_ O que vai fazer, Natsu? – Perguntou Happy, mostrando suas assas voando da altura de seu rosto.

_ Como o que vou fazer? Vou continuar minha vida assim como ela. – Disse firme ou pelo menos tentando parecer. – Se essa droga de visão se realizou é por que não tem mais jeito. – Se virou para ir embora, mas Plue mordeu a barra da calça o impedindo de continuar.

_ Você deveria ir Canis... Ela pode precisar de ajuda para encontrar a casa. – Disse compreensível com o cachorro. A chuva caia agora como um sereno. O céu se acalmou e parou de chorar assim como tinha feito o rosado. – Do jeito que ela é não duvido que acabe se encontrando com algum animal na floresta... – Comentou e travou. Animal?

Como pode se esquecer disso? Como pode deixá-la ir para terra depois do que viu na terceira nuvem? E porque não contou a ela antes dela ter essa ideia ridícula de voltar? Pensando bem deveria mesmo tê-la forçado a ficar. Voltou a se aproximar do portal encarando-o pela primeira vez com dúvida.

_ O que foi Natsu? – O gato azul estranhou a reação.

_ Deve faltar alguns segundos... O que eu faço? ... O que eu faço? – Perguntou agoniado. Ali estava a pergunta de Grandine. Escolher entre duas coisas preciosas... A vida de Lucy e Tatsu. O que ele faria? Em qual escolha ganharia mais e em qual sairia perdendo?

Na terra, Lucy tinha chegado a sua casa. Mesmo com todos os devaneios de sua mente conseguiu achar a direção certa. Isso era realmente algo impressionante, para ela. Balançou a cabeça e enxugou as últimas lágrimas que tinham caído. Ergueu a cabeça e respirou fundo. Estava de volta a sua segunda casa. Precisava urgente de um banho e roupas limpas.

Entrou estranhando já que a porta estava fechada, podia jurar que tinha deixado aberta. Provavelmente o vento deve ter fechado, pensou. Foi diretamente para o quarto. Apesar do que achou e precisava, não demorou muito no banho. Estava com uma urgência estranha. Vestiu-se com um short jeans e uma camiseta e deixou os cabelos molhados voltando para a sala. Olhou em volta vendo aquele ambiente estranhamente vazio e ao mesmo tempo sentia olhos em si. Devia estar ficando maluca. Sabia que passar muito tempo em Tatsu ia deixá-la assim.

Alguém bateu na porta e ela se surpreendeu, lembrando-se automaticamente da visão. Correu até ela sem pensar bem em quem seria. Assim que abriu, a surpresa se tornou maior.

Um ruiva com cara nada boa segurando um cigarro com dois capangas ao seu lado a encarava com ódio. Um dos capangas seguravam dois Pitbulls raivosos.

_ Finalmente... – Disse a ruiva. – Te achamos. – Sentiu algo afiado encostar em seu pescoço e olhou de soslaio para o lado.

_ Senhor Bartolomeu! – Disse com voz num sussurro o reconhecendo. A sua “família” tinha lhe achado e agora ela temia que sua visão da terceira nuvem se concretizasse.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo! :S



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