Por Você escrita por Sacarrolha


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Essa fanfic é um presente para minha amiga e irmã de coração Hime Senju.Espero que você goste do meu presente. E a vocês que lerem também espero que gostem muito.Aconselho a leitura ser feita ao som de Fix You do Coldplay.Boa leitura.



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– Olá! – Uma doce senhora bateu à porta do quarto. – Gostaria de dar um passeio no jardim para uma leitura? – Sua voz, que um dia fora grave e forte, ecoou doce e suave pelo cômodo.

– Não te conheço. Por que iria com você? – Um senhor já idoso questionara com desconfiança.

– Eu sempre venho aqui e leio para você. O dia está tão bonito. Vamos, ou deixaria uma senhora desacompanhada? – O elegante senhor sorriu e se levantou dando o braço para a mulher.

[...]

– Que história irá contar para mim? – Indagou ao assentar-se no banco do jardim.

– A história de um casal que se conheceu quando crianças, mas foram viver uma vida juntos apenas anos mais tarde. – Sorriu para o homem, e começou sua leitura.

***

A quarta guerra ninja havia acabado e todos comemoravam em grande festa. Tsunade queria estar mais feliz, mas seu coração se encontrava apertado. Faltava alguém naquela comemoração. Toda vez que pensava em Jiraya imaginava o quão orgulhoso ele estaria de Naruto vendo o quanto ele se tornou forte, maduro e bom.

Afastou-se um pouco da multidão para se sentar e pensar um pouco em sua vida. Sentia-se feliz por como as coisas terminaram, porém constantemente pensava na aposta que eles tinham feito. E se tivesse ficado com ele? E se não tivesse o deixado ir naquela missão? E se não tivesse se fechado após a morte de Dan? Sentiu mãos ásperas tocar seu ombro e por um momento seu sorriso se tornou enorme, mostrando todos seus dentes perfeitamente alinhados. Foi uma pena quando girou sua cabeça na direção da pessoa, não encontrando quem imaginava ser. Era Naruto.

– Baa-chan, tudo bem com você? – Era evidente a preocupação do menino para com ela.

– Oh, Naruto. Estou sim querido. – Seu sorriso se desfez e sua expressão se tornou triste.

– Está pensando nele, não é? No Ero-sennin? – Sentou-se ao lado daquela que considerava sua avó de coração.

– Sou tão previsível assim? – Seus olhos estavam carregados de lágrimas que ela tentava conter.

– Não, baa-chan. É que também estava pensando nele. Ele estaria muito feliz com o rumo que o mundo ninja tomou. É algo similar com a paz que ele tanto queria. – O menino, amadurecido pelos acontecimentos, matinha seu olhar fixo no horizonte enquanto proferia tais palavras.

– Você está completamente certo, Naruto. Ele estaria orgulhoso de você. – Afagou os cabelos loiros do Uzumaki cheia de orgulho. – Vamos? Konoha espera-nos.

Juntaram-se a multidão e seguiram para Konoha.

[...]

Dois meses se passaram; Tsunade se dedicava cada vez mais aos seus afazeres deixando o hospital em total responsabilidade de Shizune e Sakura. Já tinha se conformado com a perda de Jiraya. Ele não voltaria. Seguiu sua vida e fechou-se para o amor; não queria perder mais ninguém para a morte. Estava focada na papelada de pedidos das vilas vizinhas – era tudo mais fácil quando tinha sua secretária, mas o hospital precisava mais de Shizune que a Hokage – não prestando atenção nos ruídos ao seu redor. Despertou para o mundo apenas quando sua atenção fora pedida.

– Quem diria que você realmente mudaria, hein Tsunade? – Ergueu sua cabeça assustada sem olhar na direção do som com seus olhos quase saltando de suas órbitas.

Ela conhecia aquela voz. Não podia ser verdade. Com certeza era mais uma peça de sua mente traiçoeira para lhe causar mais dor e sofrimento. Fechou seus olhos com força rezando para que tudo fosse sua imaginação.

– Não está maluca. – Sua gargalhada ecoou pela extensa sala a fazendo abrir instantaneamente os olhos. – Sou eu, Jiraya. – Abriu seus braços em um ato de aumentar a crença da mulher.

– Jira-ya. – Sua voz saiu trêmula em um sussurro.

Seus olhos se irrigaram fazendo finas linhas de lágrimas descerem por sua face. Levou suas mãos até sua boca contendo seus baixos soluços. Parecia não acreditar. Era ele mesmo ou estava vendo coisas? Ele, percebendo o desespero da loira, tocou-lhe a face para que ela sentisse o calor de sua pele contra a dele. Acariciou-a envolvendo sua mão em seu pescoço de forma delicada.

– Sou eu. Abra os olhos. – Proferiu docemente a despertando daquele momento de loucura, trazendo sua alma a realidade.

– É mesmo você?! – Ele anuiu com a cabeça sorrindo. Ela levantou e deu a volta em sua mesa, o abraçando bem forte – até demais.

– Claro que sou. Vim cobrar minha aposta. Eu ganhei. – Novamente fez sua risada ressoar pelo local.

A loira finalmente se deu conta do tempo que o homem se manteve distante deixando todos preocupados; deixando-a preocupada. Fazendo-a sofrer se martirizando dia após dia. Uma fúria repentina se apossou do corpo da loira fazendo-a desferir vários tapas – não muito fortes – em Jiraya.

– Por quê? Por que sumiu por tanto tempo? Por que me fez sofrer imaginando estar morto? – Batia contra o peito dele, gritando suas dúvidas. Lágrimas, agora grossas, escorriam por sua pele alva. Seu lábio inferior tremia e soluçava devido ao choro preso na garganta. Estava com raiva, mas ao mesmo tempo estava feliz, afinal ele estava vivo.

***

– Por que ele sumiu por tanto tempo? – O homem questionara atento a história. – Isso me pareceu cruel com a moça. – A mulher ergueu a cabeça para ele no intuito de responde-lo.

– Bom, essa moça também o fez sofrer muito durante muitos anos, mesmo que não quisesse. Entretanto o sumiço dele é devido a algo que contarei agora. – Voltou-se para o livreto em suas mãos prosseguido o enredo.

***

– Perdão. – Fora a única palavra dita seguida de um abraço que envolveu a pequena mulher por inteiro. Ela finalmente soltou aquele choro que estava preso e a fazia agoniar, se agarrando no albino. – Eu queria muito ter aparecido antes, porém precisava me recuperar totalmente. – Foi então que a Hokage percebeu que seu amigo de longas datas e amante recente não tinha mais o braço esquerdo.

– Seu braço?! – Acariciava onde o membro superior do sennin fora cortado. – Como o perdeu? – Os olhos âmbares se encontraram com os olhos ônix.

– Na luta contra Pain, mas isso não importava mais. Eu voltei, e voltei por você. – Segurou levemente o queixo da mulher para ter a certeza que ela não desviaria o olhar. – Case-se comigo!

– Jiraya, eu não sei. Não quero te perder novamente. Acho melhor não. Prefiro ficar sem você, mas tê-lo vivo a tê-lo ao meu lado e depois te perder. – Sua boca dizia não, no entanto seu coração gritava sim.

– Isso não é viver. Já suportei tempo demais longe de você. – Seus olhos penetravam os de Tsunade com uma força nunca vista por ela. – Não quero guardar novamente todas as palavras que deveria ter lhe dito, então escute bem. Eu te amei mais que qualquer um. Sofria por você estar chorando e não poder fazer nada. Sentia-me o pior homem do mundo por ter deixado você se afundar em dívidas e vícios. Por não ter te abraçado quando entrou em crise por Dan. Te amei em cada momento de sua vida, fosse bom ou ruim. E durante todo esse tempo que estive longe somente pensava em voltar para você, então dessa vez não vou aceitar seu não. Case-se comigo!

Ela nada respondeu. Ficou na ponta dos pés e selou um beijo casto nos lábios de Jiraya.

[...]

Na mansão Senju os dois trocavam carinhos como dois adolescentes. Sorrisos e mais sorrisos. Tsunade estava feliz e fazendo outra pessoa jubilar assim como ela. Conversaram sobre tudo o que aconteceu na guerra e em como Naruto evoluíra nesse tempo. Ele, por sua vez explicou que estava no monte Monte Myoboku treinando com Shima e Fukasaku enquanto se recuperava. Agora dominava o modo sennin.

Já não tinham mais assunto e o silêncio se fez. Somente suas respirações podiam ser ouvidas e a tensão começava a pairar entre os dois. Ambos queriam a mesma coisa embora não tivesse a iniciativa tão almejada. Notando que o constrangimento permanecia, o homem levantou-se para se retirar, mas as mãos frágeis da loira o impediram.

– Fica comigo. – Pediu, pela primeira vez, timidamente. Levantou-se e o abraçou, mantendo seu rosto contra o peito de Jiraya. – Faça amor comigo.

O homem envolveu sua mão na nunca da loira e a puxou para o beijo que tanto desejou todos esses anos. Os finos braços da Hokage envolveram o pescoço robusto do albino trazendo-o mais para si. A mão áspera deslizou pelas costas de Tsunade até chegar a sua cintura, onde ele segurou com força. Ela impulsionou seu corpo para cima, cruzando suas pernas na cintura dele, apertando-se ainda mais contra o corpo másculo de Jiraya. Ele usou seu único braço de apoio para a mulher e se encaminhou para o quarto da Hokage.

#

Deitou-se sobre ela na cama, desfazendo o obi que mantinha sua blusa fechada. Delicadamente retirou a roupa da mulher distribuindo beijos e mordidas nada castas pelo corpo curvilíneo da loira. Ela retirou a blusa que ele usava e acariciou sua enorme cicatriz por um tempo. Desceu suas mãos até o cós da calça de Jiraya e a rasgou por completo juntamente com a peça íntima que ele vestia. Esse gesto acendeu o homem como nunca aconteceu antes. Beijou-a como se fosse a última vez. Como se sua vida dependesse daquilo. Depois de anos um ao lado do outro pela primeira vez estavam juntos e amaram-se como apaixonados. Amaram-se a noite inteira.

Tsunade anunciou a todos que Jiraya retornara e que abdicaria seu cargo de Hokage para finalmente ser feliz. Indicou Kakashi para ser o sexto Hokage. Naruto pulou de alegria quando soube que seu Ero-sennin estava vivo. Ele teve a oportunidade de compartilhar com o casal que ele mais amava que estava apaixonado e que iria se comprometer firme com Hinata.

Desde o retorno de Jiraya os dias pareceram passar mais rápido e quando deram por si já haviam se passado sete anos. Sete longos anos ao lado de Jiraya. Naruto e Hinata se casaram, tiveram dois filhos – Boruto e Himawari – e o Uzumaki, que um dia fora um garoto problemático, tornava-se o sétimo Hokage. Eles tinham uma família. Eram como os avós do novo Hokage e amavam as crianças.

***

Naruto fora até a casa de Tsunade para fazer uma breve visita e ver como ela e seu sensei estavam. Aproveitou um momento em que a mulher encontrava-se sozinha para ter uma conversa sobre o futuro de Jiraya.

– Baa-chan, por que não desiste de fazer o Ero-sennin se lembrar de você e o interna no hospital? Ele não se lembra nem do próprio nome. – Tsunade desejou não ter escutado tal absurdo. – Você já está cansada e precisa descansar. Ele te dá muito trabalho e raramente se lembra de voc...

– Nem termine, Naruto. Não é porque estou velha que vou deixa-lo à mercê da própria sorte. Ele nunca desistiu de mim e não vou desistir dele agora. – Respondeu com firmeza para que ele a entendesse.

– Mas por que insiste em continuar lendo esse caderno?

Ela ergueu o caderno, o balançando lentamente e falou:

– Eu leio porque tenho a esperança de que ele vá se lembrar de mim por apenas cinco minutos. E continuarei fazendo isso todos os dias. – Seu sorriso era enorme. Era um sorriso de pura esperança.

Ao fim da conversa Naruto fora embora. Ela se apressou para o jantar que tinha com seu ouvinte para terminar sua história.

– E eles ainda estão juntos? Tsunade e Jiraya? – O senhor perguntou enquanto levava uma garfada de comida em sua boca.

– Sim. Eles criaram uma vida juntos nesse tempo. – Respondeu com um belo sorriso nos lábios.

– Tiveram filhos? – Mostrava-se realmente interessado.

– Não, mas criaram um menino como se fosse um neto, e esse garoto hoje em dia é um homem feito. É casado e tem dois filhos. O casal adora as crianças. São como avós.

– Isso é tão bom. Pelo menos ele teve uma vida diferente da minha e não está só. – O coração da senhora se contorceu em dor, fazendo seus olhos lacrimejarem. – O que o fez não desistir dela?

– Amor. Ele sempre a amou. Anos mais tarde Tsunade leu algo que ele havia dito a alguém e acabou por escrever em um papel qualquer, com a intenção de fazer uma história. Isso a fez se martirizar por não ter se deixado amar por ele.

– E o que ela leu? – O homem olhava sereno para ela. Era um romântico que sentia-se solitário e o conto estava aquecendo seu coração.

– “Eu amo uma mulher, mas não vou obriga-la a me amar. Vou cerca-la com meu amor enquanto rezo por sua felicidade.” – Ao terminar a frase, Jiraya a olhou assustado e começou a chorar.

– Somos nós! Somos eu e você! – Ele dizia extasiado.

– Você se lembrou de mim, meu amor. – Deu a volta à mesa e o abraçou, beijando em seguida.

– Quanto tempo temos juntos?

– Não sei ao certo. Pode depender. Da última vez tive dez minutos com você, mas nem sempre é assim. – Como se amavam.

– Como estão as crianças? Naruto e Hinata?

– Estão todos bem. Naruto veio aqui hoje. Sentem saudade do vovô ero-sennin. – Sorriram juntos ao fim da frase. – Dança comigo?

– Como poderia negar isso a uma dama? – Dançavam na melodia suave da música que tocava no quarto. – Vamos viajar, amor? Sair da Vila.

– Acho que não será possível, Jiraya.

– Vamos nos aventurar como antes. – Ele insistia ainda dançando.

– Amor, isso não será possível.

Ele ergueu sua cabeça e a olhou confuso.

– Amor? Eu não te conheço! Saia daqui. – Empurrou Tsunade gritando.

– Jiraya, eu te amo. Sou eu, Tsunade. – Lágrimas escorriam por sua face enquanto tentava força-lo a se lembrar. – Jiraya. – Dizia chorando.

Era sempre o mesmo martírio quando ele se esquecia dela. Ela sempre chorava e ele a rejeitava. Ela se aproximava e ele a afastava. Agora era ela quem sofria por não tê-lo.

– Sai daqui. Socorro! – Ele gritava como se ela fosse uma estranha. E era para ele.

Alguns enfermeiros que ajudavam Tsunade a cuidar dele entraram correndo e o agarraram pelo braço e pela prótese que ela projetara anos mais cedo. O sedaram como um animal, causando ainda mais sofrimento em ambos. Ela sentia seu coração se apertar até quase não existir mais; até quase parar.

Mais tarde naquele dia, quando todos dormiam, ela se esgueirou pela casa em silêncio e fora até o quarto em que Jiraya estava dormindo. Sentou-se na poltrona do lado da cama e pegou sua mão a acariciando.

– Você voltou. – Foram as únicas palavras que ele disse. Ele se lembrara novamente.

– Eu vou voltar sempre por você. – Ele se afastou um pouco para o lado dando espaço para que ela se deitasse próxima a ele. – Eu te amo.

– Eu te amo mais. Não me arrependo de nada que fiz em minha vida para ter-te comigo. – Ela se aconchegou no peito do marido enquanto ele falava.

– Eu me arrependo de ter me fechado e não ter te visto antes. – Ela iria chorar, porém ele elevou seu rosto e acariciou sua face.

– Mas agora está comigo, e é isso que importa. – Deu-lhe um beijo casto e demorado nos lábios. – Sempre vou te amar.

– Eu também, Jiraya.

Tsunade deitou-se sobre o peito de Jiraya para dormir, no entanto sentia seu coração pequeno, apertado, como se algo estivesse para acontecer. Cinco minutos depois de ter se deitado sobre o tórax de seu amado pôs-se a chorar. Ele havia partido. Ela agarrou-se a ele desejando que a morte também a abraçasse, mas ela não a visitou.

O funeral de Jiraya fora simples, mas a sua altura. Agora eles realmente o perderam para a morte. Tsunade não sabia se conseguiria viver sem ele mais uma vez. Sua família a amparou e tentavam ao máximo a consolar, porém ela não queria ficar sem ele. Aos poucos foi se definhando.

Ela faleceu exatamente um ano depois, no mesmo horário que Jiraya.

***

– Estava te esperando, Tsunade. – O homem estava sentado próximo à um riacho sob a sombra de uma árvore olhando-a. Ela olhou para si mesma e para Jiraya e notou que estavam jovens novamente.

– Onde estamos? – Ela perguntou se aproximando dele com cautela, tentando descobrir aonde estavam. Ele se levantou e a abraçou sorrindo.

– Na nossa eternidade.

Lights will guide you home and ignite your bones.
And I will try to fix you


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Notas finais do capítulo

No final a música citada é Fix You do Coldplay.Espero que tenha gostado Bel e vocês, outros leitores, também.Obrigada por lerem.Beijos The Supreme Queen.