Durante os dias que se seguiram, Adrian e eu não nos falamos mais. Na verdade, nem sequer nos víamos, mas de certa forma assim era melhor; estava confusa e cansada, e a presença dele poderia ser... um pouco estranha.

Ernest, por outro lado, parecia cada vez mais disposto a se aproximar de mim; nos encontrávamos sempre que tínhamos alguma aula juntos e frequentemente formávamos uma dupla, embora eu deva admitir que tenha estado um pouco dispersa. Nenhum de nós mencionava o beijo debaixo do visgo antes do Natal.

Annelize me contara que o Natal dela havia sido melhor que o meu; ao que pareceu, Draco foi muito gentil e atencioso, e que fora das vistas de outras pessoas ele conseguia ser bem menos arrogante. Ela realmente está apaixonada.

E eu não conseguia parar de pensar em Adrian.

Eu estava aliviada por ele não estar se aproximando mais de mim, porém ao mesmo tempo me sentia mal. Algumas vezes eu o via treinando Quadribol com o resto da equipe da Sonserina, quando olhava pelas janelas de meu Salão Comunal. Ele voava bem, e com certeza estava aplicando as técnicas do livro que o dei.

***

No terceiro final de semana de janeiro, Annelize não ficou no castelo comigo, pois Draco a havia convidado para irem só os dois tomar chá na Madame Puddifoot. Tentei não me sentir ofendida e acordei ás nove da manhã nublada de sábado. Parecia que mais da metade da escola havia ido a Hogsmeade.

Me joguei no banco á mesa da Corvinal, um pouco afastada dos alunos do primeiro ano e comecei a comer uma torrada. Estava sem apetite e sem disposição para nada; cogitei voltar a dormir depois que terminasse o café da manhã, mas me senti despertar assim que vi Adrian Pucey entrar no Salão Principal. Ele me olhou, e por um breve instante cheguei a pensar que ele fosse vir até mim, mas o Artilheiro se limitou a desviar os olhos dos meus e engatar uma conversa com Graham Montague, na mesa da Sonserina. Parecia que os dois não iam a Hogsmeade.

Mantive meu olhar focado em Adrian quase que mecanicamente. Parte de mim queria ir até lá falar com ele, mas outra parte queria esperar ele vir falar comigo.

Levantei subitamente do banco e saí do Salão Principal em uma velocidade absurda, rumando de volta para a Torre da Corvinal.

Por que garotos precisam ser tão complicados?

***

Já era quase hora do almoço quando vi um vulto solitário voando em uma vassoura no Campo de Quadribol. Não precisei olhar com tanta atenção para perceber que era Adrian. E que ele estava sozinho.

Antes que eu pudesse por meus pensamentos em ordem, minhas pernas começaram a me levar para fora de meu Salão Comunal.