Survival Game: O Pesadelo escrita por Catelyn Everdeen Haddock


Capítulo 3
02


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!
Sai mais um capitulo! E ainda fico contente por causa dos comentários que recebi. Valeu Natália Romanova e Lucas!
Bjos da Cat ❤



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Não há sinal das fãs.

Ufa, que alívio! A pior coisa foi ser assediado pelas fãs, sem ter o direito de ao menos respirar. Saímos das ruínas do prédio e espreitei o olhar entre os lados da calçada.

– Não há sinal. - olho de relance para Edith, que estava atrás de mim.

– Beleza! - Edith murmurou. - Devemos seguir em frente?

– Uhum... - sacudo a cabeça. - Vamos.

A puxei consigo para o meio da rua e seguimos em frente. Pela minha intuição, deve ser umas dez para as dez da manhã. Apressei o passo, pois tenho entrevistas em minha nova casa. Mas se eu chegar atrasado, não tem nem problema para isso, mas não gosto de deixar os outros esperando. Mas também não quero ser assediado.

Estamos chegando em frente à casa de Edith. Nem faço questão de entrar, pois sabia que não teria tempo suficiente para prosa. Mas me despedi de Edith quase que instantaneamente, antes que a D. Amélia pudesse vir...

– Heinrich! - a D. Amelia postava-se à porta, vindo para me abraçar. - Quanto tempo!

– Como vai a senhora? - perguntei, retribuindo o abraço.

– Vou bem, querido.

Apesar de ser gorda, não havia nada melhor do que um aconchegante abraço da mãe de sua melhor amiga, a quem lhe considera como um filho querido.

– Nunca tiro a Cruz do Sol do meu pescoço. - completo, apesar de estar afogado sob os seus braços.

– Ah, você ainda a usa? - perguntou a D. Amélia, entusiasmada. Assenti. Depois ela me libertou. - Desde o reality? - sua voz começou a soar suave.

Balancei a cabeça. Apesar do cachecol envolvendo o meu pescoço, ainda é possível sentir o pingente tocar a pele.

– E para completar, quase fomos esmagados pela multidão de fãs. - falo, quase sorrindo, mas para completar o clima.

– Mas não se preocupe, mãe - acrescentou Edith, procurando acalmar a mãe. - nenhum de nós acabou pisoteado.

– Ah, graças a Deus! - aliviou-se a D. Amélia. - Mas, não foram abordados por algum nazista enquanto corriam, foram?

– Não precisa se preocupar, D. Amélia. - garanti, segurando o braço esquerdo de Edith. - A sua filha está em boas mãos.

– É claro, você venceu o reality e ainda ganhou fama e fortuna. - ironizou Edith, desvencilhando o braço da minha mão. - Mas deixou de ser como nós, judeu. - semicerrou o olhar, tristemente.

– Mas ainda sou seu amigo do jardim de infância. - por fim, falei com um sorrisinho estampado na cara. Edith me deu uma leve cotovelada e me abraçou. A D. Amélia ria muito. O que mais dói tanto em mim como nela, é a freqüência reduzida das nossas aventuras.

Às vezes sinto falta da minha antiga vida como judeu, pois eu e Edith nos encontrávamos todos os dias. Agora que venci o reality, tudo mudou. Só passei a vê-la apenas nos finais de semana, nos feriados e no Oktoberfest. Mas tenho a Anne como a minha vizinha e, finalmente, como a minha namorada.

– Tenho que ir. - me lembrei da hora em que preciso estar para a entrevista. - Eu tenho uma entrevista marcada com o pessoal de Berlim. É algo sobre o programa.

Tanto a mãe, quanto a filha, sentiram a dor em me ver com pouca freqüência, ainda mais quando estiver fora com a Anne, em turnê. Elise vai sentir muito a minha falta. Ela não suporta em viver sem mim, principalmente como do reality, em que a vi correndo com o trem em pleno movimento. Me doeu bastante ao ver o guarda agarrando a minha irmãzinha com o olhar carrancudo. Mas por outro lado, ela deve ficar bem tranqüila.

– E passar poucos dias sem te ver... - D. Amélia murmurou suavemente, mas desiludida. - Mas podemos te ver na televisão!

Edith e a mãe ficaram consoladas, por outro lado, por conseguirem me ver pela televisão. Todas as emissoras em seus respectivos canais vão ter meia-hora de exibição das nossa turnê pela Alemanha, pelas cidades fiéis ao reality, onde a terminaremos em Berlim, onde terá um baile de gala no Palácio de Reichstag. Por fim, Edith me deu mais um abraço apertado, o suficiente para me afastar do frio.

– Coragem, cara. - sussurrou ela em meu ouvido. - Sempre serei sua melhor amiga.

– Obrigado. - com um sorriso, passei a desfrutar do abraço, embora que não seja o último dia em que eu posso ver a Edith. - Em pouco tempo estarei de volta.

– Sei que vai, Richie. - sua voz começa a ficar um pouco embargada. - Sei que vai.

Edith me largou e em seguida, virei o rosto para a D. Amélia:

– Nem precisam chorar por mim. - garanti a elas. - Afinal, não é mais uma edição do Survival Game.

As duas riram. D. Amélia tascou mais um beijinho na minha bochecha. Mas não vai ser a última vez que vou vê-las, mas, como eu disse anteriormente, passarei a vê-las com pouca freqüência. Acenei para as duas e segui caminho.

Foi muito duro para mim deixar a casa em que passei boa parte da minha infância, com vista para as montanhas dos Alpes. A nossa antiga casa. Mas como eu não sou mais judeu, eu tentei fazer uma brecha para poder visitar a minha antiga casa, mas deve ter algum outro judeu ou uma família judia residindo nela.

Enfiei o queixo no cachecol, as mãos no bolso do agasalho e continuei rumando à então minha casa, a nova casa. Mal posso esperar para encontrar a minha família unida e contente com o dia, fazendo companhia à Marni e toda a equipe de preparação e equipe técnica. Isso sem falar dos jornalistas.

Depois disso, é só a turnê e o baile de gala.

***

Assim que chego em casa, vejo carros da equipe estacionados na calçada. Já chegaram, penso. Nem vi o tempo passar, enquanto eu estava aos abraços da Edith e da D. Amélia. Mas não as culpo por isso, elas são uma parte da minha família. Uma parte do todo, do meu todo.

Corro em direção à porta e fico na soleira, quando o meu pai chega, me pegando pelo braço.

– Heinrich! - ele me chamou, me levando para dentro. - Aonde você estava, esse tempo todo?

– Eu e Edith fomos visitar o sr. Holländer. - respondi, enquanto me esbarrava em alguns técnicos de filmagem. - Eu avisei bem antes de sair.

– E eu lhe avisei para voltar bem antes das onze da matina. - ralhou ele, ainda me levando pelo braço. - Por pouco você não matava a sua mãe e a sua irmã do coração.

Tive que inventar ou lembrar uma desculpa para escapar dessa.

– A culpa foi das fãs histéricas que corriam atrás de mim. - insinuo. - Elas são as responsáveis pelo meu atraso.

– E foi por isso que você se atrasou?

– Tivemos que ficar escondidos até elas se dispersarem.

Meu pai me acompanhou até o sofá, onde a minha mãe estava arrumando as almofadas no lugar, distribuindo-as em três quantidades, em cada lado do sofá. Logo antes de o meu pai me pegar na soleira, a equipe ainda não saiu do carro.

A meu ver, devem estar reparando as câmeras, o microfone e vários equipamentos para a filmagem da entrevista. Mas não vi a Marni em nenhum dos carros.

Já vi o carro da sua equipe antes, na televisão. Ele era branco e três listras das cores da antiga bandeira da Alemanha: preta, vermelha e amarela, respectivamente.

De repente, Elise veio da cozinha comendo cookies de chocolate.

– Heinrich! - grita ela, ao me abraçar.

A pego no colo, apesar de ela ser pesada demais.

– Elise! - beijo a minha irmã na bochecha rosada. - Como é que você está?

– Estou bem. - ela responde. - Mamãe ia ter um ataque no coração se você não viesse.

– E você também, não é? - pergunto, com um tom brincalhão.

– Não. - ela responde toda determinada. - Quem disse isso?

– O pai. - arqueio uma sobrancelha.

– Nada disso, eu confio no meu irmão.

Eu a soltei, quando a minha mãe se postou de fronte a mim, tirando o gorro da minha cabeça para arrumar o meu cabelo, que estava pouco desfiado e pouco salpicado de neve.

– Filho, o seu cabelo está um horror! - diz ela, ao arrumá-lo. - Deixa que eu dou um jeito nele.

– Mãe, não precisa. - tento ceder, mas ela não me ouve.

– Precisa, sim. - e repara a minha franja, quase chegando aos meus olhos. - Precisa estar bem bonito para a entrevista, lembre-se.

Ela me lembrou alguém: Margot! É claro, a essa hora ela deve está assistindo à entrevista com os outros em Berlim. Amanhã, eu devo encontrá-la. Ou talvez me guie na turnê. A minha mãe toca na lateral dos meus ombros e me encara.

– Assim está perfeito. - ela abre um sorriso para mim. Eu retribuo, só que cerrado, como se isso fosse óbvio para mim. - Agora não faça nada até liberarmos a equipe de filmagem.

– A senhora quis dizer "não se agite"? - tento entender.

Pelo jeito a minha mãe aparenta ser superprotetora, como fizera quando eu era pequeno. Ela ia responder, quando alguém bateu à porta. É a equipe, deduzo. Elise atende, quando uma sessão de fotos e flashes começa, acompanhada de perguntas dos jornalistas. Fico tenso.


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