Survival Game: O Pesadelo escrita por Catelyn Everdeen Haddock


Capítulo 14
13


Notas iniciais do capítulo

Oi genteee
Sinto muito que o capitulo esteja bem curto, mas... Aproveitem ele. Kkkkkkkk
Na verdade eu cheguei bem tarde do cursinho e estou muito cansada, ok?
Cat ❤️️



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Passei pela porta principal do prédio cabisbaixo, com a ponta do queixo tangendo o cachecol. Voltei a sentir o ar gelado da manhã e encarei o céu parcialmente nublado. Apresso o passo para me distanciar o possível daquela gente, principalmente as gêmeas Linz.

À medida que andava, pude avistar Moe e Anne andando juntos. Nem hesitei por um segundo e fui em direção aos dois. Anne se desprendeu de Moe e veio correndo até a mim.

– Heinrich - disse ela, ao ficar de frente a mim. - Como você está?

Ela deve ter notado a minha expressão.

– Depende - balbucio. - Por quê?

– Moe me contou sobre a conversa entre você e as gêmeas - comentou. Ele bisbilhotou? - Pelo visto não foi nada boa.

Virei os olhos para Moe.

– Como pôde? - indaguei. Moe hesitou.

– Eu só quis te ajudar - retrucou. - Se essa tal desigualdade étnica está afetando todos nós, a culpa não foi dos dois.

– Aquele beijo continua sendo um acidente - afirmou Anne. - Mas o amor que você sente por mim é verdadeiro. Quanto às críticas que o povo faz ao nosso respeito, continuemos a tentar convencê-los de que você me ama.

Esboço um sorriso meio torto, mas sem ânimo.

– Estamos juntos nessa, cara - Moe põe a mão esquerda sobre o meu ombro direito.

– Valeu pela força - agradeço numa boa. Moe olha de relance para um trio de rapazes se aproximando de nós, vindos do outro lado do pátio.

– Olha só quem está aí - disse, o que me fez olhar também. Anne parecia reconhecer um dos rapazes que estava entre os outros dois. O do meio parecia o mais velho do grupo.

– Karl - disse Anne, se aproximando do rapaz. A meu ver deve ser ele o primo dela.

Pela sua altura, calculo que esteja medindo 1,72, cabelos castanhos, olhos cinzentos e a boca tem os lábios finos. Tenho 1,65 de altura. Já estou passando da Anne, em relação a isso.

– Oi, prima - disse ele, enquanto olhava fixamente para mim. - Ele deve ser o seu namorado, não é?

Sua expressão era meio sarcástica e, ao mesmo tempo, irônica. Eu fiquei sem jeito quando ele acabou de falar que eu sou o namorado dela.

– Sou - respondo de qualquer maneira. - Por quê?

Karl chegou mais perto de mim, ainda me encarando. Ele me estudou minuciosamente, dos meus pés à ultima ponta arrepiada do meu cabelo.

– Porque o romance entre você e a minha prima causou um grande alvoroço por parte dos arianos - e semicerrou os olhos. - e ao mesmo tempo causou uma garante polêmica por parte de nós.

Mais um golpe profundo me deixou pra baixo.

– Para o seu governo, eu sempre amei a sua prima - discuti. - Eu não esperava que essa polêmica viesse à tona... - mas Karl me cortou.

– Veio. Desde que você a beijou, quando levou aquele tiro - replicou, engrossando o caldo. - E passamos a ser tratados como inferiores de verdade, frívolos pelos arianos, facínoras pelos nazistas. Essa estratagema serviu muito bem de pretexto para mais uma opressão para nós.

– Eu disse - tentei convencê-lo, sem sucesso. - que eu amo a Anne. E sempre fui apaixonado por ela. Antes de entrar para o reality, eu não tinha criado coragem para dizer isso, mas durante o momento, a hora já havia chegado, muito antes de eu ser baleado.

Karl desdenhou, para o horror da Anne. Moe ficava perplexo com a atitude dele.

– Bom, se você diz estar apaixonado por ela, podemos então olhar por um trama paralelo, do qual os demais vencedores das edições passadas do reality estão: desaparecidos, sem deixar sequer um rastro.

Fiquei atônito.

– Do que você está falando? - enruguei o cenho.

– Do mesmo trauma que em pouco tempo vai levar vocês dois ao esquecimento - falou, ao olhar de relance para a Anne.

– De que cargas d'água de esquecimento você está falando? - insisti.

– Karl! - Anne o repreendeu, mas ele fez questão de continuar.

– Esquecimento da própria existência - disse Karl. - Da sua verdadeira identidade. Completamente dominado pelo estresse pós-reality. Vocês dois nem fazem ideia de como isso levou os vencedores para bem longe, só Deus sabe aonde se exilam ou se expiraram, mas todos nós sabemos como isso os afetou. É esse distúrbio vai dilacera-los por dentro, brevemente.

O termo "dilacerar" me deu calafrios, mas o sangue começou a borbulhar por dentro.

– Karl, para - ordenou Anne. Eu começava a me invocar.

– Mas é pura verdade, Anne - rebateu Karl. - Se é uma coisa que está afastando os vencedores desse país, é esse diabólico holocausto que Hollharf implantou aqui e que Hitler II o aperfeiçoou. E isso nos remete o pesadelo que os judeus viveram na Segunda Guerra Mundial e que nós estamos vivendo novamente. O reality é o verdadeiro holocausto do século 21.

– Para - resmungo, já começando a ficar irritado.

– Se lembra de Johann Lunhoff? Do último Oktoberfest no qual foi visto pela última vez?

– Eu pedia o autógrafo dele no dia - afirmo, com a paciência perto do limite.

– Ele saiu daqui sem deixar rastro algum - comenta Karl. - Tudo isso por causa desse maldito programa que o deixou atormentado, além de Yoep Strassengër, que expirou no dia seguinte à volta para cá.

– Cale essa boca - ordeno, já com o sangue fervendo de raiva. Eu acabaria com ele se continuasse com isso. Eu acabaria.

– Por mais que você tente calar a minha boca, Heinrich, você não vai conseguir se desviar do destino. Você e a Anne estão sendo avisados.

Com a paciência transbordando do limite, lhe desferi um murro na cara, que o fez cair para trás, na neve. Aquilo já foi demais.


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