When the time came around escrita por Gêmeas Weasley


Capítulo 2
Capítulo 2 - Os beijos dos Potter's


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!!! Bem, espero que estejam gostando da história!!! Muitos meses de atraso, mas... conseguimos um capítulo imenso!!! Espero mesmo que gostem!! Perdão por ainda não termos respondido os últimos reviews!! Estamos atrasadas com tudo haha!! Existem alguns personagens que irão aparecer nesse capítulo que são de minha autoria na fic Jily - How I met you e a sua continuação!! Estão todos muito convidados para ler, claro :) !! Seria uma honra tê-los como leitores, do jeito que vocês são tão maravilhosos!! Espero que gostem do capítulo, amores!!
Nos vemos lá embaixo!!
Chris :))



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Às vezes a realidade nos paralisa no tempo, como se, de repente, os relógios de cada lugar congelassem e ficássemos frente a frente, sem nada dizer. Congelados contra o tempo, sem encontrar por onde começar, por onde seguir. E era exatamente assim que Alvo se sentia naquele momento, enquanto esperava taciturnamente que seus avós esboçassem qualquer reação que fosse.

— Se vocês me permitirem, vou pegar um café e viajar para a Alemanha. — anunciou Clarisse, após longos cinco minutos nos quais Tiago e Lílian não haviam dito uma palavra sequer — Até lá, vocês ainda estarão com essa mesma cara, então suponho que não se importem.

— Então isso quer dizer que eu posso dormir em Marte e vocês ainda estarão agindo como os seres mais estranhos que eu já conheci — retrucou Tiago, olhando de um para o outro alternadamente.

— Scorpius sempre me chamou de estranha, passaram-se sete anos e eu continuo do mesmo jeito - rebateu Clarisse, dando de ombros — Estamos tentando amenizar essa situação para vocês, mas, se consola, não é o tipo de coisa que eu e o banana ali fazemos todo domingo.

— Desculpa, quem diabos se chama Scorpius? Por acaso os pais dele tinham uma facinação por escorpiões ou algo assim? E segundo, amenizar que situação? — interveio Tiago.

— Então eles encontram pessoas do futuro todo dia de domingo. — comentou ironicamente Alvo - Estamos perdendo nosso tempo, Clary, vamos procurar algum homem menos babaca para podermos conversar sobre o quão bizarra essa situação está sendo para a gente.

Desculpe, mas você disse… futuro? — perguntou Lílian, pronunciando-se pela primeira vez na conversa.

— Parabéns, Sherlock. Qual foi sua primeira pista? — brincou Clarisse, cruzando os braços e deitando-se na primeira poltrona que encontrara. — Alguém repetiu quatrocentas vezes isso para você?

Tiago virou-se de um modo ao mesmo tempo defensor e de fervor para Clarisse, segurando as mãos de Lílian carinhosamente.

— Eles são maus — murmurou Tiago para a namorada, seu tom indicando o mais puro deboche.

— Não mais do que você - brincou Lílian, com as sobrancelhas erguidas de desafio.

Alvo sorriu sonhadoramente. Seus avós pareciam tão apaixonados um pelos outro que era bonito de se ver. Seria tão bom se ele pudesse agir dessa maneira com Clarisse, mas toda vez que o menino Potter tentava parecer como casais normais, a namorada o olhava estranho e perguntava “Scorpius te levou para beber?”. Desde criança, esses gestos de carinho entre casais não faziam a menina Bittencourt amolecer, e não era naquele momento que ela pretendia começar.

— Será que os dois pombinhos podem calar a matraca para ouvir meu bananão ali? — despejou Clarisse, fazendo com que Alvo ruborizasse levemente.

— Você não conhece o amor, sua sugadora de sonhos - provocou Tiago, teatralmente, virando-se para Alvo com uma curiosidade intensa. - Pode falar bananinha da louca.

— Primeiro: a sugadora de sonhos que nós conhecemos se chama Isabelle Clark, ex do nosso amigo, Scorpius, Clarisse é só a torturadora de gatinhos - riu Alvo, virando a cabeça por um milésimo de segundo para ver a cara indignada de sua namorada, mas logo depois voltando-se para os avós — Então, na versão rápida, vocês dois são meus avós. E eu espero ser o neto favorito de vocês.

Por alguns segundos, Alvo sentiu como se um jarro de vidro tivesse explodido e tivesse dado tanto susto nos avós, que estes tornaram-se mais brancos que cera, mas, o que Alvo viu em seguida, após o congelamento, foi um sorriso imenso brotando nos rostos de Tiago e de Lílian, mesmo que ainda estivessem no mais puro choque.

— I-isso quer dizer que nós nos casamos? E tivemos filhos? — balbuciou Tiago, sem conseguir encarar Lílian e com os olhos castanhos esverdeados cravados em Alvo.

— Pois é. - sussurrou Alvo, visivelmente constrangido — Mas só tiveram um filho, porque pouco tempo depois…

— Um tal de Sirius apareceu e implorou para que você não tivesse mais filhos, pois acabaria com a vida e a juventude — interrompeu Clarisse, sorrindo feito maluca. Alvo perguntou-se por que diabos ela estava falando aquilo, mas quando ela o fuzilou com o olhar, o Potter do meio concluiu que era melhor não interromper.

— Líly… — murmurou Tiago, virando-se para a massa de cabelos ruivos encolhida na poltrona. Mas o garoto congelou no mesmo instante, ao vê-la em prantos. Tiago pulou no sofá, para o lado onde Lílian estava e segurou seu rosto carinhosamente. — pode acreditar?

— Não acredito que me casei com você. Perdi uma aposta para Remus — balbuciou ela, rindo de emoção enquanto os fundos dos olhos de Tiago marejavam levemente.

— Eu não acredito que me casei com a sabe-tudo, pimenta e extremamente irritante, Evans… — e antes que qualquer um pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, ele se inclinou sobre ela e deu-lhe o beijo mais apaixonado que existia. Parecia quase hipnotizado, sentindo a dimensão de que após anos tentando conquistar uma garota, após ela finalmente ter dito “sim”, percebeu que aquele amor não era ordinário. Era algo que eles precisavam, necessitavam e, acima de tudo, amavam.

— Eu acho que vou vomitar — sussurrou Clarisse, franzindo o nariz e parecendo enojada

Na mesma hora, Lílian limpou a garganta e empurrou Tiago levemente, parecendo envergonhada. Já Tiago, parecia furioso. O garoto virou-se para Clarisse, como se fosse o pior assassino do mundo, que havia vindo bater à sua porta para matá-la.

— Eu acho que vou te matar - comentou ele, com um leve e irritado sorriso em seu semblante.

— Se você quiser bisnetos, é bom não fazer isso - rebateu Clarisse, revirando os olhos e levando a mão direita até a boca. Para ela, as palavra proferidas deviam ter um peso insignificante, mas, para o jovem Potter, elas significavam mais do que tudo. Ela pretendia ter filhos! E com ele! O garoto fez uma dancinha alegre internamente, era, ao menos, algo perto de “eu te amo”.

Enquanto Tiago e Clarisse brigavam feito dois gatos em busca de um novelo de lã, o garoto assobiou baixinho diante da suntuosa sala comunal grifinória. Era um lugar tão belo e tão cheio de histórias, o jovem não compreendia como Clarisse preferia a biblioteca. Aquele lugar era simplesmente demais! Por mais que não admitisse para si próprio, uma chama sonhadora dentro dele pergunta “e se eu tivesse sido selecionado para cá?”.

— Lugar bonito, não? — perguntou Lílian, tirando Alvo de seus devaneios sobre uma escolaridade naquele lugar, mas a ruiva não pareceu notar o quão perdido em seus pensamentos Alvo estava - Por mais que Tiago ache que vocês dois são só malucos, eu realmente acredito no que disseram. De uma forma ou de outra, quando meus olhos batem em você, eu sinto aquele arrepio na barriga que acontece toda vez que vejo meu namorado. Mas ao olhar seus olhos, essa sensação murcha — ela suspirou, olhando para as mãos, como se conferisse se ainda mantinha a mesma idade. — Sei que você é realmente meu… Aquela-coisa-que-eu-ainda-não-tenho-idade-para-ter e que, para não ter revelações do futuro, devo evitar sua companhia, mas acho que o natal é uma coisa muito maravilhosa para que você passe sozinho com a sua amiga — então Lilian, estendeu a mão para Alvo e continuou, terna — Ainda não sei fazer biscoitos, como a minha versão que você conhece sabe — o menino Potter engoliu em seco, deixando uma culpa quase tão grande como daquela vez em que trapaceou no primeiro ano o consumir. Era horrível pensar que, poucos anos depois, aquela doce jovem estaria morta —, mas você quer passar o natal com seus avós?

~~*~~*~~*~~*~~*~~

— Acorde pirralho — Alvo ouvia uma voz zumbindo pelos seus ouvidos, mas não conseguia descobrir como fazê-la parar. Como calar aquele som irritante de algo ou alguém atrapalhando seu único momento para desligar todos os seus pensamentos e toda a sua vida e somente relaxar. Provavelmente era James Sirius, tentando acordá-lo para checar seus presentes que, eram bem capazes de estarem cheios de duendes, estraçalhando cada um deles, graças ao irmão. — Eu te deixei dormir na minha cama e é assim que você age? Como se não estivesse nem aí para o fato de ter conhecido alguém provavelmente muito famoso no futuro graças ao quadribol?

Alvo abriu um olho e depois o outro, apesar de nenhum dos dois realizar sua tarefa de descobrir quem diabos estava falando tanta baboseira. Seus olhos estavam tão sonolentos que não conseguiam nem mesmo manter-se abertos. Ele ouviu um grito ecoando do seu lado esquerdo. Mas não quis se dar o trabalho de virar a cabeça.

— Quem é essa pessoa? — esganiçou a voz, bastante irritada com o fato de não ter sido comunicada que o neto de um de seus amigos havia decidido visitá-los durante o Natal. Com esse pensamento, Alvo pulou da cama, olhando a sua volta e lembrando-se de onde estava. Quando Lily Luna dizia que ele tinha uma jujuba no lugar do cérebro, na maioria das vez ele bufava e revirava os olhos, mas, daquela vez, ele concordava plenamente com a irmã. Quem no planeta esquecia que estava no passado?

— Quem é essa pessoa? — perguntou Alvo à James, após ver um garoto, provavelmente de sua idade, observando-o atentamente, quase como se o jovem Potter fosse alguma piada que estivessem fazendo com ele.

— James, você resolveu comprar um animal de estimação ou eu ainda estou dormindo? — perguntou o garoto com cabelos escuros e rebeldes batendo na altura dos ombros, olhos profundos e misteriosos, e um sorriso maroto bastante parecido com o de seu avô.

James bufou e revirou os olhos, catando uma blusa e uma calça de seu guarda-roupa completamente desarrumado e jogando-os nos braços de Alvo.

— Já está agindo como meu avô — provocou Alvo, rindo levemente.

O garoto de cabelos escuros arregalou os olhos e inclinando-se um pouco mais para frente na cama, desequilibrou-se e caiu de cara no chão, ainda chocado com o que Alvo havia dito.

— Sirius, esse é o Alvo. Ele é estranho, como você provavelmente vai notar, mas… tente não reparar. — disse James, sentindo-se cada vez mais miserável pelo fato de estar se transformando lentamente num avô.

— Sabe, é por isso que eu sempre gostei mais dos meus avós maternos - debochou Alvo, lembrando-se da visão de Molly rindo e repreendendo, mesmo depois de adultos, cada um de seus filhos.

— Eu não sou bom sendo essa coisa mesmo - debochou Tiago, jogando-se na cama que Alvo havia acabado de sair. — Mas… admira-me um pouco o fato de Líly não ser a sua avó favorita. Quero dizer, olha pra ela! — Tiago soltou uma leve risinho, sem perceber o quão apaixonado havia acabado de soar.

O jovem Potter sentiu seu coração apertar cada vez mais. Era horrível mentir daquela maneira, mas Clarisse o havia advertido, se eles soubessem do que realmente aconteceria, era possível que sobrevivessem, e que Harry virasse um sangue-puro tão mesquinho quanto o pai de Scorpius, e, assim, nunca conhecendo ou apaixonando-se por Gina. A ideia sempre pareceu impossível para Alvo, afinal, para ele, até mesmo se seu pai fosse um marciano ele acabaria apaixonando-se por Gina, mas nunca era bom discutir com Clarisse. Nunca mesmo.

— Cala a boca, James… você sempre fica soando como um idiota quando fala da Evans — reclamou Sirius, levantando-se do chão e analisando Alvo mais de perto.

— Como se você não fosse assim com…

— Nome completo, idade, casa, time de quadribol e garotas em questão — disse Sirius, dirigindo-se especialmente a Alvo e ignorando James por completo.

— Alvo Severo Weasley Potter, 17 anos, Sonserina, Monstrose Magpies e eu não vou falar da minha vida amorosa para alguém que já tem sessenta e poucos anos na época que eu vivo. - respondeu ele, fingindo indignação, mas sentindo seu coração apertar com a mentira.

No momento em que as palavras saíam de sua boca, James já estava se levantando com o rosto completamente vermelho, os olhos repletos de descrença e um semblante miserável.

— Primeiramente, eu gostaria de fazer algumas pequenas rejeições ao que você acabou de dizer e… Severo? O que diabos esse nome está fazendo no meio do que eu e Lílian criamos? — questionou ele soando tão irritado chegando quase ao ponto de esmurrar Alvo ali mesmo. Enquanto ele falava, palavrões saíam de sua boca como coelhos saem a todo momento de cartolas de mágicos trouxas. — E segundo… Sonserina? Você enlouqueceu? Por que o meu neto está na Sonserina? — James nesse ponto parecia quase choramingar como um bebê. — O que eu fiz? O que aquela pequena criatura que eu chamo de filho fez com você?

— Sem spoilers, meu caro — respondeu Alvo, lembrando como cada uma das perguntas tinham uma resposta que renderiam histórias que, no futuro, seriam consideradas lendas.

— Spoi o quê? — começou Tiago, sendo interrompido no mesmo segundo por uma massa de cabelos loiros claros entrando no dormitório ainda de pijamas, que por acaso eram cor de rosa.

— Algum de vocês viu o Remus…? - perguntou a jovem, com olhos azuis estonteantes. A primeira impressão de Alvo assim que a viu, foi a de que ela não era nada simpática. Porém o soar de sua voz foi tão apaixonado, que ele somente sorriu ao ouvir o nome do pai de Ted.

— Jane! Sua… nós… estamos ainda com… roupas de dormir! — protestou Sirius, puxando as cobertas para perto dele.

— O antigo Sirius gostaria que eu entrasse em seu dormitório de repente… mas isso tudo mudou… por causa da…

— O que você quer afinal? — perguntou James, bufando.

— Já disse! Onde está o Remus, seus patetas?

— Hã… Desculpe interromper, mas eu estou incluído nos “patetas”? — perguntou Alvo, erguendo as sobrancelhas em flerte para Jane, esperando que assim ela calasse a boca. Geralmente, quando erguia suas sombrancelhas, Alvo conseguia com que toda e qualquer menina se sentisse caidinha por ele, a única que nunca foi afetada por esse gesto foi Clarisse. Mas, de qualquer forma, ela era especial. Alvo teve de conquistá-la através de outras maneiras.

Jane virou seus olhos incrivelmente azuis para Remus, como se tivesse acabado de perceber sua presença. Ela piscou algumas vezes, para ter certeza do que estava vendo.

— De onde você surgiu? — perguntou ela, um tanto hipnotizada, Alvo percebeu, pelos seus olhos.

— Isso você vai ter que perguntar para a minha namorada, porque, de acordo com ela, eu nem sei somar dois mais dois, vá dizer explicar como eu vim parar aqui. — respondeu o jovem Potter, dando de ombros e deitando-se novamente na cama de seu avô.

Tiago dirigiu-se até Alvo a passos curtos e o empurrou, sem nenhuma cerimônia, para fora de sua cama. Quando Alvo gemeu de dor ao bater de cara no chão e levantar o rosto em direção à Tiago, este ainda o encarava questionador.

— Por que você se chama Severo? — perguntou ele, novamente. Seu semblante indicava certa irritação e suas bochechas vermelhas, ciúme.

— Não respondo nada sem a presença do meu superior, nesse caso, da minha namorada — ele anunciou, sentindo-se estranho por se dar conta que precisava da menina Bittencourt mais do que gostaria de admitir. Ele era Alvo Severo Potter, o erro do chapéu seletor, o salvador do mundo bruxo, o herói de diversas lendas e, também, o cara que dependia da namorada para se manter respirando.

Ele não sabia quando Clarisse havia tornado-se o centro de sua vida.

— Pelas barbas de Merlin, quando foi que você se tornou tão dependente daquele louca? — perguntou ele, balançando a cabeça como se estivesse desapontado com o que ele e Lílian haviam criado.

— Falou o cara que perseguiu uma garota que só dava foras nele por sete anos de sua vida… — murmurou Alvo, revirando os olhos ao ser atingindo pelas lembranças de Rose contando quatrocentas vezes a história de como os avós de Alvo ficaram juntos.

— Como é? É claro que eu não fiz isso - retrucou ele, dando uma risadinha falsa. — E, imaginando que eu tivesse feito, eu teria vencido, não é? Lílian e eu estamos juntos.

— E eu sobrevivi à friendzone por sete anos - retrucou Alvo, com uma risadinha divertida acompanhada da frase. — E, só acrescentando, eu salvei o mundo bruxo, fiz o chapéu seletor errar, ganhei o Torneio Polibruxo, desvendei o mistério da fonte da sorte, encontrei a espada de Gryffindor roubada, expus o assassinato do Ministro da Magia e, de quebra, descobri coisas que o próprio Dumbledore não conseguiu. — Alvo levantou-se e colocou o dedo no rosto de seu avô da mesma forma que fazia com Scorpius — Supera isso, babaca.

— Essa é difícil… - disse James, fingindo estar pensando numa resposta plausível. — claro, excluindo o fato de que eu descobri todas as passagens secretas de Hogwarts, fiz um mapa extremamente complicado com cada mísero detalhe de toda o castelo, salvei a espada de Godric Gryffindor, após ela ter ido parar em minhas mãos, me tornei um Animago, salvei a vida de donzelas em perigo algumas milhares de vezes, claro que a maioria das vezes foi da Líly, e salvei o mundo bruxo.

O jovem Potter piscou algumas vezes, abobado. Certo, ele sempre soubera que seu avô tinha descoberto todas as passagens secretas de Hogwarts contidas no mapa de Clarisse, mas… ele sabia do futuro? Ele se lembrava que James e Lilian Potter só salvaram o mundo bruxo no último dia de suas vidas.

— Mas… Você… Como você sabe que salvou o mundo bruxo? Você só o faz no mesmo dia em que…

— … os pais da namorada dele aprendem a fazer um suflê — completou propositalmente errado, Clarisse, entrando sem permissão alguma no dormitório dos jovens e fuzilando o namorado com uma fúria inimaginável — Ter uma mãe estéril que teve de se envolver com magia negra para você nascer tem uma vantagem: ela aprende a fazer suflês maravilhosos antes mesmo de você nascer.

— Olha só quem chegou para a nossa tristeza… — desdenhou James, revirando os olhos.

— E olha quem sai para a alegria de vocês - anunciou Jane, analisando a menina Bittencourt como se estivesse julgando se ela seria sua amiga ou sua inimiga enquanto Alvo e Clarisse estivessem em Hogwarts — Vejo vocês depois, patetas.

— Até que ela é gatinha — murmurou Sirius no ouvido de James, alto suficiente para que os dois conseguissem escutar.

— A ausência de óculos faz maravilhas — ela comentou, observando os três garotos com tanta admiração que Alvo não pôde evitar de sentir uma pontada de ciúmes. — Você bem que podia ensinar isso para o seu filho, fará um favor e tanto para ele. — ela completou maneando com a cabeça na direção de James.

James fez um som de engasgo no mesmo momento em que Lílian entrou pela porta. Alvo nunca conseguiria se acostumar com sua presença. Seus cabelos tão ruivos pareciam vir de outro mundo e seus olhos… só então Alvo se lembrou de que eram os mesmos que os dele. E, aparentemente, James sentia a mesma sensação quando ela chegava.

— Nosso filho terá que usar óculos - reclamou ele para Lílian, como se fosse uma criança de dois anos recebendo um não após seu pedido de balas.

Lílian riu e passou a mão em seus cabelos já bagunçados.

— Culpa sua — respondeu ela.

— Me diz uma coisa que não é culpa minha, Lily. — pediu James, com uma sombra de sorriso brincalhão tomando conta de seus lábios.

— Impossível - murmurou ela.

— Será que vocês poderiam calar a boca por um segundo? Eles são sempre assim. Não aguento mais — disse Sirius, revirando os olhos.

— Nós ainda nem nascemos, senhores avós do Alvo, tenham respeito por seu neto e a… pessoa que também não nasceu, mas que ele ainda conhecerá e vai acabar namorando com, não flertando um com outro. Avós são, sei lá, proibidos de fazer isso. — reclamou Clarisse, provavelmente após ter passado uma noite inteira ouvindo Lílian elogiar cada detalhe do rosto de Tiago.

— Temos que apresentá-los aos nossos amigos - disse Lílian animada, ignorando os últimos comentários. - Belle já deve estar de pé e Abbey ainda está dormindo…

— Para variar - completou Sirius, rindo.

— Hã, me desculpe, mas você disse “Belle”? - perguntou Clarisse com os olhos arregalados e queixo caído - Como assim “Belle”? Você tem certeza que é “Belle”? Uma mulher que, infelizmente, está grávida do próximo Potter, aos seus 19 anos, sem poder curtir a vida por causa do… demente comedor de melancias do James Sirius? Essa Belle?

— Na última vez que eu chequei a Belle era só… a Belle - respondeu Lílian, um tanto assustada.

— E você ainda diz que ela é sã… — resmungou James, alto o suficiente para que Lílian ouvisse e revirasse os olhos divertida — Sabe, ainda não é tarde para internar esses dois…

— James! Não vamos internar nossos netos!—- protestou Lílian, com os olhos arregalados.

— Netos? Do que vocês estão falando? — uma voz por trás de todos surgiu de repente, fazendo-os pular de susto em direção da porta. Remus Lupin havia acabado de entrar no dormitório.

De repente, Alvo sentiu algo estranho tomar conta de todo seu ser. O jovem Potter já havia escutado seu pai falar mais de mil vezes da bravura e coragem de Remus Lupin, o pai falecido de Teddy. Mas vê-lo ali, tão jovem quanto Alvo e mal sabendo do destino tão grandioso que o aguardava, fazia o coração do protestar contra a omição do futuro.

— No seu caso, o assunto chega a bisnetos. — comentou Clarisse, usando suas pernas como uma cadeira de balanço, indo para frente e para trás, constrangida.

Remus arregalou os olhos e sua pele tingiu-se de branco.

— Quem são eles, James?

— Por que você perguntou logo para mim? — questionou James, parecendo ofendido.

— Ora, quando duas pessoas surgem no meio do nada quem melhor para responder de onde eles vieram que você, James? — Alvo sentiu-se tentado a responder “James Sirius”, porém manteve-se calado em prol da sanidade de Remus — Normalmente você sempre se mete em problemas…

Nós nos metemos em problema. Um conjunto — retrucou James, ainda um tanto irritado, mas mantendo a brincadeira no ar.

— Sou Alvo Severo — apresentou-se o jovem Potter.

— Potter — completou James, com um som de desânimo.

— Só para deixar claro: eu também te amo, vovô. - retrucou Alvo, fazendo com que James bufasse irritado.

— Escuta aqui pirralho, aposto que o eu no futuro terá mais consideração pela sua existência. Agora eu estou mesmo preocupado com o que as garotas vão pensar quando escutarem você me chamar de… vovô.

— Que garotas, James? — indagou Lílian, com as sobrancelhas erguidas.

— Hã… Eu f-falo da Abbey e d-da Belle, imagina as b-besteiras que elas vão pensar — gaguejou James, com as bochechas tingindo-se de um tom tão vermelho quanto os cabelos de sua namorada.

— Sabe, no futuro você mente melhor — comentou Clarisse, de sobrancelhas erguidas

— Por que está tão preocupado com o que Abbey vai achar? — perguntou Sirius, parecendo ligeiramente irritado.

— Céus, Sirius, cala a boca. — resmungou ele, ainda sem conseguir encarar Lílian.

Clarisse revirou os olhos e começou a dizer, entediada:

— Não quero ser chata…

— Mas já sendo... — interrompeu James, sorrindo marotamente.

— … mas nós vamos realmente passar o dia todo aqui? Não que eu não aprecie ver o cavalheiros de pijama, mas eu ainda pretendo comer alguma coisa.

— Ah… sim! Comida! Finalmente essa garota falou algo que preste… — James se virou para a porta, gritando repentinamente ao ver Remus, ainda paralisado ao lado da porta. — cara… me esqueci que você estava aqui!

— Eu… como ele pode ser seu neto? — balbuciou Remus, olhando de Alvo para Clarisse alternadamente.

— Ér… Senhor-Lupin-mais-jovem, acho que o senhor tem idade o suficiente para saber de onde vem os bebês… — falou Alvo, sentido o rosto corar por ter chamado um adolescente de dezessete anos de “senhor” e, ainda mais, por ter mencionado o assunto da conversa para o pai de Teddy.

Remus ficou escarlate, mas rapidamente se recompôs.

— Vamos tomar café. Lá te explicamos melhor tudo isso. — disse Lílian, adicionando um ponto final na conversa, que se prolongou no instante em que eles sentaram na mesa da Grifinória, com esperanças de poder tomar café, sem que Remus os enchesse de perguntas e mais perguntas.

******

No café, todos os olhares eram voltados para aquele grupo estranho. Aqueles dois jovens que subitamente apareceram logo no período natalino. Para a época do ano, Alvo até achou o castelo bastante cheio. Aparentemente a maioria dos alunos havia preferido passar o Natal em Hogwarts, atraindo ainda mais olhares para Alvo e Clarisse. Mais que nunca Alvo desejou estar de volta em 2024 porque, nessa época, todo mundo pouco ligava para os outros só queriam comer alguma coisa decente desde o incidente do ano anterior.

— Eu estou com alguma espinha, pessoal? — perguntou Clarisse, tateando o próprio rosto em busca de algum ponto acnéico.

James levantou o rosto em direção à ela, interrompendo por um breve instante, seu café reforçado. Alvo nunca havia visto alguém comer tanto em toda a sua vida. Talvez, o único competidor de James fosse seu próprio neto, James Sirius.

— Ah, sim. Montes — respondeu ele, tentando irritá-la.

No instante em que Clarisse estava pronta para respondê-lo, duas jovens aproximaram-se com cara de sono, sentando-se lado a lado na mesa, próximas ao grupo. Uma tinha cabelos loiros escuros e olhos cor de mel e parecia estar num completo estado de mal-humor. Sirius cravou os olhos na garota desde que esta adentrara o salão, e sua expressão, pareceu subir de sono para euforia completa. Enquanto isso, a outra tinha cabelos escuros e ondulados, olhos azuis sonhadores e um sorriso tranquilo quando os cumprimentou:

— Bom dia! — disse ela, mesmo que estivesse com um sono imenso abatendo-a.

— Não sei se o dia está tão bom assim para você. — comentou Alvo, observando a menina colocar sal no leite — Você morreu ou coisa assim?

A garota levantou os olhos em direção a Alvo piscando algumas vezes, reação similar à de Jane. Ela olhou para a loira ao seu lado, depois para James e soltou uma exclamação.

— Quem é você? James, explique isso!

James a encarou contrariado, soltando um muxoxo irritado.

— Nem tudo é minha culpa, Belle

— Na verdade, meu pai ter nascido é culpa sua, então meio que você é culpado, indiretamente, pelo meu nascimento e pelo fato de eu estar aqui neste exato momento. — cutucou Alvo, divertindo-se ao ver a expressão que seu avô assumiu logo depois

— Espera, eu originei meu filho sozinho? Quer dizer que a Lílian não me deu nenhuma… você sabe — James pareceu um tanto constrangido naquele momento, fato que ocorria em raros momentos. Suas bochechas se ruborizaram e ele gaguejou por algum tempo. - ... ajuda?

Lílian engasgou com o chá e suas bochechas ficaram ainda mais vermelhas que as de James, se é que isso era possível. James não conseguia sequer encarar a namorada.

— Potter! — exclamou ela, com os olhos arregalados.

— Não era James? — perguntou Sirius, rindo.

— Por que reagir assim? Vocês nunca… hum… — ralhou Clarisse, ruborizando levemente com suas bochechas. — ... Coisaram?

Alvo ao ouvir isso, cuspiu todo o chá que estava tomando. E, logo depois de assimilar o fato de que os dois nunca haviam passado de beijos, ruborizou indignado. Aquele trasgo fedorento do Louis! Alguém não sobreviveria a segunda batalha de Hogwarts…

— Clarisse Grace Bittencourt, tem alguma coisa que você pretende me contar? — perguntou Alvo, erguendo as sobrancelhas, irritado

— O que foi? Sua mãe nunca teve A conversa com você? — ela jogou a cabeça para trás, rindo — Ah, qual é! Eu posso nunca ter feito... Você sabe o quê, mas também não sou freira!

Alvo a encarou completamente horrorizado. O que aquilo tudo de freira queria dizer?

— Hã? — balbuciou ele, sentindo seu rosto tingir-se de branco numa questão de segundos. - Que limites estamos abrangendo?

— Você quer mesmo discutir nossa relação na frente dos seus avós? — perguntou ela, meneando com a cabeça na direção de James e de Lilian — Não que eu não te respeite, mas isso é esquisito.

Lílian e James ainda pareciam desconfortáveis e remexiam-se a cada cinco segundos em suas cadeiras. Lílian então, decidiu recomeçar a conversa.

— Na verdade… não é que nós não tenhamos tido… hum…

James a encarou de lado, ainda sem graça. Sirius e Remus ainda estavam com as colheres no ar, congelados pelo que Lílian havia acabado de dizer. Assim como as duas outras garotas ao lado deles, as quais Alvo ainda não havia sido adequadamente apresentado. Uma áurea triunfante rodeava a expressão de Clarisse e Alvo, parecia paralisado.

— Calma, vó. — disse ele, ofegante. — Isso não quer dizer que meu pai está vindo aí, quer?

James, de repente, assumiu um olhar cheio de pânico. Virou abruptamente a cabeça na direção de Lílian, que, ao ver a expressão do namorado, assumiu um olhar exatamente igual a dele. De uma coisa Alvo tinha certeza, seu pai não gostaria nem um pouco de saber que foi dessa maneira que ele veio ao mundo.

— Ferrou tudo, Lily — confidenciou James, fazendo com que todos na mesa engasgassem com a comida que devoravam. De repente, a garota que colocou sal no leite pareceu completamente acordada

— James, eu estou me sentindo meio mal, acho que… — Lílian assumiu uma expressão doentia e James arregalou os olhos, parecendo tremer. Seu braço voou para sustentar Lílian, caso ela desmaiasse ali mesmo. Porém, de repente, a garota começou um acesso de risos tão gigantesco que o braço de James ficou doendo de tanto tremer.

— Você tinha que ver sua cara! - afirmou Lilian, com lágrimas invadindo seus olhos de tanto rir. — Vamos, James! Tenha senso de humor!

James a fitou embasbacado, enquanto seus amigos gargalhavam de rir acompanhando Lílian.

— Um mini-nós pode estar dentro de você agora mesmo e você quer que o meu senso de humor se manifeste agora? — balbuciou ele, olhando de tempos em tempos para a barriga de Lílian que mal aparecia pelo uniforme, e para seu rosto.

— Você está me chamando de gorda? — perguntou Lílian, erguendo as sobrancelhas e fuzilando James mortalmente — Para a sua informação, senhor Potter, eu não estou com corpo de grávida coisa nenhuma.

Sirius, Remus e Alvo se entreolharam com sorrisos marotos compartilhados. James não sairia fácil daquela situação.

— Pimenta, eu não a estou chamando de… — James olhou para o corpo de Lílian novamente, analisando-a da cabeça aos pés lentamente. — ...gorda.

— Você hesitou! — ela exclamou, pressionando o dedo indicador no rosto do namorado — James Charlus Potter, você hesitou ao dizer que eu não estou gorda!

— Acho que é a sua deixa para se jogar no Lago Negro, Potter — disse Clarisse, rindo desdenhosamente.

A menina loira não identificada, emitiu um ruído com a garganta, após seu quinto prato de comida, ainda encarando Alvo e Clarisse como se fossem dois estranhos no mundo. Dois estranhos alienígenas que haviam vindo para Terra, com o intuito de aprisioná-los e levá-los ao mundo do caos. Sirius deu um pulo, sobressaltando-se. Alvo vinha percebendo que, durante toda a conversa, os olhos cor de mel da garota e os olhos escuros do garoto, não haviam se desgrudado um segundo. Ou aqueles dois tinham algo, ou eram realmente bons atores.

Ou, quem sabe, estivessem arquitetando através de olhares, um plano para se livrarem de Alvo e Clarisse.

Particularmente, o menino Potter esperava que fosse a primeira opção, aquele tal de Sirius parecia ser realmente bom em ser besta. E pessoas bestas tendem a bolar planos malignos extremamente bons.

— Sou Alvo, por sinal — disse ele, encarando a garota, que deu um pulo ao perceber, um pouco atrasada, que Alvo se dirigia a ela.

— M-Mas você... O-Os olhos, o sorriso... — ela gaguejou, atrapalhando-se toda com a confusão que seu olhos presenciavam — James, o que foi que você fez, agora? - a menina direcionou seu olhar para o avô do jovem Potter, exigindo de forma teimosa explicações.

James arquejou, seu queixo caindo e suas sobrancelhas unidas de descrença.

— Por que, Senhor? Por que? Mas é isso mesmo, você acertou Abbey. Fiz um clone de mim mesmo da noite para o dia para que meu clone possa dominar o universo… Ah, por acaso, passa o sal. - retrucou ele, agarrando o potinho de sal das mãos desconfiadas de Abbey com o semblante enrijecido de raiva.

— Se você pretendia dominar o universo, foi burrice clonar você mesmo. Temos alunos que prestam aqui, caso você não saiba. — comentou Clarisse, tremendo levemente numa tentativa de segurar a risada.

— Já te disse que você me dá vontade de te tacar do último andar de Hogwarts? — respondeu ele, revirando os olhos.

— Provavelmente, já. Mas é sempre bom ouvir de novo. — rebateu Clarisse, lançando uma marota piscadinha para o avô de Alvo.

— Abbey, a verdade é que… — Sirius apontou para Alvo. — esse pirralho é neto do James. E essa esquisita é a namorada dele. Eles vieram do futuro por meio de um vira-tempo.

Abbey engasgou com seu suco de abóbora, suas mãos tentando segurar o líquido de escorrer de seus lábios.

— F-Futuro — gaguejou ela, nervosa demais para acreditar — Futuro, tipo, quanto?

Alvo deu uma olhada de esguelha para sua namorada, procurando receber uma resposta que não assustasse a pobre Abbey. Clarisse deu os ombros e fez um “se vira” com os lábios. Ah, mas aquilo ia ter vingança...

— Futuro, tipo, depois da virada do milênio — falou ele, devagar para não assustar a menina.

Abbey arregalou os olhos e virou-se para Sirius. O garoto deu de ombros, um sorrisinho de desculpa estampado em seu rosto.

— James! Te encontrei! — exclamou uma garota, surgindo de repente ao lado do avô de Alvo. — Treino agora! Você mesmo marcou, esqueceu capitão?

Lílian arregalou os olhos e levantou-se em um salto, enquanto James enterrava seu rosto nas mãos, murmurando um palavrão qualquer.

— Temos mesmo que ir? — perguntou ele, seus olhos suplicantes em direção à Lílian, como se ela tivesse, de repente, se transformado de sua namorada para sua…

— Por acaso a Evans é sua mãe e eu não percebi isso por sete anos? — questionou Sirius.

— Por acaso eu faria isso com minha mãe? — perguntou James, agarrando a cintura de Lilian e tascando-lhe um beijo apaixonado nos lábios.

Alvo desviou os olhos, constrangido com a situação. Não queria admitir aquilo, mas sentia admiração por James. Ele não se importava com os outros o verem beijando quem ele mais amava no mundo. Não se preocupava com nada. Só vivia cada momento, feliz com cada segundo ao lado da pessoa que ele amava. Alvo automaticamente fitou Clarisse. Uma ideia estimulada pelo amor incrivelmente grande que tinha por Clarisse surgiu em sua mente.

— Ei, vô — chamou ele, fazendo com que James virasse para encará-lo, suas bochechas vermelhas e seus olhos fuzilando-o com o olhar. Lílian arfava, seu sorriso apaixonado e seus braços ainda abraçando o pescoço do garoto. —, duvido que seja melhor que eu.

E virando-se para Clarisse, agarrou sua cintura e a beijou o mais intensamente possível.

Clarisse, no início, pareceu hesitante em retribuir. Por mais que Alvo quisesse mais do que tudo mostrar à menina Bittencourt o quanto a amava, através de beijos ousados que não deva nem parecido em nenhuma de suas namoradas anteriores, os lábios de Clarisse estranharam a declaração de amor violenta e silenciosa. Mas, de uma forma que apenas almas gêmeas são capazes de fazer, Alvo pôde perceber que ela estava gostando, mesmo que suspeitasse dele por beijá-la tão repentinamente.

Porém o jovem Potter não podia culpá-la por estranhar seu gesto de paixão, afinal, sempre tratava aquela loira como uma boneca de porcelana quando a beijava. Segurava seu rosto, fazia carinho em seu cabelo, pedia permissão com os olhos… Aquilo de beijar demonstrando toda a paixão e desejo era novidade para o casal.

Mas era uma boa novidade.

James gargalhou assim que os dois se afastaram com sorrisos bobos estampados em seus semblantes.

— Acha mesmo que você é melhor? — ele parecia um pouco constrangido, mas seu ar sarcástico nunca o abandonava. Antes que ele pudesse beijar Lílian novamente, a garota que os havia chamado para o treino limpou a garganta.

Lílian desvencilhou-se de James e com um sorrisinho malicioso sussurrou algo em seu ouvido, virando-se logo depois para seguir a garota em direção à quadra de quadribol. James parecia arrepiado da cabeça aos pés e encarou todo o grupo parecendo o homem ser, naquele momento, o homem mais feliz do mundo.

— Vocês todos — chamou ele apontando para o grupo. —, treino agora. Potter… quero dizer, Potter segundo, você vai com Abbey, Belle e a sua namorada esquisita procurar McGonagall e descobrir um jeito de vocês se mandarem daqui.

— Eu não quero me mandar daqui. Estava pensando em ficar por um tempo, sabe? — provocou Alvo, cruzando os braços tranquilamente por cima do uniforme emprestado por James. — Além do mais, sou tão bom no quadribol quanto na arte de beijar minha namorada esquisita. Garanto que sou bem melhor que você nisso também.

— Eu aposto nisso. — confirmou Clarisse, completamente indiferente diante das provocações de James. Ela se levantou da cadeira com um pulo e seus olhos encararam os do garoto. — É o seguinte, Potter um: iremos dizer a McGonagall que somos primos distantes. Tenho cabelos loiros como os dela — ela apontou para Abbey que a encarou desconfiada. — e Alvo pode ser seu próprio primo. Passaremos um tempo com vocês no castelo porque nossos pais estão se decidindo sobre nos matricular em Hogwarts.

— M-Mas… — gaguejou Lílian, arregalando os olhos incrédula — A vida de vocês, seus familiares, a versão mais velha da gente, o tal do Escorpião…

Alvo e Clarisse se entreolharam com uma expressão de culpa surgindo em seus olhos. “A versão mais velha da gente”. Alvo olhou em volta. Sirius, Remus, seu avô. Nenhum dos quatro estava presente naquele dia de Natal na Toca, junto deles. Virou seu olhar para Belle e Abbey. Nunca havia ouvido falar de nenhuma das duas. Era doloroso. Pensar que eles tinham tantas esperanças, pensar que eles verdadeiramente acreditavam estar lá quando, na verdade…

— Não sabemos quando mais teremos a chance de celebrar o Natal ao lado do chato do meu avô, mais novo — retrucou Alvo, rapidamente.

— Além do mais, quero ver os meus avós. — retrucou Clarisse — Todo mundo diz que Isaac Bittencourt era um gênio e, bem, a netinha dele salvou o mundo bruxo. Quero ver se o babaca supera.

— Acho que ele supera fácil. Isaac era um dos maiores babacas da escola… — começou James, virando seu olhar para Belle. A garota estava com os olhos baixos, mexendo numa colher qualquer.

— O que aconteceu? — perguntou Alvo, ansioso feito uma menininha.

— A fera foi salva pela bela - completou James. —, se apaixonou. Pela irmã de um garoto chamado Thomas Allen. Tem uma longa história com esta aqui. — disse apontando para Belle.

— Ah, sim. Essa história. - sorriu Clarisse, provavelmente lembrando-se de sua avó contando a ela sua linda história de amor, a tal história que, de acordo com a mais jovem Bittencourt, a inspirara a beijar o jovem Potter pela primeira vez Vovó Bittencourt adora contar para suas duas únicas netas o jeito que, nas palavras dela, a princesa resgatou o príncipe.

James a encarou e abafou um riso. Ele se virou para Sirius com uma cara de tédio e apontou para as portas do Salão.

— Treino agora. E vocês… — ele se virou para Remus, Belle e Abbey. — ajudem os dois panacas a encontrar McGonagall ou Dumbledore.

Dumbledore? — disse Alvo, paralisado. Não conseguia acreditar no que havia acabado de ouvir. Ou melhor, não conseguia acreditar que não havia pensado naquilo antes. Naquele tempo, Dumbledore ainda era diretor da escola. — Sempre quis conhecê-lo...

— Ah, claro. — ralhou Remus consigo mesmo, batendo a mão contra a própria testa como se tivesse deixado algo óbvio passar correndo bem debaixo de seus olhos - Alvo Severo Potter! Pelo menos uma parte do seu nome faz sentido agora!

— Ele ainda me deve explicações sobre a parte do Severo… — mumurou James, cruzando os braços insatisfeito.

— É que a minha avó, sua namorada, teve um caso com o Severo Snape — respondeu Alvo, seriamente. Lutava contra todas as suas forças para não rir e entregar sua brincadeira de bandeja.

— Como é que é?! — berrou James, arregalando os olhos desesperado e agarrando as mangas da roupa que seu neto vestia, mas tendo uma súbita onda de alívio passar por seus olhos ao ver Alvo soltar risadinhas alegres que o entregavam - Saiba que daqui a cinquenta ou sessenta anos eu vou pedir para meu filho te colocar de castigo, e aí você vai ter o que merece, peste. E a Evans me merece boas explicações!

— Achava que era Líly… — provocou Sirius, rindo.

— Falou o bisavô do momento... — cutucou Clarisse, fazendo com que o famoso Sirius Black engasgasse com a própria saliva.

Abbey pulou e o encarou branca como cera. Agora as suspeitas de Alvo haviam se extinguido. Definitivamente havia algo entre aqueles dois.

O que disse? — balbuciou Sirius, seus olhos arreglados de terror em direção a Clarisse, apesar de vez ou outra, lançar um olhar aterrorizado em direção a Abbey.

— Vamos, não é tão aterrorizante assim! Você é um Black, seja homem. — brincou Clarisse, dando leves soquinhos no ombro de Sirius. — Além do mais, talvez James nem esteja tão longe assim de entrar para o time dos bisavôs também!

— Como é que é? — perguntaram Alvo e James em uníssono, ambos com um olhar totalmente aterrorizado.

— Eu falo do filho do outro James e de Belle, panacas. — rebateu Clarisse, fazendo uma onda de alívio percorrer por todo o corpo de Alvo.

— Ah… não tinha pensado nisso. — disse Alvo, sentindo-se um completo idiota.

— Espere aí… meu filho deu o mesmo nome do seu pai para seu filho? Que coisa idiota — disse James, rindo sarcasticamente.

— Não o mesmo nome, tecnicamente. Meu irmão tem “Sirius” no nome, também. James Sirius Potter, o maior idiota que já pisou em Hogwarts rebateu Alvo, surpreso por James não ter achado a homenagem, no mínimo, bonitinha.

Os olhos de Sirius tornaram-se completamente espantados e seu rosto tingiu-se de branco.

— Que coisa… — começou Sirius, encarando seu próprio copo, tentando evitar os olhos de Alvo. — linda. — completou ele, emocionado.

James gargalhou e agarrou o pulso do amigo. Levantou-se de sua própria cadeira e virou-se para Alvo.

— Se eu não for para o treino agora, Líly irá me assassinar. Então… resolvam isso — disse apontando para Alvo e Clarisse e seguindo em direção às portas do Salão, com um Sirius ainda emocionado, seguindo-o.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?? :)))
Beijinhos,
Chris!