Reencontro Reestruturado escrita por Litha Chan


Capítulo 1
Capítulo Único




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(Re)encontro (Re)estruturado

O sono estava tão bom, que não desejava acordar. Se a cama ainda estivesse quentinha, quem sabe conseguiria permanecer nela por mais alguns minutos. “Ou quem sabe por mais umas duas horas, mesmo não dormindo”. E pensar nisso lhe fez sentir o rosto esquentar. Já se passaram meses, e ainda conseguia sentir-se corado por deixar seus pensamentos irem além. “Convivência”, pensou novamente, enquanto tateava a cama para definitivamente constatar que estava sozinho.

– Magnus? – chamou, não obtendo nenhuma resposta.

Presidente Miau pulou na cama miando enquanto se acomodava e olhava diretamente para Alec que abria os olhos por sentir o movimento.

“Maravilha. Sozinho com o gato!”. Rapidamente sentou na cama, passando as mãos pelos cabelos bagunçados, e captando um cheiro já conhecido. “Pelo menos ele fez café, só espero que não tenha roubado...”.

– Bom dia para você também, Presidente Miau. Sabe aonde aquele seu dono maluco foi parar? – afagava a cabeça do felino, recebendo um ronronar em resposta.

Ao olhar para o relógio no criado mudo, pode notar pela primeira vez o recado brilhoso, para não dizer quase um letreiro luminoso, estampado na parede do quarto através de magia. “Extravagante como sempre”, pensou ao sorrir minimamente.

“Encontre-me na saída do metrô da 13th com a 3rd, às 20hs. Não se atrase!”

Alec franziu a testa tentando se lembrar do local. Se bem lembrava ficava perto...

“P.S.: Fui solicitado com urgência, caso contrário estaria na cama com você, muito bem acordado”.

Seu rosto novamente voltar a esquentar, e teve que passar as mãos sobre ele para aplacar os pensamentos perigosos.

– E eu chegaria atrasado para o treino, de novo. – se ergueu indo em busca do café. Tinha que estar junto dos demais em pouco menos de 30 minutos.

***

Magnus olhava para o céu, notando as estrelas. As luzes da cidade raramente deixavam que um céu tão belo pudesse ser visto, mas para ele isso não era problema. Alec estava atrasado em 10 minutos. Provavelmente chegaria acalorado, suado, e com os cabelos bagunçados. “Será que tudo seria igual?”. Sua mente divagou por segundos.

– Desculpe o atraso. Izzy não queria me deixar sair desarrumado.

Magnus, voltou seus olhos lentamente em direção a voz calma que surgia a seu lado, deixando de observar as estrelas para encontrar o único Caçador de Sombras que lhe prendia.

Calça de couro, coturnos, blusa colada e um sobretudo. Tudo da única cor que um Caçador de Sombra poderia vestir para todas - ou quase todas - as ocasiões. O pretinho básico sempre ficava bem. Mas em Alexander Lightwood, ficava um escanda-lo.

– Sua irmã sabe como elevar o charme dos Lightwood. Preciso agradecê-la. – Seus olhos percorreram o corpo de Alec com interesse, e um brilho que Alec passara a conhecer muito bem, pode ser notado.

– Magnus? – Sentia seu rosto começando a esquentar.

– Sim? – encarava os lábios de Alec como se fosse dar um bote.

– Pare de me olhar assim, estamos no meio da rua! – apesar de constrangido, não pode evitar um sorriso nos lábios enquanto abaixava a cabeça.

“Adorável. Sempre!”.

– Assim como? Não estou fazendo nada de mais, Alexander. – Sorriu, enquanto seu corpo virava todo em direção ao seu caçador de sombras.

Alec ergueu o rosto e não pode evitar um rolar de olhos. Conhecia aquele tom de voz. Era incrível como em tão pouco tempo, já conseguia distinguir alguns trejeitos de Magnus.

– E então, porque estamos aqui? – mudando de assunto era melhor.

Magnus começou a caminhar, sendo acompanhado pelo moreno.

– Pensei em refazermos o nosso primeiro encontro. Lembra-se de como foi? – voltou o rosto para olhar o amante – Um pouco tumultuado, mas não posso dizer que não tenha sido interessante.

Alec riu ao se lembrar do quão nervoso estava naquele dia. Ele nunca tinha tido um encontro com ninguém. Só se lembrava de coisas vergonhosas. Bom, nem tudo foi vergonhoso.

– Lembro. Como esquecer aqueles dois no metrô, ou de você usando a sua amiga para te tirar de um encontro vexatório?

– Não bem isso. Digo, não... – interrompeu a fala ao notar que já estavam em frente ao restaurante. – Chegamos. – sentenciou ao abrir a porta.

– E acho que vamos ter a mesma situação...– comentou adentrando o local.

***

– Eu não acredito nisso. De novo Magnus Bane?! – Luigi, dono do local, se aproximou. – Você ao menos podia ter me avisado com antecedência! Pelo menos é o mesmo Caçador de Sombras. – Comentou ao olhar bem o rapaz a sua frente.

– Claro que é o mesmo, Luigi. Eu e o Alec estamos juntos! – Encarou-o.

– Estamos aqui socialmente. Não vim para atacar ninguém. Estou de folga. – Alec falou sério, observando a postura do homem mais velho e de relance a dos outros clientes no local. Uma parte era de mundanos, alheios do motivo da tensão. No mínimo estavam pensando que ambos não eram clientes bem vindos ao local. O que de fato, no caso de Alec, não estava longe de ser.

– Caçadores não tiram folga. Já falei isso na outra vez. Mas como Magnus é um amigo antigo e se você mantiver a sua palavra... – Pegou um cardápio e como na vez anterior, levou ambos para uma mesa bem reservada, próxima a cozinha. Dali poucos clientes do submundo poderiam ver o acompanhante do feiticeiro.

Já acomodados, Alec fitou bem o rosto do amante antes de deixar um sorriso levemente tenso pairar em seus lábios.

– Pelo menos ninguém saiu correndo... ainda. – Seus olhos voltaram-se para o garçom que acabara de se postar ao lado da mesa.

– Eu não sei o porque de me colocarem para servir vocês. Ainda consigo sentir minhas úlceras de estresse. E elas estão aumentando! – Erik, o mesmo garçom, foi encaminhado para atende-los.

– Isso por acaso é fidelização? – Alec olhou diretamente para o lobisomem.

– Acho que pensaram que seria mais seguro utilizar o mesmo garçom de antes. – Magnus voltou seu olhar para o lobisomem. – Vou pedir o mesmo que naquela vez... kifto cru, doro wat, injera. E se trouxer o penne arrabiata apimentado como daquela vez... Além de te denunciar para Luigi, vou denunciar para os Caçadores de Sombra!

O lobisomem sentiu todos os pelos do corpo se arrepiarem com o olhar que recebera do feiticeiro. Enquanto seus olhos iam de encontro aos azuis intensos de Alec.

– Isso não é justo! E os meus Direitos licantropes? – disse ao colocar a mão sobre o estômago, sentindo-se passar mal.

– Leve a sua reclamação por escrita aos responsáveis. Estou de folga. – Alec desviou os olhos, pegando o cardápio.

Erik se retirou resmungando impropérios contra Magnus Bane e seu Caçador de Sombras abusado. Voltando uns minutos mais tarde trazendo a primeira parte do pedido, juntamente com uma garrafa de vinho.

Alec sorriu para Magnus após a saída do lobisomem, ignorando os resmungos do mesmo.

– O que mais você planejou para essa noite? – sua voz calma veio baixa, enquanto preparava um punhado de kifto com as mãos. – Espero que não tenha nenhuma licantrope se transformando em um bar. – sentia-se leve. Era sempre assim ao lado de Magnus.

O feiticeiro riu ao se lembrar de quando a amiga Catarina ligou em retorno a mensagem de ‘abortar’ o encontro. De inicio verdadeiramente achou que a história criada pela amiga, era o combinado para que ele abandonasse o moreno no restaurante. Por sorte, ou Destino, a ligação era mesmo de um pedido de ajuda. Um pedido que serviu para mostrar a Magnus que o envolvimento dele com Alexander Lightwood não poderia ser um erro.

– Também espero que não. – Sua mão buscou a de Alec sobre a mesa em um toque carinhoso. Toque esse que fora aceito sem hesitação.

Alguns passos foram ouvidos se aproximando, e Magnus apenas respirou fundo pensando no Destino caprichoso, e nas coincidências possivelmente desastrosas.

– Magnus Bane... – olhos verdes e luminosos encaravam o feiticeiro. – Desprezível como sempre!

– Boa noite para você também, Richard. – Segurou instintivamente sua taça de vinho, observando os olhos atentos de Alec sobre o humano que fora adotado por fadas.

Richard, olhou para Alec, demorando alguns breves segundos antes de reconhece-lo. A ideia de que o feiticeiro estava com aquele rapaz a mais tempo do que normalmente ficaria não agradou. Ele, um humano agraciado pelas fadas, não teve nada a mais do que meros 20 minutos com o feiticeiro enquanto o rapaz a sua frente, já permanecia há bons meses... Essa noção fez com que Richard se irritasse ainda mais.

– Pelo visto não ouviu o meu conselho sobre confiar em feiticeiros. Ele o está enfeitiçando. Vai levar os melhores anos de sua vida! – disse com amargor ao encarar os olhos azuis.

– Quem sabe eu queira confiar? – sustentou o olhar.

A resposta desceu atravessada, e Richard se virou para ir embora. Não sem antes deixar claro seu descontentamento com Luigi sobre a atual clientela do restaurante.

– Definitivamente eu gosto desse seu lado confiante, Alexander. – Magnus levou a taça aos lábios que continham um sorriso astuto.

– Eu também... – retribuiu o sorriso. – Já terminamos, não? Podemos estender a noite fazendo outra coisa? – Limpava os lábios com o guardanapo, vendo que Magnus já separava o dinheiro para deixar na mesa. – Vamos dividir.

– Hoje, assim como naquele dia, eu pago a conta. – Você pode pagar... de outra forma. – Piscou o olho notando a língua de Alec, passear sobre os lábios umedecendo-os enquanto corava.

Erik que até então se manteve distante, não se preocupou em bradar ou resmungar seu desagrado contra os caçadores. Quanto mais rápido o feiticeiro e seu caçador de sombra fossem embora, mais rápido sua úlcera parava de doer.

– Podemos pegar um cinema se você quiser. Essas coisas que mundanos fazem. Comer pipoca, andar pelo parque de mãos dadas. Não tivemos isso em nosso primeiro encontro, você sabe. – Magnus caminhava com Alec em direção ao metrô.

– Prefiro não arriscar. Podemos ir para seu apartamento e assistir um filme. – Seus passos estavam sincronizados com os de Bane. Seus olhos apesar de atentos a movimentação da rua ao redor deles, fitavam o belo rosto ao seu lado.

– Com direito a pipoca e refrigerante? Posso colocar a nossa disposição uma daquelas típicas poltronas de cinema, mas acho que atrapalharia um pouco...

– Sem poltrona de cinema. Só o seu sofá... – parou de caminhar, vendo que o feiticeiro também parava.

Estavam em frente à entrada do metrô. O ir e vir das pessoas aquela noite de sexta, não quebrava a troca de olhares entre eles.

Alec em um impulso, puxou Magnus ela lapela do sobretudo e lhe deu um beijo profundo. Não se importava com o que podiam dizer. Não mais. O barulho de assovios pode ser ouvido e apesar do impulso e de não se importar com as pessoas ao redor, Alec não conseguia evitar o rubor na face.

– Uau! – lambeu os lábios enquanto fitava o moreno. – Assim me faz pensar em ir logo para o apartamento e pular o filme, a pipoca, o refrigerante...

– Ande, vamos logo embora, Magnus... – Segurando a manga do feiticeiro, foi puxando-o escada abaixo, enquanto segurava o sorriso que queria aparecer em seus lábios.

Adorava surpreende-lo e ver aquele olhar de desejo sobre si, mesmo que isso ficasse guardado em seu intimo.

***

Por sorte não foram abordados por nenhuma caça talentos desta vez, e muito menos Magnus teve sua carteira roubada. Apesar de ter visto um rapaz se aproximar, e em seguida dar meia volta se distanciando deles com um andar suspeito.

Também não teve nenhuma dupla cantando e tocando tambor, enquanto uma dança bem estranha seria conduzida juntamente do ferro do vagão. É, o primeiro encontro deles havia sido bem bizarro, no mínimo falando. Desta vez, tirando o lobisomem com úlceras, e o ex caso de 20 minutos de Magnus, tudo parecia correr bem.

E agora eles estavam ali, parados em frente a porta do apartamento de Magnus, se olhando.

– Você quer realmente assistir um filme, com pipocas? – Alec perguntou enquanto virava um pouco o rosto, mas sem quebrar o contato de seus olhos.

– Se você quiser podemos fazer uma festa, sabe... – empurrou a porta do apartamento com o solado da bota que usava.

– Acho que podemos pular muitas coisas aqui. Se bem me lembro, naquela noite eu... fui embora. Você quer que eu vá embora? – Suas mãos foram de encontro ao cinto de Magnus, puxando-o para si.

Adorava esse jeito de seu Caçador de Sombras. Uma hora um rapaz tímido, noutra bem confiante e ousado. Isso e várias outras qualidades que só Alexander Lightwood possuía e que o encantara. Quem mesmo era o feiticeiro ali?

– Não quero que vá embora. Você quer? – Seus rostos estavam bem perto, seus olhos se encaravam. O característico olhar felino de Magnus, com o azul límpido e intenso de Alec.

– Não. Não quero. Esse reencontro tem que ser completo... – as palavras foram ditas em sussurros, por seus lábios já estarem praticamente colados.

O beijo profundo que se seguiu, faziam faíscas surgirem em torno de ambos.

Magnus puxou Alec para dentro do apartamento, retirando o sobretudo do moreno, com voracidade. Seus lábios se afastaram um pouco para que a blusa de Alec fosse retirada, e novamente o beijo retornou com força.

A porta do apartamento fora fechada com um pontapé, e um estrondo foi ouvido pelo andar.

Desta vez, eles seguiriam o curso. Sem dúvidas, sem sombras.

Encontros podem ser restaurados, mas nunca reescritos. O que importa são os momentos, vergonhosos ou não, que podemos passar ao lado de quem amamos.

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Esta fic é de presente para meu Amigo Oculto/Secreto, Gustavo (Omi)!

Confesso que apesar de amar Malec, não foi fácil escrever sobre eles. Estou há muito tempo sem escrever algum texto, e foi um desafio. Desafio ainda maior por ter que reestruturar um texto de primeiro encontro e não descambar muito para AU ou RA ou ter Lemon, coisa que não podia ter, então... Não sei se ficou aceitável. Caso não tenha saído ao agrado peço desculpas sinceras.

Litha-Chan
25/12/2014


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Notas finais do capítulo

Omi, Gustavo...
A postagem era inicialmente para dia 25/12, mas mudaram a data e eu não sabia desta mudança. Passou para ser dia 15/01.
Então, para não dar problema, optei por deixar a fic aqui postada, antes que eu esqueça a data, ou algo grave possa acontecer. Pelo menos já vai estar postada e não tenho que me preocupar com isso.
Espero que não fique chateado por isso.
Bjs



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