O Canto da Fénix Negra escrita por Morgana Bauer


Capítulo 8
Uma Vida Quase Normal!


Notas iniciais do capítulo

Depois de séculos...



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A Sala Comum dos Slytherin era, por um lado, igual às outras Salas Comuns de Hogwarts, mas por outro muito diferente. Era igual pois tinha sido construída na mesma altura e possuía a mesma arquitectura, mas as semelhanças resumiam-se a isso. Tudo o resto, desde as pessoas que a frequentavam ao ambiente que se sentia era diferente, muito diferente!

Os Slytherin não tinham a dedicação aos estudos dos Ravenclaw, por isso não era muito frequente encontrarem-se ali a estudar; também não eram como os Hufflepuff, muito unidos e leais uns aos outros e à sua casa, daí que a maioria, se não mesmo a totalidade, das conversas que aí se davam não eram aquelas conversas honestas e francas que se pode ter com o nosso melhor amigo; porque para um Slytherin, a lealdade é devida apenas a si próprio e à família! Mais diferentes ainda eram dos Gryffindor! Enquanto estes aproveitavam a Sala Comum para conviver e passar bons momentos uns com os outros, os Slytherin… digamos que tinham outro tipo de gosto por diversão!

Naquela Sala Comum o ambiente era frio, impessoal. Podia ser elegante, mas dizia muito pouco acerca da verdadeira natureza dos seus ocupantes.

Blaise Zabini desceu cedo do seu quarto naquela primeira quarta-feira do ano lectivo. Estava já completamente preparado para ir para as aulas, mas antes de se dirigir ao Grande Salão, havia ainda uma paragem que tinha de fazer.

Chegou à Torre das Corujas poucos minutos depois e lançou de imediato um olhar de desagrado ao local. Embora não confessasse a ninguém, nem sequer a si próprio, a verdade é que ele tinha um pouco de receio daquelas criaturas. Aproximou-se de uma das corujas e apressou-se a colocar-lhe a carta na pata e a mandá-la embora: quanto mais depressa pudesse sair dali, melhor!

Com um sorriso de satisfação na cara, dirigiu-se ao local onde tomaria o pequeno-almoço. Se alguém notou nele algo de estranho, ninguém disse nada, mas a verdade é que existiam três pares de olhos postos nele, que estavam dispostos a não mais o largar até descobrirem o conteúdo da carta!

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-Sentem-se todos e abram os vossos livros na página 18. O tema da aula de hoje será escudos defensivos! Podem começar a ler!

Naquela aula de DCAT estavam presentes alunos de todas as quatro casas, no entanto, a grande maioria pertencia aos Gryffindor. Um a um, todos foram retirando os livros das malas e começaram a cumprir aquilo que lhes tinha sido mandado fazer.

Severus Snape mantinha a sua maneira habitual de dar aulas, criticando todos e retirando ponto atrás de ponto a todas as casas, excepto à sua, é claro.

Quando, ao fim de duas horas, os alunos deixaram a sala de aula, muitos vinham surpreendidos.

-Bem, podia ter sido pior! – Comentou Neville. – Quero dizer, eu sempre pensei que à primeira oportunidade que ele tivesse de nos enfeitiçar, ele o fizesse! E... nesta aula o que não lhe faltaram foram hipóteses!

Ron e Harry, que passavam naquele momento por ele sorriram com o comentário.

-Olha lá, Harry, já pensaste nalguma coisa acerca da equipa de Quidditch? Afinal de contas, és o Capitão de Equipa!

A expressão do moreno revelou que aquilo fora algo em que, de facto, ele ainda não havia considerado.

-Bem… posso tentar reservar o campo, mas acho que a Madame Hooch só deixa começar a fazer as reservas depois de estar afixado o calendário dos jogos! Pelo menos o ano passado era assim!

-Hum! Ok! Mudando de assunto. Afinal, para onde é que a Hermione foi com tanta pressa depois da aula? Desapareceu sem dizer nada a ninguém…

-Ela disse-me que precisava de ir à biblioteca e que depois ia directamente para a sala! Agora nós é que temos de nos despachar, senão chegamos atrasados!

Ron riu-se na cara do amigo.

-Esta é, sem dúvida, a primeira vez que eu te ouço dizer que tens pressa de ir para poções! É incrível o que uma mudança de professores faz, não é?

Entretidos com a conversa não conseguiram reparar por onde iam e Ron acabou por chocar de frente com Draco Malfoy que terminou caído no chão.

-Desc… Ah, és tu! – Falou Ron olhando encabulado para o loiro.

O outro não respondeu nada. Apenas se levantou e continuou o seu caminho sem sequer olhar para eles.

-Que bicho é que lhe mordeu? – Perguntou espantado o ruivo.

-E eu é que hei-de saber? Eu que percebo cada vez menos o Malfoy! – Respondeu Harry encolhendo os ombros. Depois acrescentou como se tivesse acabado de se lembrar de algo – A aula! Temos de nos despachar!

Iniciaram uma corrida desenfreada pelos corredores que deixou pasmos quem os viu mas, pelo menos, conseguiram cumprir o seu objectivo: não chegarem atrasados à primeira aula de poções dada por ninguém menos que Lily Potter.

A professora entrou na sala imediatamente após Harry e Ron. Para todos, aquela era Lys Everet, uma mulher de 28 anos, alta e bonita, com longos cabelos castanhos que lhe caíam livres pelas costas, e olhos esverdeados emoldurados por grandes pestanas que lhe davam um ar misterioso.

-Bom dia a todos! O meu nome é Lys Everet e como vocês sabem, serei a vossa professora de Poções durante este ano! – Fez uma pausa e encarou os rostos à sua frente. – Todos vocês que aqui estão escolheram esta disciplina pois, provavelmente ela será importante para a vossa futura carreira. No final do ano terão de realizar os NEWT'S, que terão um grande peso no vosso futuro, mas isso não será a única coisa que irá contar! Nesta primeira aula, eu vou propor-vos que comecem por preparar uma poção revigorante. É matéria do ano passado e servirá para eu ter mais ou menos uma noção do que vocês são capazes! A lista dos ingredientes está no quadro, portanto podem começar, se tiverem alguma dúvida, não hesitem em perguntar!

Durante uns minutos ouviu-se o burburinho do arrastar de cadeiras provocado pelos alunos que se dirigiam aos armários dos ingredientes.

-Hermione! – Neville chamou a amiga após algum tempo – A minha poção está a ficar azulada, em vez de púrpura!

A rapariga olhou para a poção dele e depois leu de novo as indicações do quadro. De facto, naquele momento a poção dele deveria estar púrpura tal como a dela estava!

-Fizeste exactamente o que era para fazer?

-Eu… acho que sim! Sim! Tenho quase a certeza de que fiz tudo bem desta vez!

A professora passou por ali naquele momento, e ouvindo-os murmurar foi-se aproximando.

-Talvez devesses experimentar dar duas voltas no sentido anti-horário. – Sugeriu ela num tom calmo.

-Mas... no quadro não diz nada acerca disso! – Neville disse baixinho. Ele queria tudo menos ser tomado de ponta pela nova professora de poções.

-Experimenta para veres o que acontece!

O rapaz acabou por fazer o que lhe era sugerido, e viu a sua poção mudar de cor, fiando com a coloração desejada. Ele olhou da poção para a professora, e depois de novo para a poção sem saber o que dizer.

-Mas… porque é que dar duas voltas no sentido anti-horário fez a poção ficar… O que é que ele tinha feito de errado para ser resolvido com duas voltas no sentido anti-horário? – A questão de Hermione fez a professor sorrir. "Questionar sempre que se tem uma dúvida! É esse o espírito que se deve ter!" Pensou.

-Alguém me sabe dizer, a mim e à senhorita Granger, algum motivo que levasse a poção do senhor Longbotton a estar incorrecta e que fosse resolvido por algumas voltas no sentido anti-horário?

A questão apanhou muitos de surpresa. Alguns começaram a folhear o livro, com a esperança que a resposta lhes aparecesse; outros encararam o quadro, procurando ver se naquelas indicações estaria alguma pista; outros ainda limitaram-se a olhar para a professora.

Quem, ao fim de algum tempo, acabou por levantar o braço para dar uma resposta foi Draco.

-Ele pode ter utilizado uma quantidade insuficiente de pó de Salamandra.

-Muito bem, senhor Malfoy! Dez pontos para os Slytherin! Agora, sabe dizer-me porque é que as duas voltas resolveram o problema?

O rapaz pareceu ponderar durante alguns segundos, mas acabou por abanar a cabeça.

-Então e o que é que o levou a dizer que o problema estaria no pó de Salamandra?

-Isso é simples! O pó de Salamandra, para além de ter propriedades revigorantes, é também um corante utilizado para muitas finalidades! Geralmente ele está associado à cor púrpura! Como nesta poção é ele quem atribui esta cor, eu imaginei que esse fosse o problema!

-Muito bem! De facto é uma boa dedução e está de todo correcta. Agora, alguém quer tentar responder à minha outra questão?

-Porque… -Arriscou Hermione – Porque ao mexer, o pó de Salamandra é estimulado pelos outros ingredientes da poção que provocam nele a reacção de mudar a cor do preparado!

-Exacto! Dez pontos para os Gryffindor! O grande responsável por isso é o sangue de unicórnio! Agora, podem continuar a fazer as vossas poções. Depois de prontas etiquetem-nas e coloquem-nas na minha mesa. À medida que forem terminando podem ir saindo!

Os alunos voltaram para a sua tarefa, com Neville bem mais calmo que no início da aula. Se a professora não lhe tinha retirado pontos então ela não deveria ser como Snape. "Ainda bem! Graças a Merlin!"

Aos poucos todos foram terminando, tendo Hermione e Draco sido os primeiros, e quase ao mesmo tempo. Um a um todos deixaram a sala até que por fim só dois alunos sobraram: Harry e Jayden. Ambos se apressaram a terminar as últimas indicações que estavam no quadro e colocaram os seus frascos sobre a mesa!

-Bem, não correu mal! – Comentou Lily enquanto se aproximava do marido e do filho.

-Mal? Sabes, mãe, acho que arranjaste um fã! – Ambos o olharam e ele esclareceu – O Neville! Para ele Poções sempre foi a maior das maiores torturas. E hoje quando saiu ele até tinha um sorriso. Geralmente quando ele deixava esta sala, era branco como a cal!

-Não entendo porquê! A poção dele estava bem preparada, tirando o problema com o pó de Salamandra, mas isso acontece!

Harry sorriu.

-Bem, vou ter de ir! Ainda tenho de ir falar com a Madame Hooch antes da próxima aula. Vemo-nos logo?

-Sim, claro! – Respondeu Lily.

-Eu já vou ter com vocês! – Disse por sua vez James.

Harry saiu tendo o cuidado de fechar a porta atrás de si para dar um pouco de privacidade aos pais. Caminhou com sorriso no rosto, enquanto pensava que não seria mal pensado se a família aumentasse. "Era giro ter um irmão! Mas talvez fosse melhor depois da guerra!"

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Enquanto isso, na sala de poções, Lily e James tratavam de pôr a conversa em dia.

-Tinha saudades tuas! – Disse ele aproximando-se dela.

-Também eu! – Sorriu a agora morena enquanto se deixava beijar.

Durante alguns minutos ficaram apenas assim, com os lábios colados um no outro, e as mãos a passearem livres pelas costas.

-Isto é estranho! – Disse ela quando por fim se separaram.

-Estranho? O quê?

-Beijar-te, assim!

Ele limitou-se a sorrir enquanto lhe passava as mãos pelos cabelos. Depois olharam-se olhos nos olhos.

-O Dumbledore já pediu para falar com vocês? – Lily encostou a cabeça no peito dele.

-Ainda não. Mas devemos ir falar com ele em breve!

-Descobriram alguma coisa?

-Por enquanto ainda são só suspeitas, mas nós vamos estar atentos!

-Ainda bem!

Continuaram ali até o tempo que deveria ser da aula de poções terminar. Antes de deixarem a sala, James segurou a mulher pelo braço e murmurou-lhe ao ouvido:

-Sabes, temos de repetir isto mais vezes!

Com um grande sorriso na cara ambos seguiram o seu caminho: ela para a sala de aula do 4º ano, e ele para Transfiguração.

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Setembro foi avançando aos poucos. O tempo tornou-se mais escuro e a chuva começou a cair cada vez com mais frequência à medida que os dias iam passando.

Na Sala Comum dos Gryffindor, um grupo de alunos do 3º ano conversava animado. Estavam a meio da tarde e tinham um tempo livre.

-O que é que vocês acham de irmos jogar um jogo? – Perguntou uma das raparigas.

-Por mim, estou de acordo! O que é que dizem? – Respondeu-lhe um dos rapazes.

Todos concordaram, com excepção de um rapaz que olhou nervosamente para a porta.

-Eu… eu agora não posso! Tenho de ir… tenho de ir à biblioteca! – Saiu em passo apressado, deixando os outros antes que estes pudessem dizer alguma coisa.

-Mas o que é que se passa com o Alex? Desde que voltou das férias que anda tão estranho!

Encolhendo os ombros os outros voltaram de novo a sua atenção para a conversa. Apenas Michael, o rapaz que perguntou, e David, um outro rapaz, continuaram a olhar para a porta.

-Passa-se alguma coisa com ele! – Sussurrou Michael.

-Podemos sempre tentar descobrir o que é! – Declarou o outro também em tom baixo, mas com um sorriso manhoso no rosto.

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-Hey, Ginny! – A ruiva voltou-se para trás quando ouviu Harry chamá-la.

-Olá Harry! Passou-se alguma coisa?

Ele sorriu.

-Não, era só para te avisar que amanhã vai ser o dia das audições para a nova equipa de Quidditch. Vais continuar na equipa, não vais?

-Eu… Bem, claro que vou! – Respondeu a rapariga pondo um sorriso no rosto.

-Ainda bem! – Disse ele também sorrindo e começando a afastar-se. De súbito parou e voltou-se para ela acrescentando – Ginny? Queres ir comigo a Hogsmead no próximo fim-de-semana? Vai haver visita e…

Por momentos ela olhou para ele sem saber o que dizer. Sair com ele? Esse era o sonho dela desde o dia em que o vira na Estação de Kings Kross, quando tinha 10 anos.

-Claro que sim, Harry!

-Boa! Então vá, não te esqueças de amanhã!

Separaram-se um do outro, mas estavam ambos felizes!

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-Lucius! – A voz fria de Voldemort fez-se ouvir.

-Sim, Mestre?

-Já tiveste alguma notícia do teu filho?

-Ele continua em Hogwarts, meu Senhor! – Lucius mantinha o olhar baixo. Estava ajoelhado em frente ao seu Lord.

-Diz-me Lucius, como é que não te apercebeste daquilo que o teu filho estava a planear fazer?

-Meu Senhor, eu…

Voldemort levantou uma mão exigindo silêncio.

-Não quero desculpas! Trata apenas do assunto! Não me interessa que ele seja teu filho, quero isto resolvido.

-Sim, meu Lord, não se preocupe! Eu tratarei dele!

Lucius Malfoy tornou a baixar a cabeça, levantou-se e depois saiu. Sorrindo maldosamente, Voldemort levantou-se. Caminhou em torno da sala, passeando os olhos pelos quadros e outros adornos que a embelezavam. Deteve-se em frente de um quadro de Salazar Slytherin. Ali estava o seu antepassado. Alguém que, à semelhança do que ele tentava naquele momento, se esforçara por banir a miserável escória de Sangues de Lama da sociedade.

Mas Salazar Slytherin falhara, e ele… ele não iria perder aquela guerra que ele próprio começara!

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O gabinete de Dumbledore mantinha-se inalterável ao longo do tempo. James ainda se lembrava bem das vezes que ali fora chamado junto com Sirius quando eram estudantes e o gabinete parecia igual.

-Já descobriram mais alguma coisa? – Dumbledore soou calmo, tirando o auror dos seus pensamentos.

Quem respondeu foi Remus:

-Temos prestado atenção aos alunos de todas as casas, mas até agora não notámos nada de suspeito, tirando um Slytherin do 7º ano.

-Blaise Zabini?

-Sim! – Confirmou Sirius – Continuamos de olho nele, mas a verdade é que ele não fez nada suspeito. Depois daquela carta, digo!

O director concordou com a cabeça.

-Continuem a prestar atenção ao Sr. Zabini. No entanto, eu não creio que seja ele o espião de Voldemort.

-Porquê? – James fez, por fim, ouvir-se – Você desconfia de alguém em particular, todos já percebemos isso, mas… quem… - Fez uma pausa ao perceber o olhar do mais velho. – Peter? Acha que é o Peter o espião?

-É verdade, James! – Os olhos de Dumbledore escureceram – De facto, penso que é exactamente ele o espião que Voldemort infiltrou!

-Mas… porquê? Porque é que pensa uma coisa dessas? O Peter é um cobarde! – Sirius não conseguia entender como é que o director podia pensar uma coisa daquelas: Peter era um rato cobarde que se limitava a viver à custa dos mais fortes. Ele não teria estofo para fazer uma coisa dessas! Ou teria?

-Não nego que isso é verdade. Mas é também verdade que ele conhece muito bem este castelo! Voldemort certamente que não mandaria o seu espião despreparado, portanto…

Os três Marauders, entreolharam-se. "O Peter pode ser um perigo! Ele conhece bem os nossos segredos mas, por outro lado, ninguém desconfia que o James e o Sirius voltaram, e que nós estamos aqui!" Remus foi ponderando a situação em que se encontravam " Ele não aparece no mapa, mas isso é normal, certamente lançou o feitiço de anti-localização que nós inventámos… Bolas! Se for mesmo ele…"

-Penso que por agora é tudo! Podem ir, não vá alguém dar pela vossa falta! – Declarou Albus.

James e Sirius levantaram-se e prepararam-se para sair. Mas, de repente pararam.

-Hey Remus, vens ou ficas?

-O quê…? Ah, pois, vou já! – Também ele se levantou – Adeus director!

Deixaram a sala depois de recolocarem os feitiços que escondiam as suas reais identidades. A partir daquele momento eles não eram Sirius, James e Remus: eram Samuel, Jayden e Ryan!

**************************************************

Harry caminhava em passos apressados em direcção ao campo de Quiditch. O dia não estava mau, até estava ensolarado, o que seria bom para as provas de selecção da equipa. Haviam muitos alunos sentados nas bancadas dos quais uma grande parte estava ali apenas para assistir. Prontos para prestar provas estavam já diversos alunos, que o aguardavam no centro do campo.

Algumas das posições estavam já ocupadas, pelos jogadores dos anos anteriores que se tinham mantido na escola, mas existiam também algumas vagas: faltavam um beater e também dois chasers.

Ron, Ginny e Michael já aguardavam por ele e juntos deram início às provas.

-Boa tarde a todos! Hoje vamos fazer a selecção para a equipa de Quidditch. As posições que estão disponíveis são a de beater, e de chaser! – Na condição de Capitão de Equipa, foi Harry quem começou a falar. – Vamos começar por fazer um aquecimento. Depois começaremos a prova para beater. Quando esta tiver terminado, seleccionaremos os chasers!

Os que se candidatavam a beaters foram os primeiros a montar nas vassouras. Entre eles estavam alunos de todos os anos (excepto do primeiro, mas isso era devido à regra da Escola). Antes de montar, Harry deu uma última olhada para todos e viu alguém que o surpreendeu.

Caminhou até ao rapaz de cabelos escuros e murmurou-lhe baixinho:

-Não sabia que também jogavas!

O outro riu-se:

-Pois é! Jogo sim! – Samuel Blackheart retorquiu enquanto montava na vassoura. – E até sou bastante bom! – Acrescentou em tom convencido.

As provas começaram a decorrer. "Ele estava a falar a sério!" Pensou Harry enquanto via o seu padrinho rebater uma bludger para o outro lado do campo. "Ele joga mesmo bem!"

-Quem diria que o Sirius jogava tão bem! – Ron tinha voado até junto do amigo. Depois acrescentou mantendo o tom baixo. – Acho que não vamos ter muita dificuldade em seleccionar o beater!

-Estou tentado a concordar contigo! – Harry estava a sorrir, mas vendo Ginny aproximar-se tratou de desviar a conversa. – Bem, temos de começar a pensar nos chasers, certo?

-Hey Harry, estão ali uns alunos a perguntar quando é que começam as provas para chaser! – A ruiva parou a sua vassoura perto da do irmão e do amigo.

-Estávamos mesmo agora a falar nisso, Ginny! – Mantendo o sorriso no rosto, o moreno dirigiu-se à rapariga - Quero ouvir a vossa opinião, mas acho que quanto ao beater, não vamos ter muitas dificuldades na escolha!

-Por acaso também acho isso! – Disse ela, enquanto passava uma vista de olhos por todos os interessados em ocupar uma posição na equipa. – Estão aqui algumas pessoas que até jogam bem, mas tem outras que teriam mais sorte se tentassem outras posições!

-Atenção a todos! – Harry dirigiu-se aos alunos que ainda se encontravam ali para prestar provas. – As provas para chaser vão começar agora. Obrigado a todos os beaters que vieram, os resultados serão afixados amanhã na sala comum!

Alguns quantos que já tinham prestado provas saíram do campo, enquanto outros foram para as bancadas para assistirem à restante selecção. Divididos em pequenos grupos, os interessados tentavam mostrar o quão bons realmente eram.

Após algum tempo a ver desfilar os possíveis futuros jogadores, Harry deu por finalizadas as provas. A hora de jantar estava a aproximar-se e o moreno tinha de confessar que estava a ficar faminto.

Caminhou até às bancadas onde estavam Ryan e Jaydan, seguido por Ron e Ginny.

-Então, o que é que me dizem destas provas? – Perguntou com um sorrisinho a bailar-lhe no rosto.

-A mim pareceram-me bem! – O rapaz de cabelo loiro respondeu.

-Já têm alguma ideia de quem vão ser os escolhidos? – Dessa vez foi Jaydan quem questionou.

O sorriso de Harry alargou-se ainda mais e depois disse:

-Fazemos uma pequena ideia, mas por agora não vamos adiantar nada. – Ao ver a expressão do outro acrescentou – E não vale a pena tentarem tirar-me alguma informação! Eu não cedo a chantagens!

-Hermione! – Ginny chamou a amiga que estava sentada com um livro na mão. A morena tomou o cuidado de marcar a página em que se encontrava e então dirigiu a sua atenção para a ruiva de pé a seu lado.

-O que é que foi Ginny?

-Olha lá, o que é que tu sabes acerca destes alunos transferidos?

A pergunta apanhou a rapariga mais velha desprevenida.

-Como assim? O que é que queres saber concretamente? – Perguntou temendo que a outra tivesse descoberto algo que não devia.

-Não sei bem, é só que… eles chegaram, e vocês deram-se logo tão bem com eles assim de caras! Não estou a dizer que eles não pareçam simpáticos e que não sejam fixes, mas… tu, pelo menos, costumas sempre tentar conhecer as pessoas antes de começares a dares-te com elas. E com eles não foi assim! Vocês os três…

-Bem, eu… eles são boas pessoas Ginny, é aquilo que eu acho! Quanto a termos começado a andar com eles logo de caras, bem… não sei o que te diga, eu…

-Hey, meninas, vamos! – A voz de Ron interrompeu a morena, que agradeceu mentalmente ao ruivo por isso. Levantou-se e rezou mentalmente para que a outra rapariga esquecesse aquela conversa e as suas desconfianças. No entanto, essa era uma esperança vã e Hermione sabia-o!

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Os resultados afixados no dia seguinte num placar da sala comum dos Gryffindor fizeram com que vários dos alunos desta casa se reunissem em seu redor para saberem quem seriam os escolhidos para preencher as vagas na equipa. A escolha do beater não levantara muitas dúvidas: Sirius ou melhor, Samuel Blackheart, fora considerado por todos aquele que jogara melhor. Já a escolha dos chasers, demorara um pouco mais, mas ao fim de muita conversa, todos os membros da equipa chegaram a um acordo. Sendo assim, os escolhidos eram Michael Moore, um rapaz do terceiro ano, com cabelos loiros pelos ombros e olhos azuis esverdeados; e também Kelly Anderson, aluna do quinto ano, com cabelos escuros curtinhos e grandes olhos pretos misteriosos.

Aquela sexta-feira decorreu sem muitos problemas. Os alunos estavam entusiasmados com a visita do dia seguinte a Hogsmead, a primeira do ano.

-Já sabem o que é que vão fazer amanhã? – Perguntou Ron enquanto pegava numa toalha para ir tomar banho.

-Eu vou ter com a Dora! Já faz algum tempo que não a vejo!

-Quem diria que ias ficar com a minha priminha! – Riu Sirius – Demorou, mas finalmente percebeste!

-Demorou o quê? – Perguntou James que chegou naquele momento ao quarto e só ouviu o final da conversa.

-Demorou para que aqui o nosso amigo "Ryan" percebesse que a minha prima Dora era completamente apaixonada por ele!

-Vais dizer que já sabias? – Remus passou a mão pelo seu cabelo loiro e encarou-se no espelho. O reflexo que viu era de um adolescente de 17 anos de estatura média e bem constituído. Nymphadora Tonks entrara na sua vida há alguns anos atrás e começara uma relação com ela fazia já alguns meses. Mas eles haviam começado depois de Sirius ter passado pelo véu, não era possível que Sirius soubesse de alguma coisa! Ou era? – Então tu sabias? – Repetiu a pergunta.

-Demorei algum tempo para perceber que era por ti que ela estava apaixonada, mas vendo bem, não era assim tão difícil de descobrir. E para além disso, eu tinha de arranjar um entretenimento para o tempo que passava trancado naquela maldita casa! – Disse Sirius rindo. Levantou-se da cama onde estava sentado e caminhou até ao malão de Harry para tirar de lá o Mapa do Salteador. – Juro solenemente que não vou fazer nada de bom! – Murmurou apontando a sua varinha.

As linhas começaram a surgir no velho pedaço de pergaminho, juntando-se para lhe mostrar o castelo, todas as suas passagens e a localização de todas as pessoas que nele se encontravam naquele momento. Passou os olhos por aquela imensidão de nomes em busca de algum que não devesse estar ali. Mas aquela era uma missão quase impossível. Resolveu então procurar por alguém que estivesse fora do local onde seria esperado estar. "David Cooperland!" O pontinho que apresentava este nome estava a mover-se rapidamente em direcção à entrada da sala comum dos Gryffindor. "Pode ser só um aluno que resolveu ir à cozinha!" Pensou o auror para consigo próprio. Mas algo no seu interior lhe dizia que era algo mais. "Será que tive sorte?"

Samuel deixou a camarata sob o olhar espantado de Remus e James que se perguntaram o que teria acontecido com o amigo. Desceu as escadas em silêncio e parou antes de entrar na sala comum. Estava semi-escondido pelas sombras e tinha uma óptima visão do rapaz parado em frente da lareira. Era um miúdo que não parecia ter mais de 13 anos, tinha cabelos castanho-escuros levemente despenteados e parecia estar afogueado como se tivesse estado a correr. O instinto de Sirius, aguçado pelo treino de auror dizia-lhe que algo se passava, no entanto o seu instinto de marauder dizia-lhe outra coisa.

"Tu andas a tramar qualquer coisa!" Calando a vozinha do seu marauder interior, deixou-se ficar nas sombras para descobrir o que escondia aquele rapaz. "E eu vou descobrir o que é!"

Quando o rapaz começou a caminhar de novo para a entrada guardada pela Dama Gorda, Sirius atreveu-se a dar um pequeno sorriso. Ninguém sairia assim a menos que tivesse alguma coisa a esconder.

Seguiu o rapaz pelos corredores durante alguns minutos até que o viu parar em frente da porta da enfermaria. Aquilo intrigou-o. "Enfermaria? O que é que vais fazer para aí?" Um feitiço de camuflagem foi suficiente para que Sirius conseguisse entrar naquela divisão sem ser notado. No entanto, o que encontrou no seu interior foi tudo menos aquilo de que estava à espera!


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Notas finais do capítulo

Bem, ao fim de mais de um ano... voltei. E espero que desta vez seja para valer. Para quem ainda acompanha, por favor deixem a vossa opinião: é muito importante.
Beijitos
Morgana Bauer



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